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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Teoria da Conspiração: Os Protocolos dos Sábios de Sião


Desde o fim do século 19, esse suposto documento tem servido para acusar judeus de formarem uma conspiração para dominar o mundo

Por Digo Antônio Rodriguez – Super Interessante – 04 de julho de 2018

Publicado em 01 de setembro de 2016.



1) 1897: PLANEJANDO O DOMÍNIO

O 1º Congresso Sionista Mundial rolou em Basel (Suíça), com judeus do mundo todo discutindo a criação de um Estado próprio. O encontro foi convocado pelo jornalista e ativista Theodor Herzl, um dos pioneiros em defender a existência de um país para os judeus. Segundo o texto dos Protocolos, o objetivo da reunião seria mais ambicioso: dominar o mundo.

2) 1905: UMA VEZ PERSEGUIDOS…

Sergei Nilus, místico e conselheiro do czar russo Nicolau II, publicou O Grande no Pequeno, citando um documento secreto: Os Protocolos dos Sábios de Sião. Segundo Nilus, a polícia secreta russa (Okhrana) obteve o material na França, comprovando a intenção dos judeus de derrubar o czarismo na Rússia. Foi o início da perseguição de Nicolau aos judeus no país.

3) 1926: FUNDAMENTO DO MAL

Preso durante três anos por tentativa de golpe de estado, Adolf Hitler escreveu Mein Kampf, manifesto político e ideológico que serviu de base para a instalação do 3º Reich e do nazismo na Alemanha. No livro, Hitler usou trechos dos Protocolos para justificar a caça aos judeus que se deu anos depois e culminou no Holocausto.

4) 1933: DISTRIBUIÇÃO ALEMÃ

Já era prática comum dos nazistas editar e distribuir cópias dos Protocolos pela Alemanha, mesmo antes de tomarem o poder. Em 1919, já havia uma edição do texto em solo germânico. Ao assumirem o governo, passaram a usar o texto sistematicamente para incitar o ódio aos judeus e justificar sua perseguição a eles.

5) 2005: ATÉ NAS TORRES GÊMEAS

O Ministério da Informação da Síria autorizou a publicação de uma versão que culpa os judeus pelos atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA. No mundo árabe, aliás, a publicação sempre foi popular. Divulgado em 1988, o manifesto do Hamas, grupo político e militar que governa a Palestina, cita vários trechos dos Protocolos. Síria, Turquia, Índia e Egito são alguns dos países em que apareceram (e ainda aparecem) edições “atualizadas” do texto.

6) 1937: PROTOCOLOS BRASILEIROS

Por aqui também houve uma edição do texto. O responsável pela versão nacional foi Gustavo Barroso, membro do movimento integralista, versão brasuca do fascismo. Desde a Independência, setores conservadores nacionais cogitavam conspirações judaicas em eventos políticos importantes do Brasil. Barroso era um reconhecido antissemita e admirador do nazismo.

7) 2005: TROCA DA PESADA

Uma edição mexicana dos Protocolos sugere que o Holocausto, em que 6 milhões de judeus morreram sob o nazismo, teria sido moeda de troca para que os judeus conseguissem, anos depois, criar o Estado de Israel. Não há explicações de como e com quem essa negociação teria sido feita.

EXPLICANDO A VERDADE

Além de ser falso, o texto dos Protocolos é plágio

– O “autor” foi Mathieu Golovinski. Em 1898, o czar Nicolau o chamou para pôr a culpa dos males econômicos e sociais da Rússia nos judeus. Para isso, adaptou trechos de O Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu e do romance Biarritz.

– O texto já foi identificado como ficção. Em 1921, o repórter britânico Philip Graves, do The Times, desmentiu o livro em uma matéria. Na Suíça, em 1935, um julgamento contra os nazistas apontou a farsa dos Protocolos.

– Henry Ford, fundador da Ford, admitiu que O Judeu Internacional (sua versão dos Protocolos, publicada em capítulos no jornal Dearborn Independent, em 1920) era uma mentira.

– Como o mito continua forte, o Holocaust Museum, em Nova York, fez em 2006 uma exposição para denunciar a farsa dos textos criados por Golovinski.

FONTES Livro O Complô – A História Secreta dos Protocolos dos Sábios de Sião, de Will Eisner; sites Holocaust Museum, Britannica, Opera Mundi, adl.com, The New York Times e BBC News
CONSULTORIA Abraham H. Foxman, diretor da Anti-Defamation League (Liga Antidifamação dos EUA)

Samuel P M Borges
Natal RN – Abril 2020.

Deus dá arrependimento para o homem se arrepender?


