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sábado, 10 de agosto de 2024

A deposição da rainha Vasti e a ascensão de Ester


 Introdução

1.A lição 7 apresenta o contraste entre duas mulheres, Vasti e Ester. Vasti, rainha do rei da Pérsia que foi deposta e a judia Ester ascendeu ao trono.

2.Na trama narrada no livro, a rainha Vasti procedeu desobedecendo a um pedido do rei Assuero, enquanto Ester demonstrou obediência às orientações do seu tio Mardoqueu e teve êxito.

3.Na medida que formos estudando o livro de Ester, conheceremos os personagens principais: O rei Assuero, Vasti, Ester, Hamã e Mardoqueu.

4.Do começo ao fim do livro, percebemos a presciência de Deus desnudando o futuro e sua mão providencial agindo em prol povo judeu, no contexto histórico do Império Persa.

5. E atentemos, a palavra chave é: obediência. Pela obediência à sua palavra, Deus desenvolve em nós virtudes cristãs que nos aproximam do caráter do homem perfeito, Cristo Jesus.

I – O Banquete de Assuero e a recusa de Vasti

1.Quem foi Assuero? Era filho de Dario, governou o Império Persa, por 20 anos, de 486 a 465 a.C. Reinou da Índia a Etiópia, sobre 127 províncias. Seu no grego era Xerxes (Et 1.1).

Assuero fez dois banquetes:

a) Um para nobreza imperial e os senhores das províncias - Para lhes mostrar a grandiosidade do reino e suas riquezas. A recepção durou 180 dias.

b) Outro para todo o povo da capital de Susã - No pátio do jardim do palácio. O fez com muito luxo, ostentação, bebidas à vontade, com duração de 7 dias (Et 1.5-8).

c) Assuero tinha como rainha Vasti, mulher formosa à vista. Estudiosos acreditam que ela foi citada pelo historiador grego Heródoto (485-425 a.C.), identificada pelo nome de Améstris, mulher astuta e sanguinária, segundo o comentário da lição.

d) O mandado do rei a recusa de Vasti – Conforme Et 1.10, após haver bebido e estava alegre com o vinho, o rei Assuero mandou chamar a rainha para apresentar aos povos e aos príncipes a sua beleza e formosura (Et 1.11). E ela se recusou marcar presença no banquete do rei.

II – A rainha Vasti resistiu à ordem do rei e perdeu o trono   

1.Com a recusa o rei muito se enfureceu e ficou irado (Et 1.12).

São diversas as opiniões sobre o que motivou a recusa da rainha:

a) Possivelmente era contra os costumes persas a mulher se apresentar em reuniões públicas de homens.

b) É bom lembrar que a rainha Vasti havia feito também um banquete, à parte, para as mulheres na casa real (Et 1.9).

c) Alguns sugere que ela estava grávida de Artaxerxes, cujo filho nasceu em 483 a.C. e não queria ser vista em público naquele estado.

2.A recusa da rainha e a situação do rei Assuero – A autoridade sobre a rainha foi colocada em dúvida e sua credibilidade militar, o maior critério de um rei na antiguidade, estaria prejudicada.

Qual a linha exegética, o limite da interpretação dos fatos bíblicos narrados?

Exegese versus eisegese:

Eisegese - Quando dão às Escrituras um sentido alheio ao que foi revelado. Ou seja, dar uma interpretação ao texto atribuindo ideias próprias do leitor.

Eisegese: Método que consiste em injetar no texto um significado estranho ao sentido do autor.

Exegese: Comentário ou dissertação técnica do texto.

Formas pelas quais o intérprete pratica a Eisegese: 

1.Quando força o texto a dizer o que não diz.

2.Quando ignora o contexto, sob pretexto ideológico. Ignorar o contexto é rejeitar deliberadamente o processo histórico e linguístico que deu margem ao texto.

3.Quando não esclarece um texto a luz de outro. Os textos obscuros devem ser entendidos à luz de outros e segundo o propósito e a mensagem do livro.

