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sábado, 16 de março de 2024

O Culto na Igreja Cristã

Texto base: I Co 14.26 - “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”.

Introdução

1.O culto ao Senhor tem natureza solene e tanto o conteúdo como a forma são importantes na sua prática.

2.Tem os propósitos básicos: Adoração exclusiva a Deus, ministração da Palavra para salvação de vidas e edificação da Igreja.

3.Na liturgia pentecostal tem como marca a adoração com fervor e a exposição da Palavra de Deus como primazia.

4.Todos precisamos, antes e depois do culto racional ofertado ao Senhor, estarmos vigilantes quanto à vida de adorador e servo que somos diante de Deus e dos homens.

5.O culto pode ser avaliado pelo crente? Pode, por exemplo, se houve direção do Espírito, adoração genuína, reverência, santidade e serviço a Deus. É errada, se visar saciar o seu ego.

6. É possível a liturgia desviar os propósitos do culto bíblico. Requer vigilância e correções pela liderança da Igreja a esse respeito.

I. A Natureza do Culto

1. O culto como serviço a Deus - Na Bíblia, o culto é mostrado como um serviço, isto é, uma vida entregue e consagrada a Deus (Dt 6.13). O culto, em um primeiro plano tem a ver com a atitude com a qual se cultua o Altíssimo e, em um segundo plano, com a forma como se cultua. 

2. O culto deve ser solene – O termo solene traz a ideia de respeito e de caráter majestoso. Isso significa que tanto o conteúdo como a maneira de se cultuar são relevantes (Ec 5.1; I Co 11.27).

Ec 5.1 – “Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal”.  

Saul e sua intenção falsa na adoração, sem valor solene. 

Saul preferiu a sua vontade, com aparência de adorador, não cumpriu o Deus falou pelo profeta e perdeu o reinado.

I Sm 15.22 – “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros”. 

Sl 51.17 – “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus”. 

De acordo com a Bíblia, o culto precisa ter decoro, decência, ordem e temor.

“Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (I Co 14.40). 

3. O culto é santo - A santidade de Deus é afirmada por toda a Bíblia (Lv 11.44; Is 43.3; I Pd 1.15,16). Visto que Deus é santo (Lv 20.26). Então, nada que fosse profano deveria fazer parte do culto e da vida de quem o praticava no Antigo Testamento (Ez 44.9; Am 5.21-27; Is 1.13). Então, o limite entre o santo e o profano deveria ser mantido (Ez 22.26; 44.23).

O Novo Testamento também põe em destaque o viver cristão pautado numa  vida a serviço de Deus (I Co 15.58; Rm 15.5).

A Igreja é o espaço sacro onde o culto do serviço acontece (At 13.1-3).

Um ponto a discutir no culto bíblico - Quando misturamos o social com o espiritual, comemoração de aniversário durante o culto. Há casos que praticamente todo o percurso do culto são homenagens humanas ao aniversariante, e independente de quem o seja, não fere o princípio exclusivo da adoração no culto ao Senhor? Veremos mais adiante.

II. O Propósito do Culto

1. Glorificar a Deus - O culto é uma celebração que se faz a Deus. Celebramos a grandeza de Deus e seus poderosos feitos.

“Grande é o Senhor e mui digno de louvor na cidade do nosso Deus, no seu monte santo” (Sl 48.1). 

Celebramos a Deus é e pelo que Ele faz (Sl 103.1-5).

Infelizmente, há músicas evangélicas que estão voltadas para satisfazer ao ego humano. Atende um mercado consumidor. Nelas, Deus é um prestador de serviços da fé e doador de bênçãos.

2. Quando não se cultua a Deus ou desvirtua a adoração – Homenagens humanas no culto, concorre com a adoração a Deus? E sendo para liderança, tem o direito de fazer? Como fica essa situação? Como a maioria aceita, quem discerne com senso crítico e discorda passa por chato e antissocial. Entretanto, há fortes evidências para se combater o antropocentrismo na Igreja hodierna. 

Existem aspectos mais graves: Igrejas sendo geridas como uma empresa familiar. O pastoreio tem peso de sacerdócio araônico na sucessão, como se ainda estivéssemos no culto mosaico.

Para evitar suposições, afirmo: a Igreja Organização no RN, no contexto assembleiano, é um dos mais sadios do país.

As Testemunhas de Jeová estão no extremo: Não se canta parabéns em família, entre amigos e irmãos. Entendem ser glorificação, louvor aos homens.

O culto deve ser Teocêntrico - “... preste culto somente a Ele” (Mt 4.10; Dt 6.13; Êx 20.4; Lv 26.1; Sl 97.7; Lc 4.8). Deus é zeloso da adoração e do culto oferecido a Ele. “Não adore essas coisas, nem preste culto a elas, porque eu, o Senhor, ... sou Deus zeloso...” (Dt 5.9 – NAA; Sl 78.58; 1Co 10.20-22). Deus quer ser adorado pelos seus filhos: “...Assim diz o Senhor: Israel é meu filho... deixe meu filho ir para que me adore...” (Êx 3.12 - NAA). Percebamos que a adoração precede ao culto: “Adore ... e preste culto somente a Ele” (Mt 4.10 - NAA); “Temam ... e sirvam a Ele...” (Dt 6.13 – NAA).

