Desde o fim do século 19, esse
suposto documento tem servido para acusar judeus de formarem uma conspiração
para dominar o mundo
Por Digo Antônio Rodriguez –
Super Interessante – 04 de julho de 2018
Publicado em 01 de setembro de
2016.
1)
1897: PLANEJANDO O DOMÍNIO
O 1º Congresso Sionista
Mundial rolou em Basel (Suíça), com judeus do mundo todo discutindo a
criação de um Estado próprio. O encontro foi convocado pelo jornalista e
ativista Theodor Herzl, um dos pioneiros em defender a existência de um país
para os judeus. Segundo o texto dos Protocolos, o objetivo da reunião
seria mais ambicioso: dominar o mundo.
2)
1905: UMA VEZ PERSEGUIDOS…
Sergei Nilus, místico e
conselheiro do czar russo Nicolau II, publicou O Grande no
Pequeno, citando um documento secreto: Os Protocolos dos Sábios de Sião.
Segundo Nilus, a polícia secreta russa (Okhrana) obteve o material na França,
comprovando a intenção dos judeus de derrubar o czarismo na Rússia. Foi o
início da perseguição de Nicolau aos judeus no país.
3)
1926: FUNDAMENTO DO MAL
Preso durante três anos por
tentativa de golpe de estado, Adolf Hitler escreveu Mein Kampf, manifesto
político e ideológico que serviu de base para a instalação do 3º Reich e do
nazismo na Alemanha. No livro, Hitler usou trechos dos Protocolos para
justificar a caça aos judeus que se deu anos depois e culminou no Holocausto.
4)
1933: DISTRIBUIÇÃO ALEMÃ
Já era prática comum dos
nazistas editar e distribuir cópias dos Protocolos pela Alemanha,
mesmo antes de tomarem o poder. Em 1919, já havia uma edição do texto em solo
germânico. Ao assumirem o governo, passaram a usar o texto sistematicamente
para incitar o ódio aos judeus e justificar sua perseguição a eles.
5)
2005: ATÉ NAS TORRES GÊMEAS
O Ministério da Informação da
Síria autorizou a publicação de uma versão que culpa os judeus pelos atentados
de 11 de setembro de 2001, nos EUA. No mundo árabe, aliás, a publicação
sempre foi popular. Divulgado em 1988, o manifesto do Hamas, grupo político e
militar que governa a Palestina, cita vários trechos dos Protocolos. Síria,
Turquia, Índia e Egito são alguns dos países em que apareceram (e ainda
aparecem) edições “atualizadas” do texto.
6)
1937: PROTOCOLOS BRASILEIROS
Por aqui também houve uma
edição do texto. O responsável pela versão nacional foi Gustavo Barroso, membro
do movimento integralista, versão brasuca do fascismo. Desde a Independência,
setores conservadores nacionais cogitavam conspirações judaicas em eventos
políticos importantes do Brasil. Barroso era um reconhecido antissemita e
admirador do nazismo.
7)
2005: TROCA DA PESADA
Uma edição mexicana dos Protocolos sugere
que o Holocausto, em que 6 milhões de judeus morreram sob o nazismo, teria
sido moeda de troca para que os judeus conseguissem, anos depois, criar o
Estado de Israel. Não há explicações de como e com quem essa negociação
teria sido feita.
EXPLICANDO
A VERDADE
Além de ser falso, o texto
dos Protocolos é plágio
– O “autor” foi Mathieu
Golovinski. Em 1898, o czar Nicolau o chamou para pôr a culpa dos males
econômicos e sociais da Rússia nos judeus. Para isso, adaptou trechos de O
Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu e do romance Biarritz.
– O texto já foi identificado
como ficção. Em 1921, o repórter britânico Philip Graves, do The Times,
desmentiu o livro em uma matéria. Na Suíça, em 1935, um julgamento contra os
nazistas apontou a farsa dos Protocolos.
– Henry Ford, fundador da
Ford, admitiu que O Judeu Internacional (sua versão dos Protocolos,
publicada em capítulos no jornal Dearborn Independent, em 1920) era uma
mentira.
– Como o mito continua forte,
o Holocaust Museum, em Nova York, fez em 2006 uma exposição para denunciar a
farsa dos textos criados por Golovinski.
FONTES Livro O Complô
– A História Secreta dos Protocolos dos Sábios de Sião,
de Will Eisner; sites Holocaust Museum, Britannica, Opera Mundi, adl.com, The
New York Times e BBC News
CONSULTORIA Abraham H. Foxman, diretor da Anti-Defamation League (Liga Antidifamação dos EUA)
CONSULTORIA Abraham H. Foxman, diretor da Anti-Defamation League (Liga Antidifamação dos EUA)
Samuel P M Borges
Natal RN – Abril 2020.
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