Êxodo 12.1-14 – A Páscoa é uma
festa judaica, instituída por Deus, na noite da saída do povo hebreu do Egito. Por
volta de 1.446 a.C. e celebra a libertação da escravidão egípcia.
Um cordeiro ou cabrito, sem
mácula, um macho de ano, deveria ser sacrificado, assado e comido em família,
com pães asmos e ervas amargosas. E partir de então, uma celebração, em memória
do êxodo, por estatuto perpétuo para nação de Israel.
O sangue do cordeiro pascoal era
para ser espargido nos umbrais das portas dos hebreus, para servir de sinal de
livramento da praga dos primogênitos que viria sobre os egípcios, na noite da
partida do êxodo (hb. saída).
O termo Páscoa (do hebraico
pesah) significa passagem, pular além da marca, passar por cima.
O cordeiro pascoal apontava
para o sacrifício de Jesus, que um dia se cumpriria, tal qual como aconteceu em
Jerusalém, por volta do ano 33 d.C.
Quando Jesus foi ao Rio Jordão
para ser batizado por João Batista, Deus lhe revelou quem era Jesus e ele
gritou: Eis (atenção!), o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo
1.29).
Jesus, na noite em que foi
traído, preso, julgado e condenado pelo Sinédrio, celebrou a última Páscoa com
seus discípulos, quando também instituiu a Ceia do Senhor, apresentando os dois
elementos, o pão e o vinho, figuras do seu corpo e sangue, apontando para o seu
sacrifício na cruz (execução pelos romanos), em prol de toda a humanidade.
Os registros da última Páscoa
de Jesus com os discípulos estão narrados nos evangelhos como seguem: Mt
26.17-30; Mc 14.12-26; Lc 22.7-23.
Naquela cerimônia, Ele também
estabeleceu o Novo Testamento, a Nova Aliança, pelo seu sangue, derramado por
muitos, para remissão (perdão) dos pecados (Mt 26.26-28).
Jesus foi crucificado e
ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras. Eis porque não é vã a
pregação do evangelho de Jesus. Ele matou, venceu a morte. Tinha o poder de dar
a sua vida e tornar a tomá-la (Jo 10.17-18).
Mateus 28.5-6 – “Mas o anjo,
respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a
Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como
tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor jazia”.
O apóstolo Paulo, recebeu instruções
reveladas pelo próprio Cristo a respeito da Ceia do Senhor e deixou registradas
em I Co 11.23-32. Uma celebração memorial para Igreja Cristã até a volta do
Senhor Jesus (I Co 11.24-26).
Observamos, portanto, que a
festa da Páscoa judaica nada tem a ver com coelhos e ovos de chocolates. Foram
invenções por interesses comerciais introduzidas ao longo dos anos no feriado
religioso da Cristandade. Para o Cristianismo, a Páscoa só é útil na sua
simbologia e foi cumprida em Jesus.
Por isso o apóstolo Paulo escreveu:
“...Cristo, a nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (I Co 5.7b).
O Cerimonial da Ceia do Senhor
na Tradição Cristã
1. No romanismo -
Compreende de forma literal as expressões ditas por Jesus em referência aos
elementos da Ceia do Senhor: “isto é o meu corpo” (Lc 22.19); “Este cálice é
[...] meu sangue” (Lc 22.20).
O ensino da transubstanciação
(alteração da substância) - Segundo esse entendimento, durante o cerimonial
os elementos da Ceia, o pão e vinho, se convertem no corpo e no sangue de
Cristo.
2.A consubstanciação na
tradição protestante luterana - Afirmam que o corpo físico
de Jesus está presente no pão da Ceia. Contudo, negam que os elementos da Ceia
se transformam no corpo e no sangue de Jesus, o Cristo.
3.A posição pentecostal e em
geral dos evangélicos – A exegese do texto é que o pão e o vinho não
se convertem fisicamente no corpo de Jesus, nem está Jesus presente fisicamente
neles.
Assim sendo, o pão e o vinho
simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente
espiritualmente na cerimônia da Ceia (Mt 18.20), e em memória celebramos a Ordenança
da Ceia do Senhor, conforme I Co 11.24-25:
“E, tendo dado graças, o
partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei
isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice,
dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as
vezes que beberdes, em memória de mim”.
Um detalhe histórico por
influência da Páscoa Judaica (Mt 26.21,26; Lc 22.11-13; I Co 11.25 - “depois de
cear”) - Uma das tradições na Igreja Primitiva era a Festa Ágape,
realizada antes da Ceia do Senhor. Todos traziam pratos prontos, bebidas de
suas casas e juntos faziam um grande banquete. Só que a desordem, a
irreverência foi tomando conta dessa refeição comum e coletiva, afetando aspectos
solenes da Ceia do Senhor, que de costume, era realizada logo após.
A tônica do apóstolo Paulo em
I Co 11.17-34, tinha o objetivo de instruir/doutrinar sobre o Cerimonial da
Ceia do Senhor, destacando o significado simbólico e espiritual da celebração,
com a devida reverência e ordem.
O pão e o vinho, como
elementos figurativos na Ceia do Senhor, não comportam adoração como se fossem
Jesus.
É antibíblico afirmar que a
celebração da Ceia do Senhor (eucaristia – boa presença), seja uma repetição do
sacrifício de Jesus na cruz.
O sacrifício de Jesus no
calvário foi completo, perfeito, feito uma vez, havendo oferecido um único
sacrifício pelos pecados da humanidade, não precisa ser repetido (Hebreus 10.10-12).
Foi e está consumado o plano da redenção para todo o que crê (João 19.30).
A Ceia do Senhor é uma Ordenança
instituída por Jesus - Um memorial, para os salvos em Cristo, aos
batizados na forma trinitária, por imersão e esteja em comunhão com Deus. Não
é um sacramento.
A palavra sacramento, do
latim sacramenntum, significando um sinal sagrado capaz de conferir graça
àquele que dele participa. Nesse sentido, Agostinho (354-430 d.C.), bispo de
Hipona, introduziu esse desvio na Igreja em relação ao Batismo como sacramento,
um rito que transmite graça espiritual independentemente da fé de quem o
pratica.
E por conseguinte, na Cristandade, se estendeu ao rito da eucaristia, também
como um sacramento.
Quando Jesus disse em João
6.53-56, para comer da sua carne e beber do seu sangue, para termos vida eterna
e permanecermos nele e ele em nós, os judeus ficaram confusos porque entenderam
ao pé da letra (João 6.52). Jesus, no contexto do discurso, transmitia verdades
espirituais por metáforas.
1.Em João 6.35,48 declara “Eu
sou o pão da vida”. Pão que mataria a fome de quem vem a Ele. E a sede de quem
nele cresse. Claro, fome e sede espirituais saciadas, mediante a fé.
2.Em João 6.51 – Jesus faz
menção a sua carne, o seu corpo que daria pela vida do mundo (a humanidade) na
cruz.
3.De modo que quem se alimenta do “pão da vida” viverá por
Ele (Jo 6.57).
4.Assim sendo, comer da sua
carne e beber do seu sangue, significa absorver por fé o seu sacrifício na cruz
em nosso lugar, na condição de Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, e
nele temos promessa de vida eterna (Jo 6.67-69;3.16).
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 26/03/2024.
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