Jesus é adorado uma vez que também é Deus, compõe a Trindade. Um só Deus em três pessoas, em essência, substância e natureza.

Isaías 42.8 – Uma alusão ao Messias – “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura”.  E acrescento: Muito menos aos homens.

Devemos considerar, honrar, reconhecer valores e virtudes dos nossos irmãos e líderes. Porém, que se faça no momento e ambiente apropriados.

3. Edificar a igreja - Um dos propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja (I Co 14.26). O verbo grego oikodoméo, traduzido como “edificar”, ocorre 40 vezes no Novo Testamento enquanto o substantivo oikodomé, traduzido como “edificação”, ocorre 18 vezes.

Quando Paulo disciplina os usos dos dons na igreja, tinha o objetivo de colocar ordem no culto e trazer edificação à igreja.

Da mesma forma, os dons ministeriais (Ef 4.11) devem contribuir para “edificação do corpo de Cristo”.

Efésios 4.11-13 – “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”.   

III. A Liturgia do Culto

Liturgia – Etimologicamente é uma ação para o povo, um agir para o povo, ou seja, uma ação pública. No grego ‘leiturgia’ – serviço divino ou serviço prestado a Deus. E, após séculos, evoluiu para linguagem, gestos, cânticos e paramentos usados no culto cristão.

1. A exposição da Bíblia - O Movimento Pentecostal tem firmado seu compromisso com a autoridade da Bíblia para governar toda crença, experiência e prática. Assim, o mérito de todo ensino, manifestações espirituais e conduta devem passar pelo crivo das Escrituras.  

2. A adoração entusiástica – O que ensinava o Apóstolo Paulo em I Co 14.26? Ordem no culto: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. 

Em Ef 5.18-20, Paulo se refere a cristãos cheios do Espírito que se reuniam para adorar.  

Faz parte no meio pentecostal a adoração expansiva, entusiasmo no poder do Espírito e manifestações dos dons espirituais durante o culto. E somos conhecidos por barulhentos. Ocorrem exageros? Sim.

Som alto hoje é fator de stress e ser classificado poluição ambiental.

O autista no meio pentecostal – Pessoas autistas aguentam barulho, luzes fortes, tem audição muito aguçada. E nesses ambientes podem entram em crise e podem precisar serem contidas. É sugestivo cultuar a Deus em outra denominação. Deus na sua sabedoria proveu opções.

É certa a legalização de limites dos decibéis nos templos evangélicos? Sim! Como também em bares, carros de som e outros eventos públicos.

Também é fato de que está resguardado o livre exercício de culto e suas liturgias na Constituição do país (Art. 5º, inciso VI).

Faz sentido essa crítica: “Ninguém é obrigado a participar do culto e das crenças dos outros”.

Da mesma forma não se pode impor ao cristão aceitar, praticar princípios e ideologias contrárias às suas crenças, notadamente no campo da fé, direitos humanos e de família. A recíproca deve ser verdadeira, o respeito às diferenças em sociedade é o ideal.

Conclusão

1.A adoração e serviço no culto cristão consiste: Em oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas ou testemunho e contribuição financeira, ou sejam ofertas e dízimos (SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.145).

2. Na prática, vimos que há pontos a se discutir, visando nos aperfeiçoar, corrigir possíveis abusos no culto e na adoração genuinamente bíblica.

3. A aplicação de uma liturgia equilibrada evita fugirmos dos objetivos do culto, para o seu desenvolvimento sem o profanar, com ordem e decência.

4. Que o culto cristão seja uma celebração viva, com entusiasmo na dinâmica do Espírito Santo onde se evidencia o sobrenatural, pautado na Palavra de Deus.

Fontes da pesquisa:

Lição EBD/CPAD – 1º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada.

ADPE – RBC1 – Lições.

Dicionário Teológico – Claudionor C. Andrade. CPAD – 4ª Ed.1997.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 16/03/2024.

domingo, 10 de março de 2024

A Ceia do Senhor — A segunda ordenança da Igreja

Texto Áureo - I Co 11.26 - “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”.

Verdade Prática - A Ceia do Senhor, como uma ordenança, celebra a comunhão do crente com o Senhor ressuscitado.

Estudaremos a Ceia do Senhor sob três perspectivas:

Primeira – Tem um olhar para trás, quando contemplamos Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1.29), entregando-se em sacrifício vicário na cruz, provendo redenção à humanidade pecadora.

Segunda - É um olhar para o presente, quando reconhecemos a graça de Deus como meio eficaz para alcançarmos comunhão com Ele e com os irmãos aos pés do calvário e no domingo da ressurreição.  

