Segundo o IBC – Instituto
Brasileiro de Coaching – “Coaching é um processo, uma metodologia, um conjunto
de competências e habilidades que podem ser aprendidas e desenvolvidas por
absolutamente qualquer pessoa para alcançar um objetivo na vida pessoal ou
profissional, até 20 vezes mais rápido, comprovadamente”.
Então, temos o Coach – Aquele
que instrui, uma espécie de mentor facilitador, e o Coachee, o cliente, o
aprendiz.
As melhores e mais utilizadas
ferramentas de coaching para aplicar no coachee
Metas SMART -
Essa ferramenta busca a elaboração de metas neurologicamente corretas. Pontos
chaves:
Específicas – Quando, com
quem, onde, e prazo para ser cumprida.
Desafiadora – Ao ponto de
motivar o coachee.
Positivas – Com expressão
positiva e algo a fazer.
Ecológicas – Trazer benefícios
para o coachee e pessoas ao redor.
Estar no controle – O
responsável pelas ações é o coachee.
Perguntas Poderosas de
Sabedoria (PPS) – Tem vários objetivos, como levar o coachee
refletir sobre a sua vida, mudar posturas e fazer do apurado das reflexões o
seu estilo de vida, de forma consciente.
Ganhos e Perdas – o
Coach utiliza quando o Coachee estiver em dificuldade de tomar decisões mais
sérias, no andamento das sessões. A vida é assim, tem ganhos e perdas.
Grade de Metas -
Essa é uma ferramenta cognitiva que tem como objetivo fazer com que o coachee
(cliente) aja de forma assertiva em direção dos objetivos. Aplica-se com o
conhecimento da Metas Smart.
MAAS – O
MAAS corresponde a um gráfico que busca entender em quais pontos alguém
está mais satisfeito com as próprias conquistas.
Utilizando as ferramentas, o
coach vai desenvolver habilidades no coachee,
ampliar sua consciência, tirá-lo da zona de conforto e expô-lo a um mundo de
possibilidades.
Fonte: www.Febracis.com –
pesquisa em 15/02/2021.
No meio evangélico brasileiro,
na visão de algumas lideranças, observar-se pregadores, ensinadores, palestrantes
cristãos utilizando-se de métodos e competências de coaching em suas
ministrações. Dessa realidade, surge o termo a Teologia do Coaching. Para
outros, é a Teologia da Prosperidade com uma nova face, ou mais um modismo no
meio da Igreja Evangélica Brasileira - IEB.
Prefiro chamar de Teoria de
Coaching aplicada ao corpo de Cristo, seja por falta de conteúdo bíblico dos
ministrantes, mensagens que agradam aos ouvintes, ou com a intenção de apresentar "algo novo" e pode também ocultar interesses escusos de
determinados dirigentes eclesiásticos.
Gradativamente, vai desvirtuando
e corrompendo a Igreja. Então, ao invés de ministrantes das Escrituras, temos
os coachs, debulhando e distribuindo, na verdade, teorias administrativas secularistas,
com linha humanista, antropocêntrica, pondo de lado a graça de Deus, a ajuda do
alto, enfatizando a autoajuda para satisfação do indivíduo. É um desserviço ao
Reino de Deus.
O que se observou na Igreja
Evangélica Brasileira nos últimos 50 anos? Foi uma desastrosa contaminação da
fé cristã, em razão da Teologia da Prosperidade, que hoje podemos nominá-la de
Ideologia da Prosperidade, com um crescimento desordenado, ou inchaço, crises na liderança,
rompimentos denominacionais, igrejas midiáticas, megas-igrejas com gestão
empresarial, pessoas nos púlpitos com pouco ou nenhum preparo teológico, ensinando ora heresias, ora infantilidades, um evangelho místico e grosseiro
etc., ao ponto de uns indicarem que houve um Apagão Teológico na IEB. E nesse
contexto, surgem os desigrejados, ou como queiram chamar “ovelhas sem pastor”.
De modo que alguns segmentos
evangélicos perderam ou nunca tiveram a centralidade nas Escrituras. E assim
abriu-se a porta para o hedonismo, secularismo e o materialismo. Púlpitos viraram palcos, ambiente de show.
A “Teologia Coaching” trouxe
uma reação nos meios reformados da IEB, no tocante a doutrina da depravação
total do homem (um dos pilares do calvinismo), uma vez que ensinam a total
incapacidade humana, por si mesmo, para reagir, sair do quadro desolador da
queda no Éden, pois nele não há nenhuma bondade. E a Teoria do Coaching ensina que
o homem tem potencialidades, habilidades internas e pode se autodesenvolver. O ponto forte é a relação Coach e o seu cliente, via mentoria
individual ou grupal. E deixa Deus em segundo plano ou bane Deus da existência
humana, para o sucesso.
Em consequência de fatores
citados, nos últimos 50 anos na IEB, existem lideranças de denominações
tradicionais que, por exemplo, se acham no direito de ter um salário mensal de 100
(cem) salários-mínimos, com desdobramentos financeiros no tesouro da Igreja,
para membros da família e da sua Diretoria e alguns pastores chaves de sua base
eclesiástica. Igrejas estão sendo
geridas como empresas familiares e o Sacerdócio Araônico Judaico serve de
modelo para perpetuação no Poder e na Sucessão Eclesiástica nos dias atuais. Biblicamente
não sustentável. Todavia, no geral, só tem revelado o antropocentrismo na Igreja.
