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sexta-feira, 29 de março de 2024

O poder de Deus na Missão da Igreja

 

Texto Áureo - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (At 1.8).

Introdução

1.Na lição 5, estudamos a missão da Igreja – Pregação, ensino, adoração e edificação, predicados da Grande Comissão.

2. É impossível a Igreja cumprir a sua missão aqui na terra, sem o poder do Espírito Santo. É o foco da lição 13.

3. Se o povo de Deus descuidar do poder pentecostal colocará em risco o sucesso da missão da Igreja na Terra.

I. A Visão do Ev. Lucas Acerca do Papel do Espírito Santo no NT

1.Lucas registrou que o Senhor Jesus só começou o seu ministério depois de descer sobre Ele o Espírito Santo (Lc 3.21,22). Foi o momento inaugural...

a) Ele realizou o seu ministério no poder do Espírito Santo - Foi capacitado pelo Espírito Santo (Lc 4.18-19).

“O Espírito do Senhor é sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar, curar quebrantados do coração, apregoar liberdade aos presos, dar vista aos cegos, colocar em liberdade os oprimidos...”

b) Dependeu dEle para exercer o ministério – Lc 5.17 - “...e a virtude do Senhor estava com Ele para curar”.

c) Mt 12.28 – “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é consequentemente chegado a vós o Reino de Deus”.

2.Foi Lucas quem registrou o que disse Jesus, pouco antes da sua ascensão e foi a última instrução aos discípulos.

“E eis que sobre vós envio a promessa de meu pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49).

II. O Espírito Santo Capacitando as Testemunhas

1.O Livro de Atos retrata a experiência pentecostal como um acontecimento objetivo, não subjetivo - Ela podia ser “vista” e “ouvida” (At 5.32).

At 2.41 – Conversão em massa - Quase três mil almas receberam a Palavra pela pregação de Pedro. Em At 4.4, eram cerca de 5 mil.

At 3.9-10 - A cura do coxo à porta do templo – “E todo o povo o viu andar e louvor a Deus”. Os que viram ficaram pasmos, assombrados com a cura do coxo.

E assim foi, a começar do sinal sobrenatural, visível o falar em línguas desconhecidas (At 2.4; 10.44-46; 19.1-6).

A doutrina pentecostal clássica - Afirma que “o falar em línguas desconhecidas” é a evidência física inicial do batismo no Espírito Santo. Experiências na Igreja comprovadas no tempo e local.

2.A promessa do derramamento do Espírito veio sobre “toda carne” (At 2.17).

Primeiramente, o Espírito capacitando líderes para o desempenho da Causa do Evangelho (At 4.33).

Vemos o apóstolo Pedro sendo “cheio do Espírito Santo” quando foi confrontado pelos do Sinédrio (At 4.6-8);

O apóstolo Paulo quando é cheio do Espírito Santo para resistir a Elimas, o mágico (At 13.9).

Pessoas “comuns” também eram revestidas do poder do alto.

Estevão e Filipe, que haviam sido escolhidos para “servirem as mesas”- Em nome de Jesus realizavam sinais e prodígios (At 6.8; 8.6). Filipe, um pregador e ganhador de almas (At 8.26-40).

Ananias, até então, um ilustre desconhecido - É convocado por Deus para impor as mãos naquele que seria o maior apóstolo de todos os tempos, Paulo (At 9.10-18;19.10-11).

Lição: Vaso limpo que buscar e se deixar ser cheio do Espírito será cheio de Deus. Agora, cada um na vocação em que foi chamado será útil.

Que nos diz Atos 2.46-47 – “E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”.

Hoje alguns estão tementes à perseguição – Perseguição nunca parou a marcha da Igreja que anda sob o poder de Deus. Cristianismo não é para acomodados que esperam só bênçãos, só benefícios. Aqui tudo é passageiro. “Sê fiel até à morte, dar-te-ei a coroa da vida” Ap 2.10b.

O crescimento das igrejas em Atos estava associado ao testemunho dado pelos crentes capacitados pelo Espírito Santo (At 9.31).

III. O Espírito Santo – A Força Motriz da Evangelização

1.Mc 16.15-20 – No ide por todo mundo de Jesus – “E pregai o evangelho a toda criatura”, inclui sinais comuns, naturais e seguiriam à pregação do evangelho? Não, são sinais sobrenaturais na autoridade do seu nome e confirmaria a palavra pregada.

2.At 13.1-3 - O comissionamento de Paulo e Barnabé para a primeira viagem missionária foi ação direta do Espírito Santo. A Deidade atuando pelo seu Espírito.

3.Quando falamos força, impulso do Espírito, não é mera força, um fluído. Atentemos para não despersonalizar o Espírito Santo. Tudo de fenômeno espiritual na Igreja é Deus agindo pelo seu Espírito.

4.Jesus é um ser humano e divino, uma pessoa divina com personalidade. O Espírito Santo, o Espírito da verdade, veio para o substituir e nos guiar em toda a verdade (Jo 15.13). Ele tem todos os atributos da personalidade da Divindade.

5.Cuidado com o Modalismo – Doutrina herética do 2º século que negava a existência das três pessoas da Trindade na Fé Cristã. Diziam que eram apenas três modos ou aspectos de Deus se apresentar aos humanos.

No Unitarismo: É a crença oficial das Testemunhas de Jeová – Para o russelismo “existe apenas um Deus Todo Poderoso, que é o Pai Jeová. Jesus Cristo é uma pessoa distinta de Jeová e Filho Dele, sua primeira criação. O espírito santo não é pessoa, mas em termos simples, o poder de Deus”.

6.Por toda Bíblia, vamos encontrar o sincronismo, a unidade das três pessoas da Trindade, trabalhando em conjunto, desde a Criação, no projeto da redenção, nos juízos e na consumação dos séculos.

Conclusão

1.Vimos que não é opcional contar com o Espírito Santo na missão da Igreja. Ele é indispensável. Aprenda a depender dele.

2.É tão importante ter consciência da dependência do Espírito Santo, quanto saber quem é o Espírito Santo – Uma das pessoas da Trindade.

