Freqüentemente julgamos os
outros pela aparência. Observamos o comportamento e tentamos entender os
motivos. Jesus julga os corações. Ele vê o caráter verdadeiro de cada pessoa e
de cada igreja. Quando enviou esta carta ao mensageiro da igreja em Sardes, ele
contrariou a impressão popular dos discípulos. Apesar de ter a reputação de uma
igreja forte e ativa, ele viu as falhas e sabia que aquela congregação já
estava quase morta. Se não voltar a viver, seria tomada de surpresa, como se
fosse por um ladrão.
Ao Anjo da
Igreja em Sardes (Apocalipse 3:1-6)
A igreja em
Sardes (1): A cidade antiga de Sardes, hoje apenas
ruínas perto da atual vila de Sarte na Turquia, considerava-se impenetrável.
Foi situada numa rota comercial importante no vale do Hermo, com a parte
superior da cidade (a acrópole) quase 500 metros acima da planície, nos
rochedos íngremes do vale. Era uma cidade próspera, em parte devido ao ouro
encontrado no Pactolos, um ribeiro que passava pela cidade. A cidade antiga
fazia parte do reino lídio. Pela produção de ouro, prata, pedras preciosas, lã,
tecido, etc., se tornou próspera. Os lídios foram o primeiro povo antigo a
cunhar regularmente moedas. Em 546 a.C., o rei lídio, Croeso, foi derrotado
pelos persas (sob Ciro o Grande). Soldados persas observaram um soldado de
Sardes descer os rochedos e, depois, subiram pelo mesmo caminho para tomar a
cidade de surpresa durante a noite. Assim, a cidade inexpugnável caiu quando o
inimigo chegou como ladrão na noite! Em 334 a.C., a cidade se rendeu a Alexandre
o Grande. Em 214 a.C., caiu outra vez a Antíoco o Grande, o líder selêucido da
Síria. Durante o período romano, pertencia à província da Ásia, mas nunca mais
recuperou o seu prestígio. Era uma cidade com um passado glorioso e um presente
de pouca importância em termos políticos e comerciais.
Aquele que
tem os sete Espíritos de Deus (1): Sete representa a
totalidade e a perfeição divina. Diante do trono de Deus, “ardem sete tochas de fogo, que
são os sete Espíritos de Deus” (4:5).
Os sete olhos do Cordeiro “são
os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (5:6). Deus sabe tudo e vê
tudo (veja 2 Crônicas 16:9). Nada em Sardes seria escondido de Jesus.
As sete
estrelas (1): Jesus não somente vê, ele também
controla. Ele segura os mensageiros das igrejas na sua mão direita (1:16,20).
Pode ver, julgar e até castigar conforme a sua infinita sabedoria.
Conheço as
tuas obras (1): Como nas outras cartas, aquele que
estava no meio dos candeeiros conhecia perfeitamente as obras e os corações das
igrejas.
Tens nome de
que vives, e estás morto (1): Esta frase ilustra
perfeitamente a diferença importante entre reputação e caráter. A reputação é a
fama da pessoa, o que os outros acham que ela é. O caráter é a essência real da
pessoa, o que realmente é. As outras pessoas podem ver somente por fora, mas
Jesus vê o homem interior e sonda os corações. Ele não pode ser enganado por
ninguém. A igreja de Sardes teve a reputação de ser ativa e viva, mas Jesus
sabia que estava quase morta. Ele não fala de perseguição romana, nem de
conflitos com falsos judeus. Não cita nenhum caso de falsos mestres seduzindo o
povo ao pecado. Ele fala de uma igreja aparentemente em paz e tomada por
indiferença e apatia. A boa fama não ocultou a verdadeira natureza desta
congregação dos olhos do Senhor.
Sê vigilante (2): Por falta de cuidado, Sardes caiu aos seus inimigos em
guerra. Espiritualmente, discípulos e igrejas caem por falta de vigilância.
Muitas passagens no Novo Testamento frisam a importância da vigilância, pois o
pecado nos ameaça (Mateus 26:41; 1 Pedro 5:8). Falsos mestres procuram devorar
os fiéis (Atos 20:29-31). Não devemos descuidar, porque não sabemos a hora que
o Senhor vem (Mateus 24:42,43; 25:13; Lucas 12:27-39; 1 Coríntios 16:13; 1
Tessalonicenses 5:6). O bom soldado toma a armadura de Deus e vigia
constantemente com perseverança e oração (Efésios 6:18; Colossenses 4:2).
