Por Daniel Neves - Graduado em História
A desagregação do Império
Romano também é conhecida como a queda da parte ocidental do império. Foi
resultado de uma crise que se instalou a partir do século III d.C.
Ruínas do fórum romano, na Itália
Desagregação é o termo que os
historiadores utilizam para explicar a queda do Império Romano, que
aconteceu em 476 d.C., quando o último imperador romano, Rômulo Augusto, foi
destituído por Odoacro, rei do povo germânico hérulo. A
parte ocidental do império foi ocupada pelos germânicos, e a parte oriental
continuou existindo sob o nome de Império Bizantino.
Crise do Império Romano
A crise do Império
Romano iniciou-se a partir do século II-III d.C. Marcaram esse período a
crise econômica, a corrupção, os sucessivos golpes e assassinatos realizados
contra imperadores e, como elemento final, as invasões germânicas.
O século III foi marcado por uma grande sucessão de imperadores, o que
evidenciou a instabilidade desse período, pois, em um período aproximado de 50
anos, o Império Romano teve cerca de 16 imperadores – muitos deles mortos após
conspirações.
Além disso, o fim da expansão
territorial romana afetou fortemente a economia. A partir do século II, o
Império Romano passou a priorizar a manutenção do gigantesco território
conquistado. Isso afetou diretamente o sistema escravista, que era sustentado a
partir dos prisioneiros de guerra levados ao Império como escravos. A crise do sistema escravista foi ampliada na
medida em que os povos conquistados recebiam o direito à cidadania romana.
Esse contexto desencadeou uma crise
econômica em razão da diminuição da produção agrícola e do encarecimento dos
alimentos. O encarecimento dos alimentos gerou fome, e revoltas aconteceram
em determinadas regiões. Além disso, essa crise econômica afetou diretamente
a manutenção dos exércitos localizados nos limes,
as fronteiras do Império Romano.
Germânicos
A crise econômica resultou na
diminuição do contingente militar romano e, assim, as fronteiras tornaram-se
vulneráveis aos ataques estrangeiros. As fronteiras sempre foram ameaçadas por
povos estrangeiros, mas, a partir do século II, essa ameaça acentuou-se e, no
século V, tornou-se insustentável com o fluxo migratório dos germânicos.
Os povos germânicos eram chamados de
“bárbaros” pelos romanos por não compartilharem a mesma cultura e por não
falarem latim. Eles habitavam regiões ao norte e leste das fronteiras do
império, que eram chamadas de Germânia pelos romanos. Além disso, parte dos
povos germânicos – em sua maioria, pagãos – converteram-se ao
cristianismo arianista, que havia sido
condenado pela Igreja Católica como heresia. Isso contribuiu para que a
rivalidade entre romanos e germânicos aumentasse. O arianismo era uma
interpretação teológica do Cristianismo que negava a divindade de Jesus Cristo.
As invasões germânicas, em geral, são
explicadas pelo resfriamento climático e pelo aumento populacional, o que criou
uma necessidade por melhores terras para garantir a sobrevivência. Por essa
razão, partes do Império Romano (Gália e Península Ibérica) já haviam sido
invadidas desde o século III.
O principal motivo levantado pelos
historiadores para explicar a grande migração germânica do século V foi a
chegada dos hunos – um povo nômade que havia migrado desde as
estepes da Ásia Central. Por onde chegavam, os hunos traziam pânico, e muitos
povos escolhiam fugir da presença huna. A chegada dos hunos causou a migração
de dois povos para as terras ocidentais do Império Romano: ostrogodos e burgúndios.
Em 410, a cidade de Roma foi saqueada
pelos visigodos e, a partir daí, uma sucessão de povos invadiu as terras
romanas: alanos, suevos, vândalos, alamanos, jutos,
anglos, saxões, hunos, francos etc. Todos esses povos, ao
perceberem o enfraquecimento da parte ocidental do Império Romano,
instalaram-se nas terras e criaram novos reinos. Muitos deles foram absorvidos
por outros a partir da guerra.
O Império Romano do Ocidente agonizou
até 476, quando a cidade de Roma foi invadida pelos hérulos e o último
imperador romano foi destituído. O estabelecimento dos povos germânicos nas
antigas terras romanas levou ao surgimento de novos reinos, que originaram as
nações modernas da Europa. As transformações que aconteceram nesse processo
resultaram na formação das características que definiram a Europa no auge
do período medieval.
SILVA, Daniel
Neves. "Queda do Império Romano"; Brasil Escola.
Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/queda-imperio-romano.htm. Acesso em
08 de junho de 2020.
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