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sexta-feira, 28 de março de 2014
terça-feira, 25 de março de 2014
O Espírito de Deus pairava sobre as águas – Gn 1.2b
Marina Silva
Dia 22 de março é o Dia
Mundial da Água. Essa data foi definida na Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento e Ambiente, que conhecemos mais como Rio 92. A água é um bem
muito importante, cujo uso pode causar impactos sobre a saúde, a produção de
alimentos, a indústria, a produção de energia e abastecimento doméstico.
De toda a água existente
no planeta, a água doce representa 2,5% do total. Desses 2,5%, 70% estão em
forma de gelo na Antártida e no Ártico. Os lagos e rios representam 0,3% do
total de água doce da terra.
A humanidade usa essa água
doce distribuindo 70% para rega, 22% para produção industrial e 8% para uso
doméstico.
No Brasil, temos 20% de
toda a água potável disponível no planeta localizada na Amazônia, e 45% da água
subterrânea do país também estão nessa região, conforme dados do IBGE. Essa
mesma região vem sendo desmatada, invadida e depredada sem preocupações com a
manutenção do bioma, sem pensar no que um apagão de fornecimento de água para
todo o país pode significar.
Para além desses aspectos
práticos, os cristãos têm muitas razões mais para se preocuparem com a água. Os
belíssimos versículos iniciais de nosso livro sagrado retratam a água como a
superfície sobre a qual pairava o Espírito de Deus, antes da criação do firmamento.
A água como elemento e como metáfora aparece em 312 versículos da Bíblia.
A ventura, o deleite e a
plenitude da vinda do Senhor são simbolizados por um rio de águas vivas
correndo de Jerusalém (Zc 14.8). Na visão que João tem do céu, o trono de Deus é
a fonte original do rio da água da vida (Ap 22.1-2). A ventura da fé em Cristo
está metaforizada como sendo um rio que flui do interior do crente (Jo 7.38). A
cristandade usa a água como elemento de passagem entre a morte e o renascimento
pelo batismo.
No entanto, temos
transformado os rios de águas vivas em rios de águas mortas e produtoras de
morte para as espécies que os habitam. Temos conseguido fazer com que a bênção
da chuva vire chuva ácida sobre a terra, lagos e rios. O lixo amontoado em
aterros produz chorume, que se infiltra nas águas subterrâneas, envenenando-as.
A falta de saneamento básico, por falta de prioridade nas políticas públicas,
faz com que o esgoto de indústrias e domicílios seja despejado em rios, lagos e
oceanos. O lixo das praias tem contaminado oceanos e matado espécies marinhas e
aves aquáticas, que engolem pequenos artefatos de plásticos. E os agrotóxicos,
dos quais nosso país é um dos principais consumidores mundiais, também são
levados pela chuva para os cursos d’água.
Uma vez que entendemos que só temos 2,5% da água do planeta para beber, que a água é um bem deixado por Deus para tantos usos, e que podemos desertificar várias regiões do mundo pelo desmatamento predatório e egoísta, e destruir não só a vegetação, mas também o solo, e inviabilizar essas regiões para a vida, qual deve ser a atitude cristã com relação à água?
Temos feito pouco como povo de Deus. Ainda nos falta muito para sermos verdadeiros cuidadores do planeta. O jornal “O Globo” publicou, em novembro de 2011, um estudo do centro de pesquisas americano Pew que informa serem os cristãos dois bilhões e quatorze milhões de pessoas, um terço da humanidade. Essa força social precisa se colocar como agente do princípio bíblico de cultivar e guardar os recursos que Deus tão amorosamente nos confiou. Só assim espalharemos por toda a Terra a face do nosso criador.
• Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC.
Fonte: Revista Ultimato
março-abril 2014.
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