Texto Áureo - I Co 11.26 - “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”.
Verdade
Prática - A Ceia do Senhor,
como uma ordenança, celebra a comunhão do crente com o Senhor ressuscitado.
Estudaremos a Ceia do Senhor sob
três perspectivas:
Primeira – Tem
um olhar para trás, quando contemplamos Cristo, o Cordeiro de Deus (Jo 1.29), entregando-se
em sacrifício vicário na cruz, provendo redenção, perdão à humanidade pecadora.
Segunda - É
um olhar para o presente, quando reconhecemos a graça de Deus como meio eficaz
para alcançarmos comunhão com Ele e com os irmãos aos pés do calvário e no
domingo da ressurreição.
Terceira –
Contém um olhar para o futuro, quando mantém a esperança na Segunda Vinda de
Cristo. De modo que a Ceia do Senhor é uma cerimônia que deve ser celebrada com
reverência, júbilo e expectativa.
I. O Cerimonial da Ceia do
Senhor na Tradição Cristã
1. No romanismo - Compreende
de forma literal as expressões ditas por Jesus em referência aos elementos da
Ceia do Senhor: “isto é o meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é [...] meu
sangue” (Lc 22.20).
O ensino da transubstanciação (alteração da substância) -
Segundo esse entendimento, durante o cerimonial os elementos da Ceia se
convertem no corpo e no sangue de Cristo.
2.A consubstanciação na
tradição protestante luterana - Afirmam que o corpo físico
de Jesus está presente no pão da Ceia. Contudo, negam que os elementos da Ceia,
o pão e o vinho, se transformam no corpo e no sangue de Jesus, o Cristo.
3. A posição pentecostal e em
geral dos evangélicos – A exegese do texto é que o pão e o vinho não
se convertem fisicamente no corpo de Jesus, nem está Jesus presente fisicamente
neles.
Assim sendo, o pão e o vinho
simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente
espiritualmente na cerimônia da Santa Ceia (Mt 18.20), e em memória celebramos
a Ceia do Senhor conforme I Co 11.24-25.
Importante entender: A
Ceia do Senhor é para sua Igreja, aos batizados, em comunhão com Deus, através
de Cristo Jesus. Não visa conceder comunhão no ato da celebração via ato
sacramental religioso.
Assim começou a Igreja
Primitiva: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no
partir do pão, e nas orações” (At 2.42).
*Veja mais detalhes abaixo nos
subsídios.
II. O Propósito da Ceia do
Senhor
1. Celebrar a expiação de
Cristo – Aponta para o calvário, a celebração objetiva “anunciar a
morte do Senhor” (I Co 11.26). Como Jesus ressuscitou, na Ceia proclamamos a vitória de
Cristo na cruz:
a) Sobre o pecado, a morte e o
Diabo (Hb 2.14,15).
b) Por intermédio da morte de
Cristo na cruz e sua ressurreição, fomos justificados e reconciliados com Deus
(II Co 5.21).
Rm 4.24-25 – “...cremos
naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o qual por nossos
pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação”.
c) Portanto, na Ceia do Senhor
a Igreja Cristã celebra a sua redenção (Jo 19.30).
Ap 5.9 – “E cantavam um novo
cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque
foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e
língua, e povo, e nação”.
2. Proclamar a segunda vinda
de Cristo - (I Co 11.26). Logo, há um sentido escatológico na
celebração da Ceia do Senhor.
3. Celebrar a comunhão cristã
– A
tônica do apóstolo Paulo em I Co 11.17-34 objetiva ensinar o cerimonial da Ceia
do Senhor, destacando o significado simbólico e espiritual da celebração.
Um detalhe histórico por influência da Páscoa Judaica (Mt 26.21,26; Lc 22.11-13) - Uma das tradições na Igreja Primitiva era a
Festa Ágape, realizada antes da Ceia do Senhor. Todos traziam pratos prontos,
bebidas de suas casas e juntos faziam um grande banquete. Só que a desordem, a
irreverência foi tomando conta dessa ceia comum e coletiva.
A Ceia do Senhor não era um
mero ajuntamento social de religiosos para comilanças e bebedeiras, sem ordem e
decência. E ainda menosprezava quem pouco ou nada tinha para participar da refeição social.
Em resumo: O
propósito da Ceia do Senhor passa pela lembrança da expiação de Cristo, a sua ressureição, nossa
comunhão com Ele e irmãos na fé, apontando para esperança da sua segunda vinda.
III. O Modo de Celebrar a Ceia
do Senhor
1. O que é participar
“indignamente” da celebração da Ceia do Senhor? (I Co 11.27).