Primeiro, listamos duas definições relevantes à discussão:

Mc 1.14-15 -  Arrependimento – (grego - Metanoeo) - É voltar-se para, dar uma volta completa. No aspecto prático é o homem no pecado, reconhece o seu estado espiritual, volta-se para Deus, abandona os maus caminhos, na conversão, mediante Jesus Cristo, o novo e vivo caminho para o Pai (Jo 14.6).

Rm 12.2 – Mudança de mente - (grego - Metanóia) - É a transformação pela renovação do entendimento. Não é estática, ocorre na dinâmica do Espírito Santo no salvo. E assim se faz necessária, pois somos constantemente confrontados pelas tentações na velha natureza, na luta contra o mundo, a carne e diabo. Vencerá quem se deixar ser mais alimentado e guiado pelo Espírito Santo (Jo 14.17;At 5.32). A batalha no campo da mente é diária, portanto, é constante e ininterrupta a renovação do entendimento.

No arrependimento do homem caído, ao ouvir/atentar para a mensagem do evangelho, o Espírito Santo tem um papel preponderante para o convencimento do pecado, da justiça e do juízo. É ação da graça preveniente na visão arminiana.

O que Jesus queria transmitir em João 16.8-11 a respeito do ato de convencimento pelo Espírito Santo?

Do pecado – “Porque não creem em mim”. É o pecado da incredulidade o pior dos pecados. Os demais são consequentes. Para salvação em Cristo, há um grande abismo entre o crente e o incrédulo. O mundo incrédulo é cego, pobre e miserável, distante de Deus até que se arrependa (Mc 1.14-15;At 17.30-31).

Da Justiça – "Porque vou para o meu Pai e não me vereis mais". A redenção do mundo estava para ser consumada no calvário (Jo 19.30), e atenderia plenamente a justiça divina, pagando por seus pecados (Jo 1.29; Rm 6.23; II Co 5.19-21). E após a sua morte vicária e ressurreição, brevemente ascenderia aos céus (At 1.9-11).

Do juízo – "...Porque o já o príncipe deste mundo está julgado". O trunfo do “capeta” era a cédula contrária a nós (Cl 2.14), a pecaminosidade humana que nos condenava (Rm 3.23). O diabo até então podia lançar em rosto contra a humanidade caída. O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (I Co 15.56; Rm 3.19-20). Entretanto, Jesus pela sua morte na cruz, substitutiva, aniquilou, destruiu aquele que tinha o império da morte (Hb 2.14-15). E pela sua ressurreição justifica todo aquele que nele crê.

Rm 4.24-25 - “...cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação”.

A Consciência e a Fé são faculdades do espírito humano, segundo afirmam alguns teólogos (Rm 5.1;10.10 - coração=homem interior - Gl 5.22;). Com a consciência despertada para com Deus, o pecador cai em si (Lc 15.17-18). Enfim, adentramos à graça de Deus pela fé (Rm 5.2; Ef 2.8; Hb 11.6).


Diferente da alma, o espírito é o sopra da vida. Uma partícula de Deus no homem que lhe permite a comunicação e comunhão com Ele. É o meio de acesso ao transcendental (Jo 4.23-24; I Co 2.9-16).

O arrependimento mexe com a alma do homem, pois produz mudança na mente (intelecto), reconhecendo o seu estado de pecador, toca suas emoções (Sl 51, II Co 7.9-10), e na sua vontade cria uma nova disposição de voltar-se para Deus.   

O Novo Nascimento é instantâneo (Jo 3.3-8; Ef 2.1,5), é ação do Espírito Santo, tornando-nos novas criaturas em Cristo (II Co 5.17), E portanto, na dimensão do espírito humano, por meio da fé salvífica.  

(Não abordarei neste artigo a mecânica da salvação, para não fugir do foco  principal).

Vejamos os textos abaixo, mais inerentes ao título do artigo:

Atos 5.31 –“Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados”.

Em verdade, Jesus começou primeiro anunciando o evangelho às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15.24). E terminou incompreendido e rejeitado pelos líderes religiosos em Israel. Assim, podemos entender que dá arrependimento no texto citado, significava dá oportunidade, tempo para Israel se arrepender e crê no messias.

E em vários textos nos evangelhos, observa-se que Israel não se arrependeu para crê em Jesus como o messias. Vemos assim, na parábola dos dois filhos (Mt 21.28-32).

Mateus 21.32 – “Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer”.

Em Mt 13.15, Jesus disse que haviam endurecido o coração e ouviam a mensagem de mau grato, olhos e ouvidos fechados.

Em Mt 21.42-46, na Parábola dos lavradores maus, Jesus fala abertamente de sua rejeição como o messias. Ou seja, não houve arrependimento.

Mt 23.37 – “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!”. – Resistência a Deus Pai e a Deus Filho.

A missão de Jesus em Mt 9.13 – “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento”.

Atos 11.18 – “E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida”.

