É a forma de preconceito com viés de ódio contra povos semitas*, principalmente os judeus, e foi manifestado por diversas vezes no decorrer da História.
*Descendentes de Sem, filho de
Noé
– Gerou cinco filhos: Elão (elamitas), Assur (assírios), Arfaxade (caldeus/babilônicos,
Joctã), Lude (lídios) e Arã (sírios).
Arfaxade – Progenitor de Abrão
(pai dos hebreus), oitava geração anterior. De Joctã, vieram 13 tribos que
habitaram a península arábica (os árabes).
O antissemitismo no meio
cristão – É um paradoxo, completamente contrária à fé cristã. Antissemitismo
está para o ódio, assim como o cristianismo para o amor. São opostos. E
infelizmente, quando olhamos para a história este pecado está arraigado na cristandade,
não propriamente no Cristianismo.
A Teologia da Substituição – Do romanismo ao protestantismo - Com o casamento da Igreja com o Estado (311 d.C.), líderes da Igreja Gentílica se dedicaram ao estudo da filosofia grega e das concepções antissemitas. Em menos de um século depois da morte dos apóstolos, líderes importantes da Igreja conceberam a ideia de que Deus rejeitara permanentemente Israel e o substituíra pela Igreja porque a nação de Israel rejeitou a Jesus. Dessa forma, a Igreja passou a ser o “Israel de Deus”. E pode ser assim chamada em sentido espiritual, o corpo místico de Cristo, composto de judeus e gentios. Todavia, a Igreja Cristã não toma o lugar de Israel no Plano Divino através dos séculos.
Na Teologia da Substituição prega-se que Israel é passado, morto e sepultado. E o é nos tipos e figuras
cumpridas em Cristo no NT. Porém, ignoram as profecias futuras relativas à
nação de Israel.
As Igrejas Históricas deixam
um vácuo na Soteriologia e na Escatologia - Achando-se os
“eleitos de Deus”, quando cristãos se tornam filhos por adoção em Cristo (Jo
1.11-12; Ef 1.3-5) e Israel filhos por Eleição (Is 43.5-7;45.4), a partir de
Abrão (Gn 12. 1-3; Is 1.2-3).
Os judeus detêm a adoção de filhos
em primeiro plano (Mt 10.6;15.24; Rm 1.16;9.4; Jo 4.22).
Vejamos:
Ano 313 da Era Cristã - O Edito de Milão: O Cristianismo saiu da clandestinidade e passou a ter liberdade de culto no Império Romano, entre outros direitos reconhecidos aos cristãos. Os judeus ficaram de fora dessa liberdade. Pelo contrário, o judaísmo foi taxado de prática pagã.
Para Constantino, os judeus
eram uma seita má e perversa, dizia: “nada temos a ver com os judeus, que são
nossos adversários...parasitas e assassinos do nosso Senhor”.
João Crisóstomo (345-407 d.C.)
o bispo da boca dourada – Foi o primeiro dos líderes cristãos a
rotular os judeus de assassino do salvador, ao ponto de inflamar os fiéis na
Páscoa, os quais saiam da igreja, com pedaços de paus e seguiam direto aos
distritos dos judeus e os espancavam até a morte, pelo que tinham feito com
Jesus e levado a cruz. Até parece que Jesus não havia ressuscitado ao terceiro
dia e está vivo à destra do Pai e intercede pela sua Igreja.
As cruzadas – do século XI ao XIII – Foram esforços da Igreja romana para libertar a cidade santa, Jerusalém do poder muçulmano. Houve cerca de dez cruzadas, apenas a primeira um com êxito parcial.
Em 1.096 d.C. a caminho da Primeira
Cruzada – Os “Cavaleiros da Cruz” deixaram o rastro de sangue judaico
em toda a Europa. Em seis meses, cerca de dez mil judeus foram assassinados, correspondente
à um terço da população judia da Alemanha e França.
Estes matadores de judeus eram
homens fora da lei, condenados, mal liderados, ladrões, assassinos, estupradores,
soltos das prisões, com a promessa declarada pelo Clero Romano, de terem o
perdão das culpas de seus crimes, das dívidas financeiras, especialmente de
judeus credores, mesmo antes de seguirem para Jerusalém, visando libertá-la dos
mulçumanos. E tudo em nome de Deus.