3.Busquemos o Batismo no Espírito Santo e os dons. É para os nossos dias. Recente, ouvir um presbiteriano dizer e quase apanhava: “Nós estamos debaixo do pentecostes”. E nós irmãos?

4.Enche-se do Espírito quem desejar e buscar; segundo se esvaziar para poder ser cheio; terceiro, mudanças de atitudes para santificação. Não conte com o Espírito sendo uma casa suja, em desordem, baldia, inútil. Consagremo-nos!

5. Não nos enganemos. Seremos conhecidos pelos frutos, não pelos dons (Mt 7.15-20). Porém, para frutificar, só andando no Espírito (Gl 5.22). Amém! 

Fontes da pesquisa:

Lição CPAD/EBD – 1º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 28/03/2024.

terça-feira, 26 de março de 2024

A Páscoa e a Ceia do Senhor

 

Êxodo 12.1-14 – A Páscoa é uma festa judaica, instituída por Deus, na noite da saída do povo hebreu do Egito. Por volta de 1.446 a.C. e celebra a libertação da escravidão egípcia.

Um cordeiro ou cabrito, sem mácula, um macho de ano, deveria ser sacrificado, assado e comido em família, com pães asmos e ervas amargosas. E partir de então, uma celebração, em memória do êxodo, por estatuto perpétuo para nação de Israel.

O sangue do cordeiro pascoal era para ser espargido nos umbrais das portas dos hebreus, para servir de sinal de livramento da praga dos primogênitos que viria sobre os egípcios, na noite da partida do êxodo (hb. saída).  

O termo Páscoa (do hebraico pesah) significa passagem, pular além da marca, passar por cima.

O cordeiro pascoal apontava para o sacrifício de Jesus, que um dia se cumpriria, tal qual como aconteceu em Jerusalém, por volta do ano 33 d.C.

Quando Jesus foi ao Rio Jordão para ser batizado por João Batista, Deus lhe revelou quem era Jesus e ele gritou: Eis (atenção!), o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

Jesus, na noite em que foi traído, preso, julgado e condenado pelo Sinédrio, celebrou a última Páscoa com seus discípulos, quando também instituiu a Ceia do Senhor, apresentando os dois elementos, o pão e o vinho, figuras do seu corpo e sangue, apontando para o seu sacrifício na cruz (execução pelos romanos), em prol de toda a humanidade.

Os registros da última Páscoa de Jesus com os discípulos estão narrados nos evangelhos como seguem: Mt 26.17-30; Mc 14.12-26; Lc 22.7-23.

Naquela cerimônia, Ele também estabeleceu o Novo Testamento, a Nova Aliança, pelo seu sangue, derramado por muitos, para remissão (perdão) dos pecados (Mt 26.26-28).

Jesus foi crucificado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras. Eis porque não é vã a pregação do evangelho de Jesus. Ele matou, venceu a morte. Tinha o poder de dar a sua vida e tornar a tomá-la (Jo 10.17-18).

Mateus 28.5-6 – “Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia”. 

O apóstolo Paulo, recebeu instruções reveladas pelo próprio Cristo a respeito da Ceia do Senhor e deixou registradas em I Co 11.23-32. Uma celebração memorial para Igreja Cristã até a volta do Senhor Jesus (I Co 11.24-26).

Observamos, portanto, que a festa da Páscoa judaica nada tem a ver com coelhos e ovos de chocolates. Foram invenções por interesses comerciais introduzidas ao longo dos anos no feriado religioso da Cristandade. Para o Cristianismo, a Páscoa só é útil na sua simbologia e foi cumprida em Jesus.

Por isso o apóstolo Paulo escreveu: “...Cristo, a nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (I Co 5.7b).

O Cerimonial da Ceia do Senhor na Tradição Cristã

1. No romanismo - Compreende de forma literal as expressões ditas por Jesus em referência aos elementos da Ceia do Senhor: “isto é o meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é [...] meu sangue” (Lc 22.20).

O ensino da transubstanciação (alteração da substância) - Segundo esse entendimento, durante o cerimonial os elementos da Ceia, o pão e vinho, se convertem no corpo e no sangue de Cristo.

2.A consubstanciação na tradição protestante luterana - Afirmam que o corpo físico de Jesus está presente no pão da Ceia. Contudo, negam que os elementos da Ceia se transformam no corpo e no sangue de Jesus, o Cristo. 

3.A posição pentecostal e em geral dos evangélicos – A exegese do texto é que o pão e o vinho não se convertem fisicamente no corpo de Jesus, nem está Jesus presente fisicamente neles.

Assim sendo, o pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente espiritualmente na cerimônia da Ceia (Mt 18.20), e em memória celebramos a Ordenança da Ceia do Senhor, conforme I Co 11.24-25:

“E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”.

Um detalhe histórico por influência da Páscoa Judaica (Mt 26.21,26; Lc 22.11-13; I Co 11.25 - “depois de cear”) - Uma das tradições na Igreja Primitiva era a Festa Ágape, realizada antes da Ceia do Senhor. Todos traziam pratos prontos, bebidas de suas casas e juntos faziam um grande banquete. Só que a desordem, a irreverência foi tomando conta dessa refeição comum e coletiva, afetando aspectos solenes da Ceia do Senhor, que de costume, era realizada logo após.  

A tônica do apóstolo Paulo em I Co 11.17-34, tinha o objetivo de instruir/doutrinar sobre o Cerimonial da Ceia do Senhor, destacando o significado simbólico e espiritual da celebração, com a devida reverência e ordem.

O pão e o vinho, como elementos figurativos na Ceia do Senhor, não comportam adoração como se fossem Jesus.

É antibíblico afirmar que a celebração da Ceia do Senhor (eucaristia – boa presença), seja uma repetição do sacrifício de Jesus na cruz.

O sacrifício de Jesus no calvário foi completo, perfeito, feito uma vez, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados da humanidade, não precisa ser repetido (Hebreus 10.10-12). Foi e está consumado o plano da redenção para todo o que crê (João 19.30).

A Ceia do Senhor é uma Ordenança instituída por Jesus - Um memorial, para os salvos em Cristo, aos batizados na forma trinitária, por imersão e esteja em comunhão com Deus. Não é um sacramento.