Pedro após se justificar porque havia batizado o gentio Cornélio, os primeiros cristãos judeus surpresos, porém entenderam o agir do Espírito Santo entre os gentios, pois a eles lhe fora aberta a porta da salvação (At 26.23;28.28), tendo a oportunidade de ouvir a mensagem da cruz, arrependeram-se e creram (At 11.1-18).

Atos 26.20 – “Antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judeia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento”.

Vemos em atos o apóstolo Paulo, levando a palavra a judeus e gentios. Todos chamados à salvação mediante arrependimento, fé e frutos.

II Timóteo 2.25 – “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade”.

Neste texto o apóstolo Paulo orienta ao jovem obreiro Timóteo para instruir com mansidão, sem contender, aos que resistem à pregação e instrução do evangelho, na expectativa de que Deus lhes conceda tempo para arrependimento, ao ouvir a  a verdade. 

Quando a Bíblia afirma que Deus dá arrependimento pela sua rica benignidade/bondade e com paciência (Rm 2.4; II Pd 3.9), e que não levará em conta o tempo de ignorância (At 17.30), bem como nos textos de At 5.31;11.18;II Tm 2.25, já comentados, trata-se de oportunidades, tempo para se arrependerem (Ap 2.21 – “Dei tempo para se arrepender...”), ao ouvir a ordem imperativa para arrependimento, porque a vontade plena de Deus é que todos os homens sejam salvos ao conhecer a verdade (I Tm 1.15-16;2.4-5). Todavia, diz respeito à vontade/desejo pleno, não imposição ainda que para o bem da salvação humana.

E, portanto, não há dúvidas, a salvação do homem caído é pela graça de Deus, mediante a fé, sem atos de justiça própria. Entretanto, o passo rudimentar e determinante no que cabe ao homem fazer, e Deus não o fará por ele, é arrepender-se e crê em Cristo.

E quando vaticinava o profeta Isaías 53.1 - “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou a braço do Senhor?” Assertivamente, afirmamos que o braço da salvação se manifesta na vida dos que creem (Mc 16.15-16), e sem a fé é impossível receber qualquer bênção da parte de Deus ( Hb 11.6).

A Missão da Igreja - Mt 28.19-20; Lc 24.47 – “E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém”.

Assim determinou Jesus em Marcos 16.15-16 – “Ide por todo o mundo pregai o evangelho a toda criatura...”

Rm 3.23 – “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.

O texto supra assevera a necessidade de todos os homens serem chamados arrependimento e a fé para salvação em Cristo, pois a fé comum, genérica, é insuficiente para que o homem se aproprie da redenção consumada na cruz (ver artigo – A fé é um dom de Deus?).

Assim sendo, o arrependimento é o ato pessoal e consciente de contrição, ao atentar para a pregação da Palavra, permite à criatura humana dar meia-volta em relação aos seus atos pecaminosos e reprováveis, pelo convencimento do Espírito Santo.

“Ele veio e padeceu pelos pecadores e voltará para levar ao céu os arrependidos”.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN – Abril 2020.

domingo, 19 de abril de 2020

Jesus, autor e consumador da Fé Cristã.



Hb 12.2 – “Olhando para Jesus autor e consumador da fé...”
Só o restante do que está escrito no versículo supra já o habilita a ser autor e consumador da nossa fé e de todo aquele que absorver por fé o seu sacrifício substitutivo e insubstituível no gólgota (Jo 3.16; Rm 5.2). Mas, vejamos outros textos bíblicos.

O texto não expressa que Jesus dá a fé para que se creia. Porém, Ele é causa e efeito da fé cristã, em razão de quem Ele é, e pelo que fez, consumando a eterna salvação no calvário (Hb 2.9;5.8).

Ele é o mediador legítimo entre Deus e os homens (Jo 14.6; I Tm 2.5).

Atos 4.12 – “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.   

Ele veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10), o homem no pecado (Sl 14.1-3; Rm 3.23;11.32). Fez-se pobre para nos enriquecer de bênçãos espirituais nos lugares celestiais (II Co 8.9;Ef 1.3).

O Plano do Pai, desde a eternidade (Ef 1.4;Ap 13.8), no primeiro momento, incondicional, pois ninguém interferiu nesta decisão soberana de Deus, o Pai, visando prover a redenção humana (Gn 3.15; Ef 1.5,11).

E como Jesus provou, padeceu na cruz por todos os homens (Jo 1.29; Hb 2.9; Tt 2.11), abrange a todo o que vier a crer no evangelho, cujo teor é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).

Na consecução do Plano da Redenção, no segundo momento, a oferta da salvação é gratuita, sem méritos humanos, todavia condicional, no sentido de requerer arrependimento, fé (Mc 1.14-15, Mt 21.32), confissão contrita e pública (Lc 12.8; Rm 10.9)...aos homens para que se apropriem da gloriosa e tão grande salvação (Hb 2.3).