Em 1.099 d.C. – Na primeira
cruzada na tomada de Jerusalém dos mulçumanos - Liderada por Godfrey
Bulhões, houve uma matança de 969 judeus entre homens, mulheres e crianças,
queimados vivos dentro de uma sinagoga, e de nada valeu os gritos dos indefesos,
implorando misericórdias. E os cruzados, rodeando a sinagoga em chamas,
cantavam: “Cristo, te adoramos”.
Século XVI - Martinho Lutero e
a visão distorcida sobre o povo judeu - Lutero esperava que os
judeus na Alemanha o acompanhassem no movimento da Reforma Protestante. Como isto
não ocorreu ele se voltou contra os judeus e escreveu um tratado de nome “A
respeito dos judeus e suas mentiras”.
Lutero defendia a queima de
sinagogas, suas casas demolidas e destruídas. Destruição dos livros judaicos,
como o Talmude...Os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de
morte. Era para confiscar os passaportes para não viajarem e ficaram em casa.
Proibir de seus negócios financeiros, pois era usura. Judeus e judias mais
jovens foram taxados de preguiçosos deveriam ser destinados aos serviços
braçais para ganharem a vida.
Deveria ser aplicada aos
judeus a mesma inteligência (expulsão), como fez a França, Espanha, a Boêmia,
para tirar deles os bens de que a Alemanha foi extorquida e depois expulsá-los
para sempre do país.
Então, eram os conselhos de
Martinho Lutero (1483-1546) para o povo alemão, se livrar desse fardo demoníaco
– Os judeus.
Ano 1348 – A peste negra na
Europa – Como se lê na História, mais uma vez botaram a culpa nos
judeus. E em verdade, os judeus se protegiam da peste com medidas de profilaxias,
sanitárias, aprendidas há séculos e repassadas de geração a geração.
Do final do século XV ao XVIII
– Inquisição espanhola (início 1478) e portuguesa (1536) – O
povo judeu é o único povo na terra que enfrentaram três séculos em tribunais
inquisitórios - Visava forçar a conversão ao catolicismo ou a expulsão. E
surgem os “cristãos novos”. Ou pejorativamente marranos, muitos deles católicos
por fora e judeus por dentro.
Como funcionavam? Identificados
e denunciados, perda da cidadania, assinatura de termo compulsório de silêncio,
torturados para confessar crimes que queriam seus algozes, bens extorquidos,
famílias destruídas, processados e condenados sem direito a defesa.
Extorsão - É o ato de obrigar
alguém a tomar um determinado comportamento, por meio de ameaça ou violência,
com a intenção de obter vantagem econômica.
Confisco – É o ato de apreender
algo perante ordem judicial, arrestar. Retirar de alguém alguma coisa que está
em sua posse, por ser ilegal ou como forma de castigo.
Hoje entendemos: Um cristão
vê a cruz e pensa no perdão de seus pecados; um judeu, depois de tanta
perseguição da cristandade, olha para cruz e vê uma cadeira elétrica para
execução, símbolo de morte.
Na Rússia czarista – Final do século XIX e XX - Foi o antissemitismo que
alimentou diretamente o movimento sionista que levou ao retorno a sua terra de
origem e ao cumprimento da profecia de Is 66.8.
Quem não pesquisar na História, no final do século XIX (os
pogroms russos, ucranianos...) e entre a primeira (1914-1918) e a segunda
guerra mundial (1939-1945), não tem ideia da luta, bravura, resistência
determinada dos líderes sionistas para criar o novo Estado de Israel, na sua
terra pátria.
Ano de 1938 e as lideranças
mundiais - Não levaram a sério a ameaça que a Alemanha
Nazista representava para os cidadãos judeus da Europa, até que milhões de
vidas fossem perdidas.
Na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) – O que fizeram os nazistas, além da falsa
teoria de pureza racial, dizia Hitler: Estamos fazendo o que a Igreja Católica
tem feito ao longo dos séculos. Aliás, no livro em Defesa de Israel, autor John
Hagee, listou um comparativo das medidas tomadas - A política da Igreja Romana
com a do nazismo alemão, desde o século IV ao XX (pág. 40-43). É estarrecedor!
Quando um general alemão, no julgamento
de Nuremberg, foi perguntado como seis milhões de pessoas puderam ser
sistematicamente eliminadas com vista grossa da avançada sociedade alemã, ao
que respondeu: “Eu sou da opinião de que, quando, durante anos, décadas é
pregada a doutrina de que judeus não são nem seres humanos, este resultado é
inevitável”.