Terceira – Contém um olhar para o futuro, quando mantém a esperança na Segunda Vinda de Cristo. De modo que a Ceia do Senhor é uma cerimônia que deve ser celebrada com reverência, júbilo e expectativa.

I. A Natureza da Ceia do Senhor na Tradição Cristã

1. No romanismo - Compreende de forma literal as expressões ditas por Jesus em referência aos elementos da Ceia do Senhor: “isto é o meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é [...] meu sangue” (Lc 22.20).

O ensino da transubstanciação - Segundo esse entendimento, durante o cerimonial os elementos da Ceia se convertem no corpo e no sangue de Cristo.

2.A consubstanciação na tradição protestante luterana - Afirmam que o corpo físico de Jesus está presente no pão da Ceia. Contudo, negam que os elementos da Ceia, o pão e o vinho, se transformam no corpo e no sangue de Jesus, o Cristo. 

3. A posição pentecostal e em geral dos evangélicos – A exegese do texto é que o pão e o vinho não se convertem fisicamente no corpo de Jesus, nem está Jesus presente fisicamente neles.

Assim sendo, o pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente espiritualmente na cerimônia da Santa Ceia (Mt 18.20), e em memória celebramos a Ceia do Senhor conforme I Co 11.24-25.

Importante entender: A Ceia do Senhor é para sua Igreja, aos batizados, em comunhão com Deus, através de Cristo Jesus. Não visa conceder comunhão no ato da celebração via ato sacramental religioso.

Assim começou a Igreja Primitiva: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42). 

*Veja mais detalhes abaixo nos subsídios.

II. O Propósito da Ceia do Senhor

1. Celebrar a expiação de Cristo – Aponta para o calvário, a celebração objetiva “anunciar a morte do Senhor” (I Co 11.26). Calvário. Na Ceia proclamamos a vitória de Cristo na cruz:

a) Sobre o pecado, a morte e o Diabo (Hb 2.14,15).

b) Por intermédio da morte de Cristo na cruz e sua ressurreição, fomos justificados e reconciliados com Deus (II Co 5.21).

Rm 4.24-25 – “...cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação”.

c) Portanto, na Ceia do Senhor a Igreja Cristã celebra a sua redenção (Jo 19.30).

Ap 5.9 – “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação”. 

2. Proclamar a segunda vinda de Cristo - (I Co 11.26). Logo, há um sentido escatológico na celebração da Ceia do Senhor.

3. Celebrar a comunhão cristã – A tônica do apóstolo Paulo em I Co 11.17-34 objetiva ensinar o cerimonial da Ceia do Senhor, destacando o significado simbólico e espiritual da celebração.

Por influência da Páscoa judaica (Mt 26.21,26; Lc 22.11-13), uma das tradições na Igreja Primitiva era a Festa Ágape, realizada antes da Ceia do Senhor. Todos traziam pratos prontos, bebidas de suas casas e juntos faziam um grande banquete. Só que a desordem, a irreverência foi tomando conta dessa ceia comum e coletiva.

A Ceia do Senhor não era um mero ajuntamento social de religiosos para comilanças e bebedeiras, sem ordem e decência. E ainda menosprezava quem pouco ou nada tinha para participar da refeição social. 

Em resumo: O propósito da Ceia do Senhor passa pela lembrança da expiação de Cristo, nossa comunhão com Ele e irmãos na fé, apontando para esperança da sua segunda vinda.

III. O Modo de Celebrar a Ceia do Senhor

1. O que é participar “indignamente” da celebração da Ceia do Senhor? (I Co 11.27).

O termo português “indignamente” é a tradução do advérbio grego anaxiós. Indica a maneira ou modo como se faz ou como participa de algo.  Então, o advérbio está relacionado ao modo, a maneira como os coríntios estavam celebrando a Ceia do Senhor:

a) De maneira desordenada - Quando não esperavam um pelos outros, havia disputas e se embriagavam (I Co 11.18,21, 33-34).

b) De maneira irreverente - Quando comiam mais do que os outros, sem senso do sagrado na simbologia da Ceia; e desprezavam quem nada havia trazido para a ceia comum (I Co 11.22).

2. Uma celebração reverente - Se em lugar de um advérbio, que indica modo ou maneira, Paulo tivesse usado um adjetivo, que indica estado, qualidade ou natureza, então ninguém poderia participar da Ceia, pelo fato de que ninguém é digno (I Co 11.27). Como explicitado, não é esse o caso. Somente pela graça de Deus, podemos celebrar e participar da Mesa do Senhor.

3.Uma celebração de salvos em Cristo - Se a simples maneira irreverente de celebrar a Ceia atrai o juízo divino (I Co 11.27), o que dizer então de quem participa com pecados não confessados? Pecado não confessado atrai o juízo divino (Rm 6.23; I Co 15.56-57).