Lucas 9.56 – “Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las...”. E como Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34-35, Rm 2.11), em especial, no seu Projeto da Redenção, jamais poderemos considerar o maior Romance da História (João 3.16) – O Amor de Deus buscando erguer o homem caído no Éden, um predeterminismo fatalista, maravilhoso para alguns, e tremendamente trágico para outros, quando sabemos que o homem foi criado um ser espiritual e moral, ser pensante, que pode analisar, fazer escolhas, ao ouvir a mensagem do evangelho (Jo 5.39-40;Is 53.1; Rm 10.16-17).  E aos que tem crido, o braço do Senhor tem se revelado poderoso para salvar.  

Samuel P M Borges
Natal RN – Abril 2020


sábado, 18 de abril de 2020

A fé para salvação é um dom de Deus?



Neste artigo, desejamos tratar da fé salvífica, ou salvadora como chamava Calvino (1509-1564), teólogo cristão francês, não de modo exaustivo, como alguns teóricos do calvinismo fizeram, tal como Thedore Beza (1519-1605), discípulo e sucessor de Calvino em Genebra, com menção a tantos textos das Escrituras, no capítulo “a Fé Cristã", de um dos seus livros, que do ponto de vista da exegese bíblica contemporânea ficou muito a desejar.

No presente trabalho citarei textos mais objetivos, prendendo-me às Escrituras, na simplicidade do Evangelho de Cristo Jesus. Que o Espírito Santo seja o agente discernidor da compreensão da Palavra de Deus.

Primeiro ponto a observar é que não se crê naquilo que se não se conhece. E essa é a razão primária porque o evangelho de Jesus, deveria ser anunciado a todas as gentes.

Marcos 16.15-16.  
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”.

Hebreus 11.6 – “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”.

Este texto ensina a necessidade da fé para se aproximar de Deus, sem ela ninguém lhe agrada, ou seja, não terá a sua atenção. E evidencia da parte do homem, buscar a Deus. O reencontro do homem com Deus é uma via de mão dupla (Is 55.6-7). A salvação é para todos, faz-se necessário ter sede de salvação (IS 55.1; Ap 22.17).

Por toda a Bíblia,  está explícito e implícito o intento, o desejo de Deus em salvar, e na primeira oportunidade o Espírito Santo passa a atuar no  pecador para o convencimento do pecado (incredulidade), da justiça, e juízo (João 16.9-11). É a ação do Espírito quem capacita o pecador a crer, o que alguns chama de Graça Preveniente. Existem ainda outros dois aspectos da graça: A consequente e a Universal. Não são, propriamente, objetos dessa postagem.

Apesar da queda espiritual desde o Éden (pecado original), o homem não perdeu totalmente a imagem e semelhança com o seu Criador. Ela está maculada, mas ainda há uma centelha na sua consciência (faculdade do espírito humano), que ao agir nela o Espírito Santo, pela pregação do evangelho, pode sim, despertá-lo para Deus. A quem chame essa voz dentro do homem, mesmo caído, de graça predisponente.  Este é outro ponto discutível, não me estenderei aqui.

Prosseguindo, veremos que existe na Bíblia a fé em vários aspectos.   No NT o verbo pisteuô (creio, confio), e o substantivo pistis (fé), ocorrem cerca de 480 vezes.

Vejamos cinco aspectos da Fé Cristã:

Tg 2.14,17 - Fé comum ou natural – É a aceitação genérica num ser superior, e até de certas verdades acerca de Deus, porém não acompanhada de frutos dignos de arrependimento e nem de longe parece com a fé cristã que vence o mundo incrédulo, de I Jo 5.4. Esta fé não passou pela peneira do arrependimento de Mc 1.14-15, “Arrependei-vos e crede do evangelho”.

I Co 12.9 –  A Fé como um dom – Os dons espirituais, são ferramentas espirituais dada à Igreja Militante, no cumprimento da sua missão na terra. Quem recebe o dom de fé, é como um “plus” no exercício da fé, e por ele Deus pode operar o sobrenatural, milagres, curas, etc. E sempre para o que for útil (I Co 12.7).

Gálatas 5.22 – A fé fruto do Espírito – É outra dimensão da fé, que se manifesta no corpo de Cristo, na vida do salvo que se deixa guiar e anda sob o comando do Espírito Santo (Gl 5.16).

Efésios 2.8 - A fé salvífica, ou fé para salvação – O texto trata da salvação pela graça, sem méritos humanos, mediante a fé, pois não se pode cogitar nenhuma promessa de Deus para quem não crê, muito menos a maior delas, a salvação eterna.

Muitos tem ensinado que a fé um dom de Deus, com base em Ef 2.8; Hb 12.2, Judas Vv 3. Então indagamos, Deus dá a uns e a outros não? Pois é certo que muitos não serão salvos (Ap 20.11-15).

