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segunda-feira, 30 de março de 2015

Adriano Nobre: Um dos pioneiros da Assembleia de Deus em Pernambuco

É interessante como a história é passiva de manipulações e omissões, refém dos interesses pessoais ou coletivos de quem a conta.

Joel Carlson não foi, como muitos afirmam, o pioneiro das Assembléias de Deus em Pernambuco. Este mérito pertence a Adriano Nobre, "um crente presbiteriano, filho de seringalistas paraenses e comandante de navio da Companhia Port of Pará" (DANIEL, 2004, p. 73). Observe o que nos narra alguns historiadores:

(Nascido em 1883, Pacatuba CE - falecido em 1938, Rio de Janeiro RJ)

 "Como ocorreu em tantos outros lugares do Brasil, Pernambuco também recebeu as primeiras chamas do Movimento Pentecostal graças ao espírito evangelizador e o pioneirismo que caracterizaram o trabalho da igreja em Belém do Pará. Foi graças à larga visão espiritual daquela igreja que um de seus membros, Adriano Nobre, foi enviado a Recife, em 1916, com o objetivo de testificar de Jesus e verificar as possibilidades de estabelecer um trabalho de evangelização na capital de Pernambuco. [...] Em uma dessa visitas ele encontrou um crente chamado João Ribeiro da Silva, que pertencia a outra denominação. [...] João Ribeiro creu na promessa pentecostal e começou a buscá-la. Dessa data em diante os cultos passaram a ser realizados na casa de João Ribeiro, à Rua Ponte Velha, 27, no bairro dos Coelhos. [...] Porém, em 1917,Adriano Nobre batizou nas águas do rio Capibaribe duas pessoas, a irmã Lulu e o irmão Francisco Ramos. Foi esse o primeiro batismo de crentes da Assembléia de Deus efetuado em Pernambuco. Logo depois a irmã Lulu foi batizada com o Espírito Santo; a primeira, portanto, no Estado de Pernambuco. [...] Adriano Nobre voltou ao Pará, e os poucos crentes que havia em Recife sem assistência espiritual. José Domingos, que também pertencia a Assembléia de Deus em Belém, e tinha ido trabalhar em Jaboatão, voluntariamente prestou alguma assistência ao novel rebanho, dirigindo a Escola Dominical e os cultos à noite. No princípio, em 1918, o missionário Otto Nelson, que trabalhava em Alagoas, visitou Recife e efetuou o segundo batismo nas águas. Os batizados foram as irmãs Felipa, Mariquinha e João Ribeiro, o 'anfitrião' da igreja que iniciava suas atividades" (CONDE, 2003, p. 141-142)

Observe que Emílio Conde reconhece o trabalho de Adriano Nobre, já como atividade da Assembléia de Deus no Estado.

Em sua obra "História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil", Silas Daniel escreve que;

"Foi Adriano Nobre quem também ministrou aos pioneiros as primeiras lições de língua portuguesa, tendo se tornado depois um obreiro valoroso a serviço do Movimento Pentecostal. Ele, por exemplo, antecedeu o missionário Joel Carlson em Recife, tendo evangelizado aquele Estado de 1916 a 1918, chegando a batizar dois crentes no Rio Capibaribe, entre eles a irmã Luli Ramos. Em 1933, porém, já havia algum tempo que Nobre se envolvera com novas doutrinas." (DANIEL, 2004, p. 73-74)

Silas Daniel também confirma o pioneirismo de Adriano Nobre, declarando que ele "antecedeu o missionário Joel Carlson em Recife".

Vejamos também, o que escreveu o pastor Eraldo Omena, ministro da Assembléia de Deus em Recife;

"Quando tudo parecia fomentar a continuidade de uma situação mórbida e sem perspectiva de vida, os pernambucanos tiveram a felicidade de ver chegar à capital de seu Estado um servo de Deus procedente de Belém do Pará, chamado Adriano Nobre, que servia ao Senhor, como cooperador do missionário Gunnar Vingren, e pregava o evangelho às polpulações justafluviais da bacia amazônica. [...] Enviado pelo missionário Gunnar Vingren, Adriano Nobre chegou a Recife, capital do Estado de Pernambuco, no ano de 1916, com o objetivo de anunciar o evangelho pleno, por ter em seu contexto a doutrina sobre os dons espirituais e as orações proferidas em grupo, também era chamado de Movimento Pentecostal." (OMENA, 1993, p. 10-11)

O pastor Omena confirma também os fatos, afirmando que Adriano Nobre foi enviado por Gunnar Vingren. Dou ênfase a isto, em virtude de haver uma tentativa de se fazer uma ligação direta da origem da Assembléia de Deus em Pernambuco com a Igreja Evangélica Filadélfia em Estocolmo, Suécia, sem passar pela Igreja em Belém do Pará.

Araújo (2007, p. 156) é enfático ao afirmar que Joel Carlson e sua esposa Signe, chegaram ao Pará em 12 de janeiro de 1918, enviados pela Igreja Filadélfia de Estocolmo, Suécia, e que "depois de terem estudado o idioma e se acostumado um pouco com a cultura e os costumes do país, viajaram, em 14 de outubro, para Recife (PE), onde substituíram o pioneiro Adriano Nobre, que havia sido enviado, dois anos antes, pela AD de Belém, para iniciar a AD local."