“Existe um padrão, ao longo de
toda história de perseguição ao povo judeu, por todo o mundo: em geral ocorre
pelas mãos de criminosos brutais que se apresentam como líderes religiosos,
enquanto o resto do mundo finge ignorância”.
No
século XXI - 13 de setembro de 2018
- Rabino Lorde Jonathan Sacks – Na Câmara dos Lordes em Londres:
“Um
dos fatos que mais resiste, na História, é que a maioria dos antissemitas não
se julgam antissemitas. “Não odiamos os judeus”, diziam na Idade Média, “apenas
sua religião”. “Não odiamos os judeus”, diziam no século 19, “apenas sua raça”.
“Não odiamos os judeus”, dizem hoje, “apenas seu Estado-nação”.
Ano 2023 – Como muitos sabem, Israel sofreu o mais brutal ataque covarde do grupo Ramas e alguns palestinos. É ponto comum que: para os inimigos de Israel não é suficiente ter paz, querem o seu extermínio. Entretanto, socorro virá do alto quando Israel o buscar. E cresce a onda antissemita pelo mundo.
Antissemitismo - Um pecado que inevitavelmente trará o juízo divino (Gn 12.1-3; Dt 7.15;30.7; 32.43; Is 14.1-2; Zc 12.2-3; Mt 25.44-46).
Gn 12.1-3 – “Ora,
o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da
casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande
nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma
bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te
amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”.
Dt 7.15 – “E
o Senhor de ti desviará toda enfermidade; sobre ti não porá nenhuma
das más doenças dos egípcios, que bem sabes; antes, as porá sobre todos os que
te aborrecem”.
Dt 30.7 – “E o Senhor,
teu Deus, porá todas estas maldições sobre os teus inimigos e sobre os teus
aborrecedores, que te perseguiram”.
Dt 32.43 – “Jubilai, ó
nações, com o seu povo, porque vingará o sangue dos seus servos, e
sobre os seus adversários fará tornar a vingança, e terá misericórdia da sua
terra e do seu povo”.
Is 14.1-2 – “Porque
o Senhor se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e o porá
na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com ele os estranhos e se achegarão à
casa de Jacó. E os povos os receberão e os levarão aos seus lugares, e a
casa de Israel possuirá esses povos por servos e servas, na terra
do Senhor; e cativarão aqueles que os cativaram e dominarão os seus
opressores”.
Zc 12.2-3 – “Eis que porei
Jerusalém como um copo de tremor para todos os povos em redor e
também para Judá, quando do cerco contra Jerusalém.3 E acontecerá, naquele
dia, que farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que
carregarem com ela certamente serão despedaçados, e ajuntar-se-ão contra ela
todas as nações da terra”.
Mt 25.44-46 – É o fecho do
Julgamento das Nações, naquele dia, representadas na terra: O critério será o
tratamento que as nações deram para com Israel em todas as épocas, em todos os
tempos.
“Então, eles também lhe
responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou
estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos? Então,
lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes
pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão
estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna”.
Nota exegética - A expressão
“a um destes meus pequeninos irmãos”, no grego se refere a parentes, segundo a
carne.
Conclusão
A advertência paulina – Rm 11.17-29
- Falando acerca dos ramos naturais da oliveira quebrados por causa de sua
incredulidade e o endurecimento veio em parte sobre Israel até que a plenitude
dos gentios de encerre, nós que antes éramos gentios (o zambujeiro), não
devemos:
Rm 11.18 - Se gloriar contra
os ramos naturais, o povo judeu.
Rm 11.20 – Hoje somos Igreja
pela fé em Cristo, “não se ensoberbeça, mas teme”.
Rm 11.29 – E devemos ter a
consciência de que a eleição de Israel é soberana e irrevogável, “porque os
dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”.
Até na eternidade,
encontraremos representados distintamente a Igreja e Israel.
Ap 21.12 – Nas doze portas da
Nova Jerusalém levam o nome das 12 tribos de Israel;
Ap 21.14 - E nos doze
fundamentos do muro da cidade, levam o nome dos 12 apóstolos do Cordeiro.
Israel é a nação indestrutível
e tem futuro certo. Glórias Deus!
Fontes da pesquisa:
Bíblia Sagrada.
Dicionário on line de
português.
Livro - Os Judeus que construíram
o Brasil – Anita Novinsky – 3ª edição Editora Planeta.
Livro - Em Defesa de Israel –
John Hagee – CPAD 2009 – 1ª Edição:
Por Samuel Pereira de Macedo
Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 31/08/2024.