A palavra sacramento, do latim sacramenntum, significando um sinal sagrado capaz de conferir graça àquele que dele participa. Nesse sentido, Agostinho (354-430 d.C.), bispo de Hipona, introduziu esse desvio na Igreja em relação ao Batismo como sacramento, um rito que transmite graça espiritual independentemente da fé de quem o pratica. E por conseguinte, na Cristandade, se estendeu ao rito da eucaristia, também como um sacramento.

Quando Jesus disse em João 6.53-56, para comer da sua carne e beber do seu sangue, para termos vida eterna e permanecermos nele e ele em nós, os judeus ficaram confusos porque entenderam ao pé da letra (João 6.52). Jesus, no contexto do discurso, transmitia verdades espirituais por metáforas.

1.Em João 6.35,48 declara “Eu sou o pão da vida”. Pão que mataria a fome de quem vem a Ele. E a sede de quem nele cresse. Claro, fome e sede espirituais saciadas, mediante a fé.

2.Em João 6.51 – Jesus faz menção a sua carne, o seu corpo que daria pela vida do mundo (a humanidade) na cruz.

3.De modo que quem se alimenta do “pão da vida” viverá por Ele (Jo 6.57).

4.Assim sendo, comer da sua carne e beber do seu sangue, significa absorver por fé o seu sacrifício na cruz em nosso lugar, na condição de Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e nele temos promessa de vida eterna (Jo 6.67-69;3.16).

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN, 26/03/2024.


sábado, 23 de março de 2024

O papel da pregação no culto


Texto Áureo – II Tm 4.2 – “Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina”.

Verdade PráticaPregar a Palavra de Deus é a sublime missão da Igreja. É por intermédio do Ministério da Palavra que vidas são salvas, transformadas e edificadas.

Introdução

1.Veremos que a pregação, o discipulado, o ensino da Palavra de Deus é o que traz formação ao povo de Deus. 

2.É pelo Ministério da Palavra que a Igreja é edificada e moldada pelos valores do Reino.

3.Uma Igreja onde a Palavra de Deus não tem a primazia (At 6.1-4), tanto na ação evangelística quanto na discipuladora, é uma Igreja fraca.

4.Para ter êxito o Ministério da Palavra na Igreja precisa ser bíblico e cristocêntrico, sendo o Cristo, o tema central nas Escrituras.

Objetivos da Lição

I) Apresentar o Ministério da Palavra e seu propósito;

II) Enfatizar a importância do Ministério da Palavra;

III) Explicitar a fundamentação do Ministério da Palavra.

I. Ministério da palavra e seu Propósito

1.A pregação como proclamação – O verbo grego kerysssô, traduzido como “proclamar”, é usado no sentido de que a pregação tem o propósito de revelar Deus às pessoas, trazer o conhecimento de Deus (Mt 3.1; 4.23; Lc 4.18; At 8.5; Rm 10.8). 

Então, o propósito mais sublime do Ministério da Palavra está no fato de ele revelar Deus às pessoas.  

Em At 16.14, narra que enquanto Lídia ouvia a pregação feita por Paulo, o Senhor abriu-lhe o coração.

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17).

A pregação do Evangelho é mais do que uma simples exposição de ideias, mais do que um discurso inflamado, é o canal pelo qual Deus se revela aos homens.

2. A pregação como instrução - As pessoas que foram alcançadas pela Palavra pregada precisam crescer e amadurecer no Evangelho, ou seja, necessitam ser discipuladas, instruídas.

Mt 4.23 - “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas”.  

Mt 5.2 – No sermão do Monte, Jesus também “ensinava aos seus discípulos”.

Em At 18.11, registra que o apóstolo Paulo gastou grande parte de seu tempo ensinando os crentes.

Paulo exortava que se alguém que tivesse pretensão ministerial que fosse “apto para ensinar” (I Tm 3.2).

II. O Ministério da Palavra e sua Importância

1. Na edificação da Igreja - O Espírito Santo atua pelo Ministério da Palavra, conforme I Ts 2.12, com exortação, consolo e admoestação. E segundo Pr Hernandes D. Lopes:

Exortar (I Ts 2.12ª) – Não é dar carão nas pessoas - Traz a ideia de estar do lado para encorajar. O bom líder é aquele que equilibra disciplina com encorajamento. Ele ministra a vara e também ministra o amor. Tem firmeza e doçura. Ele produz, faz discípulos, dentro e fora do templo.

Consolar (I Ts 2.12b) – Não é se condoer, ter pena de alguém passivamente. O ato de consolar está ligado à ação, a atitudes. Não é apenas fazer o consolado se sentir melhor, mas encorajá-lo a fazer algo, de modo a mudar a situação, a realidade do consolado.

Admoestar (I Ts 2.12c) - Vem do grego nouthesia, que significa confronto. O papel do líder seja pai, ou um pastor não é todo o tempo estar agradando as ovelhas, os liderados. O seu dever é preparar as pessoas para o agora e para a vida eterna. E sendo assim, um pai responsável confronta os filhos, um pastor as suas ovelhas, ainda que os leve, às vezes, às lágrimas, incomodando-os para se corrigir e mudar de comportamento, quando necessário.

Paulo solicitando a Timóteo que persistisse em ler, ensinar a Palavra e “exortar” (I Tm 4.13).

Lucas, em At 9.31 – Destacava que a Igreja andava na “consolação do Espírito Santo”.  

2. Formação de valores - A pregação da Palavra é determinante para formação da consciência do cristão e no enfrentamento de uma cultura ideológica sem Deus, contra a Fé Cristã.

Em linha apologética, com fundamentos bíblicos, a Igreja precisa mostrar, com boa didática, sua forma de pensar, crer e agir, formando e difundindo a sua cosmovisão, isto é, sua visão de mundo.

Paulo, aos crentes da Igreja em Roma exortou-os a não se conformarem com aquela presente era (Rm 12.2). E foi a cerca de 2 mil anos. Que dirá hoje...

3.Para realçar a relevância da Palavra na vida Igreja, reflitamos:

Hoje na Igreja, em razão das muitas atividades eclesiásticas, é frequente o tempo para Palavra ficar espremido, apertado no culto.