Omena (1993, p. 13) confirma: "[...] tendo retomado o destino, desembarcou em belém do Pará, em janeiro de 1918, de onde foi enviado pelo missionário Gunnar Vingren para Recife, 9 meses depois."

Na obra "Diário do Pioneiro" (CPAD, 2000, 5. ed., p. 150), escrita por Ivar Vingren, sobre a vida do seu pai, o missionário Gunnar Vingren, lemos que "No princípio do mês de abril de 1928, Vingren viajou, com a esposa, para o Recife. Haviam sido convidados pelo missionário Joel Carlson. Esse querido irmão estava trabalhando agora arduamente naquele Estado, mas quem iniciara o trabalho ali fora o irmão Adriano Nobre, que se convertera no tempo que Vingren estava no Pará. Adriano Nobre foi também um dos evangelistas pioneiros da igreja em Belém do Pará".

Parece-me que alguns líderes estaduais aqui em Pernambuco, se sentem desonrados por serem também fruto da divisão da Igreja Batista de Belém, divisão esta que resultou na criação da Assembléia de Deus naquela cidade. 

Parece-me também, que estes mesmos líderes esqueceram que os primeiros crentes da Assembléia de Deus em Pernambuco eram oriundos de outra igreja evangélica, em cuja casa, a Assembléia de Deus em Pernambuco iniciou os primeiros cultos, dando continuidade a esses cultos o missionário Joel Carlson;

"Em 24 de outubro de 1918, 4 dias após a chegada do missionário Joel Carlson a Recife, teve lugar na residência do irmão João Ribeiro, sita na rua Velha, nº 27, bairro da Boa Vista, nesta cidade, a primeira reunião que fincou os marcos do Movimento Pentecostal em Pernambuco, com perspectiva de extensão por todo o Estado" (OMENA, 1993, p. 14)

Perceba que por "primeira reunião", Omena está se referindo à presidida por Joel Carlson, visto que: "Os primeiros cultos foram dirigidos (por Adriano Nobre em 1916) em casas de algumas pessoas [...]. João Ribeiro e Filipa Ribeiro, residentes na Rua Velha, nº 27, bairro da Boa Vista, nas proximidades da antiga Ponte Velha, que liga os bairros da Boa Vista ao de São José" (Idem, p. 11)

É provável ainda, que o interesse no desconhecimento da história completa por parte de alguns, seja decorrente do fato de que o pioneiro das Assembléias de Deus em Pernambuco, Adriano Nobre, tenha posteriormente seguido "novas doutrinas", vindo inclusive a ser afastado e não mais aceito na Convenção Geral das Asembléias de Deus no Brasil, conforme registra Daniel (2004, p. 74):

"No texto, Nobre pedia a sua readmissão ao ministério. [...] Depois de largamente debatida a questão, 'em um ambiente quase unanimente contra a readmissão de Adriano Nobre, ficou resolvido que não devemos fechar a porta das Assembléias de Deus a quem quer que seja, desde que os que querem voltar se mostrem arrependidos e renunciem a todos os erros passados'. [...] A tal retratação nunca foi publicada. Adriano Nobre permanceu desligado das Assembléias de Deus."

É amados, a história da Assembléia de Deus em Pernambuco, embora digna de todos os seus méritos, não é tão romântica quanto parece. Não é tão perfeita como se deseja apresentar. Não está isenta dos problemas que outras igrejas vivenciaram e vivenciam. O próprio Joel Carlson pensou em desistir do trabalho em Pernambuco:

"O povo não demonstrava interesse pela Palavra de Deus. Um ou outro se convertia, mas não era o bastante para animar os missionários. Joel Carlson, nessa época, visitou a Paraíba e o Rio Grande do Norte, verificando que nesses lugares se convertiam muitas pessoas. Ficou tão entusiasmado com o que vira, que desejou mudar-se para um daqueles Estados. Ao retornar a Recife e comunicar a resolução a João Ribeiro, este o aconselhoou, dizendo: 'Não faça isso! Jesus fará uma grande obra também em Recife'" (ARAÚJO, 2007, p. 156). Ver também CONDE (2003, p. 142-143).

Num recente artigo do Jornal Mensageiro da Paz (Órgão Oficial das Assembleias de Deus no Brasil), número 1.492, setembro de 2009, p. 27, assinado pelo pastor Isael Araújo, nos é informado que:

"Em 1907 o despertamento pentecostal alcançou crentes metodistas e batistas em Estocolmo, a caoital sueca. em 1909, mediante a situação em que muitos crentes batistas estavam se afastando de suas igrejas por aceitarem o batismo com o Espírito Santo, o comerciante batista Albert Engzell mobiliou um salão em sua residência, na Rua Uppsala 11, em Estocolmo, para servir como local de pregação. O grupo de crentes que começou a se reunir nesse local, chamado salão filadéfia, organizou-se, em 1910, como Sétima Igreja Batista de Estocolmo, tendo como pregador E. W. Olsson, da Escola Missionária de Örebro, que era totalmente a favor do despertamento pentecostal. E. W. Olsson, pouco tempo depois, desejou regressar a Örebro, a fim de dar prosseguimento a seus estudos. Assim, a igreja, que contava com 70 membros, considerou a necessidade de um pregador cheio do poder de Deus e com seriedade para continuar o trabalho. A escolha recaiu sobre Lewi Pethrus, que ainda servia como pregador na Igreja Batista de Lidköping. ele recebeu o convite em 14 de setembro de 1910, e assumiu o trabalho da igreja no ano seguinte, em 8 de janeiro de 1911, aos 26 anos de idade. No fim de 1913, a Convenção Batista Sueca expulsou ostensivamente Pethrus e toda a sua congregação, porque eles praticavam a ceia aberta. As reais causas de sua expulsão, porém, foram a teologia e a liturgia pentecostal. Surge então, a Filadefiakirkan (Igreja Filadelfia)."