O termo português
“indignamente” é a tradução do advérbio grego anaxiós. Indica a maneira ou
modo como se faz ou como participa de algo. Então, o advérbio está relacionado ao modo, a
maneira como os coríntios estavam celebrando a Ceia do Senhor:
a) De maneira desordenada - Quando
não esperavam um pelos outros, havia disputas e se embriagavam (I Co 11.18,21,
33-34).
b) De maneira irreverente - Quando
comiam mais do que os outros, sem senso do sagrado na simbologia da Ceia; e desprezavam
quem nada havia trazido para a ceia comum (I Co 11.22).
2. Uma celebração reverente - Se
em lugar de um advérbio, que indica modo ou maneira, Paulo tivesse usado um
adjetivo, que indica estado, qualidade ou natureza, então ninguém poderia
participar da Ceia, pelo fato de que ninguém é digno (I Co 11.27). Como explicitado,
não é esse o caso. Somente pela graça de Deus, podemos celebrar e participar da
Mesa do Senhor.
3.Uma celebração de salvos em
Cristo - Se a simples maneira irreverente de celebrar a Ceia atrai o
juízo divino (I Co 11.27), o que dizer então de quem participa com pecados não
confessados? Pecado não confessado atrai o juízo divino (Rm 6.23; I Co
15.56-57).
O Autojulgamento – Examine-se
debaixo da Graça de Deus (I Co 11.28)
O cristão ao participar da
Ceia do Senhor, faz-se necessário ter consciência do significado da sua
simbologia, discernindo o corpo do Senhor, trazendo a memória o valor do sacrifício
de Jesus no calvário. Senão, traz condenação sobre ele (I Co 11.27-29). A Ceia
do Senhor não é uma simples refeição coletiva.
I João 1.6-7 – “Se dissermos
que temos comunhão com ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a
verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com
os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.
E em sendo Igreja, quando
necessário, somos disciplinados pelo Senhor para não sermos condenados com o
mundo (I Co 11.31-32).
4. Uma Celebração Festiva - A Ceia do Senhor
celebra a morte e ressurreição de Jesus e não o seu funeral (I Co 15.1-4). Como
disse Jó: “Eu sei que o meu redentor vive”. Deve, portanto, ser uma celebração
reverente, na pureza (I Co 5.7-8), jubilosa e que expressa a morte tragada na vitória
(I Co 15.54).
Alguém disse - A cruz de Cristo é o grito de
Deus para a humanidade debaixo de pecados: Você não pode salvar a si mesma.
Conclusão
1. A Ceia do Senhor não é um
sacramento, que de forma mágica concede graça aos que dela participam nem
tampouco uma vacina para dar comunhão a quem não a tem com Deus.
2.A Ceia do Senhor é uma
ordenança bíblica (Lc 22.19,20) para quem está reconciliado com Deus e nela
celebramos a nossa redenção no Cristo ressuscitado, até que Ele venha (I Co 11.26).
3. A celebração da Ceia do
Senhor dever ordeira, reverente e jubilosa, compreendo a sua simbologia e para
dela participarmos somos dignos, mediante a graça de Deus.
4.Portanto, trata-se de um ato
memorial que não pode ser celebrado de qualquer jeito, nem tampouco por quem
vive deliberadamente em pecado (I Co 11.27-29; I Jo 1.6-7).
*Subsídios:
a) O pão e o vinho, como
elementos figurativos na Ceia do Senhor, não comportam adoração como se fossem
o próprio Cristo.
b) É antibíblico afirmar que a
celebração da Ceia do Senhor (eucaristia), seja uma repetição do sacrifício de
Jesus na cruz.
O sacrifício de Jesus no
calvário foi completo, feito uma vez, havendo oferecido um único sacrifício
pelos pecados, não precisa ser repetido (Hebreus 10.10-12). Está consumado o
plano da redenção para todo o que crê (João 19.30).
Quando Jesus disse em João
6.53-56, para comer da sua carne e beber do seu sangue, para termos vida eterna
e permanecermos nele e ele em nós, os judeus ficaram confusos porque entenderam
ao pé da letra (João 6.52). Contudo, Jesus, no contexto do discurso, transmitia
verdades espirituais por metáforas.
a) Em João 6.35,48 declara “Eu
sou o pão da vida”. Pão que mataria a fome de quem vem a Ele. E a sede de quem
nele cresse. Claro, fome e sede espirituais saciadas, mediante a fé.
b) Em João 6.51 – Jesus faz
menção a sua carne, o seu corpo que daria pela vida do mundo (a humanidade) na
cruz.
c) De modo que quem se alimenta do “pão da vida” viverá por
Ele (Jo 6.57).
d) Assim sendo, comer da sua
carne e beber do seu sangue, significa absorver por fé o seu sacrifício na cruz
em nosso lugar, na condição de Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo,
onde temos promessa de vida eterna (Jo 6.67-69;3.16).
Fonte: Lição 10 - EBD/CPAD - 1º trimestre de 2024.
Bacharel em Direito e
Teologia.
Natal/RN, 10/03/2024.
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