Uma pergunta sensível: Está a agenda da Igreja, batendo ou concorrendo com a do Reino de Deus?

O Reino de Deus é mais amplo do que a Igreja, enquanto a Igreja é a maior expressão do Reino na Terra.

III. O Ministério da Palavra e sua Fundamentação

1. Deve ser cristocêntrica - Jesus mostrou aos discípulos no caminho de Emaús, Ele era o centro da Lei e dos Profetas, e o que dele foi escrito estava se cumprindo em Jerusalém (Lc 24.27).

A Bíblia diz que “descendo Filipe à cidade de Samaria, lhes pregava a Cristo pelas Escrituras” (At 8.5).

Qual foi a finalidade do Evangelho de João? Mostrar que Jesus era o Verbo Divino e Filho de Deus.

João 20.30-31 – “Jesus, pois, operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”.

Apolo era conhecido por sua eloquência e capacidade de mostrar que o Cristo prometido nas Escrituras era Jesus de Nazaré:

Atos 18.28 - “Porque com grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo”.  

2. Deve ser bíblica – Vivemos um tempo em que a pregação em muitos lugares virou um modismo. Parece que temos “pregadores” em demasia, mas há pregações sem consistência bíblica.  

Em geral, a pregação hodierna na IEB tem mensagens de:

a) autoajuda com um verniz de pregação - Mensagens atraentes que só visa transmitir bênçãos ao ego do ouvinte. Palatável ao indivíduo consumidor da fé gospel.

b) São gurus com marketing religioso muito afinado. Mas, não há na ministração exposta conteúdo bíblico consistente.

c) Fala e faz da piedade, um objetivo financeiro e material. O deus deles é o consumismo de coisas (Fp 3.19; I Tm 6.5-6).

d) A ausência do combate ao pecado – O chamado a uma vida separada do mundo e dedicada a Deus são esquecidos.

Todavia, “...O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (II Tm 2.19b).

e) É uma mensagem sem cruz (Gl 6.14) - Sem conversão, sem frutos dignos de arrependimento (Jo 15.2,16; Mt 3.8).

As Escrituras confronta as oposições do passado e as presentes. E permanece sendo o que escreveu o escritor aos hebreus:

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e expostas aos olhos daquele a quem temos de prestar contas (Hb 4.12-13 - NAA).

Conclusão

1.Da exposição desta lição 12, constatamos que a Igreja precisa e deve da primazia ao Ministério da Palavra onde se reunir.

2.A Igreja Cristã não pode prescindir, renunciar à pregação genuinamente bíblica que reflita os valores do Reino de Deus.

3.Como não há atalhos para santificação, também não tem como seguir a Cristo, a verdade que liberta e salva, distante das Escrituras.

4.Numa cultura cada vez mais hostil à fé cristã, a Igreja persistirá em proclamar com firmeza e fidelidade a mensagem do Reino sob a autoridade da Palavra de Deus.

Fontes da pesquisa:

Lição EBD/CPAD – 1º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 21/03/2024.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Freud: descrente de cabo a rabo

 
                    (1856-1939)

Um ano antes de morrer, Freud, já octogenário, fez mais uma vez sua pública profissão de fé na não-existência de Deus numa carta dirigida ao historiador Charles Singer: “Jamais em minha vida particular ou nos meus escritos eu escondi o fato de que sou descrente de ‘cabo a rabo’”. Ele se referia a si mesmo, aparentemente sem escrúpulos, como um “médico sem deus”, ou um “materialista”, um “ateu”, um “descrente” e um “infiel”.

Nascido e educado na religião judaica e casado com uma mulher que também era neta de rabino, Freud, quando criança, devia cantar ou recitar os dois únicos salmos iguais do Saltério, que começam com a declaração: “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe’” (Sl 14.1; 53.1). Contudo, em seu primeiro ensaio sobre a visão do mundo religioso (Ações obsessivas e práticas religiosas), dá a entender que tolo é aquele que tem necessidade de fé, a pessoa que não avança em seus estudos.

No dia 6 de maio de 1891, o pai de Sigmund Freud, Jacob Freud, lhe deu de presente uma velha Bíblia na qual o filho havia lido quando criança, com a seguinte dedicatória: “Você enxergou neste livro a visão do Todo-Poderoso, você ouviu de boa vontade, você o praticou e tentou voar alto nas asas do Espírito Santo. Desde então, eu preservei a mesma Bíblia. Agora, no seu 35º aniversário, eu tirei o pó dela e a estou enviando a você, como prova de amor do seu velho pai”.1

Embora citasse frequentemente a Bíblia, tanto o Antigo como o Novo Testamento, e tivesse familiaridade com a Palavra de Deus, Freud afirmava que as Escrituras “estão cheias de contradições, revisões e falsificações”.2

Além da influência judaica, Freud recebeu influência cristã através da ama-seca “feia, bastante velha”, que lhe falava do Deus Altíssimo e do inferno e o levava à missa em Freiberg, na Morávia, onde ele nasceu, naquela época com uma população de 4 a 5 mil habitantes, quase todos católicos.

Sob o prisma da psicanálise, Freud dizia que Deus não nos criou à sua imagem, mas fomos nós quem criamos Deus à imagem dos nossos pais. Às vezes, ele ia longe demais: “Não tenho temor nenhum do Todo-Poderoso. Se nós viermos a nos encontrar um dia, provavelmente terei mais queixas contra Ele, do que Ele poderia ter de mim”.3

A frase mais infeliz de Freud foi pronunciada quando ele era estudante universitário em Viena: “Não pretendo me entregar”.4

O futuro médico referia-se à sua disposição de resistir a qualquer influência que o levasse a crer em Deus. E ele conseguiu. Mais ou menos na mesma ocasião, Freud fez dois cursos de filosofia; um deles foi sobre a existência de Deus. Não foi fácil escapar das aulas nem da influência de Franz Brentano, ex-padre, professor de filosofia na Universidade de Viena, “um homem notável, um crente, um teólogo, um camarada danado de esperto, de fato um gênio”. Freud chegou a vacilar e cogitou a possibilidade de tornar-se crente. Foi quando fez uma quase-confissão: “É desnecessário dizer que sou um ateu somente por necessidade, e sou honesto o suficiente para confessar que sou incapaz de refutar os argumentos dele [Brentano]; entretanto, não tenho nenhuma intenção de me entregar tão rápida ou completamente”.5

Teria o Espírito Santo advertido Freud com as mesmas palavras ditas a Saulo na entrada de Damasco: “Resistir ao aguilhão só lhe trará dor” (At 26.14)?

