Há teólogos baseados na parábola
do oleiro e o vaso, querem provar que Deus criou algumas pessoas com destinos
decretados para a vida eterna e outros para a perdição eterna. Aliás, é
temerário, pautar uma linha doutrinária, tirar conclusões tão sérias a partir
de uma parábola, pois envolve alegorias. Um vaso de barro é uma coisa. Pessoas, são pessoas.
A pergunta fundamental é: O que Deus visava ensinar a Israel, através do
profeta Jeremias, levando-o a casa do oleiro?
No texto não há referência à
eleição individual, e sim a nações e reinos, nem referência à perdição eterna
da alma, e sim vara de juízo na vida nacional de um povo, ou reino que não
atentasse, não servisse aos propósitos divinos, e notadamente, Israel que tinha
uma chamada específica, de onde viria a salvação para todas as gentes (João
4.22).
O apóstolo Paulo ao citar
estes fatos em Rm 9.20-24, era para demonstrar que Deus não estava sendo injusto
em “rejeitar”, naquele momento, a nação judaica, por causa de sua
incredulidade, com relação ao advento e revelação do messias, e ao mesmo tempo
admitir os gentios, condicionados ao arrependimento e a fé salvífica (Mc
1.14-15).
Abriu-se um parêntese escatológico
no Plano da Redenção. E Deus passou a tratar com a Igreja Cristã, que levaria a
mensagem da cruz a todas as gentes (Mc 16.15-16; Rm 10.17).
A parábola revela como Deus
trabalhava no coletivo, com Israel ou com outra nação, se assim deliberasse
fazer. Primeiro o oleiro fabrica um vaso para honra, só depois de se quebrar em
suas mãos é que faz outro vaso, como lhe aprouver (Jr 18.4).
Assim sendo, se Deus levantar
uma nação e ela não corresponder ao objetivo original, Ele, na condição do
oleiro, trará juízo sobre aquela geração (Jr 18.11-15). E o fará por causa da
sua impenitência, por resistir aos esforços do oleiro. E o vaso que seria para
honra, será dado por perdido por causa da persistência no seu pecado (Jr
18.17).
Naquele momento, na História
da Redenção, como Deus estava trabalhando com Israel, dentro de uma chamada
específica e soberana, traria juízo não rejeição e destruição total da nação. A
eleição de Israel é soberana e irrevogável (Jr 31.35-37; Rm 9.4-5;11.29) e
muitas são as promessas de restauração pelos profetas. E pela sua queda veio a
salvação aos gentios (Jo 4.22; Rm 11.11-12).
O que quer nos ensinar Pv
16.4? – “O Senhor fez todas coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio
para o dia do mal”.
Deus é teleológico para a vida, para o bem. Aqui tudo
passará. Aqueles que praticam o mal sofrerão o castigo de Deus (Rm 14.11-12). E
Deus não designa ou motiva o ímpio para a iniquidade. De Deus vem boas dádivas
(Tg 1.13,17). A iniquidade, a pecaminosidade é própria do coração ímpio (Lm
3.39; Is 55.7). Deus não deseja que o
homem morra no seu pecado, antes sim que ele mude de atitude para vida (Jr
18.23,26-27).
Finalmente, o Apóstolo Paulo
em Rm 9.20-24, argumenta sobre a forma como Deus se utiliza de pessoas, na sua
própria desobediência, ou em obediência (Gn 37 a 50 – a trajetória de José,
debaixo da ação soberana diretiva de Deus para preservar Israel). E trata com
pessoas como vasos para honra ou desonra, sem imposições, não as faz vítimas,
objetivando realizar os seus propósitos (Gn 45.5, 50.24-25), e nem foram destinados
para este fim, mas no curso natural comportamental humano, Deus vai alcançando
seus desígnios. Daí um adágio: “O Homem planeja, Deus maneja” (Is 43.13).
Obviamente, Deus não se guia pelos erros da vontade humana, mas pelo seu amor
(Jo 3.16), pela sua misericórdia (Sl 25. 6,8-10; Rm 11.32), integridade e
compaixão (Sl 116.5).
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