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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

O que a Bíblia ensina sobre o dinheiro e bens materiais?

 

Como a Igreja Instituição, cristãos e religiosos tem se comportado a esse respeito? Há algumas nuances sobre o tema.

No passado mais distante, no século XVI, o romanismo causou turbulências na Fé Cristã, com vendas das indulgências, em vários níveis, negociando o perdão de Deus aos fiéis, no intuito de arrecadar recursos para conclusão da Basílica de São Pedro, em Roma, contrariando frontalmente as Escrituras. E como sabemos foi o gatilho principal que desencadeou a Reforma Protestante, tendo como data histórica 31 de outubro de 1517, dia em que o monge agostiniano Martinho Lutero pregou na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, as 95 teses, em discordância ao que estava acontecendo. Errada é a conclusão genérica de que os fins justificam os meios.

Como se deu na América do Norte e mais recente, no final dos anos de 1970, no Brasil passou a se ensinar uma doutrina distorcida, principalmente no meio neopentecostal. E se chama Teologia da Prosperidade, ou a Ideologia da Prosperidade, para alguns.  

É oportuno frisar que nas Escrituras encontramos ensino equilibrado e sadio sobre a prosperidade do cristão, sem o levar a ser refém do materialismo.

Para liderança eclesiástica, a Bíblia também traz recomendações fundamentais no que diz respeito ao material, finanças e sua gestão.

Lc 10.7; I Tm 5.18 – “...digno é o obreiro do seu salário”.

I Tm 6.7 – Na visão paulina: “Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele”. É ilusão se apegar a coisas materiais.

I Tm 3.3 – O vocacionado ao pastoreio – “...não pode ser cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento”.

Hb 13.14 – Aos líderes e liderados comporta viver numa perspectiva celestial – “Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura”. Não significa dizer viver uma fé futurista.

Hb 13.17-18 – Das ovelhas espera-se uma obediência alegre a sua liderança; enquanto esta deve ter cuidado zeloso com as ovelhas, boa consciência e em tudo se portar honestamente.

I Pd 5.2-3 – A liderança do pastoreio é bíblica e legítima, observando a voluntariedade, sem torpe ganância e prontidão em servir. Jamais poderá ser exercida com imposição ou com domínio sobre rebanho de Deus.

Então, o que a Bíblia ensina em torno da fé, o ato de contribuir, o ganhar e o fazer uso do dinheiro e bens materiais?  

Considerando o princípio áureo ensinado por Jesus em Mateus 6.33 – “Mas busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas”, seguem alguns pontos:

1. A prosperidade do justo é comparada a árvore plantada junto às margens de um rio.

Salmos 1.3 – “Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará”.

2. A bênção da prosperidade justa vem de Deus. Ele é digno da honra do provedor e Senhor.

Provérbios 10.22 – “A bênção do Senhor é que enriquece, e ele não acrescenta dores”. 

Provérbios 3.9-10 - “Honre o Senhor com os seus bens e com as primícias de toda a sua renda; e os seus celeiros ficarão completamente cheios, e os seus lagares transbordarão de vinho”.

3. No desfecho do episódio do jovem rico, Pedro no seu ímpeto disse para Jesus, “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos” (Mc 10.28). Parafraseio: O que vamos ganhar com esse ato de fé?

Marcos 10.29,30 - “E Jesus, respondendo, disse: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições, e, no século futuro, a vida eterna”.

Nota: Deus não é prioridade na vida humana. Ele deve ser o número um. E como ser cristão envolve esforço humano e batalha espiritual, haverá perseguições humanas e espirituais.

4. Confiar no que possui, nas riquezas, é empecilho, uma barreira à salvação, à vida eterna.

Marcos 10.23-25 – “Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas! E os discípulos se admiraram destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no Reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus”.

5. Como contribuir com o Reino de Deus? São princípios bíblicos que demonstram o dever-cuidado do cristão com a Causa Cristo neste mundo.

A contribuição é individual: “...Cada um contribua...” (II Co 9.7);

A contribuição é voluntária: “...segundo propôs em seu coração...” (II Co 9.7);

A contribuição envolve o sentimento: “... dá com alegria...” (II Co 9.7);

A contribuição é contínua: “No primeiro dia da semana...” (I Co 16.2);

A contribuição é de acordo com a prosperidade: “...conforme a sua prosperidade...” (I Co 16.2);

O investimento material resulta em bênçãos espirituais (I Co 9.11; Rm 15.27).

6. Quem ama ao dinheiro nunca se fartará dele.

Eclesiastes 5.10 - “Quem ama o dinheiro jamais se fartará de dinheiro; e quem ama a abundância nunca ficará satisfeito com o que ganha. Também isto é vaidade”. 

7. Jesus usa uma hipérbole para demonstrar que verdadeiramente, os que quem têm uma relação filial com Deus, por Ele são cuidados, estarão debaixo de sua providência. E acentuo: Há diferença entre criaturas e filhos de Deus.

Lucas 12.7 – “E até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos”.

8.  A avareza é o apego excessivo ao dinheiro, às riquezas. É a sede insaciável de possuir mais. A palavra de Deus recomenda guardar-se dela. E a vida consistente não é ter dinheiro ou bens em grande quantidade.

Lucas 12.15 – “E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”.

9.O valor de uma alma vale mais do que todo esse mundo material.

Mateus 16.26 - “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?”.

10. O amor ao dinheiro é uma das causas das desgraças neste mundo.

I Timóteo 6.10 - “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e atormentaram a si mesmos com muitas dores”.

E assim sendo, cada um exerça a sua fé em Deus e na Causa do Evangelho, com consciência livre, sem amarras religiosas. Certo é: A Igreja Cristã não recebe recurso de nenhuma outra instituição, e sim de cada cristão comprometido com o Reino de Deus na Terra. De Deus primeiro recebemos, e no segundo momento, dizimamos, ofertamos com alegria. Toda boa dádiva dele vem. Amém!

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN, 19/12/2023.

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