Primeiro, é relevante compreender à luz das Escrituras que a eleição é coletiva, ou seja, para o corpo de Cristo, a Igreja (Ef 1.4-5; Jo 3.16; I Tm 2.4-6; Tito 2.11). De modo que todo salvo é um eleito em Cristo, filhos por adoção (Jo 1.12; Ef 1.5).
I Pd 1.2-5 - A eleição é segundo a
presciência de Deus Pai, isto é, o conhecimento antecipado, desde a eternidade,
daqueles que viriam a ter crédito ao evangelho. Não se trata de predeterminar
quem vai ser salvo e de quem vai ser condenado, antes de vir ao mundo.
Predestinação – “Teologicamente
diz respeito a: “propósito determinado por Deus desde a eternidade para os
que estão em Cristo”. Desse modo, é bom que se destaque que embora estejam
intimamente relacionadas, eleição e predestinação são institutos bíblico
distintos. Eleição significa escolha, enquanto predestinação tem a ver com o
fim dado aos escolhidos. Eleição é o ato pelo qual Deus escolhe homens para si
mesmo; predestinação é o ato determinativo de Deus quanto ao destino dos que
Ele escolheu. Predestinação, na Bíblia, não tem a ver com escolha, mas com o
destino dado àqueles que já foram escolhidos (DANIEL, 2017, pp. 424,425)”.
Os objetivos da Predestinação – Segundo
a teologia Paulina, três são os objetivos da predestinação bíblica em relação
aos salvos em Cristo:
a) serem filhos de adoção (Ef
1.5);
b) serem coerdeiros com Cristo
(Ef 1.11); e
c) serem conforme a imagem de
Cristo (Rm 8.29).
“Predestinação à luz da
Bíblia, não tem por objeto a fé (não define se alguém vai crer ou não) […]
trata-se da definição divina daquilo em que aqueles que estão em Cristo se
tornarão ao final (DANIEL, 2017, p. 424)”.
Constatamos na Bíblia chamadas
específicas para salvação e serviço no Plano Divino Redentivo. Assim foi com Israel,
a partir de Abraão. Em primeiro plano deles é: A adoção de filhos, e a glória,
os concertos, e a lei, e o culto e as promessas (Rm 9.4). São filhos por
eleição. Não significa que todo judeu é automaticamente salvo em Cristo Jesus.
Pesa a responsabilidade individual, conforme a época e grau da revelação
divina.
Judas Iscariotes é um caso notório. Debaixo
de uma chamada específica, entre os doze, e se deixou ser usado pelo diabo (Mt
22.3; Ef 4.27). Desviou-se do caminho (At 1.25). Aliás, desde o início ele comportou como
um mau caráter. Porém, as profecias não o predestinaram à perdição, apenas
revelou antecipadamente (Jo 6.70-71).
A Teologia Reformada está centrada
nos eleitos, não em Cristo. Daí, surgiram os extremos, do conceito espichado da depravação total, a perda da imagem de Deus no homem e do livre arbítrio, a dupla predestinação etc., tendo o seu maior expoente Agostinho
de Hipona (354-430), que mais tarde, no século XVI, muito influenciou o teólogo
francês João Calvino (1509-1564), na sua obra As Institutas.
A graça capacita a crer todas as pessoas que ouvem atentamente a pregação do evangelho. A vontade perfeita, plena
de Deus é salvar (sempre no presente) a todos os homens, vindo ao conhecimento
da verdade (I Tm 2.4). No cronos humano, sabemos que muitos já partiram sem
esperança de salvação, sem haver crido em Cristo.
A graça de Deus precisa ser estudada
em três aspectos: Preveniente, subsequente e universal. Sem a graça de
Deus, o homem caído só poderia externar a pobre fé natural, genérica, não a
salvífica.
A Graça Preveniente – É o meio pelo qual Deus, antes de qualquer ação humana, atrai graciosamente o pecador e o capacita espiritualmente para que se arrependa e creia em Cristo. O homem está morto em delitos e pecados (Rm 3.9-25; Ef 2.1;2.8), é no sentido de separação de Deus, corrompido, não significa completamente destruída, aniquilada a imagem de Deus no homem. E bem como o livre arbítrio afetado pela queda, mas não perdido, não arruinado na sua plenitude (Gn 4.7). A graça de Deus habilita a consciência moral do pecador para tomar a decisão pessoal e espontânea a fim de dá crédito ou não, ao evangelho (Mc 16.15-16; Rm 1.19-22;10.10-17).
