Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
É relevante compreender à luz
das Escrituras: Como frisei acima, a
eleição é coletiva para o corpo de Cristo, a Igreja. A responsabilidade de
responder positivamente ao chamado de Deus pela graça é individual. A graça capacita
a crê todos os homens que ouvem atentamente a pregação do evangelho. Jesus
disse: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo 7.37-38). Como a
vontade perfeita, plena de Deus era salvar a todos os homens, vindo ao
conhecimento da verdade (I Tm 2.4), a graça de Deus precisa ter estudada e
crida em três aspectos: Preveniente, subsequente e universal. Sem a graça de Deus, o homem caído só poderia
externar a pobre fé natural, genérica, não a salvífica.
Por outro lado, este mesmo homem caído é instruído a buscar a Deus, o Senhor, enquanto se pode achar (Is 55.6-7). O homem precisa assumir o seu estado, confessá-lo e deixá-lo para alcançar misericórdia (Pv 28.13). Nestes termos, diz respeito à responsabilidade individual que no seu bojo, o pai não responde pelo filho, nem o filho pelo pai (Ez 18.20). "A alma que pecar, essa morrerá".
Sem sombra de dúvidas, a graça
divina tem efeito eficaz quando a pregação do evangelho é recepcionada nos
corações dos que a ouvem para segui-la e obedecê-la (Mc 16.15-16; Hb 4.2).
Jesus é o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do Mundo (da humanidade). O Espírito veio para convencer o mundo
(humanidade), do pecado da justiça e do juízo. Deus estava em Cristo,
reconciliando consigo o mundo (II Co 5.19). Em I João 2.2 – “E ele é a
propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos
de todo o mundo”. Isto é, o sacrifício de amor por todo o mundo (da humanidade)
de João 3.16 é suficiente para salvar a todos os homens. As Escrituras não
comportam o ato da expiação limitada. Voltemo-nos
às Escrituras.
*Expiação – O ato de
purificar, expiar, pagar pelas culpas e pecados. Por meio da Expiação de Jesus
Cristo, na cruz, todo crente é purificado da mancha e da culpa dos seus pecados
e reconciliados com o Pai Celestial (Jo 1.29; II Co 5.19; Ef 2.1;I Jo 1.7; 2.2;
I Pd 1.18-19; Ap 5.8-9).
Mt 7.13-14 - A porta é estreita e apertado o caminho.....para salvação. De fato, a salvação é pela graça de Deus, porém não é barata. Tem inestimável valor espiritual.
Sl 139.1-24 – Davi, no Livro
dos Cânticos de Israel, em linguagem poética disserta sobre a Onipresença e a
Onipotência de Deus e faz destaque nos versículos 13-16 acerca do milagre e da
geração da vida. O texto não trata de seletividade por Deus para destino A ou B do ser que Ele o criou à sua imagem e semelhança. O que se pode frisar é que Davi foi um
escolhido por Deus para ser rei em Israel, com chamada específica no contexto de um povo eleito. Porém, não aplicável a outras pessoas genericamente.
A
Vontade Soberana (Jó 42-1-2; Is 43.13;46.9-11; Dn 4.17,35, Hb 2.4; Ap
17.17....)
Desenvolve-se no seu Plano
Divino através dos séculos. Vejamos: Por volta de 2.100 a.C nasce Abraão e aos
75 anos recebe a promessa de que a partir dele Deus constituiria o povo judeu
(Gn 12.1-4). Aos 100 anos de vida (Gn 21.5), nasce Isaque. Isaque aos 60 anos
gera Esaú e Jacó (Gn 25.56). Em Gn 26.1-5, Deus confirma a promessa a Isaque.
Abraão morre por volta de 1.925 a.C (Gn 25.7) E Isaque em 1.820 a.C (Gn 36.29).
Em Gn 35.9-12, Deus ratifica a promessa a Jacó, e a partir dele se compõe a
nação de Israel em doze tribos (Gn 49.1-33). Morre Jacó aos 147 anos no Egito (Gn
47.28), por volta de 1.793 a.C. Então, havia se passado 232 anos, do momento da
chamada de Abraão à morte de Jacó e as promessas de Deus, soberanamente de pé e
cumpridas. Deus pela sua soberania, elevou José a governador no Egito aos 30
anos (Gn 41.46), visando dá livramento a Jacó e os seus, e morre aos 110 anos,
convicto de que Deus faria o seu povo subir da terra do Egito (Gn 50.15-20;22-26).
Tem alcance para com Israel, a
Igreja e os Gentios.
Ela não é influenciada. Tem
independência plena (Gn 18.14; Jó 42-1-2; Is 43.13; Lc 1.37). E está muito além
das possibilidades humanas.
Ela envolve propósitos de ordem
eterna. Deus age por soberania, fazendo chamadas específicas, coletiva (Is
43.1,9-13), individuais (At 22.13-14), com missão determinada, com propósitos
de geração a geração, ou seja, de longo alcance.
Pode ser executada com atos de
misericórdia ou de juízo (Mq 7.18-20; Jr 51.29; Hb 10.31).
Quando expressa, tem caráter
irrevogável. Deus não precisa de plano B. Assim é a chamada específica da nação
de Israel (Ez 36.22-24; Is 54.7-8; Rm 11.29).
Ela se cumpre na plenitude dos
tempos (Mc 1.15; Gl 4.4; Atos 17.26).
Não tem a ver diretamente com
particularidades pessoais dos humanos (Is 55.7-11; Sl 92.5;139.17). A
hipérbole, figura de linguagem, utilizada por Jesus em Mt 10.30 – “E até mesmo
os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” - visa realçar que Deus cuida
de quem tem uma relação filial com Ele.
