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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quando a insatisfação bate à porta

Para falar de insatisfação, faz-se necessário em primeiro plano refletir sobre a satisfação. Ela diz respeito ao ato de satisfazer (se). Sentimento de quem está satisfeito, feliz, alegre, prazeroso pelo desejo atendido, vontade correspondida. Tem também a conotação de desculpa, justificativa, prestar contas a alguém.  O sentimento predominante na satisfação é a realização do querer. É a reação imediata à conquista, ao objetivo alcançado, seja ele de curto, médio ou de longo prazo. A insatisfação é externada conforme o temperamento de cada indivíduo.

Todos nós corremos atrás da satisfação. E nem sempre distinguimos quando ela é lícita, ilícita, aprovável, reprovável, legítima, ilegítima, construtiva, destrutiva, egoísta ou compartilhada com aqueles que nos cercam.  Gratifica-me enquanto ofende a outrens? O prazer pelo prazer é hedonismo. O salmista escreveu: O Senhor cumpre o desejo de seu servo. Podemos falar de uma tripla relação entre Deus e o homem: Na perspectiva de Senhor, somos servos; enquanto Deus (Divindade), somos adoradores; E enquanto Pai, somos filhos. “O Pai nosso que estais nos céus”, quando verbalizado num condão de confiança e da entrega total, traduz-se em intimidade. Sentimo-nos no colo do Pai. Aleluia!!!

Mas, voltemo-nos para o tema que é o antônimo da satisfação: A insatisfação. Em geral, não temos nenhuma dificuldade em lidar com a satisfação. O mesmo não sucede quando nossa vontade, expectativas não são atendidas. Surge então, uma série de sentimentos, via de regra, negativos em nosso existencial.  

Há uma enorme quantidade de sentimentos, gestos, atitudes, palavras, comportamentos que são, nada mais nada menos, reflexos das insatisfações que colhemos, carregamos, com as quais nos confrontamos ou fomos confrontados.  De quantas coisas nos acometem a insatisfação? Mau humor, ingratidão, tristeza, negativismo, ira, inveja, vingança, violência, falar mal do semelhante, opositor, crítico, maledicente, etc. É como se urubu houvesse pousado na cabeça do sujeito. Nada presta.  O psicoemocional do ser azeda.

A questão é: como lidar, conviver, administrar sabiamente a insatisfação, pois sabemos de que se trata de uma experiência comum a todo ser humano, cristão ou não, pobre ou rico, letrado ou iletrado. Alguns passos precisam ser seguidos, mediante indagações intrapessoal e/ou interpessoal, bem como princípios da boa convivência, fazendo uma introspecção da situação.

Num cenário de insatisfação definir o problema é o problema.

1.Descobrir sua causa. Nem sempre está explicita.

2.Será uma consequência do egoísmo inato?

3.Ela é justificável ou injustificável?

4.Vai construir? Levar-nos-á a desafios e mudanças de que precisamos?

5.Ela está sob controle ou dominando?

6.Tenha listada sua relação de gratidões. Não seja um reclamão.

7.Entre defeitos e virtudes das pessoas, o que mais vejo?

8.Como está a qualidade de vida, a começar do homem interior?

9.Combata o vício social de estar se comparando aos outros. Avalie-se em torno de seus ideais. Compare, então, o eu de ontem com o eu de hoje.

10.Portanto, reflitamos diante da insatisfação antes de agirmos.

A insatisfação é útil, saudável e edificante quando nos chacoalha, nos desperta, tira-nos da mesmice em que estamos vivendo e nos impulsiona com atitudes novas, vendo novas possibilidades, horizontes que nunca antes víamos.  Então, assumimos as omissões e saímos da passividade à ação criativa.

É óbvio que nem tudo na vida ocorre como planejamos ou imaginamos. E este fato gera insatisfações. É bom lembrar também que nem sempre estamos certos em nossas conjecturas. Quantas vezes não somos ingênuos naquilo que projetamos. O egoísta busca somente para si: A sua filosofia de vida é: Está bom para mim? Uau! Ainda vibra. O egocêntrico vai mais além, ele pensa que tudo e todas as coisas giram em torno do seu mundo. E cai na esparrela da comiseração, na autopiedade, mergulhado na insatisfação.  Mas, para seguir a Cristo, começa com a renúncia do eu. Não é a anulação da pessoa, é Deus no comando da vida.

Pare e pense:

"Mostre-me um homem 100% satisfeito e eu lhe mostro um estagnado”.

“Não tenho tudo que quero, mas sou feliz com o que tenho”.

São Tomás de Aquino (1225-1274), frade italiano, teólogo, filósofo da Escolástica - “O homem nasceu para Deus; E ele só se realiza plenamente em Deus”.

Na satisfação somos agraciados. Alisamos nosso ego. Com a insatisfação vem o infortúnio, o mau humor, a contrariedade, a frustração, a sensação de derrota.

A convicção pessoal que tenho é que lidamos com as insatisfações mais inconscientes do que conscientes. Nós humanos, precisamos trabalhar nossas insatisfações de modo consciente e maduro, tendo o controle sobre elas.  E seja ela, em qualquer área da vida: No trabalho, na igreja, num momento de recreação, na família, na vida conjugal e em especial na atividade mental.

 

                                                         Recife/PE, 26/10/2010.


Por Samuel P M Borges

Natal/RN – Revisão (05/12/2021)

                           

 


2 comentários:

  1. Palavras vindas da parte do Pai diretamente por meu coração.

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  2. Muito bom e esclarecedora estas palavras que nos leva a refletir sempre. Abraão Borges.

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