O cristão ao participar da Ceia do Senhor, faz-se necessário ter consciência do significado da sua simbologia, discernindo o corpo do Senhor, trazendo a memória o valor do seu sacrifício no calvário. Senão, traz condenação sobre ele (I Co 11.28-29).

I João 1.6-7 – “Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.

E em sendo Igreja, quando necessário, somos disciplinados pelo Senhor para não sermos condenados com o mundo (I Co 11.31-32).

4. Celebração Festiva - A Ceia do Senhor celebra a morte e ressurreição de Jesus e não o seu funeral (I Co 15.1-4). Como disse Jó: “Eu sei que o meu redentor vive”. Deve, portanto, ser uma celebração reverente, na pureza (I Co 5.7-8), jubilosa e que expressa a morte tragada na vitória (I Co 15.54).

Alguém disse: A cruz de Cristo é o grito de Deus para a humanidade debaixo de  pecados - Você não pode salvar a si mesma.

Conclusão

1. A Ceia do Senhor não é um sacramento, que de forma mágica concede graça aos que dela participam nem tampouco uma vacina para dar comunhão a quem não a tem com Deus.

2.A Ceia do Senhor é uma ordenança bíblica (Lc 22.19,20) para quem está reconciliado com Deus e nela celebramos a nossa redenção, até que Ele venha (I Co 11.26).

3. A celebração da Ceia do Senhor dever ordeira, reverente e jubilosa, compreendo a sua simbologia e para dela participarmos somos dignos, mediante a graça de Deus.

4.Portanto, trata-se de um ato memorial que não pode ser celebrado de qualquer jeito, nem tampouco por quem vive deliberadamente em pecado (I Co 11.27-29; I Jo 1.6-7).

*Subsídios:

a) O pão e o vinho, como elementos figurativos na Ceia do Senhor, não comportam adoração como se fossem o próprio Cristo.

b) É antibíblico afirmar que a celebração da Ceia do Senhor (eucaristia), seja uma repetição do sacrifício de Jesus na cruz.

O sacrifício de Jesus no calvário foi completo, feito uma vez, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, não precisa ser repetido (Hebreus 10.10-12). Está consumado o plano da redenção para todo o que crê (João 19.30).

Quando Jesus disse em João 6.53-56, para comer da sua carne e beber do seu sangue, para termos vida eterna e permanecermos nele e ele em nós, os judeus ficaram confusos porque entenderam ao pé da letra (João 6.52). Contudo, Jesus, no contexto do discurso, transmitia verdades espirituais por metáforas.

a) Em João 6.35,48 declara “Eu sou o pão da vida”. Pão que mataria a fome de quem vem a Ele. E a sede de quem nele cresse. Claro, fome e sede espirituais saciadas, mediante a fé.

b) Em João 6.51 – Jesus faz menção a sua carne, o seu corpo que daria pela vida do mundo (a humanidade) na cruz.

c) De modo que quem se alimenta do “pão da vida” viverá por Ele (Jo 6.57).

d) Assim sendo, comer da sua carne e beber do seu sangue, significa absorver por fé o seu sacrifício na cruz em nosso lugar, na condição de Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, onde temos promessa de vida eterna (Jo 6.67-69;3.16).

Fonte: Lição 10 - EBD/CPAD - 1º trimestre de 2024.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges 

Bacharel em Direito e Teologia.

Natal/RN, 10/03/2024.

sábado, 9 de março de 2024

Arrependimento e a ação do Espírito Santo

No arrependimento do homem caído, ao ouvir/atentar para a mensagem do evangelho, o Espírito Santo tem um papel preponderante para o convencimento do pecado, da justiça e do juízo. É ação da graça preveniente na visão arminiana.

O que Jesus queria transmitir em João 16.8-11 a respeito do ato de convencimento pelo Espírito Santo?

Do pecado – “Porque não creem em mim” - É o pecado da incredulidade o pior dos pecados. Os demais são consequentes. Para salvação em Cristo há um grande abismo entre o crente e o incrédulo. O mundo incrédulo é cego, pobre, miserável e nu, distante de Deus até que se arrependa (Mc 1.14-15; At 17.30-31).

Da Justiça – “Porque vou para o meu Pai e não me vereis mais” - A redenção do mundo estava para ser consumada no calvário (Jo 19.30), e atenderia plenamente a justiça divina, pagando por seus pecados (Jo 1.29; Rm 6.23; II Co 5.19-21). E após a sua morte vicária e ressurreição, brevemente ascenderia aos céus (At 1.9-11).

Do juízo – “Porque o já o príncipe deste mundo está julgado” - O trunfo do “capeta” era a cédula contrária a nós (Cl 2.14), a pecaminosidade humana que nos condenava (Rm 3.23). O diabo até então podia lançar em rosto contra a humanidade caída. O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (I Co 15.56; Rm 3.19-20). Entretanto, Jesus pela sua morte na cruz, substitutiva e insubstituível, aniquilou, destruiu aquele que tinha o império da morte (Hb 2.14-15). E pela sua ressurreição justifica todo aquele que nele crê.

