Filhos da Talidomida: O
medicamento que foi considerado uma grande tragédia na medicina nos anos 50.
A Talidomida foi um
medicamento criado em 1957 por uma indústria farmacêutica da Alemanha. Prometia
tratar e curar várias enfermidades que iam desde a irritabilidade até
ansiedade, insônia e algumas doenças infecciosas, muito usada também como
poderoso sedativo e para evitar enjôos em mulheres grávidas, na qual nem
precisava de prescrição médica. O medicamento “milagroso” ficou muito famoso na
época (anos 50 a 60) e sua fama ganhou o mundo, logo foi distribuído para
vários países em larga escala! A sua “bula” afirmava não conter nenhum efeito
colateral e que poderia ser utilizado tranquilamente por todas as pessoas e
para vários tipos de tratamentos, inclusive por gestantes.
Devido a sua fama em mais de
46 países, inclusive o Brasil, o remédio foi sendo utilizado em larga escala
para os enjôos durante a gravidez nas primeiras semanas de gestação, por longos
anos. Porém, algo começou perturbar a população, pois crianças começaram a
nascer com má formação, apresentando uma síndrome chamada de Focomelia,
uma anomalia congênita que impede a formação normal de braços e pernas, ou
seja, os bebês começaram a nascer sem braços ou pernas, ou ainda, como pequenas
estruturas ligadas ao tronco! A indústria farmacêutica da época causou o maior
desastre da medicina, pois não testou os efeitos de teratogenicidade, ou seja,
possibilidade de má formação do feto em desenvolvimento gerando na época um
número estimado de mais de 10 mil crianças nascidas com má formação e com essa
síndrome, além de muitos abortos que ocorreu devido essa droga, um erro
irreparável e incalculável!
A talidomida é derivada do
ácido glutâmico que pode afetar drasticamente os fetos, ela atua destruindo os
vasos sanguíneos imaturos e impede a formação dos vasos em tecidos de
crescimento acelerado como os membros superiores e inferiores durante a 4º e a
9º semana de gestação, além disso, a taxa de mortalidade de embriões no uso
contínuo deste medicamento aumentou vertiginosamente e as crianças que nasceram
apresentavam defeitos em seus membros que por sinal repercutem até hoje em
vários governos de países que liberaram o seu uso, inclusive no Brasil.
Várias famílias foram afetadas
e brigam até hoje por danos morais e pedem justiça as autoridades. Na Espanha,
por exemplo, mais de 3 mil crianças foram afetadas e agora pedem 204 milhões ao
governo pelos danos causados. Outras famílias aqui no Brasil já recebem auxilio
do governo e pensões que variam de 1 até 4 salários mínimos. Todavia,
finalmente em 2010 foi criada uma lei aqui no Brasil que concedeu indenização
para todas as vítimas que sofreram com essa droga. Mas infelizmente o erro
causado por essa indústria jamais vai “curar” o desastre acometido para essas
famílias!
Fonte: http://diariodebiologia.com/, pesquisa
em 18/09/2016
Histórico:
Fora do Brasil
1954: Alemanha desenvolve
droga destinada a controlar a ansiedade, tensão e náuseas.
1957: a droga passa a ser
comercializada em 146 países.
1960: descobertos os efeitos
teratogênicos provocados pela droga quando consumida por gestantes: durante os
3 primeiros meses de gestação interfere na formação do feto, provocando a
Focomelia (aproximação/encurtamento dos membros junto ao tronco, tornando-os
semelhantes aos de focas).
1961: a droga é retirada de
circulação em todos os países, à exceção do Brasil. Têm início processos
indenizatórios em diversos países.
1965: Dr. Jacobo Sheskin,
médico israelense, descobre efeitos benéficos da droga no tratamento da
hanseníase. Com isso, volta a ser comercializada.
No Brasil
1958: tem início a
comercialização da droga.
1965: a droga é retirada de
circulação, com pelo menos 4 anos de atraso. Na prática, porém, não deixou de
ser consumida indiscriminadamente no tratamento de estados reacionais em
Hanseníase, em função da desinformação, descontrole na distribuição, omissão governamental,
automedicação e poder econômico dos laboratórios. Com a utilização da droga por
gestantes portadoras de hanseníase, surge a segunda geração de vítimas da
Talidomida.
1976: tem início os processos
judiciais contra os laboratórios e a União.
1982: após várias
manifestações que sensibilizaram a mídia, o governo brasileiro é obrigado a
sancionar a Lei 7.070, de 20 de dezembro de 1982. Tal lei concede pensão
alimentícia vitalícia, que varia de meio a 4 salários mínimos, de acordo com o
grau de deformação, levando-se em consideração quatro itens de dificuldade:
alimentação, higiene, deambulação e incapacidade para o trabalho. De 1986 a
1991: com a inflação galopante e as mudanças dos indexadores econômicos,
defasam-se drasticamente os valores das pensões vitalícias.
1992: surge a ABPST -
Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida para defender os
direitos das vítimas da Talidomida, muitas das quais simplesmente nem recebiam
as pensões a que tinham direito.
1994: é publicada a primeira
Portaria 63, de 04 de julho de 1994, que proíbe o uso da Talidomida para
mulheres em idade fértil.
1996: é formado o Grupo de
trabalho para elaboração da 1º Portaria de Controle da Talidomida.
1997: é publicada a Portaria
nº 354, de 15 de agosto de 1997, que regulamenta o registro, produção,
fabricação, comercialização, prescrição e a dispensação dos produtos à base de
Talidomida.
2003: é sancionada a Lei nº
10.651, de 16 de abril de 2003, dispõe sobre o controle do uso da talidomida.
2005: é publicada a Consulta
Pública nº 63 para proposta de novo regulamento técnico da Talidomida.
2005: a publicação da
Resolução nº 356, de 10 de outubro de 2005, suspende a realização da Consulta
Pública n° 63.
2006: é realizado Painel de
Utilização Terapêutica da Talidomida, promovido pela ANVISA - Agência Nacional
de Vigilância Sanitária.
2007: é realizada nova reunião
na ANVISA – Agência Nacional de vigilância Sanitária visando a flexibilização
do uso da Talidomida.
2009: participação em
reunião promovida pelo Programa de Hanseníase para discussão de documento
visando Orientação no uso Controlado da Talidomida, para profissionais em
saúde.
2010: promulgação da Lei
12.190 que concede indenização por dano moral às pessoas portadoras da síndrome
da talidomida.
2010: reuniões com
ANVISA, MORHAN, UFRGS para aprimoramento da regulamentação legal da talidomida
visando a edição de uma nova Resolução para aprovação do Conselho Nacional de
Saúde.
Décadas 1990 e 2000: a diversificação
e a continuidade do uso da droga no tratamento de Lupus, Câncer, Leucemia,
Vitiligo, Aftas, Tuberculose, etc. geraram o nascimento de dezenas de novos
casos de crianças vitimadas pela droga (2º e 3º Geração); principalmente em
função da desinformação, inclusive de profissionais da área da saúde e pela
AUTOMEDICAÇÃO, uma prática constante no Brasil.
Fonte: http://www.talidomida.org.br/oque.asp,
pesquisa em 18/09/2016
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