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sábado, 31 de agosto de 2024

O antissemitismo

É a forma de preconceito com viés de ódio contra povos semitas*, principalmente os judeus, e foi manifestado por diversas vezes no decorrer da História.

*Descendentes de Sem, filho de Noé – Gerou cinco filhos: Elão (elamitas), Assur (assírios), Arfaxade (caldeus/babilônicos, Joctã), Lude (lídios) e Arã (sírios).

Arfaxade – Progenitor de Abrão (pai dos hebreus), oitava geração anterior. De Joctã, vieram 13 tribos que habitaram a península arábica (os árabes).

O antissemitismo no meio cristão – É um paradoxo, completamente contrária à fé cristã. Antissemitismo está para o ódio, assim como o cristianismo para o amor. São opostos. E infelizmente, quando olhamos para a história este pecado está arraigado na cristandade, não propriamente no Cristianismo.  

A Teologia da SubstituiçãoDo romanismo ao protestantismo - Com o casamento da Igreja com o Estado (311 d.C.), líderes da Igreja Gentílica se dedicaram ao estudo da filosofia grega e das concepções antissemitas. Em menos de um século depois da morte dos apóstolos, líderes importantes da Igreja conceberam a ideia de que Deus rejeitara permanentemente Israel e o substituíra pela Igreja porque a nação de Israel rejeitou a Jesus. Dessa forma, a Igreja passou a ser o “Israel de Deus”. E pode ser assim chamada em sentido espiritual, o corpo místico de Cristo, composto de judeus e gentios. Todavia,  a Igreja Cristã não toma o lugar de Israel no Plano Divino através dos séculos.

Na Teologia da Substituição prega-se que Israel é passado, morto e sepultado. E o é nos tipos e figuras cumpridas em Cristo no NT. Porém, ignoram as profecias futuras relativas à nação de Israel.

As Igrejas Históricas deixam um vácuo na Soteriologia e na Escatologia - Achando-se os “eleitos de Deus”, quando cristãos se tornam filhos por adoção em Cristo (Jo 1.11-12; Ef 1.3-5) e Israel filhos por Eleição (Is 43.5-7;45.4), a partir de Abrão (Gn 12. 1-3; Is 1.2-3).

Os judeus detêm a adoção de filhos em primeiro plano (Mt 10.6;15.24; Rm 1.16;9.4; Jo 4.22).

Vejamos:

Ano 313 da Era Cristã - O Edito de Milão: O Cristianismo saiu da clandestinidade e passou a ter liberdade de culto no Império Romano, entre outros direitos reconhecidos aos cristãos. Os judeus ficaram de fora dessa liberdade. Pelo contrário, o judaísmo foi taxado de prática pagã.

Para Constantino, os judeus eram uma seita má e perversa, dizia: “nada temos a ver com os judeus, que são nossos adversários...parasitas e assassinos do nosso Senhor”.

João Crisóstomo (345-407 d.C.) o bispo da boca dourada – Foi o primeiro dos líderes cristãos a rotular os judeus de assassino do salvador, ao ponto de inflamar os fiéis na Páscoa, os quais saiam da igreja, com pedaços de paus e seguiam direto aos distritos dos judeus e os espancavam até a morte, pelo que tinham feito com Jesus e levado a cruz. Até parece que Jesus não havia ressuscitado ao terceiro dia e está vivo à destra do Pai e intercede pela sua Igreja.

As cruzadas – do século XI ao XIII – Foram esforços da Igreja romana para libertar a cidade santa, Jerusalém do poder muçulmano. Houve cerca de dez cruzadas, apenas a primeira um com êxito parcial. 

Em 1.096 d.C. a caminho da Primeira Cruzada – Os “Cavaleiros da Cruz” deixaram o rastro de sangue judaico em toda a Europa. Em seis meses, cerca de dez mil judeus foram assassinados, correspondente à um terço da população judia da Alemanha e França.

Estes matadores de judeus eram homens fora da lei, condenados, mal liderados, ladrões, assassinos, estupradores, soltos das prisões, com a promessa declarada pelo Clero Romano, de terem o perdão das culpas de seus crimes, das dívidas financeiras, especialmente de judeus credores, mesmo antes de seguirem para Jerusalém, visando libertá-la dos mulçumanos. E tudo em nome de Deus.