Lendo o texto acima, percebemos que assim como aconteceu no Brasil, com as Assembleias de Deus. a Igreja Filadélfia (que enviou o missionário Joel Carlson) nasceu dos problemas surgidos pela aceitação da mensagem pentecostal por parte de crentes e igrejas batistas, que culminaram com a sua expulsão. do ponto de vista batista, tais crentes e igrejas eram "rebeldes" e "hereges".

Depois de todos esses fatos aqui narrados, concluímos afirmando que na Igreja de Jesus, há um só tronco legítimo, ele mesmo. O que sobra, são ramos.

Somos todos ramos, meros ramos, misericordiosamente ramos, graciosamente ramos.

"Eu sou a videira verdadeira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15.5)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A memória do Saudoso Missionário Joel Carlson. Antonio Torres Galvão. TIPOGRAFIA OSÉIAS LIMA
Diário do Pioneiro Gunnar Vingren. Ivar Vingren. CPAD.
Dicionário do Movimento Pentecostal. Isael de Araújo. CPAD.
História da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil. Silas Daniel. CPAD.
História das Assembléias de Deus no Brasil. Emílio Conde. CPAD.
Mensageiro da Paz, ano 79, número 1.492, setembro de 2009, Isael de Araújo.
Síntese Histórica da Assembléia de Deus em Abreu e Lima. Roberto José dos Santos, Altair Germano da Silva, Dário José de Souza e Esdras Cabral de Melo. FLAMAR
Síntese Histórica da Assembléia de Deus em Pernambuco. Eraldo Omena. GRÁFICA FIGUEIRA E LEAL

Um dos pioneiros da Assembleia de Deus em Pernambuco

Um pouco sobre Joel Carlson
                   (23 de junho 1889 - 08 de setembro 1942)

 Conheça,  em rápidas palavras, a história do missionário fundador da Assembléia de Deus em Pernambuco.


Joel Frans Adolf Carlson nasceu no dia 23 de Junho de 1889 em Estocolmo, na Suécia, filho de John Albert Carlson e Emma Lovisa Carlson Fez seus estudos bíblicos na Escola Bíblica de Estocolmo, dirigindo-se, em 1917, para Nova York, onde se iniciou na prática evangélica, exercendo também a sua atividade depois em Chicago. 

Era casado com Signe Charlotta Hedlund Carlson e teve 4 filhos: Börje, Ruth, Ragnar e Elsa Carlson.

No dia 12 de Janeiro de 1918 chegava Joel Carlson ao Brasil, instalando-se em Belém do Pará onde familiarizou-se com a Língua Portuguesa e fez os primeiros trabalhos evangelísticos.

 No dia 20 de Outubro de 1918 chegava ao Recife, realizando o primeiro culto no dia 24, no bairro de Coelhos, onde fez as primeiras pregações para cinco crentes, número que logo se desdobrou consideravelmente. Dali passou para o bairro de Afogados, onde fundou, na rua Imperial, um templo no qual entre outros trabalhos, realizou uma grande convenção.


Em 1923, Carlson iniciou a pregação do Evangelho no bairro da Encruzilhada, onde inaugurou em 15 de Abril de 1928 o grande templo pentecostal naquela localidade. Essa igreja era considerada a maior da época no Brasil.


Ora trabalhava em Recife, ora se transportava para os Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, onde realizou importantes trabalhos, quer nas capitais, quer no interior. Abriu trabalhos nas cidades de Escada, Palmares, Ribeirão, Serinhaém, Garanhuns e outras localidades pernambucanas.

Joel Carlson adormeceu no Senhor depois de uma vida exemplar, na manhã do dia 8 de Setembro de 1942, tendo a família pentecostal prestado ao seu querido pastor uma verdadeira honra, por ocasião do seu enterro, no cemitério de Santo Amaro.

Hoje, a igreja por ele iniciada é presidida pelo pastor Ailton José Alves, líder da AD e presidente da Convenção da AD em Pernambuco.

A Assembléia de Deus em Pernambuco agradece ao Senhor pela vida do missionário Joel Carlson e sua família, e por seu trabalho realizado nesse Estado, onde podemos ver o resultado com milhares de membros, centenas de templos e um avivado corpo ministerial espalhado pelas terras pernambucanas, composto por auxiliares, diáconos, presbíteros, evangelistas e pastores consagrados ao Senhor e dispostos a continuar o trabalho iniciado pelo nobre sueco, o irmão Joel.

A-BD®
Publicado por Tharsis Kedsonni às 12:38, em 03/08/2008.

domingo, 22 de março de 2015

Não Cobiçarás... Lição 12 EBD/CPAD



(Aula ministrada na EBD ADCandel Natal RN, em 22/03/2015 - Classe dos Senhores)

Slide I - Ex 20.17 - Não cobiçarás...

