No momento estamos todos
embriagados. Quem dera fosse pelo Espírito, mas certamente não o é.
Estamos perigosamente
embriagados pela carne. Embriagados pela competição que nem mais consegue ser
velada. Estamos embriagados pela busca por nome, fama, poder, primeiro lugar,
glória. Só pensamos em conquistas grandiosas: um país protestante (não
necessariamente cristão), um presidente protestante (não necessariamente ficha
limpa), uma igreja cada vez maior do que a outra (não necessariamente santa),
um templo cada vez mais amplo e suntuoso (não necessariamente livre dos
célebres vendilhões do tempo de Jesus).
Não falamos em pecado. Não
falamos em arrependimento. Não falamos em conversão. Não falamos em caminho
apertado. Não falamos do “negue-se a si mesmo” de Jesus. Não falamos em
santidade. Não falamos da glória por vir.
Só falamos de gente, de
multidões, de números. Só falamos de autoajuda, de dinheiro, de cura, de
sucesso financeiro, de bens móveis e imóveis, de milagres. Só falamos do
presente. Só falamos dos cantores “gospel” e de eventos retumbantes.
Apresentamo-nos como bispos,
apóstolos, patriarcas e papas. Fazemos questão de dizer que somos ao mesmo
tempo doutor em teologia, em ciências da religião, em divindade e em filosofia.
Esbanjamos títulos e nomes. Estamos todos, de fato, embriagados!
Só nos preocupamos com o crescimento
de igrejas. É o assunto do momento. Criamos métodos, estratégias, alvos. Muitos
deles importados do mundo secular, das empresas bem-sucedidas, dos
especialistas em “marketing”. Usamos roupas de grife, somos artificiais nos
gestos e na entonação da voz. Impressionamos os auditórios, chamamos a atenção
para nós e embriagamos também o público. Aceitamos as palmas e pedimos bis.
Essa embriaguez nos tornou secularizados. Outrora saímos das trevas e viemos
para a luz. Agora estamos saindo da luz e voltando para as trevas.
Essa embriaguez de líderes e
de liderados está provocando o que hoje se vê claramente: comparações,
competições, rivalidades, divisões, mudanças litúrgicas, descontentamento,
escândalos, descrença e apostasia. Em nenhum outro tempo houve uma
multiplicação tão grande e tão rápida de denominações. Em nenhum outro tempo
aconteceu um entra-e-sai de uma igreja para outra tão acentuado como agora. Em
nenhum outro tempo o rol dos sem-religião aumentou tanto.
Essas são algumas
consequências a médio e longo prazo da nossa embriaguez, da qual muitos ainda
não têm consciência.
Usamos a palavra “todos”
neste texto de forma retórica. Ainda há muitas pessoas cuidadosas, tanto entre
pastores e líderes como entre cristãos comuns. O trigo nunca desaparece. Mesmo
naquelas ocasiões em que o joio é maior do que ele.
Se houver uma corajosa
reviravolta da soberba mundana para a humildade cristã, a história atual da
igreja poderá ser revertida. Afinal, há cura para a embriaguez! O primeiro
passo dos alcoólicos anônimos é admitir que são impotentes para reverter
sozinhos qualquer problema de conduta. Daí a necessidade de pedir socorro ao
poderoso e amoroso Deus!
Fonte: Revista Ultimato
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