Segundo o censo de 1991, 8% de
todas as mulheres da Índia são viúvas, o que significa cerca de 34 milhões de
pessoas. Como o costume é o casamento das meninas muito novinhas, 50% das
viúvas têm menos de 50 anos de idade.
No grupo acima de 60 anos, 64%
das mulheres são viúvas, enquanto que apenas 6% dos homens são viúvos. Essa
diferença brutal de gênero existe por causa da alta incidência de viúvos que se
casam novamente, enquanto que um novo casamento, na prática, continua sendo uma
opção bastante improvável para as mulheres.
Apesar dos números, sabe-se
pouco sobre a vida dessas mulheres, na Índia. A marginalização as torna
invisíveis. O que sabemos é que elas vivem em completa pobreza, desemprego, sem
acesso aos meios de produção, sem educação formal e sofrendo por superstições
que ainda estão bastante arraigadas na cultura indiana.
Em 1956, um ato hindu
estabeleceu que as viúvas devem ser consideradas iguais a todas as mulheres,
mas a tradição fala mais alto.
Por causa de todas privações
que passam, as viúvas têm um índice de mortalidade 85% maior que as mulheres
casadas. Apesar das péssimas condições dessas Casas de Viúvas, muitas preferem
viver nelas do que ficar com a família do ex-marido, sendo constantemente
abusadas sexual e fisicamente.
As Casas de Viúvas são
empreendimentos mercenários, existem denúncias de que, apesar das mulheres
viverem em completa miséria, os administradores fazem muito dinheiro, pedindo
ajuda financeira e vendendo serviços sexuais das jovens viúvas.
“Sem um homem ao seu lado, uma
mulher não tem respeito na sociedade indiana. Isso é parte da cultura
patriarcal”, afirma uma militante do movimento de mulheres.
Parece incrível, mas isso tudo
continua acontecendo hoje. Será que a gente não tem mesmo nada a ver com isso?
Quando eu fui pra Índia, escrevi sobre a situação da mulher por lá (vejam ai
abaixo), falando sobre as mulheres queimadas por causa dos dotes, e uma
criatura me criticou porque eu devia me preocupar com as mulheres do Brasil.
Não consigo estabelecer
fronteiras para a humanidade. Me preocupo do mesmo jeito com minhas amigas que
vivem em favelas, no Brasil as viúvas indianas e as mulheres com AIDS na África.
Somos todas irmãs.
O que é que a gente pode
fazer? Falar no assunto, procurar saber o que fazem os grupos de mulheres. Se
você faz doação, considerar doar para grupos que trabalham com essas mulheres.
No mais, pelo menos se sensibilizar, acho que é um bom começo.
Fonte: http://sindromedeestocolmo.com - Pesquisa em 27/07/2012.
Por Samuel Pereira Macedo Borges
Natal RN, 14/11/2024.
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