1.Todo ser humano tem desejos e vontades, e não existe nenhum mal nisso. O que o décimo mandamento proíbe é a ambição, o desejo ardente de possuir ou conseguir a todo custo o que pertence ao próximo.
2.Cobiçar?Desejar o que pertence a outro é o pecado que o décimo mandamento condena. Trata-se de cobiçar a casa do outro, a mulher do próximo e em seguida o mandamento inclui servo e serva, boi e jumento, e termina com as palavras “nem coisa alguma do teu próximo”.

Slide II - Objetivos da Lição

I. Tratar a abrangência e objetivo do último mandamento.
II. Mostrar o real significado da cobiça.
III. Ressaltar as consequências nefastas da cobiça mediante o exemplo da vinha de Nabote.

Slide III - O DÉCIMO MANDAMENTO

  • Abrangência. Diz respeito à proibição da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da soberba da vida (Gn 3.6; 1Jo 2.16). Isso envolve muitos tipos de pecado como sensualidade, luxúria, busca desenfreada por possessões ilícitas, obsessão pelo poder, ostentação esnobe e orgulho.
  • Objetivo. O propósito divino é estabelecer limites à vontade humana, para que haja respeito mútuo entre as pessoas e seus bens. Muitos outros vícios acompanham a cobiça, como lascívia, concupiscência, inveja e avareza, entre outros (Gl 5.20,21; Tg 4.2). 
  • A cobiça é a raiz da qual surge todo pecado contra o próximo, tanto em pensamento como na prática. Ou seja, a cobiça, desencaminha, transtorna a direção certa.
Slide IV - O vocábulo cobiça no AT

1.Significado. O verbo hebraico hamad indica o ato de desejar aquilo que é gerado pela emoção, que começa com a impressão visual pela coisa ou pessoa desejada.
2.Tudo isso se resume a “desejar, tentar adquirir, almejar, cobiçar”.
3.O segundo verbo empregado para “cobiçar” é awah, que significa “desejar ardentemente, ansiar, almejar, cobiçar”. Aparece ao lado de hamad (Gn 3.6)
4.Cobiça - desejo ardente de possuir ou conseguir alguma coisa. Desejo imoderado de bens, riquezas ou honras; ambição. (Dic. Houaiss)

Slide V - O vocábulo Cobiça na Septuaginta

1.A Septuaginta traduz pelo verbo epithymeo, literalmente, “fixar desejo sobre”; de epi, “sobre”, e thymos, “paixão, ira”.
2.O termo em ambas as línguas pode se referir a coisa boa ou coisa má, dependendo do contexto (Mt 5.28; 13.17).
3.Exemplo lamentável: Davi cobiça Batseba, mulher de Urias, o heteu.

Slide VI - A Cobiça na Bíblia

Gn 3.6 - A queda do homem começou com a cobiça daquilo que não era seu.
Pv 6.25 - A beleza é também uma porta para a entrada da cobiça.
Mt 5.28 - A cobiça é um pecado que gera outros tipos de pecado.(Da cobiça ao adultério).
Rm 7.7 - O apóstolo Paulo mencionou a cobiça como fonte da concupiscência.
Tg 1.14,15 - Ninguém é suficientemente forte para brincar com o pecado e sair ileso.

Slide VII - A Cobiça na Bíblia

1.Como a avareza que procede do coração (Mc 7.21-23), a cobiça aprisiona a alma:
  Pv 1.19 – “Tais são as veredas de todo aquele que se entrega à cobiça; ela prenderá a alma(vida),  dos que a possuem.”
3.Leva a amar o dinheiro. I Tm 6.10
4.Pode levar a tentação de que os fins justificam os meios.
5.Pode levar o cidadão cristão ou não  a cometer injustiças,ferir a ética.

Slide VIII - A cobiça, ambições, avareza na Bíblia

  • Marcos 4.19 - Mas os cuidados do mundo, e o enganos das riquezas,  e as ambições de outras coisas , entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
  • Lucas 12.15 (ARA) – Então lhes respondeu: tende cuidado e  guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.
  • Tiago 4.2 - Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis.
Slide IX - Cobiça e pecados relacionados

  • Ambição - forte desejo de poder ou riquezas, honras ou glórias. Cobiça. Anseio veemente de alcançar determinado objetivo, de obter sucesso; aspiração, pretensão.
  • Luxúria - comportamento desregrado com relação aos prazeres do sexo; lascívia, concupiscência.
  • Egoísmo - amor exagerado aos próprios interesses a despeito dos de outrem.
  • Avareza – qualidade ou característica de quem é avarento, de quem tem apego excessivo ao dinheiro, às riquezas.apego exagerado a bens materiais.
  • Ganância - em sentido positivo: ação ou efeito de ganhar. Negativamente é:ânsia por ganhos exorbitantes; avidez, cobiça, cupidez. Desejo exacerbado de ter ou de receber mais do que os outros. (Dic. Houaiss).
  • Torpeza - qualidade, condição ou ato que revela indignidade, infâmia, baixeza. Ato ou qualidade de indecente, de obsceno. Qualidade daquilo que é repulsivo.(Dic. Houaiss).
  • Inveja – desejo doentio de possuir o que pertence aos outros ou ser o que eles são. Sentimento de infelicidade, pela felicidade do outro, etc...
  • Amor ao dinheiro (I Tm 6.10). É  o fundo do poço da cobiça.
Para refletir: “Quando o demônio da cobiça agarra o coração humano, só morto o deixa” – Araújo Porto Alegre.