Enfim, a vontade soberana de Deus ninguém altera o seu curso e o seu
cumprimento. O que Deus controla por soberania são as leis universais, da
Física, da Química, da Biologia, a sustentação de toda a Criação, etc. E o
Plano da Redenção, no primeiro momento, foi decisão amorosa, independente,
incondicional e soberana de Deus (Gn 3.15; Rm 9.15-16;11.32). Na oferta da
salvação, há condicionantes, mediante a graça salvadora, o homem precisa
exercitar o arrependimento e fé (Jo 3.16; Rm 6.23; Ef 2.8).
A
Vontade Moral (Gn 3.17; Êx 20.1-17; Mc 3.35; Ef 6.6; Hb 13.21....)
O que afeta aos homens,
indistintamente é a violação à sua vontade
moral - padrão ético de conduta para por ele viver e se relacionar com
Deus. Se transgredida, já começamos a sofrer nesta vida as consequências. E na
eternidade, o acerto final de contas, notadamente, se o homem deu ou não
crédito a oferta gratuita de redenção, pelo evangelho de Jesus.
Ela revela o ideal de Deus
para o comportamento angelical ( Hb 1.14; II Pd 2.4; Ap 12.7-9 – juízo por
rebelião), para com Israel a quem entregou a Lei diretamente (Êx 20.1-7; Is
43.10-12; Jr 29.11) e aos homens em geral (Sl 143.10;Mc 16.15-16; Rm 1.16;6.23;
II Ts 1.7-8;II Tm 3.16-17).
Pode ser obedecida, violada ou
transgredida (Ex 19.5-8; Rm 10.16
Hb 12.14; I Jo 3.1-4 - Ela
expressa padrões divinos de pureza e integridade para ser vivida diante de Deus
e nas relações humanas.
É contrária a toda diversidade
de pecados, sejam eles explícitos ou implícitos, públicos ou ocultos.
Pela sua misericórdia e graça,
Deus dá tempo ao homem para se submeter a ela ou não, mediante o arrependimento
(Mc 1.14-15; At 17.30.
Ela põe à prova o
livre-arbítrio do homem, pela pregação do evangelho, em especial para a
salvação. É crê ou não crê (Jo 3.16). E portanto, não é compulsória ser
obedecida.
A
Vontade Permissiva (Gn 4.7;30.19; Js 24.15; Jn 1.3; Mt 26.34-35...
Caracteriza-se pelo que não é
taxativamente violação à vontade moral de Deus, e admissível para o bem ou para
o mal, mediante decisões e opções humanas, de ordem material e espiritual, ora errando,
ora pecando, saindo fora do caminho apontado (Tg 4.13-15). Convém esclarecer
que há erros humanos que não são pecados, todavia todo pecado é um erro.
Em geral, nem sempre confere
com o ideal divino para com o homem/humanidade.
Diz respeito ao nos deleitamos
em Deus, em seus preceitos e Ele de sua parte cumpre, atende desejos do nosso
coração (Sl 37.4; Pv 16.3). Assemelha-se à relação de Pai para filho obediente.
Na vontade divina permissiva,
explica-se grande parte do sofrimento humano, causando “pesar” ao Deus Criador
(Gn 6.6), isto dizemos em linguagem antropopática.
Acontecimentos, fatos
trágicos, no mundo material e espiritual, na órbita da vontade permissiva, não
significa ausência do controle divino sobre tudo que criou.
A permissividade divina não é
Deísmo – Crença de que o universo foi Criação de um Ser Superior, dedução da
razão humana, porém entregou a Criação à própria sorte.
A vontade permissiva vemos nos
atos de Jonas (Jn 1.1-2), quando contrariou o chamado divino e escorregou pela desobediência,
fugindo para Társis, ao invés de ir evangelizar a cidade de Nínive. O faz no
segundo momento. Se Deus estivesse
agindo por soberania, Jonas não teria fugido um milímetro do que Deus havia
determinado. Mas, Deus prossegue com Jonas, para demonstrar que sua
misericórdia é sobre todo aquele que se arrepende. Sem exclusividade ou acepção
de pessoas, cor, raça, etc.
Deus muda de propósito (Jn
4.2,11), e deixa de executar juízo, onde houver arrependimento, mudança de
atitude do homem, uma vez que Deus tem prazer em exercer a misericórdia (Mq
7.18).
Vemos a permissividade divina na
figura do Pai (Lc 15.12) e do filho pródigo, nas suas atitudes (Lc 15.12-14),
seguiu o curso de seu coração. Depois cai em si (Lc 15.17-21).
Enfim, também é perceptível a
vontade divina permissiva nas negações de Pedro, fatos que Jesus revelou a
Pedro antes de ocorrerem (Mt 26.34-35). E nem por isto isentou a Pedro de seus
atos de fraquezas.
A
Vontade Desejo (Ez 33.11; Mt 23.37; Rm 11.32; I Tm 2.4; II Tm 3.16-17; II Pd
3.9).
No âmbito geral das
Escrituras, o desejo de Deus é, sem imposição, que todos os homens sejam salvos
e venham ao conhecimento da verdade. Sendo Jesus o único mediador entre Deus e
os homens (I Tm 2.5), o qual se deu por preço
de redenção por todos os homens, no calvário (I Tm 2.6; Rm 3.25; Hb 2.9; I
João 2.2). Entretanto, só terá efeito propiciatório, remissão de pecados na
vida de quem exercitar a fé salvífica (Rm 10.16-17), cuja fé envolve um
relacionamento com Deus (Hb 4.2;11.6; I Pd 1.18; I Jo 1.7).