Se assim o fizesse, não estaria Ele fazendo acepção de pessoas, para salvação e outros para condenação eterna? Ou a fé para salvação é uma resposta da livre vontade do homem, confessando-se pecador, e buscando a graça salvadora de Deus?

Mc 16.15-16 - Na pregação do evangelho cabe ao homem dá crédito ou não a sua mensagem. Está implícita a responsabilidade do homem. O dever cristão é pregar a palavra, já na condição de salvos em Cristo. Dando de graça o que de graça recebeu.

De acordo com Hebreus 4.2, as boas novas, a mensagem da cruz, poder de Deus para salvação (Rm 1.16), só surtirá efeito positivo em quem a ouve e dá crédito ao evangelho (IS 53.1). Está, portanto, evidente a responsabilidade do homem em exercitar fé para salvação. 

Enfim, o ato de crê para salvação é produzido pela pregação do evangelho, conforme menciona o Apóstolo Paulo em Rm 10.17 – “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus”.

Hb 12.2 – “Olhando para Jesus autor e consumador da fé...” Só o restante do que está escrito no versículo já o habilita a ser autor e consumador da nossa fé e de todo aquele que absorver por fé o seu sacrifício substitutivo e insubstituível no gólgota (Jo 3.16; Rm 5.2). Veja o artigo completo: https://samuca-borges.blogspot.com/2020/04/jesus-autor-e-consumador-da-fe-crista.html

Efésios 2.8 (Comentário bíblico expositivo Warren W. Wiesbe – 1929-2019 - pastor e escritor, conferencista americano), segundo o Pr Warren:

“No grego, o demonstrativo isto em Ef. 2.8 é neutro; enquanto a fé é substantivo feminino. Logo, isto não pode se referir a fé. Refere-se, antes, à experiência da salvação em sua totalidade, inclusive a fé. A salvação é dádiva, não uma recompensa”.

Fl 1.27; I Tm 1.18-19;6.12 – A Fé dada aos santos (Jd  Vv 3) -  Refere-se ao evangelho proclamado por Jesus e pelos os apóstolos. É a verdade estabelecida e inalterável, comunicada pelo Espírito Santo e incorporada ao NT, que levou à salvação. E por conseguinte ao  serviço.

Jd Vv 3 - Batalhar (gr. Epagonizimai) – Descreve a luta que o crente fiel deve travar na defesa da fé.

Em outras palavras: A fé a que se refere Judas não é a fé individual, confessional para salvação pessoal, na verdade abarcava todo o arcabouço doutrinário da Igreja Cristã em formação debaixo de severas lutas e perseguições (Fp 1.27; I Tm 1.5,18-19;6.12).

II Ts 3.2 – “A fé não é de todos” – O que Paulo quis dizer é que nem todos os homens dariam crédito ao evangelho (Is 53.1), a proposta de redenção mediante o calvário, onde se efetivou pela graça salvadora para os crêem (Jo 3.16; 3.36; Rm 1.16), sejam judeus ou gentios.

Até em Israel, guardiões dos oráculos divinos, povo das promessas, dos concertos, (Rm 9.1-5), houve resistência à proposta divina da redenção (Mt 21.32;At 7.51). E por um tempo rejeitados, na sua incredulidade (Rm 11.11-12,15,25-26). Deus voltará a tratar com Israel, após o arrebatamento da Igreja (Visão pre-tribulacionista).

De acordo com Mt 21.32;Mc 1.14-15; At 11.21;Lc 13.3,5, o arrependimento/conversão e fé são condições imperativas e inseparáveis à salvação. E em verdade, são os rudimentos da doutrina cristã (Hb 6.1). Ou seja, passos iniciais na direção de alcançarmos a estatura do varão perfeito, que é Cristo (Ef 4.13). 

É importante ressaltar que a definição da fé salvífica sem o rompimento total com o pecado, distorce frontalmente o conceito bíblico de redenção, uma vez que ela leva o homem a se relacionar com Deus por Jesus Cristo e passa a frutificar, se autêntica.

Segundo Mt 21.32 – A fé salvífica passa pelo arrependimento, ou seja, pelo chamado de Jesus ao arrependimento em Mc 1.14-15.

Verdade é: A fé redentiva precisa ser exercida por aquele que crê para se apropriar da salvação em Cristo Jesus. E aí reside a responsabilidade do homem com a sua salvação pessoal. E não afeta a soberania de Deus, nem se computa nenhum mérito humano. E, portanto, a fé que leva à salvação, conforme Rm 5.2 é porta de entrada à graça de Deus. E bendito seja o seu nome eternamente!