Slide X - A satisfação humana

  • É uma verdade que muitas pessoas, mesmos sendo ricas, não se satisfazem com o que têm. Querem mais e mais, e assim mesmo não conseguem encontrar satisfação. (1 Rs 18.45,46).
  • Até onde é salutar a satisfação do ego?
  • Resp.:Até onde não infringir preceitos divinos e nem prejudicar o nosso semelhante.
  • “ O homem nasceu para Deus e só se realiza em Deus”.  Tomás de Aquino
Slide XI - Acabe e sua cobiça I Rs 21.1-16

  • O rei ficou “desgostoso e indignado [...] deitou-se na sua cama, e voltou o rosto, e não comeu pão” (v.4). O rei Acabe adoeceu, pois a cobiça por algo que não lhe pertencia o havia dominado. 
  • O objeto de sua cobiça: A vinha de Nabote.
  • Exemplo positivo: “De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste.” At 20.33
Slide XII – Para refletir...

  • Jean-Jacques Rousseau (1712-1778 - filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço).
  • "A espécie de felicidade de que preciso não é tanto a de fazer o que eu quero, mas a de não fazer o que eu não quero.“
Slide XIII  - Cobiça – é uma transgressão

  • A cobiça é o desejo excessivo de possuir aquilo que pertence ao outro. A descrição deixa claro que não se trata de simplesmente almejar uma casa ou um boi, etc.
  • O condenável são  desejos incontroláveis de possuir a casa e o boi que já tem dono, e isso por meio ilícito (At 20.33; 1Co 10.6; Tg 4.2). É o mesmo que roubar (Mq 2.2).
Slide XIV – Para pensar...
“Há o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas; não há o suficiente para a cobiça humana.”  
                                  Mahatma Gandhi(1869-1948)

Slide XV - A Ética secular x a Ética de Jesus

1.O homem precisa se encontrar consigo mesmo. Na Ética de Jesus, o homem precisa se encontrar com Ele e negar-se a si mesmo. Mt 8.34
2.Os homens vivem em torno do que possuem. Na Ética de Jesus “ A vida  de qualquer homem não consiste na abundância daquilo que ele possui”. É o ser sobre o ter. Lc 12.15
3.O homem na sociedade secularizada corre sempre atrás da vantagem sobre o outro. Jesus ensina:”O que vós quereis que os homens vos façam fazei-lho também vós”. Mt 7.12
4.O homem secular quando muito faz ama o que o ama. Na Ética de Jesus, devemos “amar até os inimigos”. Mt 5.43-44
5. Na sociedade mundana o homem paga mal por mal. Na Ética de Jesus, devemos pagar o mal com o bem. Rm 12.17a, 21.
6.Os homens vivem se acusando uns aos outros, apontando-lhes os defeitos. Na Ética de Jesus ninguém pode apontar o arqueiro no olho do seu semelhante ou irmão, com uma trave (uma falta maior), no seu olho. Mt 7.3-5
7.O homem na sociedade secularizada perdeu o valor da vida. Estamos nos matando de múltiplas formas por causa do ter, a cobiça, a ganância, avareza, egoísmo, etc. Na Ética de Jesus “ o valor de uma alma vale mais do que o mundo inteiro”. Mt 16.26

Slide XVI - O antídoto contra a cobiça

  • Desprendimento: abnegação, altruísmo, desambição, desapegamento, desapego, desinteresse, despego, despretensão, generosidade, modéstia, enfim renúncia aos valores da terra, pelos valores do céu...
  • “...se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima...Cl 3.1ª
  • “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra”. Cl 3.2
Slide XVII – CONCLUSÃO

1.Êxodo 20.17 - "Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." (Rm 13.9).
2. Esta lição certamente serviu para distinguirmos o desejo natural da cobiça, que é um anseio exagerado pelo bem alheio e tantos outros pecados relacionados a ela.
3. Guardemo-nos da cobiça, ela coloca qualquer um fora da rota divina, transtorna a alma, com muitas dores aqui e pode deixar a Palavra infrutífera em nós. Fujamos da cobiça gananciosa.(I Tm 3.3)

Slide XVIII – Fontes de pesquisa

  • Lição nr. 12 - EBD/CPAD 1º trimestre 2015
  • Bíblia Sagrada
  • Internet
  • Dic. Houaiss – Língua Portuguesa
  • (Pesquisa e organização – Pb. Samuel Borges)

quinta-feira, 19 de março de 2015

John Wycliffe - Precursor da Reforma


                                              (+-1320-1384)

John Wycliffe (ou Wyclif) foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. Trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe.

Família e Infância

Sua família era tradicional na região de Yorkshire, sendo que, à época do seu nascimento as propriedades familiares cobriam amplo território nas redondezas de Ipreswell (hoje Hipswel), seu local de nascimento. Não há certeza sobre o ano de seu nascimento, um dos anos mais citados é 1320, mas há variações de 1320 a 1328.

Não se sabe, ainda, o ano em que ele foi enviado pela família para estudar na Universidade de Oxford , mas há certeza de que estava lá desde pelo menos 1345.

Em Oxford

Na Universidade, aplicou-se nos estudos de teologia, filosofia e legislação canônica. Tornou-se sacerdote e depois serviu como professor no Balliol College, ainda em Oxford. Por volta de 1365 tornou-se bacharel em teologia e, em 1372, doutor em teologia.