Em 1.099 d.C. – Na primeira cruzada na tomada de Jerusalém dos mulçumanos - Liderada por Godfrey Bulhões, houve uma matança de 969 judeus entre homens, mulheres e crianças, queimados vivos dentro de uma sinagoga, e de nada valeu os gritos dos indefesos, implorando misericórdias. E os cruzados, rodeando a sinagoga em chamas, cantavam: “Cristo, te adoramos”.

Século XVI - Martinho Lutero e a visão distorcida sobre o povo judeu - Lutero esperava que os judeus na Alemanha o acompanhassem no movimento da Reforma Protestante. Como isto não ocorreu ele se voltou contra os judeus e escreveu um tratado de nome “A respeito dos judeus e suas mentiras”.

Lutero defendia a queima de sinagogas, suas casas demolidas e destruídas. Destruição dos livros judaicos, como o Talmude...Os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte. Era para confiscar os passaportes para não viajarem e ficaram em casa. Proibir de seus negócios financeiros, pois era usura. Judeus e judias mais jovens foram taxados de preguiçosos deveriam ser destinados aos serviços braçais para ganharem a vida.

Deveria ser aplicada aos judeus a mesma inteligência (expulsão), como fez a França, Espanha, a Boêmia, para tirar deles os bens de que a Alemanha foi extorquida e depois expulsá-los para sempre do país.

Então, eram os conselhos de Martinho Lutero (1483-1546) para o povo alemão, se livrar desse fardo demoníaco – Os judeus.

Ano 1348 – A peste negra na Europa – Como se lê na História, mais uma vez botaram a culpa nos judeus. E em verdade, os judeus se protegiam da peste com medidas de profilaxias, sanitárias, aprendidas há séculos e repassadas de geração a geração.

Do final do século XV ao XVIII – Inquisição espanhola (início 1478) e portuguesa (1536) – O povo judeu é o único povo na terra que enfrentaram três séculos em tribunais inquisitórios - Visava forçar a conversão ao catolicismo ou a expulsão. E surgem os “cristãos novos”. Ou pejorativamente marranos, muitos deles católicos por fora e judeus por dentro.

Como funcionavam? Identificados e denunciados, perda da cidadania, assinatura de termo compulsório de silêncio, torturados para confessar crimes que queriam seus algozes, bens extorquidos, famílias destruídas, processados e condenados sem direito a defesa.  

Extorsão - É o ato de obrigar alguém a tomar um determinado comportamento, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem econômica.

Confisco – É o ato de apreender algo perante ordem judicial, arrestar. Retirar de alguém alguma coisa que está em sua posse, por ser ilegal ou como forma de castigo.  

Hoje entendemos: Um cristão vê a cruz e pensa no perdão de seus pecados; um judeu, depois de tanta perseguição da cristandade, olha para cruz e vê uma cadeira elétrica para execução, símbolo de morte.

Na Rússia czaristaFinal do século XIX e XX - Foi o antissemitismo que alimentou diretamente o movimento sionista que levou ao retorno a sua terra de origem e ao cumprimento da profecia de Is 66.8.

Quem não pesquisar na História, no final do século XIX (os pogroms russos, ucranianos...) e entre a primeira (1914-1918) e a segunda guerra mundial (1939-1945), não tem ideia da luta, bravura, resistência determinada dos líderes sionistas para criar o novo Estado de Israel, na sua terra pátria. 

Ano de 1938 e as lideranças mundiais - Não levaram a sério a ameaça que a Alemanha Nazista representava para os cidadãos judeus da Europa, até que milhões de vidas fossem perdidas.

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – O que fizeram os nazistas, além da falsa teoria de pureza racial, dizia Hitler: Estamos fazendo o que a Igreja Católica tem feito ao longo dos séculos. Aliás, no livro em Defesa de Israel, autor John Hagee, listou um comparativo das medidas tomadas - A política da Igreja Romana com a do nazismo alemão, desde o século IV ao XX (pág. 40-43). É estarrecedor!

Quando um general alemão, no julgamento de Nuremberg, foi perguntado como seis milhões de pessoas puderam ser sistematicamente eliminadas com vista grossa da avançada sociedade alemã, ao que respondeu: “Eu sou da opinião de que, quando, durante anos, décadas é pregada a doutrina de que judeus não são nem seres humanos, este resultado é inevitável”.