Consolida o
resto que estava para morrer (2): Uma última tentativa
de resgate (veja Judas 22-23). A igreja em Sardes estava quase morta, mas ainda
houve uma esperança de salvar alguns, ou talvez até de reavivar a
congregação.
Não tenho
achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus (2): Para ter a reputação de ser uma igreja viva, parece que ainda
havia alguma atividade em Sardes. O problema não foi a ausência total de obras,
mas a falta de integridade delas. É possível defender a doutrina de Deus sem
amar ao Senhor (2:2-4). É possível obedecer mandamentos de Deus sem inteireza
de coração (2 Crônicas 25:2). É possível fazer coisas certas com motivos
errados. Os homens podem ver as obras; Deus vê os corações, também.
Lembra-te,
pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te (3): Como a cidade de Sardes olhava para seu passado glorioso, a
igreja precisava lembrar as grandes bênçãos recebidas e
voltar a valorizar a sua comunhão especial com Deus. Se esquecermos da palavra
de Deus e da salvação do pecado, facilmente cairemos no pecado (veja 2 Pedro
1:8-9). Para nos firmar na fé, temos que lembrar do que temos recebido. Não é
por acaso que a Ceia do Senhor foi dada como a celebração central das reuniões
dos cristãos. Quando lembramos da morte de Jesus, do sacrifício que ele fez por
nós, ficamos mais firmes em nossos passos rumo ao céu (1 Coríntios 11:24-26).
Mas não é suficiente lembrar das coisas que ouvimos; precisamos guardar as palavras do Senhor. O evangelho não
é apenas para ouvir; é para ser obedecido (2 Tessalonicenses 1:8; 1 Pedro
4:17). No caso do povo desobediente de Sardes, teriam de se arrependerem para voltar às boas obras de
obediência.
Adendo
Lembra-te, pois, do
que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não
vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei
contra ti. (Ap 3.3)
A ordem para a igreja
em Sardes foi “lembra-te” (gr. mnemoneue). No grego o verbo se
encontra no modo imperativo, no tempo presente e na voz ativa, ou seja, implica
em uma ordem de Jesus que deveria ser cumprida durante todo o tempo pelos
crentes em Sardes. A constante lembrança daquilo que recebemos e aprendemos é fator
essencial para não entrarmos num processo de morte.
Assim como no caso de
Éfeso, o arrependimento é também exigido. O arrependimento que possibilita
novamente o perdão e aceitação de Deus é mais do que simples verbalização de
frases prontas e impressionistas. O termo grego para “arrependimento” aqui se
deriva de metanoeo, que implica em mudança de pensamento ou
mentalidade que resulta em mudança de sentimentos e atitudes. É uma mudança
plena de uma condição que desagrada a Deus, para uma outra condição de o
alegra. Arrependimento é tristeza diante do pecado, e não simples remorso (2 Co
7.10).
Fonte: WWW.Altairgermano.net
Porquanto,
se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora
virei contra ti (3): A figura de um ladrão
encontrando pessoas despreparadas é comum nas Escrituras. Jesus empregou esta
idéia várias vezes no seu trabalho entre os judeus (veja Mateus 24:43; Lucas
12:39) e os apóstolos imitaram este exemplo nas suas cartas (1 Tessalonicenses
5:2-4; 2 Pedro 3:10). No Apocalipse,
Jesus prometeu vir como ladrão, encontrando despreparadas as pessoas que não
vigiavam (16:15).
Poucas
pessoas que não contaminaram as suas vestiduras (4): No meio de uma igreja quase morta, Jesus encontrou algumas
pessoas fiéis! Este fato nos lembra de que o julgamento final será individual
(veja 2:23; 22:12). Cada um receberá “segundo
o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Coríntios 5:10). Embora as
cartas fossem destinadas às sete igrejas, as mensagens precisavam ser aplicadas
na vida de cada discípulo. A salvação não é coletiva; é individual. Ao mesmo
tempo, não devemos interpretar este versículo para justificar tolerância de
pecado aberto numa igreja. Pessoas que sabem do pecado e não agem para
corrigí-lo não podem alegar ter vestiduras brancas, pois desobedecem a palavra
de Deus (Gálatas 6:1-2; Mateus 18:15-17; Tiago 5:19-20; etc.). Não devemos ser
participantes nem cúmplices nas obras das trevas (Efésios 5:7,11).
Andarão de
branco junto comigo (4): Já andavam de
vestidura branca, sem as manchas do pecado. Esperavam andar com Jesus de roupas
brancas, representando a vitória final sobre o pecado. “Linho finíssimo, resplandecente
e puro...são os atos de justiça dos santos” (19:8).
