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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A Fábula do clube dos 99

Era uma vez um rei muito rico. Tinha tudo. Dinheiro, poder, conforto, centenas de súditos. Ainda assim não era feliz. Um dia, cruzou com um de seus criados, que assobiava alegremente enquanto esfregava o chão com uma vassoura. Ficou intrigado. Como ele, um Soberano supremo do reino, poderia andar tão cabisbaixo, enquanto um humilde servente parecia desfrutar de tanto prazer?

- Por que você está tão feliz? - perguntou o rei.

- Majestade, sou apenas um serviçal. Não necessito muito. Tenho um teto para abrigar minha família e uma comida quente para aquecer nossas barrigas.

O rei não conseguia entender. Chamou então o conselheiro do reino, a pessoa em que mais confiava.

-Majestade, creio que o servente não faça parte do "Clube dos 99".

- "Clube dos 99"? O que é isso?

- Majestade, para compreender o que é o "Clube dos 99", ordene que seja deixado um saco com 99 moedas de ouro na porta da casa do servente. E assim foi feito.

Quando o pobre criado encontrou o saco de moedas na sua porta, ficou radiante. Não podia acreditar em tamanha sorte. Nem em sonhos tinha visto tanto dinheiro. Esparramou as moedas na mesa e começou a contá-las.

-…96, 97, 98… 99.

Achou estranho ter 99. Achou que poderia ter derrubado uma, talvez. Provavelmente eram 100. Mas não encontrou nada. Eram 99 mesmo.

Por algum motivo, aquela moeda que faltava ganhou uma súbita importância. Com apenas mais uma moeda de ouro, uma só, ele completaria 100. Um número de 3 dígitos! Uma fortuna de verdade.

Ficou obcecado por completar seu recente patrimônio com a moeda que faltava. Decidiu que faria o que fosse preciso para conseguir mais uma moeda de ouro. Trabalharia dia e noite. Afinal, estava muito muito muito perto de ter uma fortuna de 100 moedas de ouro. Seria um homem rico, com 100 moedas de ouro. 

Daquele dia em diante, a vida do servente mudou. Passava o tempo todo pensando em como ganhar 1 moeda de ouro. Estava sempre cansado e resmungando pelos cantos. Tinha pouca paciência com a família, que não entendia o que era preciso para conseguir a centésima moeda de ouro. Parou de assobiar enquanto varria chão. 

O rei percebeu essa mudança súbita de comportamento e chamou seu conselheiro.

- Majestade, agora o servente faz, oficialmente, parte do "Clube dos 99".

- E continuou:

- O "Clube dos 99" é formado por pessoas que têm o suficiente para serem felizes, mas mesmo assim não estão satisfeitas. Estão constantemente correndo atrás desse 1 que lhes falta. Vivem repetindo que, se tiverem apenas essa última e pequena coisa que lhes falta, aí sim poderão ser felizes de verdade. Majestade, na realidade, é preciso muito pouco para ser feliz; porém, no momento em que ganhamos algo maior ou melhor, imediatamente surge a sensação de que poderíamos ter mais. Com um pouco mais, acreditamos que haveria, de fato, uma grande mudança. Só um pouco mais. Perdemos o sono, nossa alegria, nossa paz e machucamos as pessoas que estão a nossa volta. E o pouco mais, sempre vira… um pouco mais. O “pouco mais” é o preço do nosso desejo.

E concluiu: Isso, majestade, é o "Clube dos 99". 

Autor desconhecido

Adendo do Blog:

Fábula é uma pequena narrativa em que se aproveita a ficção alegórica para sugerir uma verdade ou reflexão de ordem moral, com intervenção de pessoa, animais e até entidades inanimadas (Moderno Dicionário de Língua Portuguesa-Michaelis)

As fábulas tem um bom proveito na vida prática. No que tange ao campo da Teologia tem proveito, uma vez que a Teologia diz respeito à relação de Deus com o homem, criado a sua imagem e semelhança. E no contexto dessa relação vertical na dimensão transcendental, não é apropriado incluir seres inanimados e animais irracionais. Na verdade, caracterizará um retrocesso de aprendizagem ou falsa aprendizagem, e portanto, levar a conclusões enganosas acerca de Deus e do homem, seres morais no sentido literal do termo.

Características das Fábulas


A fábula trata de certas atitudes humanas, como a disputa entre fortes e fracos, a esperteza, a ganância, a gratidão, o ser bondoso, o não ser tolo.

Muitas vezes, no finalzinho das fábulas aparece uma frase destacada chamada de MORAL DA HISTÓRIA, com provérbio ou não; outras vezes essa moral está implícita.

Não há necessidade de descrever com muitos detalhes os personagens, pois o que representam nas fábulas (qualidades, defeitos) já é bastante conhecido.

Tempo indeterminado na história.


É breve, pois a história é só um exemplo para o ensinamento ou o conselho que o autor quer transmitir

Conflito entre querer / poder.

O título não deve antecipar o assunto, pois não sobraria quase nada para contar.

A resolução do problema deve combinar com a sua intenção ao contar a fábula e com a moral da história. 

Fonte: Alessandrataelp.blogspot.com.br


Por Samuel P M Borges

Natal/RN - Revisão em 19/12/2021.

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