O fato é que Freud ofereceu forte resistência a todas as oportunidades que lhe surgiram na vida para deixar de ser ateu. Ele passou de largo por aquilo que Immanuel Kant chama de “placas de sinalização” — o céu estrelado acima e a lei moral dentro de nós, tudo apontando com clareza inconfundível para Deus.

Parece que Freud conhecia o famoso livro A Imitação de Cristo, atribuído ao teólogo alemão Tomás de Kempis, nascido por volta de 1380. Também não provocou mudança alguma o encontro pessoal que ele teve com o filósofo e psicólogo americano William James, um ateu convertido ao cristianismo, em sua única visita aos Estados Unidos, em 1909. A essa altura, James estava com 67 anos e acabara de publicar O Significado da Verdade, e Freud tinha 53 anos. O nova-iorquino William James era especialista em teologia propriamente dita (natureza e existência de Deus) e na imortalidade da alma. O livro favorito de Freud não era outro senão o clássico Paraíso Perdido, o maior poema épico da língua inglesa, leitura obrigatória dos puritanos e dos não-conformistas da Inglaterra por dois séculos, escrito por John Milton em 1667.

A influência cristã mais duradoura, mais didática e mais amável que Freud recebeu na vida foi pela correspondência com o pastor reformado Oskar Pfister, doutor em filosofia e teologia, residente em Zurique, na Suíça. Por longos 30 anos (de 1909 a 1939), Freud e Pfister (este 17 anos mais moço que aquele) trocaram cartas entre si.6

Um dos poemas prediletos de Freud era Lázaro, do poeta alemão Heinrich Heine, quase 60 anos mais velho do que o médico de Viena. Armand Nicholi, autor de Deus em Questão — C.S. Lewis e Freud debatem Deus, amor, sexo e o sentido da vida (Editora Ultimato, 2005), supõe que a atração de Freud pela história da ressurreição de Lázaro reflita o seu próprio desejo de permanência.

Que Freud morreu declarando-se ateu às 3 horas da madrugada do dia 23 de setembro de 1939, ninguém tem dúvida. O mesmo não se pode dizer se interiormente ele tinha absoluta convicção da não-existência de uma Inteligência superior. À semelhança de outros ateus, ele costumava citar o nome de Deus em suas cartas: “Eu passei nos meus exames com a ajuda de Deus”; “Se Deus quiser”; “A ciência parece demandar a existência de Deus”; “Pela graça de Deus” etc.

Além do mais, Freud fez questão de inaugurar a sua clínica particular especializada em neuropatologia na Páscoa de 1886, quando tinha 30 anos, a mesma idade com que Jesus Cristo iniciou o seu ministério (Lc 3.23). Essa escolha seria sinal de respeito por aquele dia de profundo significado religioso ou refletia desafio e desrespeito por Jesus? 

Notas 
1. Deus em Questão, p. 24. 
2. Idem, p. 47. 
3. Idem, p. 218. 
4. Idem, p. 222. 
5. Idem, p. 26. 
6. Cartas entre Freud e Pfsiter. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 1998. 

Quando o ateu esquece que é ateu 

No início de setembro de 2005, na cidade de Franca, SP, um pai sofrido e de posição social modesta declarou à Folha de São Paulo: “Não creio mais em Deus. Mesmo assim, oro todas as noites pedindo que Deus devolva a vida de meu filho ou o leve embora de uma vez”.

Sigmund Freud cometeu o mesmo “cochilo” doutrinário, mais de uma vez. 

Numa de suas cartas ao pastor Oskar Pfister, Freud chama o amigo de “caro homem de Deus” (4/10/1909).

O psiquiatra Armand M. Nicholi Jr. teve acesso às muitas cartas de Freud e achou nelas palavras e frases como: “o bom Senhor”; “entregar ao Senhor”; “por na mão do Senhor”; “até depois da ressureição”; “o julgamento divino”; “a vontade de Deus”; “Deus altíssimo”; “se algum dia nos encontrarmos nas alturas”; “no outro mundo”; “minha oração secreta” (Deus em Questão, p. 60).

Parece que não há ateu que não esqueça de vez em quando que é ateu. C.S. Lewis, outro erudito, conta que, mesmo sustentando a não-existência de Deus, ele “ficava com raiva pelo fato de ele não existir [...] e por ter criado o mundo” (Deus em Questão, p. 61).

Não é fácil ser ateu. As coisas complicam quando surge um problema, como o que Freud confessa a Pfister na carta de 14 de dezembro de 1911: “Fiquei encalhado diversas pocinhas no meu estudo da psicogênese da religião e com as poucas forças que tenho atualmente não posso desencalhar” (Cartas entre Freud e Pfister, p. 73).

Diariamente boquiaberto 


O Sol é como um noivo 
Que sai de seu aposento 
E se lança em sua carreira 
Com a alegria de um herói 

É uma bola de fogo 
Que sai toda molhada 
Do outro lado do Atlântico 
Se eu estiver no Rio de Janeiro 

É uma bola de fogo 
Que sai toda suada 
Do outro lado dos Andes 
Se eu estiver em Valparaíso 

Do mar, o Sol vai para os montes 
Dos montes, o Sol vai para o mar 
Ele sai de uma extremidade 
E vai para a outra extremidade 
Na manhã do dia seguinte 
O Sol sai outra vez de seu aposento 
E percorre outra vez a distância toda 
E eu fico outra vez boquiaberto! 

Créditos: Revista Ultimato - Novembro-Dezembro 2005.

terça-feira, 19 de março de 2024

Dicas para conclusão do sermão

 

Seja conciso: A conclusão deve ser breve e sucinta, evitando informações repetitivas. É importante que você resumo a mensagem de forma clara e objetiva.

Seja memorável: Sua conclusão deve deixar uma impressão duradoura na mente dos ouvintes. Use exemplos, histórias, metáforas ou ilustrações para ajudar a reforçar sua mensagem.