Como teólogo, logo destacou-se pela firme defesa dos interesses nacionais contra as demandas do papado, ganhando reputação de patriota e reformista. Wycliffe afirmava que havia um grande contraste entre o que a Igreja era e o que deveria ser, por isso defendia reformas. Suas idéias apontavam a incompatibilidade entre várias normas do clero e os ensinos de Jesus e seus apóstolos.

Uma destas incompatibilidades era a questão das propriedades e da riqueza do clero. Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva pobreza dos tempos dos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder temporal do papa e dos cardeais. Logo, a cátedra deixou de ser o único meio de propagação de suas idéias, ao iniciar a escrita de seu trabalho mais importante, a Summa theologiae. Entre as idéias mais revolucionárias desta obra, está a afirmação de que, nos assuntos de ordem material, o rei está acima do papa e que a Igreja deveria renunciar a qualquer tipo de poder temporal. Sua obra seguinte, De civili dominio, aprofunda as críticas ao Papado de Avignon (onde esteve a sede da Igreja de 1309 até 1377), com seu sistema de venda de indulgências e a vida perdulária e luxuosa de padres, bispos e religiosos sustentados com dinheiro do povo. Wycliffe defendia que era tarefa do Estado lutar contra o que considerava abusos do papado. A obra contém 18 teses, que vieram a público em Oxford em 1376.

Suas idéias espalharam-se com grande rapidez, em parte pelos interesses da nobreza em confiscar os bens então em poder da igreja. Wycliffe pregava nas igrejas em Londres e sua mensagem era bem recebida.

A Oposição da Igreja

Apesar de sua crescente popularidade, a Igreja apressou-se em censurar Wycliffe. Em 19 de fevereiro de 1377, Wyclif é intimado a apresentar-se diante do Bispo de Londres para explanar-lhe seus ensinamentos. Compareceu acompanhado de vários amigos influentes e quatro monges foram seus advogados. Uma multidão aglomerou-se na igreja para apoiar Wycliffe e houve animosidades com o bispo. Isto irritou ainda mais o clero e os ataques contra Wycliffe se intensificaram, acusando-o de blasfêmia, orgulho e heresia. Enquanto isso, os partidos no Parlamento inglês pareciam convictos de que os monges poderiam ser melhor controlados se fossem aliviados de suas obrigações seculares.

É importante lembrar que, neste período, desenrolava-se a Guerra dos Cem Anos entre a França e a Inglaterra. Na Inglaterra daquele tempo, tudo que era identificado como francês era visto como inimigo e nessa visão se incluiu a Igreja, pois havia transferido sua sede de Roma para Avignon, na França. A elite inglesa (realeza, parlamento e nobreza) reagia à idéia de enviar dinheiro aos papas, esta era uma atitude vista como ajuda ao sustento do próprio inimigo. Neste ambiente hostil à França e à Igreja, um teólogo como Wyclif desfrutou quase imediatamente de grande apoio, não apenas político, como também popular, despertando o nacionalismo inglês.

Em 22 de maio de 1377, o Papa Gregório XI, que em janeiro havia abandonado Avignon para retornar a sede da Igreja a Roma, expediu uma bula contra Wycliffe, declarando que suas 18 teses eram errôneas e perigosas para a Igreja e o Estado. O apoio de que Wycliffe desfrutava na corte e no parlamento tornaram a bula sem efeito prático, pois era geral a opinião de que a Igreja estava exaurindo os cofres ingleses.

Poder Real x Poder Eclesiástico

Ao mesmo tempo em que defendia que a Igreja deveria retornar à primitiva pobreza dos tempos apostólicos, Wycliffe também entendia que o poder da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder temporal exercido pelo Estado, representado pelo rei. Seu livro De officio regis defendia que o poder real também era originário de Deus, encontrava testemunho nas Escrituras Sagradas, quando Cristo aconselhou "dar a César o que é de César". Era pecado, em sua opinião, opor-se ao poder do rei e todas as pessoas, inclusive o clero, deveriam pagar-lhe tributos. O rei deve aplicar seu poder com sabedoria e suas leis devem estar de acordo com as de Deus. Das leis de Deus se deriva a autoridade das leis reais, inclusive daquelas em que o rei atua contra o clero, porque se o clero negligencia seu ofício, o rei deve chama-lo a responder diante de si. Ou seja, o rei deve possuir um "controle evangélico" e quem serve à Igreja deve submeter-se às leis do Estado. Os arcebispos ingleses deveriam receber sua autoridade do rei (não do papa).
Este livro teve grande influência na reforma da Igreja, não apenas na Inglaterra, que sob Henrique VIII passaria a ter a igreja subordinada ao Estado e o rei como chefe da Igreja, mas também na Boêmia e na Alemanha. Especialmente interessantes são também os ensinamentos que Wycliffe endereça aos reis, para que protejam seus teólogos. Ele sustentava que, já que as leis do rei devem estar de acordo com as Escrituras, o conhecimento da Bíblia é necessário para fortalecer o exercício do poder real. O rei deveria cercar-se de teólogos para aconselha-lo na tarefa de proclamar as leis reais.

Wycliffe e o Papado

Os escritos de Wycliffe em seus seis últimos anos incluem contínuos ataques ao papado e à hierarquia eclesiástica da época. Nem sempre foi assim, entretanto. Seus primeiros escritos eram muito mais moderados e, à medida que as relações de Wyclif com a Igreja foram se deteriorando, os ataques cresceram em intensidade.

