“Zenão? Crescas? Spinoza? Spengler? Quem se lembra? Quem conhece? São
inúmeros os pensadores que fizeram sucesso um dia e definiram a vida de muitos!
Por que fenecem?
Todavia eu me pergunto como e porque Gênesis, Salmos e os Evangelhos sempre cativam o coração de filósofos, cientistas, crianças, esportistas, artistas e religiosos?
É curioso observar de os grandes pensadores sempre fizeram um recorte limitado da realidade e falaram para um contexto de sua época. O Zeitgeist os delimitou. O fluxo da história e a heterogênea experiência humana logo sepulta a relevância de suas ideias.
E o que é que o texto bíblico tem? Por que fascina e prevalece? A Palavra do Senhor permanece para sempre (I Pd 1.25). Em sua amplitude única a Bíblia combina elementos que tocam na essência de todas as áreas internas do coração e da experiência humana. O mosaico bíblico é obra de arte magistral. Não é recorte simplista. O mais sábio pensador é um fragmento.
A Bíblia é o mosaico nítido e diverso. Cativa. O pensador instiga, a Bíblia faz mais, inspira, pois inclui o mistério e o insondável permeando suas declarações de verdade. Mas, isso não explica tudo.
O teor de confrontação do texto é o seu tempero forte inesquecível. Não só é um contraponto a propostas antigas, mas se ergue em crítica feroz contra seus protagonistas e o próprio leitor.
É ferida que cura. É extração de tumor. É a derrota do marketing supérfluo.
Mas, talvez o segredo maior da Palavra Divina está no seu feitio simples, que humilha todo elitismo. Filósofo fala difícil, cria um mundo hermético que até é difícil de explicar. A Bíblia? Tem história da cobra, do gigante, do leão, da menina, do baixinho e da cruz. Histórias que unem céu e terra. Ligam o mundo das coisas, das ideias e das palavras. Fazem rir e chorar, refletir e dançar. Numa combinação de santo temor e sagrada euforia, trazem vida que a toda derrota desafia.
Quem da Bíblia bebe não morre, nem envelhece. É fôlego eterno e para o dia-a-dia. É o sorriso da tartaruga que desbanca a lebre prepotente.
Tenho visto que toda perfeição tem limite; mas não há limite para o teu mandamento. Como eu amo a tua lei! Medito nela o dia inteiro (Sl 119.96)”.
Por Luiz Sayão – Paulista (1963-) - É um teólogo, linguista, hebraísta (USP) e pastor batista brasileiro. Ele é conhecido por seu trabalho como tradutor da Bíblia, tendo participado das versões NVI (2000), Almeida 21 e A Mensagem. Além disso, é conferencista internacional, professor na área bíblica e autor de diversos livros e materiais de estudo bíblico (IA).
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