Subsídios - Pontos gerais sobre a fé:

Gn 12.1-3; Rm 4.3; Gl 3.6-7 – Deus chamou à Abraão (chamada específica) e ele creu. A partir daí, Deus passa a trabalhar com ele o seu Plano Redentivo, e nele seria Bendita todas as nações da terra (Gl 3.8). E tudo isto, diz respeito a justificação pela fé em Cristo (Rm 5.1).

Gl 3.6-7 – A fé foi imputada a Abraão como ato de justiça. Os que são da fé, são filhos de Abraão.

Rm 12.3 - Medidas da fé repartida por Deus no corpo de Cristo, a Igreja.  

Ef 4.1-6 – A unidade da fé no corpo de Cristo.

Rm 14.23 – “...E tudo que não é de fé é pecado”.

Ef 6.16 – O escudo da fé e com ele podemos apagar os dardos inflamados do maligno.

I Tm 5.8 – A fé sem piedade não é consistente.  A fé sem frutos é falsa. Não é autêntica. (Tg 2.14-18).

Rm 5.1 - Fé – Um dos elementos fundamentais na doutrina da justificação. Aliada à graça e ao sangue de Jesus.

I Jo 5.4 – O trunfo da vitória contra o mundo incrédulo é a fé cristã.

Rm 12.1 – O culto racional é expressão intelectual da fé cristã. A fé bíblica não é um saldo no escuro. Há razão em nossa esperança (I Pd 3.15).

At 16.31 – Crê no Senhor Jesus cristo e serás tu e tua casa. O texto realça a fé e a oração intercessória. A oração de um justo pode muito em seus efeitos. Ninguém mais do que Deus interessa e deseja salvar nossos familiares, e se cressem, a todos os homens (I Tm 2.4).

Por Samuel P M Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal RN – Abril 2020 - (revisão setembro 2023).

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Judas Iscariotes, o Filho da Perdição - João 17.12



Teria Judas Iscariotes sido predestinado para ser o traidor do seu mestre por força do que estava escrito (Mt 26.24-25), e guia daqueles que prenderiam a Jesus (At 1.16), no curso final do seu ministério terreno? E levado a julgamento e a condenação na rude cruz?

A profecia não predestinara quem seria o traidor, e nem o isentaria da sua culpa. A profecia revelava o evento futuro, cujo fato viria acontecer no ministério terreno de Jesus. Realça sim! A Presciência Divina.

Nos evangelhos vemos a descrição do mau caráter que era Judas Iscariotes, ao ponto de Jesus o definir como o Filho da Perdição (João 17.12).

João 6.70-71 – Judas, sendo um entre os doze discípulos escolhidos, tristemente, se deixou ser usado pelo diabo.  Estava dentro de uma chamada específica (Lc 6.12-16;João 15.16; At 1.17), comporia mais tarde o colégio apostólico.

A lição maior: Todos temos responsabilidade com a nossa vida cristã, na adoração, no testemunho e serviço diante de Deus. Quem tiver uma chamada pessoal, saiba que envolve maior responsabilidade. A quem mais for dado, mais se cobrará. Judas, mesmo aprendendo aos pés de Jesus, o mestre dos mestres, nada lhe aproveitou.

João 12.4-6 – Judas era um homem de personalidade leviana, e como tesoureiro do grupo (João 13.29, 30), roubava dinheiro da tesouraria dos discípulos. Era um indivíduo falso, enganador e ganancioso.

Judas Iscariotes era um sujeito dissimulado. Diante do anúncio de Jesus de que havia entre eles um traidor, foi tão frio a ponto de dizer: “Porventura sou eu, Rabi?” (Mateus 26.25). E Jesus ratifica: “Tu o disseste”.

Mateus 26.14-16,21 - Judas, o traidor vendeu Jesus aos príncipes dos sacerdotes, a preço de um escravo (Êx 21.32. Zc 11.12), por trinta moedas de prata. E buscava ocasião para o entregar.

Lucas 22.47-48 – Judas ainda teve a frieza de identificar Jesus com o beijo da traição, para aqueles que o foram prender.

A frase dirigida a Judas, por Jesus, no Getsêmani, “amigo há que vieste?” (Mt 26.50), foi o último aceno de misericórdia em seu favor. Porém, ele seguiu o seu coração tomado pelo diabo (Mt 26.24; Lc 22.3-6; Jo 13.2, 26,30).

Mateus 27.1-5 – Judas reconheceu a sua traição após Jesus ser condenado pelo Sinédrio Judaico. O texto em português registra que houve arrependimento, mas sua atitude de ser enforcar revela mais remorso do que arrependimento. Certamente não houve em Judas tristeza segundo Deus, para um arrependimento eficaz (II Co 7.10). 

Em Mateus 27.3 – METAMELOMAI (grego) - Significa mudança de afeição de alguém, pesar, e vem sempre acompanhada com o sentimento de tristeza. É mero remorso e lamentação.

