É verdade que Deus é Rei dos
reis, Senhor dos senhores, Todo-poderoso, Altíssimo, três vezes Santo,
sobremodo tremendo (Sl 111.9) e Deus zeloso que visita a iniquidade dos pais
nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que o aborrecem (Êx 20.5).
Mas Ele é Pai também e deve ser tratado como tal.
Por que não consideramos
Deus Pai? Por que não nos relacionamos com Ele como filhos? Por que não o
buscamos como nosso Pai?
Talvez seja por falta de
informação ou por informação equivocada – talvez nos tenham comunicado apenas a
santidade de Deus, e não a sua misericórdia; talvez só a sua severidade, e não
a sua bondade; talvez só o seu castigo, e não o seu perdão. Nesse caso, é
necessário romper com a informação incompleta e abraçar novos conceitos, embora
tão antigos quanto os primeiros conceitos. A reviravolta pode ser difícil, mas
é a única saída.
Jesus fez um esforço
constante para nos passar a ideia da paternidade de Deus. Muitas vezes, Ele se
dirigia aos discípulos referindo-se sempre a Deus como “o vosso Pai” ou “o teu
Pai”. Só no Sermão da Montanha, essa curta expressão aparece quinze vezes,
especialmente no capítulo 6 de Mateus (versos 1, 4, 6, 8, 14, 15, 18, 26 e 32).
A palavra mais direta e
encorajadora está no modelo de oração que Jesus oferece: “Portanto, orem assim:
‘Pai nosso, que estás no céu...’” (Mt 6.9, NTLH).
Quase sempre, principalmente
na introdução de cada Epístola (Rm 1.7; 1 Co 1.3; 2 Co 1.2; Gl 1.3-4; Ef 1.2;
Cl 1.2; 1 Ts 1.3; 2 Ts 1.1), Paulo se refere a Deus chamando-o de “nosso Pai”,
tanto Pai dele próprio como dos irmãos em Cristo. O apóstolo garante que Deus é
“nosso Pai” e “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Co 1.2-3). Isso abre
caminho para ele declarar com toda ênfase: “Se somos filhos, então somos
herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8.17).
A questão é de vital
importância, tanto na doutrina como na prática. Nosso relacionamento com Deus
não é uma relação com uma força impessoal, não é com um Deus distante, não é
com um Deus inclemente – é com um Deus que nos permite chamá-lo de Aba (Rm
8.15), que em aramaico quer dizer Pai.
Para que não haja nenhuma
dúvida, nenhuma hesitação, nenhum receio e nenhum acanhamento, as Escrituras
ensinam que “o próprio Espírito [o Espírito de Deus] se une a nosso espírito,
atestando [ou assegurando, ou afirmando, ou testemunhando, como aparece em
outras versões] que somos filhos de Deus” (Rm 8.16, CNBB).
Se Deus é nosso Pai, então podemos chorar na presença dele, podemos confessar pecados e pedir perdão, podemos abrir nossa alma e derramar perante Ele nossos sustos e medos, podemos pedir-lhe conselho e orientação, podemos segurar a sua mão e nos colocar a caminho.
Se Deus é nosso Pai, então podemos chorar na presença dele, podemos confessar pecados e pedir perdão, podemos abrir nossa alma e derramar perante Ele nossos sustos e medos, podemos pedir-lhe conselho e orientação, podemos segurar a sua mão e nos colocar a caminho.
O grande desafio de Paulo no
areópago era apresentar o Deus Desconhecido aos atenienses (At 17.23) e nas cartas
é apresentar o Pai Desconhecido aos crentes.
Autor: Pr. Elben M. Lens Cézar
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