É Deus quem nos aperfeiçoa e nos equipa para toda boa obra (2 Timóteo
3:16-17).
Pois são
dignos (4): Estes fiéis são dignos, não por mérito
próprio, mas por serem pessoas salvas pela graça, pessoas que andam nas boas
obras determinadas por Deus (Efésios 2:8-10).
O vencedor
... vestiduras brancas (5): A mesma promessa
feita aos puros em Sardes se aplica geralmente ao vencedor. Terá vestiduras
brancas de pureza e vitória. As
pessoas de vestiduras brancas participam da grande festa de louvor ao Cordeiro
em 7:9.
De modo
nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida (5): O "Livro da Vida" é mencionado várias vezes na
Bíblia (veja 3:5; 13:8; 17:8; 20:12,15; 21:27; Filipenses 4:3). Paulo disse que
as pessoas que cooperavam com ele no evangelho tinham seus nomes escritos no
Livro da Vida (Filipenses 4:3). Jesus disse que os nomes dos vencedores que se
mantêm puros não seriam apagados deste livro (3:5). Em contraste, os que
rejeitam a palavra de Deus e servem falsos mestres não têm seus nomes escritos
no Livro da Vida (13:7-8; 17:8). No julgamento descrito em 20:11-15, esses são
condenados ao lago de fogo. Por outro lado, na cidade iluminada pela glória de
Deus, somente entram aqueles cujos nomes são inscritos no Livro da Vida
(21:27).
Confessarei
o seu nome diante de meu Pai (5): Jesus prometeu
confessar diante do Pai todo aquele que confessa o nome dele diante dos homens.
Prometeu, também, negar os nomes daqueles que se envergonharem dele (Mateus
10:32-33; Marcos 8:38).
Quem tem
ouvidos, ouça (6): Todos devem prestar
atenção!
Conclusão
O processo de morte de uma
igreja pode acontecer lentamente, passando quase despercebido. As próprias
pessoas na congregação, como outras pessoas olhando de fora, podem achar que
esteja tudo bem. Jesus, porém, julga os corações e conhece o estado verdadeiro
de cada igreja e cada discípulo. Quando ele nos chama para ouvir, devemos
prestar atenção!
Por Dennis
Allan
Fonte:WWW.estudosdabiblia.net
Aplicação da lição: Sardes, A Igreja morta
ResponderExcluir1. Por que crescemos?(ADBrasil). A importância dada à Pessoa e o obra do Espírito Santo, oração, simplicidade e a evangelização como parte da cultura assembleiana.
Elben César – Revista Ultimato
2. O perigo de acomodarmos o evangelho à religião
3. Prontos para viver e prontos para morrer por Cristo?
4. A mesmice(inalterabilidade, ausência de progresso)
5. O culto à liturgia
6. Estamos repetitivos e não damos a real formação que a Igreja necessita hoje. Há muita atividade, porém de pouco conteúdo espiritual.
“A constante lembrança daquilo que recebemos e aprendemos é fator essencial para não entrarmos num processo de morte?”Depende de que estamos aprendendo.
7. Até onde as nossas tradições, preconceitos, sectarismo, emperram a marcha do evangelho?
8. Aprendemos uns com os outros. Isto se aplica a Igreja Instituição?
Todavia, há projetos, atividades de êxito de outros segmentos da Igreja que não se aplicam em outras por falta de unidade e humildade.
9. Chega de comparação. A comparação mais verdadeira é quando comparamos o EU de hoje com o EU de ontem
10. Eu não admito a ignorância e o descaso que fazemos com a Igreja perseguida nos dias atuais?Não nos interessamos por eles, nem ao menos como parentes distantes...
11. Igrejas morrem porque se descontextualizam e se tornam inúteis, incapazes de enfrentar os desafios de sua época e não preparam as lideranças para o futuro.
12. Está Deus operando a metanóia divina de romanos 12 em mim?
13. O arrependimento que possibilita novamente o perdão e aceitação de Deus é mais do que simples verbalização de frases prontas e impressionistas. O termo grego para “arrependimento” aqui se deriva de metanoeo, que implica em mudança de pensamento ou mentalidade que resulta em mudança de sentimentos e atitudes. É uma mudança plena de uma condição que desagrada a Deus, para uma outra condição de o alegra. Arrependimento é tristeza diante do pecado, e não simples remorso (2 Co 7.10).
14. Finalmente: A Igreja é agência do sobrenatural mediante a ação do Espírito Santo, uma vez que Deus a chama para realizar o anormal. Diferente disto, ela se torna natural.
Samuel P M Borges