Seja persuasivo: A conclusão é a última chance de persuadir sua audiência. Certifique-se de que suas palavras sejam motivadoras e que você esteja transmitindo uma mensagem clara e contundente.

Seja relevante: Sua conclusão deve estar relacionada com o tema do sermão e com a necessidade da congregação. Seja assertivo no sentido de que sua mensagem seja útil para os ouvintes e que os ajude aplicar a Palavra de Deus em suas vidas.

Seja positivo: Sua conclusão deve transmitir uma mensagem positiva e encorajadora. Lembre-se de que a mensagem do evangelho é uma mensagem de esperança e transformação e sua conclusão deve refletir isso.

Do livro a Trilha do Pregador, pág.115 – Pr Carlos Kleber Maia – Natal/RN - 2023

sábado, 16 de março de 2024

O Culto na Igreja Cristã

Texto base: I Co 14.26 - “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”.

Introdução

1.O culto ao Senhor tem natureza solene e tanto o conteúdo como a forma são importantes na sua prática.

2.Tem os propósitos básicos: Adoração exclusiva a Deus, ministração da Palavra para salvação de vidas e edificação da Igreja.

3.Na liturgia pentecostal tem como marca a adoração com fervor e a exposição da Palavra de Deus como primazia.

4.Todos precisamos, antes e depois do culto racional ofertado ao Senhor, estarmos vigilantes quanto à vida de adorador e servo que somos diante de Deus e dos homens.

5.O culto pode ser avaliado pelo crente? Pode, por exemplo, se houve direção do Espírito, adoração genuína, reverência, santidade e serviço a Deus. É errada, se visar saciar o seu ego.

6. É possível a liturgia desviar os propósitos do culto bíblico. Requer vigilância e correções pela liderança da Igreja a esse respeito.

I. A Natureza do Culto

1. O culto como serviço a Deus - Na Bíblia, o culto é mostrado como um serviço, isto é, uma vida entregue e consagrada a Deus (Dt 6.13). O culto, em um primeiro plano tem a ver com a atitude com a qual se cultua o Altíssimo e, em um segundo plano, com a forma como se cultua. 

2. O culto deve ser solene – O termo solene traz a ideia de respeito e de caráter majestoso. Isso significa que tanto o conteúdo como a maneira de se cultuar são relevantes (Ec 5.1; I Co 11.27).

Ec 5.1 – “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal”.  

Saul e sua intenção falsa na adoração, sem valor solene. 

Saul preferiu a sua vontade, com aparência de adorador, não cumpriu o Deus falou pelo profeta e perdeu o reinado.

I Sm 15.22 – “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros”. 

Sl 51.17 – “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”. 

De acordo com a Bíblia, o culto precisa ter decoro, decência, ordem e temor.

“Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (I Co 14.40). 

3. O culto é santo - A santidade de Deus é afirmada por toda a Bíblia (Lv 11.44; Is 43.3; I Pd 1.15,16). Visto que Deus é santo (Lv 20.26). Então, nada que fosse profano deveria fazer parte do culto e da vida de quem o praticava no Antigo Testamento (Ez 44.9; Am 5.21-27; Is 1.13). Então, o limite entre o santo e o profano deveria ser mantido (Ez 22.26; 44.23).

O Novo Testamento também põe em destaque o viver cristão pautado numa  vida a serviço de Deus (I Co 15.58; Rm 15.5).

A Igreja é o espaço sacro onde o culto do serviço acontece (At 13.1-3).

Um ponto a discutir no culto bíblico - Quando misturamos o social com o espiritual, comemoração de aniversário durante o culto. Há casos que praticamente todo o percurso do culto são homenagens humanas ao aniversariante, e independente de quem o seja, não fere o princípio exclusivo da adoração no culto ao Senhor? Veremos mais adiante.

II. O Propósito do Culto

1. Glorificar a Deus - O culto é uma celebração que se faz a Deus. Celebramos a grandeza de Deus e seus poderosos feitos.

“Grande é o Senhor e mui digno de louvor na cidade do nosso Deus, no seu monte santo” (Sl 48.1). 

Celebramos a Deus é e pelo que Ele faz (Sl 103.1-5).

Infelizmente, há músicas evangélicas que estão voltadas para satisfazer ao ego humano. Atende um mercado consumidor. Nelas, Deus é um prestador de serviços da fé e doador de bênçãos.

2. Quando não se cultua a Deus ou desvirtua a adoração – Homenagens humanas no culto, concorre com a adoração a Deus? E sendo para liderança, tem o direito de fazer? Como fica essa situação? Como a maioria aceita, quem discerne com senso crítico e discorda passa por chato e antissocial. Entretanto, há fortes evidências para se combater o antropocentrismo na Igreja hodierna. 

Existem aspectos mais graves: Igrejas sendo geridas como uma empresa familiar. O pastoreio tem peso de sacerdócio araônico na sucessão, como se ainda estivéssemos no culto mosaico.

Para evitar suposições, afirmo: a Igreja Organização no RN, no contexto assembleiano, é um dos mais sadios do país.

As Testemunhas de Jeová estão no extremo: Não se canta parabéns em família, entre amigos e irmãos. Entendem ser glorificação, louvor aos homens.

O culto deve ser Teocêntrico - “... preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, ... sou Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “...Assim diz o Senhor: Israel é meu filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx 3.12 - NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore ... e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 - NAA); “Temam ... e sirvam a Ele...” (Dt 6.13 – NAA).

Jesus é adorado uma vez que também é Deus, compõe a Trindade. Um só Deus em três pessoas, em essência, substância e natureza.

Isaías 42.8 – Uma alusão ao Messias – “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura”.  E acrescento: Muito menos aos homens.

Devemos considerar, honrar, reconhecer valores e virtudes dos nossos irmãos e líderes. Porém, que se faça no momento e ambiente apropriados.

3. Edificar a igreja - Um dos propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja (I Co 14.26). O verbo grego oikodoméo, traduzido como “edificar”, ocorre 40 vezes no Novo Testamento enquanto o substantivo oikodomé, traduzido como “edificação”, ocorre 18 vezes.