Na questão relacionada ao cisma da Igreja, com papas reivindicando em Roma e Avignon a liderança da Igreja, Wycliffe entendia que o cristão não precisa de Roma ou Avignon, pois Deus está em toda parte. "Nosso papa é o Cristo", sustentava. Em sua opinião, a Igreja poderia continuar existindo mesmo sem a existência de um líder visível, por outro lado os líderes poderiam surgir naturalmente, desde que vivessem e exemplificassem os ensinamentos de Jesus.

Contra as Ordens Monásticas

A batalha de Wycliffe contra as ordens monásticas (que ele chamava de "seitas") iniciou-se por volta de 1377 e alongou-se até sua morte. Wycliffe afirmou que o papado imperialista era suportado por estas "seitas", que serviam ao domínio do papa sobre as nações daquele tempo. Em vários de seus escritos, como TrialogusDialogus,Opus evangelicum e alguns sermões, Wycliffe dizia que a Igreja não necessitava de novas "seitas" e que eram suficientes os ensinos dos três primeiros séculos de existência da Igreja. Defendia que as ordens monásticas não eram suportadas pela Bíblia e deveriam ser abolidas, junto com suas propriedades. O povo então se insurgiu contra os monges e podemos observar os maiores efeitos dessa insurreição na Boêmia, anos mais tarde, com a revolução hussita. Na Inglaterra, entretanto, o resultado não foi o esperado por Wycliffe: as propriedades acabaram nas mãos dos grandes barões feudais.

A Bíblia Inglesa

Wyclif organizou um projeto de tradução das Escrituras, defendendo que a Bíblia deveria ser a base de toda a doutrina da Igreja e a única norma da fé cristã. Sustentava que o papa ou os cardeais não possuíam autoridade para condenar suas 18 teses, pois Cristo é a cabeça da Igreja e não os papas.
"A verdadeira autoridade emana da Biblia, que contém o suficiente para governar o mundo", cita Wycliffe em seu livro De sufficientia legis Christi. Wycliffe afirmava que na Bíblia se encontra a verdade, a fonte fundamental do Cristianismo e que, por isso, sem o conhecimento da Bíblia não haveria paz na Igreja e na sociedade. Com isso, contrapunha a autoridade das escrituras à autoridade papal: "Enquanto temos muitos papas e centenas de cardeais, suas palavras só podem ser consideradas se estiverem de acordo com a Bíblia". Idêntico princípio seguiria Lutero mais de 100 anos depois, ao liderar a Reforma Protestante.

Wycliffe acreditava que a Bíblia deveria ser um bem comum de todos os cristãos e precisaria estar disponível para uso cotidiano, na língua nativa das populações. A honra nacional requeria isto, desde quando os membros da nobreza passaram a possuir exemplares da Bíblia em língua francesa. Partes da Bíblia já haviam sido traduzidas para o inglês, mas não havia uma tradução completa. Wycliffe atribuiu a si mesmo esta tarefa. Embora não se possa definir exatamente a sua parte na tradução (que foi baseada na Vulgata), não há dúvidas de que foi sua a iniciativa e que o sucesso do projeto foi devido à sua liderança. A ele devemos a tradução clara e uniforme do Novo Testamento, enquanto seu amigo Nicholas de Hereford traduziu o Antigo Testamento. Ambas as traduções foram revisadas por John Purvey em 1388, quando então a população em massa teve acesso à Bíblia em idioma inglês, ao mesmo tempo que se ouvia dos críticos: "a jóia do clero tornou-se o brinquedo dos leigos".

Mas, cabe fazer algumas ressalvas. Durante a Idade Média os livros eram raros e caros por serem feitos à mão, a Bíblia não era exceção. O uso exclusivo do Latim era comum a todos os livros dado a universalidade da língua e o seu reconhecimento erudito e intelectual na Europa Ocidental, regra válida também para a Bíblia. A tradução de Wycliffe da Bíblia para o inglês pode ser entendida como mais movida pelo nacionalismo inglês e menos por uma inclinação popular de democratização de acesso. Os pobres continuaram sem ter acesso a mesma por dois motivos: o primeiro é que era cara por sua confecção ainda manual e segundo o povo continuava analfabeto. A grande difusão da Bíblia só foi de fato possível com a invenção da imprensa no século XV e a universalização da educação a partir do século XIX. Então, somente após o século XIX reuniram-se as condições para a Bíblia se tornar um livro popular.

Apesar do empenho da hierarquia eclesiástica em destruir as traduções em razão do que consideravam como erros de tradução e comentários equivocados, ainda existem ao redor de 150 manuscritos, parciais ou completos, contendo a tradução em sua forma revisada. Disso podemos inferir o quão difundida essa tradução foi no século XV, razão pela qual os partidários de Wyclif eram chamados de "homens da Bíblia" por seus críticos. Assim como a versão de Lutero teve grande influência sobre a língua alemã, também a versão de Wycliffe influenciou o idioma inglês, pela sua clareza, força e beleza.
A Bíblia de Wycliffe, como passou a ser conhecida, foi amplamente distribuída por toda a Inglaterra. A Igreja a denunciou como uma tradução não autorizada.

Wycliffe e os Lolardos

Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos padres e os organizou em grupos para divulgar os ensinos de Cristo. Estes padres (mais tarde chamados de "lolardos") não faziam votos nem recebiam consagração formal, mas dedicavam sua vida a ensinar o Evangelho ao povo. Estes pregadores itinerantes espalharam os ensinos de Wycliffe pelo interior da Inglaterra, agrupados dois a dois, de pés descalços, usando longas túnicas e carregando cajados nas mãos.