A
Graça Subsequente – É a segunda operação da graça de Deus que se
segue ao estágio inicial da graça preveniente, complemente da parte de Deus.
Enquanto que a graça subsequente é cooperante, e vai produzir, construir um
relacionamento entre Deus e o novo homem. Neste estágio já convencido pelo Espírito é nova criatura em Cristo
(II Co 5.17).
A
Graça Universal
João 3.16 – Deus não amou a
alguns para salvar. Amou o mundo (a humanidade), providenciou o meio, quem vier
a crê tem a vida eterna, não perecerá.
Mateus 26.28 – Faz menção do
sangue da Nova Aliança, derramado por muitos para remissão dos pecados. Isto é,
sacrifício eficaz para com aqueles que viessem a crer no evangelho de Jesus.
Atos 2.47 – Assim sendo, os
que iam crendo na Palavra pregada (At 2.41), eram acrescentados ao Corpo de
Cristo, a Igreja (At 3.19).
A
Fé para Salvação
Judas 3 – “Amados,
procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum,
tive por necessidade escrever-vos, exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez
foi dada aos santos”.
A fé dada aos santos em Judas
não é a fé para salvação individual, em si mesma. Fé aqui, considerando o contexto
neotestamentário, trata-se de todo o arcabouço doutrinário da Igreja Cristã em
formação debaixo de severas lutas e perseguições.
A salvação é efetivada pela fé
em Jesus, o salvador. O homem é salvo porque creu e será condenado se ficar na
condição de incrédulo (Mc 16.15-16). Então, a fé salvífica (para salvação), é meio,
resposta humana à graça redentora de Deus. A fé não tem natureza meritória
humana, é causa instrumental. Somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Arremata
Paulo, salvação é dádiva gratuita divina e não vem de boas ações humanas para
que ninguém se glorie (Ef 2.9).
A responsabilidade de responder
positivamente ao chamado de Deus pela graça é individual. Jesus disse: “Se
alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo 7.37-38).
O homem natural é instruído a buscar
a Deus, o Senhor, enquanto se pode achar (Is 55.6-7). O homem precisa assumir o
seu estado, confessá-lo e deixá-lo para alcançar misericórdia (Pv 28.13).
Nestes termos, diz respeito à responsabilidade individual que no seu bojo, o
pai não responde pelo filho, nem o filho pelo pai (Ez 18.20). "A alma que
pecar, essa morrerá".
Sem sombra de dúvidas, a graça divina
tem efeito eficaz quando a pregação do evangelho é recepcionada nos corações
dos que a ouvem para segui-la e obedecê-la (Mc 16.15-16; Hb 4.2).
Quanto à expiação? É por toda a Humanidade e eficaz para quem crê (Jo
3.16).
Expiação - Ato ou efeito de substituir ou assumir a culpa
do outro. Por meio de Cristo, na cruz, todo crente é purificado da
mancha e da culpa dos seus pecados e reconciliados com o Pai Celestial.
João 1.29 - Jesus é o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do Mundo (humanidade).
João 16.8-11 - O Espírito Santo veio
para convencer o mundo (humanidade), do pecado da justiça e do juízo.
II Coríntios 5.19 - Deus estava em
Cristo, reconciliando consigo o mundo.
Em I João 2.2 – “E ele é a
propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos
de todo o mundo”. Isto é, o sacrifício de amor por todo o mundo (humanidade) de
João 3.16 é suficiente para salvar a todos que crerem no Evangelho. As
Escrituras não comportam o ato da *expiação limitada. Voltemo-nos às
Escrituras.
Fontes de Pesquisas:
A Bíblia Sagrada.
Anotações pessoais.
As Parábolas de Jesus e a Resposta Humana – Uma análise a
partir da soteriologia arminiana – Carlos Kleber Maia – Editora Santorini 2022.
1ª Edição.
Lição 03 - EBD/CPAD – A Eleição e Predestinação - 2º Trimestre
de 2020 - RBC1 / ADPE.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Natal/RN, 14/03/2025.
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