Rm 4.24-25 - “...cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação”.

Para se aplicar mais ao tema arrependimento veja a postagem: samuca-borges.blogspot.com/2020/04/deus-da-arrependimento-para-o-homem-se.html


Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 09/03/2024.

domingo, 3 de março de 2024

O Batismo — A primeira Ordenança da Igreja

Texto base: Mt 28.19 - “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. 

1. Introdução

1.A Lição 9 – EBD/CPAD - Traz uma exposição da doutrina bíblica do Batismo em águas, uma ordenança para todo cristão.

2.O Batismo em águas é uma prática cristã que diz respeito a nossa identificação com Cristo, mediante o arrependimento e a fé.

3.A forma como se batizar e o seu propósito tem sofrido desvios na História da Igreja. Veremos na lição em estudo.

Objetivos da Lição

I) Pontuar os pressupostos bíblico-doutrinários do Batismo;

II) Explicar o símbolo e o propósito do Batismo;

III) Esclarecer a fórmula e o método do Batismo.

I. Pressupostos Bíblicos-doutrinários do Batismo

1. O Batismo visto como sacramento é um erro doutrinário - A tradição católica e alguns segmentos do protestantismo histórico veem a prática do batismo como um sacramento.

A palavra “sacramento” vem do latim sacramenntum, significando um sinal sagrado capaz de conferir graça àquele que dele participa. Nesse sentido, Agostinho (354-430 d.C.), bispo de Hipona, introduziu esse desvio na Igreja. Entendia o Batismo como sacramento, um rito que transmite graça espiritual independentemente da fé de quem o pratica. Um sinal visível de uma graça invisível, afirmava Agostinho. Sem base bíblica.

Sacramento versus Ordenança 

A palavra “sacramento” traz uma ideia de um ritual ou sinal que tem como resultado uma graça de Deus sendo transmitida ao indivíduo. Já a palavra ordenança traz a ideia de uma prática ou cerimônia prescrita no NT dentro de uma perspectiva memorial. Por exemplo, a Ceia do Senhor é um memorial do sacrifício do Senhor, instituído por Jesus e, por isso, deve ser celebrada por seus seguidores. Aliás, são duas as ordenanças para a Igreja: O Batismo em águas e a Santa Ceia.

E assim, em algumas tradições cristãs, o Batismo torna-se necessário para a salvação. Biblicamente, o batismo não é requisito fundamental para salvação. Mas, ordenado para todo o salvo em Cristo Jesus.

2.O Batismo - Uma ordenança dada por Jesus à sua Igreja

Mc 16.15-16 – “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”.

Em Mt 28.19 ensinou a forma de praticá-lo - “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. 

Os apóstolos ensinavam o Batismo como uma ordenança. 

Atos 2.38 – “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”.

Não há, portanto, no Batismo, um poder mágico capaz de transmitir graça para a salvação. É uma ordenança dada por Cristo a quem já foi alcançado pela graça, e não a quem quer obter alguma graça através dele.

Dizia Lutero: “Pensei que o velho homem tinha morrido nas águas do batismo, mas descobri que o infeliz sabia nadar. Agora tenho que matá-lo todos os dias”. 

3.O Batismo deve ser administrado aos adultos. O teólogo Agostinho que entendia o Batismo como um sacramento, defendeu também que os bebês, por haverem nascidos com o pecado original, precisavam ser batizados para serem salvos. Nesse caso, o Batismo serviria para anular o pecado original. Sem base bíblica.

João Batista e o Batismo de Arrependimento – João, o Batista, como precursor do messias, surge no deserto da Judeia, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados, estava preparando o caminho para pregação do evangelho da graça, como diz o texto “endireitando as veredas do Senhor” (Mc 1.2-5).

João também anunciava que viria um mais forte do que ele, do qual não era digno de desatar as correias das sandálias (Mc 1.7-8).

Aquele de quem falava batizaria não só em águas, mas com o Espírito Santo e com fogo (Lc 3.16). João nem o conhecia, porém lhe foi revelado ao vir ao seu encontro às margens do Rio Jordão (Jo 1.31-33).

O próprio Cristo foi batizado por João, no início de seu ministério público (Mt 3.13-17), para cumprir toda a justiça e o Pai deu dele testemunho do alto: “Tu és o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mc 1.11).

II. O Símbolo e o Propósito do Batismo

1.Símbolo do Batismo: Identificação com Cristo - O Batismo por imersão simboliza a união do crente com Cristo, por meio de sua a morte, sepultamento e ressurreição.

Rm 6.4 – “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”.

Essa mesma verdade é afirmada na Carta aos Colossenses: “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2.12).

Então, o Batismo em água simboliza que o cristão morreu para a velha vida e agora tem nova vida em Cristo (II Co 5.17).