Tamanha foi a gravidade de sua culpa na traição de Jesus que também ficou escrito: “Ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Bom seria para esse homem, não haver nascido” (Mt 26-24b).

Atos 1.18,25 – Assim, terminou Judas Iscariotes, optando pelo galardão da iniquidade, desviando-se, seguiu o caminho tortuoso que escolhera. E, portanto, não foi um jogo de cartas marcadas. 

Efésios 4.27 – Mais tarde Paulo escreveria essa advertência, que serve para todos nós: “Não deis lugar ao diabo”, pelo contrário, também recomenda Tiago 4.7 – “Sujeitai-vos, pois, a Deus: Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”. 

Pb. Samuel P M Borges
Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN – Abril 2020





terça-feira, 14 de abril de 2020

Faraó e o endurecimento do seu coração.


(Êxodo 8.15,32;9.12,35;10.1;11.10) – Neste episódio houve momentos em que Faraó endurecia o coração e noutros Deus endurecia o seu coração, diante da insensatez e devaneio de Faraó, inimigo de Israel. E deste modo, Deus demostrou o seu poder e seu nome foi anunciado em toda terra.

Analisemos o contexto bíblico:


A questão em evidência não é a destruição eterna do Faraó, e sim o livramento do povo de Israel.

A arrogância de Faraó está bem patente nas palavras: Êx 4.2 -“Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel”. Como a história narra, os Faraós, agiam, se consideravam deuses.

No contexto da leitura, em nenhum lugar consta que Faraó já nasceu condenado ao castigo eterno.

Há casos em que Deus endurece o coração humano por causa da contumaz rebeldia, para usar a vara da disciplina. E em que pese a longanimidade de Deus, havendo resistência (At 7.51-53), sejam pessoas ou povos e não correspondem a sua misericórdia, então Deus executa disciplina, ou juízo definitivo - Pv 29.1 – “O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído(ou quebrantado) sem que haja remédio”.

Faraó teve várias oportunidades para considerar a Deus, agindo através de Moisés e Arão, mas persistiu na sua arrogância e recebeu o juízo divino sobre o Egito.

O que realmente Deus levou adiante foi libertar Israel do jugo egípcio e prosseguiu com a sua promessa à posteridade de Abraão, Isaque e Jacó. Nada a haver com eleição ou predestinação.

Finalmente, Israel partiu em direção à terra da promessa, uma vez que os planos de Deus não podem ser impedidos (Is 43.13).

Pb. Samuel P M Borges
Natal RN - Abril 2020.

O Oleiro e o Vaso (Jr 18.1-10; Rm 9.20-24)



Há teólogos baseados na parábola do oleiro e o vaso, querem provar que Deus criou algumas pessoas com destinos decretados para a vida eterna e outros para a perdição eterna. Aliás, é temerário, pautar uma linha doutrinária, tirar conclusões tão sérias a partir de uma parábola, pois envolve alegorias. Um vaso de barro é uma coisa.  Pessoas, são pessoas.

A pergunta fundamental é:  O que Deus visava ensinar a Israel, através do profeta Jeremias, levando-o a casa do oleiro?

No texto não há referência à eleição individual, e sim a nações e reinos, nem referência à perdição eterna da alma, e sim vara de juízo na vida nacional de um povo, ou reino que não atentasse, não servisse aos propósitos divinos, e notadamente, Israel que tinha uma chamada específica, de onde viria a salvação para todas as gentes (João 4.22).

O apóstolo Paulo ao citar estes fatos em Rm 9.20-24, era para demonstrar que Deus não estava sendo injusto em “rejeitar”, naquele momento, a nação judaica, por causa de sua incredulidade, com relação ao advento e revelação do messias, e ao mesmo tempo admitir os gentios, condicionados ao arrependimento e a fé salvífica (Mc 1.14-15).

Abriu-se um parêntese escatológico no Plano da Redenção. E Deus passou a tratar com a Igreja Cristã, que levaria a mensagem da cruz a todas as gentes (Mc 16.15-16; Rm 10.17).

A parábola revela como Deus trabalhava no coletivo, com Israel ou com outra nação, se assim deliberasse fazer. Primeiro o oleiro fabrica um vaso para honra, só depois de se quebrar em suas mãos é que faz outro vaso, como lhe aprouver (Jr 18.4).

Assim sendo, se Deus levantar uma nação e ela não corresponder ao objetivo original, Ele, na condição do oleiro, trará juízo sobre aquela geração (Jr 18.11-15). E o fará por causa da sua impenitência, por resistir aos esforços do oleiro. E o vaso que seria para honra, será dado por perdido por causa da persistência no seu pecado (Jr 18.17).

