Como a Igreja Instituição, cristãos e religiosos tem se comportado a esse respeito? Há algumas nuances sobre o tema.
No passado mais distante, no
século XVI, o romanismo causou turbulências na Fé Cristã, com vendas das
indulgências, em vários níveis, negociando o perdão de Deus aos fiéis, no
intuito de arrecadar recursos para conclusão da Basílica de São Pedro, em Roma,
contrariando frontalmente as Escrituras. E como sabemos foi o gatilho principal
que desencadeou a Reforma Protestante, tendo como data histórica 31 de
outubro de 1517, dia em que o monge agostiniano Martinho Lutero pregou na
porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses, em discordância ao que
estava acontecendo. Errada é a conclusão genérica de que os fins justificam os
meios.
Como se deu na América do
Norte e mais recente, no final dos anos de 1970, no Brasil passou a se ensinar
uma doutrina distorcida, principalmente no meio neopentecostal. E se chama
Teologia da Prosperidade, ou a Ideologia da Prosperidade, para alguns.
É oportuno frisar que nas Escrituras
encontramos ensino equilibrado e sadio sobre a prosperidade do cristão, sem o
levar a ser refém do materialismo.
Para liderança eclesiástica, a
Bíblia também traz recomendações fundamentais no que diz respeito ao material, finanças
e sua gestão.
Lc 10.7; I Tm 5.18 – “...digno
é o obreiro do seu salário”.
I Tm 6.7 – Na visão paulina: “Porque
nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele”. É
ilusão se apegar a coisas materiais.
I Tm 3.3 – O vocacionado ao
pastoreio – “...não pode ser cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não
contencioso, não avarento”.
Hb 13.14 – Aos líderes e
liderados comporta viver numa perspectiva celestial – “Porque não temos aqui
cidade permanente, mas buscamos a futura”. Não significa dizer viver uma fé
futurista.
Hb 13.17-18 – Das ovelhas
espera-se uma obediência alegre a sua liderança; enquanto esta deve ter cuidado
zeloso com as ovelhas, boa consciência e em tudo se portar honestamente.
I Pd 5.2-3 – A liderança do
pastoreio é bíblica e legítima, observando a voluntariedade, sem torpe ganância
e prontidão em servir. Jamais poderá ser exercida com imposição ou com domínio
sobre rebanho de Deus.
Então, o que a Bíblia ensina
em torno da fé, o ato de contribuir, o ganhar e o fazer uso do dinheiro e bens
materiais?
Considerando o princípio áureo
ensinado por Jesus em Mateus 6.33 – “Mas busquem em primeiro lugar o Reino de
Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas”, seguem
alguns pontos:
1. A prosperidade do justo é
comparada a árvore plantada junto às margens de um rio.
Salmos 1.3 – “Pois será como a
árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação
própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará”.
2. A bênção da prosperidade
justa vem de Deus. Ele é digno da honra do provedor e Senhor.
Provérbios 10.22 – “A bênção
do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores”.
Provérbios 3.9-10 - “Honre o
Senhor com os seus bens e com as primícias de toda a sua renda; e os seus
celeiros ficarão completamente cheios, e os seus lagares transbordarão de vinho”.
3. No desfecho do episódio do
jovem rico, Pedro no seu ímpeto disse para Jesus, “Eis que nós tudo deixamos e
te seguimos” (Mc 10.28). Parafraseio: O que vamos ganhar com esse ato de fé?
Marcos 10.29,30 - “E Jesus,
respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa,
ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por
amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo,
em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e,
no século futuro, a vida eterna”.
Nota: Deus
não é prioridade na vida humana. Ele deve ser o número um. E como ser cristão
envolve esforço humano e batalha espiritual, haverá perseguições humanas e
espirituais.
4. Confiar no que possui, nas
riquezas, é empecilho, uma barreira à salvação, à vida eterna.
Marcos 10.23-25 – “Então,
Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão
no Reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas suas
palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para
os que confiam nas riquezas, entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus”.
5. Como contribuir com o Reino
de Deus? São princípios bíblicos que demonstram o dever-cuidado do cristão com
a Causa Cristo neste mundo.
A contribuição é individual:
“...Cada um contribua...” (II Co 9.7);
A contribuição é voluntária:
“...segundo propôs em seu coração...” (II Co 9.7);
A contribuição envolve o
sentimento: “... dá com alegria...” (II Co 9.7);
A contribuição é contínua: “No
primeiro dia da semana...” (I Co 16.2);
A contribuição é de acordo com
a prosperidade: “...conforme a sua prosperidade...” (I Co
16.2);
O investimento material
resulta em bênçãos espirituais (I Co 9.11; Rm 15.27).
6. Quem ama ao dinheiro nunca
se fartará dele.
Eclesiastes 5.10 - “Quem ama o
dinheiro jamais se fartará de dinheiro; e quem ama a abundância nunca ficará
satisfeito com o que ganha. Também isto é vaidade”.
7. Jesus usa uma hipérbole
para demonstrar que verdadeiramente, os que quem têm uma relação filial com Deus,
por Ele são cuidados, estarão debaixo de sua providência. E acentuo: Há
diferença entre criaturas e filhos de Deus.
Lucas 12.7 – “E até os cabelos
da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que
muitos passarinhos”.
8. A avareza é o apego excessivo ao dinheiro, às
riquezas. É a sede insaciável de possuir mais. A palavra de Deus recomenda
guardar-se dela. E a vida consistente não é ter dinheiro ou bens em grande
quantidade.
Lucas 12.15 – “E disse-lhes:
Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste
na abundância do que possui”.
9.O valor de uma alma vale
mais do que todo esse mundo material.
Mateus 16.26 - “Pois que
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o
homem em recompensa da sua alma?”.
10. O amor ao dinheiro é uma
das causas das desgraças neste mundo.
I Timóteo 6.10 - “Porque o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se
desviaram da fé e atormentaram a si mesmos com muitas dores”.
E assim sendo, cada um exerça
a sua fé em Deus e na Causa do Evangelho, com consciência livre, sem amarras
religiosas. Certo é: A Igreja Cristã não recebe recurso de nenhuma outra
instituição, e sim de cada cristão comprometido com o Reino de Deus na Terra. De
Deus primeiro recebemos, e no segundo momento, dizimamos, ofertamos com alegria. Toda boa
dádiva dele vem. Amém!
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 19/12/2023.
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