O crescimento assombroso das Assembleias de Deus no Brasil e
suas razões expostas pela liderança – reportagem do Pr presbiteriano, exímio escritor,
fundador da Revista Ultimato, Élben Magalhães Lenz César (1930-2016).
Junho de 2011 - Centenário da AD Brasil.
1.As Assembleias de Deus crescem por causa da importância
dada à pessoa e à obra do Espírito Santo.
Seus membros levam a sério o revestimento com o poder
sobrenatural do Espírito para testemunhar e realizar o trabalho do Senhor, como
Jesus mesmo ordenou (Lc 24.49; At 1.4-5). “O Espírito Santo é a razão do avanço
da igreja”, lembrou José Wellington Bezerra da Costa, na abertura da Convenção
Geral de janeiro de 2003, no Estádio Rei Pelé, em Maceió, AL. Porém, pode
acontecer, às vezes, de os assembleianos se lembrarem mais do batismo do que da
plenitude do Espírito, mais do poder do que do fruto do Espírito.
2.As Assembleias de Deus crescem por causa do seu ardor
evangelístico.
A evangelização faz parte da cultura assembleiana. Na
Convenção Geral de 1981, realizada no Estádio Felippe Drummond (conhecido como
“Mineirinho”), em Belo Horizonte, MG, o missionário Bernhard Johnson declarou que
as maiores necessidades das Assembleias de Deus no Brasil são “preservar a
agressividade evangelística que as tem caracterizado e preservar a doutrina”. O
mesmo disse Alcebíades Pereira Vasconcelos, de Manaus, AM: “Mais do que nunca,
a Assembleia de Deus precisa arrepender-se e, ajoelhada, confessar a Deus o seu
pecado de omissão evangelística”. Na mesma oportunidade, o missionário John
Peter Kolenda lembrou que o alvo de qualquer despertamento religioso é a
evangelização e aproveitou para dar uma alfinetada: “Quando estamos preocupados
com a evangelização, não se oferecem tantas oportunidades para a contenda”.
3.As Assembleias de Deus crescem por causa da oração.
Para ganhar 50 milhões de almas para Cristo, preparar 100 mil
novos obreiros e estabelecer 50 mil novas igrejas na chamada “década da
colheita”, foi necessário “levantar um exército de 3 milhões de intercessores”,
conforme foi dito na Convenção de 1990. A prática da oração é outro ponto forte
entre os assembleianos. Em 1943, houve um forte apelo para as igrejas começarem
a orar todos os dias, pela manhã, das 4 às 5 horas, das 5 às 6 horas, em favor
de um avivamento no país. Nesse mesmo ano lançou-se o Círculo de Oração, uma
reunião de oração semanal que começava de manhã e durava até às 16 horas.
Depois de algumas décadas, o Círculo de Oração passou a ser uma atividade mais
desenvolvida pelas mulheres, em um dia útil da semana, à tarde.
4.As Assembleias de Deus crescem por causa da simplicidade.
Elas começaram com missionários pobres (imigrantes suecos nos
Estados Unidos) e se infiltraram nas camadas mais desfavorecidas do país. Seus
obreiros sabem falar a linguagem dos pobres e oferecem não só salvação para a
alma, mas também esperança de cura para o corpo. Chamam a atenção para o
sobrenatural (o fenômeno de línguas estranhas, a expulsão de demônios, o dom de
profecia e os possíveis milagres de cura). As classes sociais que eles atingem
têm menos resistência ao evangelho, menos satisfações a dar, menos distrações
para tomar o tempo da religião. Além de tudo, elas acreditam fervorosamente na
existência de Deus e enxergam com mais facilidade suas próprias carências
pessoais e familiares, sociais e afetivas. Pelo menos era assim até pouco
tempo. O país deve às Assembleias de Deus e a várias outras igrejas evangélicas
a diminuição do analfabetismo e a recuperação de marginais.
Fonte: Revista Ultimato julho-agosto 2011.
Em resumo:
No Centenário da AD Brasil, olhando para sua história, foram
os motivos mencionados pela liderança, as Assembleias de Deus crescem por
causa de:
1.Da importância dada à pessoa e à obra do Espírito Santo.
2.Por causa do seu ardor evangelístico.
3.Por causa da oração.
4.E as Assembleias de Deus crescem por causa da simplicidade.
A bem da verdade, já nos idos de 2011 não crescíamos como em décadas anteriores. Faz-se necessário reconhecer que a Igreja Evangélica Brasileira cresceu em outros segmentos denominacionais, enquanto a AD Brasil perdeu em unidade, consequência da política eclesiástica vaidosa, sistema episcopal viciado, sucessões temerárias, conflitos e perpetuação no poder sem a devida transparência, etc. Por outro lado, não se deseja um 'papismo' na AD Brasil.
Enfim, houve também um certo inchaço nos movimentos
neopentecostais, inflamados pela “Ideologia da Prosperidade” e ausência de um
escopo doutrinário saudável e sustentável.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direiro e Teologia
Natal/RN, 20/07/2025.
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