Em meados de 1381 uma insurreição social amedrontou os grandes proprietários ingleses e o rei Ricardo II foi levado a crer que os lolardos haviam contribuído com ela. Ele ordenou à Universidade de Oxford (que havia sido reduto de líderes insurretos) que expulsasse Wyclif e seus seguidores, apesar destes não haverem apoiado qualquer movimento rebelde. O rei proibiu a citação dos ensinos de Wycliffe em sermões e mesmo em discussões acadêmicas, sob pena de prisão para os infratores.

O Legado de Wycliffe

Wycliffe então se retirou para sua casa em Lutterworth, onde reuniu sábios que o auxiliaram na tarefa de traduzir a Bíblia do latim para o inglês. Enquanto assistia à missa em Lutterworth, no dia 28 de dezembro de 1384, foi acometido por um ataque de apoplexia, falecendo 3 dias depois, no último dia do ano.

A influência dos escritos de Wyclif foi muito grande em outros movimentos reformistas, em particular sobre o da Boêmia, liderado por Jan Huss e Jerônimo de Praga. Para frear tais movimentos, a Igreja convocou o Concílio de Constança (1414 – 1418). Um decreto deste Concílio (expedido em 4 de maio de 1415) declarou Wycliffe como herético, recomendou que todos os seus escritos fossem queimados e ordenou que seus restos mortais fossem exumados e queimados, o que foi cumprido 12 anos mais tarde pelo Papa Martinho V. Suas cinzas foram jogadas no rio Swift, que banha Lutterworth.


Fonte: Wikpédia
Agradecimentos: Hudson Lebourg

João Calvino - Reformador


                                             (1509-1564)

Nascido em 10 de Julho de 1509 em Noyon, França, João Calvino cresceu em uma família católica romana tradicional. O bispo local empregou o pai de Calvino na administração da catedral da cidade, o qual, em troca, queria que Calvino se tornasse padre. Devido aos laços estreitos com o bispo e sua nobre família, companheiros e colegas de Calvino em Noyon (e mais tarde em Paris) tiveram uma influência aristocrática e cultural sobre a juventude de Calvino. Aos 14 anos de idade, Calvino mudou-se para Paris, a fim de estudar no College de Marche e preparar-se para a universidade. Seus estudos consistiam nas matérias: gramática, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Ao final de 1523, Calvino transferiu-se para a famosa College Montaigu, uma espécie de escola do monastério. Nessa época, a educação de Calvino foi custeada, em parte, pelo lucro de pequenas paróquias. Assim, embora os novos ensinos teológicos de pessoas como Lutero e Jacques Lefevre d’Etaples estivessem se espalhando por toda Paris, Calvino estava mais ligado à Igreja Romana. No entanto, em 1527, Calvino fez amizade com pessoas que tinham uma visão reformada.

Esses contatos formaram o cenário para a eventual mudança de Calvino para a fé reformada. Também, nessa época, o pai de Calvino o aconselhou a estudar direito ao invés de teologia. Em 1528, Calvino mudou-se para Orleans para estudar direito civil. Nos anos seguintes, estudou em vários lugares e sob a orientação de vários eruditos, enquanto recebia uma educação humanista. Em 1532, Calvino terminou seus estudos na área de direito e também publicou seu primeiro livro, um comentário sobre De Clementia [Sobre a Misericórdia], do filósofo romano Sêneca. No ano seguinte, Calvino fugiu de Paris devido aos contatos que teve com pessoas que, através de oratórias e escritos, se opunham à Igreja Católica Romana.

Diz-se que em 1533 Calvino tenha experimentado uma conversão súbita e inesperada, sobre a qual escreveu em seu prefácio dos comentários sobre Salmos. Nos três anos seguintes, Calvino viveu em vários lugares fora da França com diferentes nomes. Estudou por conta própria, pregou e começou a trabalhar em sua primeira edição das Institutas – um best seller instantâneo. Em 1536, Calvino desvinculou-se da Igreja Católica Romana e fez planos para sair para sempre da França e ir para Estrasburgo. Entretanto, a guerra entre Francisco I, rei da França, e Carlos V, imperador do Sacro Império Romano, eclodiu, e Calvino decidiu fazer um desvio de uma noite para Genebra. Mas a fama de Calvino em Genebra o precedeu. Guillaume Farel, um reformador local, o convidou para ficar em Genebra e o ameaçou com a ira de Deus se não o fizesse. 

Assim, começou uma longa, difícil, mas, finalmente, frutífera relação com a cidade de Genebra. Calvino começou como professor e pregador, mas em 1538 foi convidado a deixar Genebra devido a conflitos teológicos. Ele foi para Estrasburgo, onde ficou até 1541. Sua estada ali como pastor de refugiados franceses foi tão pacífica e feliz que em 1541, quando o Conselho de Genebra o convidou de volta, Calvino ficou profundamente dividido. Ele desejava permanecer em Estrasburgo, mas sentiu grande responsabilidade em retornar para Genebra. Ele fez isso e permaneceu em Genebra até a sua morte, em 27 de maio de 1564. Esses anos foram preenchidos com aulas, pregações e escritos de comentários, tratados e várias edições de As Institutas da Religião Cristã.


Fonte: www.calvin.edu/about/john-calvin/
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