Quando Paulo disciplina os usos dos dons na igreja, tinha o objetivo de colocar ordem no culto e trazer edificação à igreja.

Da mesma forma, os dons ministeriais (Ef 4.11) devem contribuir para “edificação do corpo de Cristo”.

Efésios 4.11-13 – “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”.   

III. A Liturgia do Culto

Liturgia – Etimologicamente é uma ação para o povo, um agir para o povo, ou seja, uma ação pública. No grego ‘leiturgia’ – serviço divino ou serviço prestado a Deus. E, após séculos, evoluiu para linguagem, gestos, cânticos e paramentos usados no culto cristão.

1. A exposição da Bíblia - O Movimento Pentecostal tem firmado seu compromisso com a autoridade da Bíblia para governar toda crença, experiência e prática. Assim, o mérito de todo ensino, manifestações espirituais e conduta devem passar pelo crivo das Escrituras.  

2. A adoração entusiástica – O que ensinava o Apóstolo Paulo em I Co 14.26? Ordem no culto: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. 

Em Ef 5.18-20, Paulo se refere a cristãos cheios do Espírito que se reuniam para adorar.  

Faz parte no meio pentecostal a adoração expansiva, entusiasmo no poder do Espírito e manifestações dos dons espirituais durante o culto. E somos conhecidos por barulhentos. Ocorrem exageros? Sim.

Som alto hoje é fator de stress e ser classificado poluição ambiental.

O autista no meio pentecostal – Pessoas autistas aguentam barulho, luzes fortes, tem audição muito aguçada. E nesses ambientes podem entram em crise e podem precisar serem contidas. É sugestivo cultuar a Deus em outra denominação. Deus na sua sabedoria proveu opções.

É certa a legalização de limites dos decibéis nos templos evangélicos? Sim! Como também em bares, carros de som e outros eventos públicos.

Também é fato de que está resguardado o livre exercício de culto e suas liturgias na Constituição do país (Art. 5º, inciso VI).

Faz sentido essa crítica: “Ninguém é obrigado a participar do culto e das crenças dos outros”.

Da mesma forma não se pode impor ao cristão aceitar, praticar princípios e ideologias contrárias às suas crenças, notadamente no campo da fé, direitos humanos e de família. A recíproca deve ser verdadeira, o respeito às diferenças em sociedade é o ideal.

Conclusão

1.A adoração e serviço no culto cristão consiste: Em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou sejam ofertas e dízimos (SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.145).

2. Na prática, vimos que há pontos a se discutir, visando nos aperfeiçoar, corrigir possíveis abusos no culto e na adoração genuinamente bíblica.

3. A aplicação de uma liturgia equilibrada evita fugirmos dos objetivos do culto, para o seu desenvolvimento sem o profanar, com ordem e decência.

4. Que o culto cristão seja uma celebração viva, com entusiasmo na dinâmica do Espírito Santo onde se evidencia o sobrenatural, pautado na Palavra de Deus.

Fontes da pesquisa:

Lição EBD/CPAD – 1º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada.

ADPE – RBC1 – Lições.

Dicionário Teológico – Claudionor C. Andrade. CPAD – 4ª Ed.1997.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 16/03/2024.

domingo, 10 de março de 2024

A Ceia do Senhor — A segunda ordenança da Igreja

Texto Áureo - I Co 11.26 - “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”.

Verdade Prática - A Ceia do Senhor, como uma ordenança, celebra a comunhão do crente com o Senhor ressuscitado.

Estudaremos a Ceia do Senhor sob três perspectivas:

Primeira – Tem um olhar para trás, quando contemplamos Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1.29), entregando-se em sacrifício vicário na cruz, provendo redenção, perdão à humanidade pecadora.

Segunda - É um olhar para o presente, quando reconhecemos a graça de Deus como meio eficaz para alcançarmos comunhão com Ele e com os irmãos aos pés do calvário e no domingo da ressurreição.  

Terceira – Contém um olhar para o futuro, quando mantém a esperança na Segunda Vinda de Cristo. De modo que a Ceia do Senhor é uma cerimônia que deve ser celebrada com reverência, júbilo e expectativa.

I. O Cerimonial da Ceia do Senhor na Tradição Cristã

1. No romanismo - Compreende de forma literal as expressões ditas por Jesus em referência aos elementos da Ceia do Senhor: “isto é o meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é [...] meu sangue” (Lc 22.20).

O ensino da transubstanciação (alteração da substância) - Segundo esse entendimento, durante o cerimonial os elementos da Ceia se convertem no corpo e no sangue de Cristo.

2.A consubstanciação na tradição protestante luterana - Afirmam que o corpo físico de Jesus está presente no pão da Ceia. Contudo, negam que os elementos da Ceia, o pão e o vinho, se transformam no corpo e no sangue de Jesus, o Cristo. 

3. A posição pentecostal e em geral dos evangélicos – A exegese do texto é que o pão e o vinho não se convertem fisicamente no corpo de Jesus, nem está Jesus presente fisicamente neles.

Assim sendo, o pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente espiritualmente na cerimônia da Santa Ceia (Mt 18.20), e em memória celebramos a Ceia do Senhor conforme I Co 11.24-25.

Importante entender: A Ceia do Senhor é para sua Igreja, aos batizados, em comunhão com Deus, através de Cristo Jesus. Não visa conceder comunhão no ato da celebração via ato sacramental religioso.

Assim começou a Igreja Primitiva: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42). 

*Veja mais detalhes abaixo nos subsídios.

II. O Propósito da Ceia do Senhor

1. Celebrar a expiação de Cristo – Aponta para o calvário, a celebração objetiva “anunciar a morte do Senhor” (I Co 11.26). Como Jesus ressuscitou, na Ceia proclamamos a vitória de Cristo na cruz:

a) Sobre o pecado, a morte e o Diabo (Hb 2.14,15).

b) Por intermédio da morte de Cristo na cruz e sua ressurreição, fomos justificados e reconciliados com Deus (II Co 5.21).

Rm 4.24-25 – “...cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação”.

c) Portanto, na Ceia do Senhor a Igreja Cristã celebra a sua redenção (Jo 19.30).