Naquele momento, na História da Redenção, como Deus estava trabalhando com Israel, dentro de uma chamada específica e soberana, traria juízo não rejeição e destruição total da nação. A eleição de Israel é soberana e irrevogável (Jr 31.35-37; Rm 9.4-5;11.29) e muitas são as promessas de restauração pelos profetas. E pela sua queda veio a salvação aos gentios (Jo 4.22; Rm 11.11-12).

O que quer nos ensinar Pv 16.4? – “O Senhor fez todas coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio para o dia do mal”.

Deus é teleológico para a vida, para o bem. Aqui tudo passará. Aqueles que praticam o mal sofrerão o castigo de Deus (Rm 14.11-12). E Deus não designa ou motiva o ímpio para a iniquidade. De Deus vem boas dádivas (Tg 1.13,17). A iniquidade, a pecaminosidade é própria do coração ímpio (Lm 3.39; Is 55.7).  Deus não deseja que o homem morra no seu pecado, antes sim que ele mude de atitude para vida (Jr 18.23,26-27).

Finalmente, o Apóstolo Paulo em Rm 9.20-24, argumenta sobre a forma como Deus se utiliza de pessoas, na sua própria desobediência, ou em obediência (Gn 37 a 50 – a trajetória de José, debaixo da ação soberana diretiva de Deus para preservar Israel). E trata com pessoas como vasos para honra ou desonra, sem imposições, não as faz vítimas, objetivando realizar os seus propósitos (Gn 45.5, 50.24-25), e nem foram destinados para este fim, mas no curso natural comportamental humano, Deus vai alcançando seus desígnios. Daí um adágio: “O Homem planeja, Deus maneja” (Is 43.13). Obviamente, Deus não se guia pelos erros da vontade humana, mas pelo seu amor (Jo 3.16), pela sua misericórdia (Sl 25. 6,8-10; Rm 11.32), integridade e compaixão (Sl 116.5).


Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal RN – Abril 2020 (Revisão em 27/09/2023).

Deus e o Exercício da sua Misericórdia



Vejamos os pontos que seguem:


Rm 9.15-16 – A verdade central destes versículos é que a iniciativa para exercer misericórdia é de Deus, livre em absoluto, na sua ação de compaixão transbordante sem nenhum merecimento humano, e muitos menos sem nenhuma pressão externa ou interferência de quem quer que seja, e assim age Deus quando exercita a misericórdia pelos os homens caídos e destituídos da sua glória (Rm 3.29), sem discriminação (At 10.34-35; Rm 2.11). No texto ora comentado, não se pode cogitar um grupo para céu e outro para inferno. 

De modo que, sendo Deus Soberano, são livres suas atitudes de misericórdia, como as de juízo, pautadas na sua equidade (Pv 16.2).
Não existe nas suas ações de Graça (Favor Imerecido), bem como nas de Misericórdias (por elas, evita cair sobre nós o que merecemos), nenhum mérito humano (Ef 2.8-9; Lm 3.22).

E pela lei, Deus deixou clara a incapacidade do homem se salvar pelos seus méritos (Rm 3.19-20).

Deus tem prazer em exercer misericórdia (Mq 7.18). É grande a sua misericórdia (Sl 145.8-9; Jn 4.2). Riquíssimo em misericórdia (Ef 2.4).

Êxodo 20.5-6 – Entre exercer correção, juízo divino, proporcionalmente, Deus está mais propenso a exercer a misericórdia.  

A redenção da humanidade foi Deus quem a projetou, e portanto é de cima, não debaixo para cima (Gn 3.15; Jn 2.9b;Lc 3.6). E o plano está em plena execução (Jo 5.17; 14.25-26; 15.8; At 1.8).

A coroação e a abrangência da misericórdia de Deus está no fecho em Rm 11.32, quando se afirma que a todos encerrou debaixo da desobediência para usar de misericórdia, impulsionado pelo seu grande amor e provado (João 3.16; Rm 5.8). E quanto a Cristo foi tamanho amor, que se traduziu em paixão no calvário, provando a morte por todos os homens (Hb 2.9). 

Enfim, importa aos homens se arrependerem (At 17.30-31), sem acepção de pessoas (At 10.34-35; Rm 2.6-11), a sua graça se manifestou salvadora a todos os homens (Tt 2.11), mediante a fé (Mc 16.15-16; Ef 2.8), no cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29).

E portanto, quando Deus pratica a sua misericórdia:

O faz deliberadamente. Não a merecemos. Diz o profeta, as suas misericórdias são a causa de não sermos destruídos/consumidos (Lm 3.22)

A misericórdia é própria de Deus. Os homens, em geral, são sem misericórdia (II Sm 24.14).

O seu caráter é justo, reto e benigno (Is 63.7; Sl 145.9), jamais exercerá misericórdia arbitrariamente, torcendo a sua justiça.

Enfim, está escrito: Tg 4.6b “...Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes”.


Pb. Samuel P M Borges
Natal RN – Abril 2020

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