Parece dura e inadequada a citação
supra, mas é como disse John Macarthur – “Nunca suavize o evangelho. Se a
verdade ofende, então deixe que ofenda. As pessoas passam toda sua vida
ofendendo a Deus; Deixe que se ofendam por um momento”.
Pelo menos duas perguntas que
não nos deixam calar: O evangelho de Jesus é insuficiente para proporcionar ao
que crê, nova vida vitoriosa em Cristo Jesus? A Igreja contemporânea precisa da Teoria Coaching na formação da liderança na Igreja Organização? Certamente, não.
Temos várias razões, enquanto
Igreja Cristã, para rejeitar e dispensar a “Teologia Coaching” no contexto
cristão.
No contexto secular poderá ter
algum proveito em que pese algumas utopias embutidas e pressão sob pressão.
Augustus Nicodemus – parafraseado,
a Teoria Coaching visa o que? Desenvolver o potencial e as aptidões humanas em si mesmas. E,
portanto, antropocêntrica.
Deus é desconfigurado, pois quando
apresentado é apenas como um potencializador do ser humano. O alvo final é a
vitória do homem, sem Deus ser glorificado.
No Coaching aplicado na Igreja
o pecado é apenas um obstáculo que atrapalha o desenvolvimento do potencial do
homem.
No seio da juventude atual, em regra, vivemos uma geração
mimados, a qual gosta de alisamento do ego, rica em belas imagens, rumo à superação dos desafios. Porém, de travesseiros
encharcados. Essa é uma realidade que as redes sociais não mostram.
Um entrevistado disse: Trata o
seu ego como o dedão do seu pé. Ele nos ajuda dá base juntamente com o pé. Mas,
no seu devido lugar.
Os Coachs trazem uma mensagem
básica: Palavras psicologizadas, encorajadoras, tais como: Descubra e
desenvolva o seu potencial: Vai que você pode! você consegue! você é o cara! São
uns sofistas, muita retórica e coloca as pessoas num patamar de homem bom,
quando temos a problemática do pecado a resolver, do homem perante Deus. De
nada adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma.
Segundo o Pr Augustus
Nicodemus, a igreja tem o papel de contribuir na preparação dos santos em todas
as áreas da vida, inclusive é uma ideia interessante o cristão onde estiver
inserido, dá o melhor de si. Agora, não é a missão principal da igreja. A
beleza do evangelho é proporção de suas partes, assim como é a beleza de
Deus.
Conclusão
A confissão positiva, a autoajuda
na Teoria Coaching declara que o homem tem dentro dele os recursos para se
desenvolver, se auto realizar e ser um formidável vencedor. Observe que, sendo
uma teoria humana, do mundo empresarial, “funciona para crentes e ateus”. Deus está
posto de lado. É o mesmo germe motivacional ensinado pelo encardido a Eva lá no
Éden (Gn 3.1-6).
A Teoria Coaching tem a
presunção de que o homem pode ser um vencedor nesta vida, pelas suas
potencialidades intrínsecas, pela inteligência emocional desenvolvida, etc., sem
a intervenção da graça de Deus. Na verdade, contraria Tg 4.13-15.
Na sociedade capitalista,
competitiva, se ensina que nela vale a Lei do Mais Forte. E segundo, o psiquiatra
cristão Paul Tournier, no livro Mitos e Neuroses – desarmonia da vida moderna,
este é o x da questão: Aplicaram a Teoria da Evolução dos animais irracionais,
aos homens racionais. Quem for mais forte, quem mais se capacitar, quem se
superar dos altos e baixos, este é o vencedor. Na cadeia alimentar animal o mais forte pode
comer o mais fraco vivo, naturalmente.
O marxismo não relaciona o
homem ao seu semelhante, ser moral, intelectual e espiritual, criado à imagem de Deus. Pelo
contrário, montou um arcabouço teórico para justificar a luta entre o capital e
trabalho e Deus foi excluído. Só conta a matéria, ou seja, realidade material
em sociedade. Religião e fé são o ópio do povo.
Onde quero chegar? A Teoria Coaching
vende mitos, visando maximizar, proporcionar lucros, crescimento no mundo dos
negócios, incentiva aos colaboradores, funcionários, atiçando-os a descobrirem
suas potencialidades, inserindo utopias no conteúdo, pondo todos num patamar de
capacidade e ideais lineares, o que não corresponde à realidade humana. Somos
seres diferentes em múltiplos aspectos com um ponto em comum: A queda e a mancha do
pecado no Éden.
Nos dias atuais, temos
pregadores, palestrantes dizendo aos seus ouvintes que eles são tão dignos quanto
Jesus. Ou seja, são homens-deuses. Aconselho-os a estudar a Doutrina de Cristo.
Enfim! Está ocorrendo em alguns púlpitos
evangélicos, uma mistureba de teorias administrativas e RH, psicologizadas, de como
o homem pode vencer, em meio as promessas de Deus e suas potencialidades, cujas mensagens exaltam mais ao homem do que a Deus. Arrependimento, correção de caráter, bom
testemunho, a comunhão, deixar o pecado não são fundamentais. Importa ao homem
encontrar e desenvolver "o propósito" de Deus na sua vida. O engodo é que este
tal propósito sobrecarrega-o toma mais tempo no material, no passageiro, do que levar ao homem
a pensar nos valores que são de cima, e portanto, eternos (Cl 3.1-2).
Por Samuel Pereira de
Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
AD Natal – RN, 16/02/2021.