De uma coisa tenho certeza:
dos impulsos que me assaltam, uns são do Espírito, outros são da carne. De
outra coisa também tenho certeza: não sou o único a ter impulsos saudáveis e
impulsos maquiavélicos. Tanto os bons como os maus têm uns e outros. A possível
diferença é que os bons costumam filtrar os impulsos bons e os maus costumam
filtrar os impulsos maus.
Para ficar por dentro do que
é impulso, busquei os sinônimos do verbo impulsar: animar, atiçar, empurrar,
estimular, impelir, incitar, instigar, mobilizar. Não satisfeito, catei as
palavras cognatas: impulsar, impulsionar, impulsionador, impulsionante,
impulsão, impulsividade, impulsivo, impulso, impulsor. Por saber da relação da
psicologia com os impulsos, consultei o Dicionário de Psicologia Dorsch e
encontrei as seguintes expressões: deficiência de impulso, impulso final,
medição de impulso, impulso sexual, impulsos primários, impulsos secundários.
Achei melhor encarar o
problema de maneira mais simples e mais prática.
A história de Sansão
veio a calhar, pois a Bíblia diz que foi em certo lugar que “o Espírito do
Senhor começou a impelir Sansão” (Jz 13.25). Em outras versões, diz-se que o
Espírito começou a movimentá-lo, começou a agir nele, passou a incitá-lo. Em
outra passagem, leio que Deus estava atiçando, ou suscitando, ou mobilizando os
babilônios para irem à guerra contra Israel (Hc 1.6). E entendi melhor o que é
impulso.
O impulso é aquilo que vem
de fora para dentro. É aquela ideia, aquela vontade, aquele ímpeto, aquela
disposição, aquela força que pode mover e fazer alguma coisa grande ou pequena,
notável ou trivial, certa ou errada, gratificante ou prejudicial, elogiosa ou
censurável.
Esse reconhecimento puro e
simples me levou a ter cautela com o impulso. É por isso que, de hoje em
diante, com a ajuda de Deus, faço três solenes promessas:
1) filtrar todos os
meus impulsos;
2) pôr de lado corajosamente os impulsos contrários à fé e à
ética cristã;
3) abrigar, ou acolher, ou hospedar os demais impulsos.
Não quero ser ingênuo. Sei
que o ser humano tanto pode ser impulsionado pelo Espírito como por sua
natureza pecaminosa, e também pela mídia, pela cultura, pelo marketing, por
familiares e amigos e pelas inegáveis potestades do ar. Para concluir, devo dar
asas aos impulsos que procedem do Espírito e me proteger dos impulsos
contrários, que procedem de outra fonte. Isso significa andar no Espírito e não
na carne, como ordena Paulo (Gl 5.16).
De hoje em diante, com a
ajuda de Deus, vou me dar o trabalho de negar-me a mim mesmo quando o impulso
vier de má fonte e abrir-me a mim mesmo quando o impulso vier de boa fonte.
Tenho a obrigação de agir assim porque considero-me discípulo de Jesus (Mc
8.34).
Fonte: Revista Ultimato
março-abril 2013
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