No Livro Em Defesa de Israel – John Hagee – CPAD 2009 – 1ª Edição:

“Existe um padrão, ao longo de toda história de perseguição ao povo judeu, por todo o mundo: em geral ocorre pelas mãos de criminosos brutais que se apresentam como líderes religiosos, enquanto o resto do mundo finge ignorância”.

No século XXI - 13 de setembro de 2018 - Rabino Lorde Jonathan Sacks – Na Câmara dos Lordes em Londres:

“Um dos fatos que mais resiste, na História, é que a maioria dos antissemitas não se julgam antissemitas. “Não odiamos os judeus”, diziam na Idade Média, “apenas sua religião”. “Não odiamos os judeus”, diziam no século 19, “apenas sua raça”. “Não odiamos os judeus”, dizem hoje, “apenas seu Estado-nação”.

Ano 2023 – Como muitos sabem, Israel sofreu o mais brutal ataque covarde do grupo Ramas e alguns palestinos. É ponto comum que: para os inimigos de Israel não é suficiente ter paz, querem o seu extermínio. Entretanto, socorro virá do alto quando Israel o buscar. E cresce a onda antissemita pelo mundo. 


Antissemitismo - Um pecado que inevitavelmente trará o juízo divino (Gn 12.1-3; Dt 7.15;30.7; 32.43; Is 14.1-2; Zc 12.2-3; Mt 25.44-46).

Gn 12.1-3 – “Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra”.

Dt 7.15 – “E o Senhor de ti desviará toda enfermidade; sobre ti não porá nenhuma das más doenças dos egípcios, que bem sabes; antes, as porá sobre todos os que te aborrecem”.

Dt 30.7 – “E o Senhor, teu Deus, porá todas estas maldições sobre os teus inimigos e sobre os teus aborrecedores, que te perseguiram”.

Dt 32.43 – “Jubilai, ó nações, com o seu povo, porque vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários fará tornar a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo”.

Is 14.1-2 – “Porque o Senhor se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e o porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com ele os estranhos e se achegarão à casa de Jacó. E os povos os receberão e os levarão aos seus lugares, e a casa de Israel possuirá esses povos por servos e servas, na terra do Senhor; e cativarão aqueles que os cativaram e dominarão os seus opressores”.

Zc 12.2-3 – “Eis que porei Jerusalém como um copo de tremor para todos os povos em redor e também para Judá, quando do cerco contra Jerusalém.3 E acontecerá, naquele dia, que farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que carregarem com ela certamente serão despedaçados, e ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra”.

Mt 25.44-46 – É o fecho do Julgamento das Nações, naquele dia, representadas na terra: O critério será o tratamento que as nações deram para com Israel em todas as épocas, em todos os tempos.

“Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos?  Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna”.

Nota exegética - A expressão “a um destes meus pequeninos irmãos”, no grego se refere a parentes, segundo a carne.

Conclusão

A advertência paulina – Rm 11.17-29 - Falando acerca dos ramos naturais da oliveira quebrados por causa de sua incredulidade e o endurecimento veio em parte sobre Israel até que a plenitude dos gentios de encerre, nós que antes éramos gentios (o zambujeiro), não devemos:

Rm 11.18 - Se gloriar contra os ramos naturais, o povo judeu.

Rm 11.20 – Hoje somos Igreja pela fé em Cristo, “não se ensoberbeça, mas teme”.

Rm 11.29 – E devemos ter a consciência de que a eleição de Israel é soberana e irrevogável, “porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”.

Até na eternidade, encontraremos representados distintamente a Igreja e Israel.

Ap 21.12 – Nas doze portas da Nova Jerusalém levam o nome das 12 tribos de Israel;

Ap 21.14 - E nos doze fundamentos do muro da cidade, levam o nome dos 12 apóstolos do Cordeiro.

Israel é a nação indestrutível e tem futuro certo. Glórias Deus!

 

Fontes da pesquisa:

Bíblia Sagrada.

Dicionário on line de português.

Livro - Os Judeus que construíram o Brasil – Anita Novinsky – 3ª edição Editora Planeta.

Livro - Em Defesa de Israel – John Hagee – CPAD 2009 – 1ª Edição:


Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN, 31/08/2024.

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