Ap 5.9 – “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação”. 

2. Proclamar a segunda vinda de Cristo - (I Co 11.26). Logo, há um sentido escatológico na celebração da Ceia do Senhor.

3. Celebrar a comunhão cristã – A tônica do apóstolo Paulo em I Co 11.17-34 objetiva ensinar o cerimonial da Ceia do Senhor, destacando o significado simbólico e espiritual da celebração.

Um detalhe histórico por influência da Páscoa Judaica (Mt 26.21,26; Lc 22.11-13) - Uma das tradições na Igreja Primitiva era a Festa Ágape, realizada antes da Ceia do Senhor. Todos traziam pratos prontos, bebidas de suas casas e juntos faziam um grande banquete. Só que a desordem, a irreverência foi tomando conta dessa ceia comum e coletiva.

A Ceia do Senhor não era um mero ajuntamento social de religiosos para comilanças e bebedeiras, sem ordem e decência. E ainda menosprezava quem pouco ou nada tinha para participar da refeição social. 

Em resumo: O propósito da Ceia do Senhor passa pela lembrança da expiação de Cristo, a sua ressureição, nossa comunhão com Ele e irmãos na fé, apontando para esperança da sua segunda vinda.

III. O Modo de Celebrar a Ceia do Senhor

1. O que é participar “indignamente” da celebração da Ceia do Senhor? (I Co 11.27).

O termo português “indignamente” é a tradução do advérbio grego anaxiós. Indica a maneira ou modo como se faz ou como participa de algo.  Então, o advérbio está relacionado ao modo, a maneira como os coríntios estavam celebrando a Ceia do Senhor:

a) De maneira desordenada - Quando não esperavam um pelos outros, havia disputas e se embriagavam (I Co 11.18,21, 33-34).

b) De maneira irreverente - Quando comiam mais do que os outros, sem senso do sagrado na simbologia da Ceia; e desprezavam quem nada havia trazido para a ceia comum (I Co 11.22).

2. Uma celebração reverente - Se em lugar de um advérbio, que indica modo ou maneira, Paulo tivesse usado um adjetivo, que indica estado, qualidade ou natureza, então ninguém poderia participar da Ceia, pelo fato de que ninguém é digno (I Co 11.27). Como explicitado, não é esse o caso. Somente pela graça de Deus, podemos celebrar e participar da Mesa do Senhor.

3.Uma celebração de salvos em Cristo - Se a simples maneira irreverente de celebrar a Ceia atrai o juízo divino (I Co 11.27), o que dizer então de quem participa com pecados não confessados? Pecado não confessado atrai o juízo divino (Rm 6.23; I Co 15.56-57).

O Autojulgamento – Examine-se debaixo da Graça de Deus (I Co 11.28)

O cristão ao participar da Ceia do Senhor, faz-se necessário ter consciência do significado da sua simbologia, discernindo o corpo do Senhor, trazendo a memória o valor do sacrifício de Jesus no calvário. Senão, traz condenação sobre ele (I Co 11.27-29). A Ceia do Senhor não é uma simples refeição coletiva. 

I João 1.6-7 – “Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.

E em sendo Igreja, quando necessário, somos disciplinados pelo Senhor para não sermos condenados com o mundo (I Co 11.31-32).

4. Uma Celebração Festiva - A Ceia do Senhor celebra a morte e ressurreição de Jesus e não o seu funeral (I Co 15.1-4). Como disse Jó: “Eu sei que o meu redentor vive”. Deve, portanto, ser uma celebração reverente, na pureza (I Co 5.7-8), jubilosa e que expressa a morte tragada na vitória (I Co 15.54).

Alguém disse - A cruz de Cristo é o grito de Deus para a humanidade debaixo de  pecados:  Você não pode salvar a si mesma.

Conclusão

1. A Ceia do Senhor não é um sacramento, que de forma mágica concede graça aos que dela participam nem tampouco uma vacina para dar comunhão a quem não a tem com Deus.

2.A Ceia do Senhor é uma ordenança bíblica (Lc 22.19,20) para quem está reconciliado com Deus e nela celebramos a nossa redenção no Cristo ressuscitado, até que Ele venha (I Co 11.26).

3. A celebração da Ceia do Senhor dever ordeira, reverente e jubilosa, compreendo a sua simbologia e para dela participarmos somos dignos, mediante a graça de Deus.

4.Portanto, trata-se de um ato memorial que não pode ser celebrado de qualquer jeito, nem tampouco por quem vive deliberadamente em pecado (I Co 11.27-29; I Jo 1.6-7).

*Subsídios:

a) O pão e o vinho, como elementos figurativos na Ceia do Senhor, não comportam adoração como se fossem o próprio Cristo.

b) É antibíblico afirmar que a celebração da Ceia do Senhor (eucaristia), seja uma repetição do sacrifício de Jesus na cruz.

O sacrifício de Jesus no calvário foi completo, feito uma vez, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, não precisa ser repetido (Hebreus 10.10-12). Está consumado o plano da redenção para todo o que crê (João 19.30).

Quando Jesus disse em João 6.53-56, para comer da sua carne e beber do seu sangue, para termos vida eterna e permanecermos nele e ele em nós, os judeus ficaram confusos porque entenderam ao pé da letra (João 6.52). Contudo, Jesus, no contexto do discurso, transmitia verdades espirituais por metáforas.

a) Em João 6.35,48 declara “Eu sou o pão da vida”. Pão que mataria a fome de quem vem a Ele. E a sede de quem nele cresse. Claro, fome e sede espirituais saciadas, mediante a fé.

b) Em João 6.51 – Jesus faz menção a sua carne, o seu corpo que daria pela vida do mundo (a humanidade) na cruz.

c) De modo que quem se alimenta do “pão da vida” viverá por Ele (Jo 6.57).

d) Assim sendo, comer da sua carne e beber do seu sangue, significa absorver por fé o seu sacrifício na cruz em nosso lugar, na condição de Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, onde temos promessa de vida eterna (Jo 6.67-69;3.16).

Fonte: Lição 10 - EBD/CPAD - 1º trimestre de 2024.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges 

Bacharel em Direito e Teologia.

Natal/RN, 10/03/2024.

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