2. O Propósito do Batismo: Testemunho público da fé cristã – O Batismo é uma confissão pública da sua fé em Jesus. Isso significa que o crente, quando desce às águas batismais, está testemunhando de forma pública perante o mundo da sua nova vida de seguidor de Cristo.

Atos 2.41-42 - “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, e perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.

Quem se candidata ao Batismo deve estar convicto e consciente da fé que abraçou. Aqui, não há território neutro (Cl 2.6). Enfim, o batismo é para salvos e convertidos que estão dispostos a seguir Jesus (At 8.12; 16.14,15).

3. No ato do batismo não há espaço para indecisão

a) Somente cristãos indecisos rejeitam ser batizados ou por não conhecer o significado do Batismo em águas.

b) Outrens por falta de convicção de fé não se batizam. Há crentes que entendem, após ser batizado não pode mais cometer qualquer tipo de falha. A Bíblia mostra que o crente deve evitar o pecado (I Jo 2.1).

c) O Batismo não pode ser visto como uma vacina que imuniza o cristão contra o pecado. Este é vencido quando se anda no Espírito (Gl 5.16).

d) Por outro lado, há muitos que rejeitam o Batismo justamente por falta de conversão. Estão conscientes das implicações que esse rito traz e não estão dispostos a cortar o cordão umbilical com o mundo.

At 2.38 – Podem e devem ser batizados aqueles que experimentaram o Novo Nascimento (Jo 3.5-7).

A pergunta fundamental na profissão de fé do batizando: “Quem você era antes de conhecer a Cristo e agora quem você é com Jesus?”.

Portanto, o Batismo é mais que ser obediente ao mandamento de Cristo. Relaciona-se com o ato de se tornar seu discípulo.

III. A Fórmula e o Método do Batismo

1.Fórmula trinitária do Batismo - Durante a Grande Comissão, Jesus orientou seus discípulos: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Essa é a fórmula trinitária do batismo cristão.

2. Fórmula herética do Batismo - Há grupos que seguem um tipo de *doutrina modalista. Um exemplo é o unicismo. Esse grupo batiza seus membros somente em nome de Jesus, citando Atos 2.38 e 19.5. Todavia, esses textos não negam a Trindade bíblica. E não desautoriza o que Jesus ensinou em Mt 28.19.

O que ensina o Russelismo ou os Testemunhas de Jeová:

UNICISMO: Essa crença diz que existe apenas UMA PESSOA, um Deus Todo Poderoso, mas que se manifesta de 3 formas diferentes. Ora essa pessoa se manifesta como Pai, ora como Filho, ora como Espírito Santo. Não é doutrina bíblica (para o russelismo).

UNITARISMO: É a crença oficial das Testemunhas de Jeová, conforme ensinada na bíblia (para o russelismo). Nesta crença temos apenas um Deus Todo Poderoso, que é o Pai Jeová. Jesus Cristo é uma pessoa distinta de Jeová e Filho Dele, sua primeira criação. O espírito santo não é pessoa, mas em termos simples, o poder de Deus (https://traducaodonovomundodefendida.wordpress.com).

*Modalismo – Doutrina herética que nega a existência das três pessoas da Santíssima Trindade na Fé Cristã.

3. Imersão: o método bíblico do Batismo

a) Não encontramos nem vestígios da prática do Batismo por aspersão no Novo Testamento. Aspersão é ato de borrifar, respingar, molhar com pouca água.

b) O Batismo por aspersão é respingar água sobre o candidato ao batismo.

c) A palavra grega baptizo possui o sentido de “mergulhar” e “submergir” tanto na Bíblia como fora dela. Vários textos bíblicos mostram a prática bíblica do Batismo por imersão:

Muitas pessoas foram ter com João Batista para serem batizados por ele no Rio Jordão (Mc 1.5).

João batizava onde havia muita água (Jo 3.23).

Jesus foi batizado no Rio Jordão. E logo saiu da água (Mc 1.9-10).

Conclusão

1.O Batismo em águas não é um sacramento, como algo que transmita graça de Deus independente da fé do batizando. E como envolve arrependimento de pecados pessoais, não é bíblico batizar crianças.

2.O Batismo é uma ordenança ensinada por Jesus, mediante arrependimento e fé para os seus seguidores e discípulos (Mc 16.16; Mt 28.19). 

3.O Batismo em águas é para o convertido que deu crédito a pregação do evangelho, testemunhando da sua fé pública em Jesus.

4. Os batizandos devem ser batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pelo método da imersão, simbolizando um sepultamento e ressuscitado em Cristo. Não há nenhuma referência no NT para se batizar pessoas por aspersão.

Fontes da pesquisa:

Lição EBD/CPAD – 1º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 03/03/2024.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Igreja: Organismo e Organização

 Lição 6 - CPAD/EBD - De 11/02/2024.

A Igreja é um organismo vivo. Contudo, como toda estrutura viva, precisa ser organizada.