4.Quando põe a “revelação” acima da mensagem revelada. Muitos intérpretes colocam a pseudorrevelação acima da mensagem revelada. Devemos ter o cuidado de não associar o nome de Deus a mentira.

5.Quando está comprometido com um sistema ou ideologia. Logo, a sua interpretação terá um viés tendencioso, sem compromisso com a verdade bíblica. 

e) A medida tomada pelo rei Assuero – Submeteu o caso ao exame dos sábios do reino – “o que, segundo a lei, se devia fazer a rainha Vasti, por não haver cumprindo o mandado do rei, pelas mãos dos eunucos? (Et 1.15).

f) A sentença de Vasti – Então, Memucã, um dos sábios, aconselhou ao rei que depusesse Vasti. Pela grande repercussão, a conduta de Vasti era um péssimo exemplo para outras mulheres (Et 1.17-18).

Se foi justa ou injusta a perda do trono por Vasti não temos como chegar a essa conclusão. Verdade é, ela desobedeceu ao rei e se sentiu afrontado e desonrado.

Em consequência, cartas foram enviadas às províncias do Império para que cada homem fosse senhor da sua casa (Et 1.22).

A lição do caso corrobora com a visão cristã na liderança familiar. O homem que não lidera a sua casa, não está apto para cuidar da Igreja de Deus (I Tm 3.4-5).

III – Ester – A jovem judia se torna rainha em terra estranha

1.Et 2.2 – Aconselhado o rei Assuero, resolveu escolher a nova rainha.

2. Deixou de lado as sucessões entre famílias dos Medo-persas, decidiu o rei escolher a rainha dentre as moças de todas as províncias do reino.

3. Não havia restrição quanto à origem étnica ou racial. O critério realmente valorizado era ser virgem e formosa (Et 2.2-4).

4.Entra em cena Mardoqueu, que morava em Susã e levou a prima, criada como filha, para disputa de rainha. Ester fica aos cuidados Hegai, guarda das mulheres, de quem logo conquistou a simpatia (Et 2.7-9).

5.O que constatamos é: Quando Deus dirige um processo, situações, conhecedor do amanhã de antemão, Ele cuida, intervém na história humana, segundo seus desígnios. Não significa que Deus governa a todos os povos.

6. A obediência de Ester – Ela seguiu tudo que lhe foi orientado por seu primo Mardoqueu, que nem de longe era ingênuo. Ela não exigia explicação para obedecer. Estava evidente o cuidado dele pelo seu bem-estar (Et 2.22). Embora não se mencionar Deus, estava inequívoca a sua boa mão na direção dos acontecimentos.

Em Ester, vemos um exemplo de obediência e destacamos:

a) A obediência é baseada no que Deus diz o que é certo, não no que consideramos certo.

b) Quem quer agradar a Deus deve ter a predisposição de obedecê-lo em qualquer circunstância.

c) A obediência não adia a responsabilidade de acordo com a conveniência.

d) Deus não está todo o tempo medindo a nossa maturidade; Seus olhos estão fixados em nossa disposição de obedecer.

e) Obediência não é apenas fazer o que lhe pedem, mas fazer com alegria. O justo tem prazer nos mandamentos e preceitos do Senhor (Sl 1.1-2).

f)) Obedecer é uma ação voluntária – É como amar, é uma decisão de quem escolhe obedecer. Ninguém é obrigado a obedecer, exceto quando debaixo de superiores totalitários e tiranos. Deus jamais age dessa forma.

Conclusão

1.“E o rei amou a Ester mais do que todas as mulheres... alcançou graça perante ele...e pôs a coroa real na sua cabeça e a fez rainha em lugar de Vasti” (Et 2.17), por volta do ano de 479 a.C.

2.Que saibamos nos colocar nas mãos de Deus para sermos instrumentos para sua realização e glória.

3.Deus não age com improvisos e sim pela sua presciência sabedor do futuro, e por isso é digno de toda a nossa confiança e adoração (Is 46.9-10).

 

Fonte da pesquisa:

Lição EBD/CPAD – 3º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada.

Anotações bíblicas pessoais.

 

Por Samuel Pereira de Macedo Borges.

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN, 02/08/2024.

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