Introdução

1.A lição 6 visa evidenciar a importância da organização eclesiástica, diferenciando-a do institucionalismo e legalismo.

2.A Igreja Primitiva, embora possuísse uma estrutura organizacional simples e ainda em desenvolvimento, era visível e eficaz.

3. Diferentes formas de governo eclesiástico ao longo dos séculos se desenvolveu na tradição cristã. Todos os modelos têm pontos positivos e negativos...nenhum perfeito.

4. A experiência da Igreja dos primórdios nos legou um manual de conduta que é a Palavra de Deus e com ajuda do Espírito Santo, considerando-o, temos direção certa, exitosa.

5.Qual o modelo eclesiástico adotado na AD Brasil? Veremos no estudo.

I. A ESTRUTURA DA IGREJA CRISTÃ

1.A Igreja - um organismo. O que é um organismo?  É um conjunto de órgãos que constituem um ser vivo. É como um corpo com as diferentes funções de seus órgãos e membros.

2.A metáfora da Igreja como “o corpo de Cristo” (I Co 12.27) - Um organismo vivo, cuja cabeça é Cristo (Ef 5.23). Assim como um corpo funciona pela harmonia de seus membros, da mesma forma também a Igreja (I Co 12.12).

3.A Igreja - uma organização - Alguns acreditam que a Igreja existe somente na forma de organismo e rejeitam toda forma de organização para ela. Sem sentido os que assim pensam.

Conceito de Organização: “É uma entidade social composta de pessoas e de recursos, deliberadamente estruturada e orientada para alcançar um objetivo comum” (Chiavenato (2011, p. 26).

A Igreja como Organização - É visível, local, humana, imperfeita (tem defeitos e problemas), e é temporária (pode vir a desaparecer).

A Igreja como Organismo - É invisível, universal, divina, perpétua e perfeita.

Havia organização na Igreja Primitiva? Sim! Como funcionava?

A Igreja seguia a liderança centralizada dos apóstolos (At 16.4-5) - E, quando iam passando pelas cidades, lhes entregavam, para serem observados, os decretos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém, de sorte que as igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número.

Os apóstolos doutrinavam a Igreja (At 2.42) - E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 

Cuidavam da parte administrativa (At 4.37) - “possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos”.

Instituíam lideranças locais (At 6.3-6; At 14.23) - “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos”.

Reuniam-se em Concílio (At 15.1-6) - A questão acerca do rito mosaico (Se os crentes gentios deveriam ser circuncidados ou não). A assembleia de Jerusalém e sua decisão: Não os submeter a circuncisão, mas se absterem de coisas sacrificadas ao ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação (At 15.28-29).

Entendamos: A Igreja Organizada versus Igreja Institucionalizada:

A organização é saudável, o institucionalismo, não.

A organização permite à igreja, como estrutura social, se movimentar; o institucionalismo a enrijece e a neutraliza.

Uma Igreja organizada se mantém viva; uma igreja institucionalizada caminha para a morte.

Evitando os extremos: 

Uma igreja sem nenhum tipo de liderança visível; ou uma igreja estruturada em um institucionalismo rígido que acaba por sacrificar a Igreja e sua Missão.

Se a agenda da Igreja Local está lotada de atividades, disputando espaço/tempo entre as quatro paredes do Templo, e pouca ação evangelística e social, é possível que a sua agenda não esteja batendo com a do Reino de Deus.

II. IGREJA: UM ORGANISMO VIVO E ORGANIZADO

No seu aspecto local - No NT a Igreja existe localmente como organismo e comunidade organizada. Daí, conhecermos a Igreja que estava em Roma, Corinto, Éfeso etc.

No seu aspecto litúrgico - Toda Igreja organizada possui sua liturgia, normas e pastoreio.

a) A organização, portanto, é necessária para uma igreja viva, mantida com decência e a ordem no culto (I Co 14.40).

b) Hábitos e costumes surgem naturalmente (I Co 11.16). Não pode os costumes, normas da Igreja se sobreporem à doutrina bíblica.

III. O GOVERNO DA IGREJA – DIFERENTES MODELOS NA HISTÓRIA CRISTÃ

1.Episcopal  

a) O episcopalismo defende que Cristo confiou o governo da Igreja a uma categoria de oficiais denominados de “bispos” ou “supervisores”.

b) Com o tempo, esse sistema passou a defender a primazia de um bispo sobre o outro e terminou culminando no papado romano.

c) É o modelo seguido pelo Catolicismo, por algumas denominações protestantes e pentecostais.

2.Presbiteral

a) O ofício de presbítero (gr. presbyteros) é encontrado no Novo Testamento (At 11.30; At 15.2). Contudo, no atual sistema presbiteral a Igreja elege os presbíteros para um Conselho.

b) O Conselho eleito possui autoridade para conduzir a Igreja local. As decisões eclesiásticas são colegiados.

c) É o sistema seguido pelas Igrejas reformadas e algumas Igrejas pentecostais na América do Norte.

3.Congregacional

a) No modelo atual, primeiro ocorre a formação de pastores em Teologia, sob supervisão da Convenção da Igreja de âmbito Estadual e Nacional.

b) O Pastor quando vai assumir uma Igreja Local, submete-se uma sabatina de perguntas bíblicas por membros da Convenção Estadual.

c) A Igreja Local tem autonomia decisória para eleger o seu Pastor ou pede substituição na continuidade das sucessões.

d) Cabe ao Pastor seguir o credo ministerial da Convenção Estadual e Nacional. É o modelo seguido pelas Igrejas Batistas.

4.O Governo da Assembleia de Deus Brasileira

a) Segundo a lição, em estudo, a nossa denominação começou no modelo congregacional. Hoje somos um modelo de governo eclesiástico híbrido. Reúne elementos congregacional e episcopal.

b) A partir da criação da Convenção Geral de 1930 o  nosso modelo de governo sofreu modificações, incluindo elementos do modelo episcopal. 

c) O atual modelo na AD Brasil funciona basicamente assim:

1.As Igrejas afiliadas mantém certa autonomia administrativa em relação as convenções Geral e Estadual;

2.As Igrejas possuem um modelo de liderança regional e local centralizado;

3.A autoridade de estabelecer lideranças pastorais nas igrejas locais pertence às Convenções Estaduais;

4.Em alguns Estados, essa função cabe a uma Igreja-Sede que preside sobre um conjunto de congregações locais a ela filiadas.

Conclusão

1. Vimos que nenhum dos modelos de governo eclesiástico é mal em si mesmo. Porém, como tudo o que é humano, estão sujeitos a acertos e erros.

2. No que se refere a Modelo de Liderança Assembleiana no Brasil, não comporta o conceito rígido de episcopado formal, optando por certa autonomia administrativa e ministerial nos Estados.

3. Ao estudarmos sobre Igreja Organismo e Organização, devemos aprender pelo NT, onde vemos a Igreja Primitiva como uma expressão de fé, convivência harmônica, sadia e frutífera sob a direção do Espírito Santo.

4.Há outras nuances no aspecto material no Governo Eclesiástico que merecem ser discutidas em foro apropriado, visando ser a Igreja Cristã um modelo de justiça social e hombridade, exemplo dos fiéis e para demais instituições públicas seculares. Amém!

Um exemplo: Numa determinada Igreja assembleiana nada pode ser falado ou colocado sobre o Pastoreio Local, em desacordo do que pensa o Pastor-Presidente. E quem assim agir "a sua cabeça vai rolar". É razoável concluir que algo está errado nesse Governo Eclesiástico.

Fonte das pesquisas:

Lição EBD/CPAD – 1º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges - Natal/RN, 08/02/2024.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

O Pote Rachado

 

Um carregador de água da Índia, diariamente, levava dois potes grandes pendurados em cada ponta de uma vara atravessada ao seu pescoço.

Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim do caminho entre o poço e a casa do seu senhor.

Enquanto isso, o pote rachado chegava apenas pela metade. Foi assim por dois anos, o carregador entregando um pote e meio de água na casa do seu senhor. E se sentia insatisfeito e envergonhado com o seu trabalho.

Desanimado o carregador desabafou com um homem que estava à beira do poço:

Estou frustrado porque nesses dois anos só fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, por causa dessa rachadura no pote a água vaza pelo caminho até a casa do meu senhor.

O homem sentindo pena do carregador convidou para que ele o acompanhasse pela estrada… E, à medida que eles subiam a montanha, foram reparando nas lindas flores que brotavam no caminho.

O carregador percebeu então que o velho pote rachado que vazava permitia aquela maravilha… porque só havia flores, o verde no lado em que a água ia pingando e regando o chão…

             (autor desconhecido)

Quantas lições podemos tirar dessa narrativa pitoresca? Certamente muitas.

1.No agir de Deus nada se perde. Não tenhamos medo dos defeitos.

2.Cada ser humano tem virtudes e defeitos e isso não desmerece ninguém. O erro está em não os reconhecer.

3.Obviamente, não somos potes inanimados. Somos seres pensantes e reflexivos.

4.Todos nós temos um lado que é meio “pote rachado”. Porém, com paciência e compreensão, dá para encontrar flores no caminho.

5.Das nossas fraquezas, Deus nos capacita e transforma em força e modelo de persistência (Hb 11.34).

6.Somos vasos de barros, o Espírito Santo pode e sabe nos usar para embelezar a Casa do Pai e a glória é Dele. Vai brilhando até se tornar dia perfeito (Pv 4.18).

7. Enfim, amo observar o trabalhar de Deus:

I Coríntios 1.26-29

“Irmãos, considerem a vocação de vocês. Não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são, a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus”.

 

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 06/02/2024.

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