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domingo, 18 de setembro de 2016

Talidomida - Uma tragédia nos anos 50

Filhos da Talidomida: O medicamento que foi considerado uma grande tragédia na medicina nos anos 50.



A Talidomida foi um medicamento criado em 1957 por uma indústria farmacêutica da Alemanha. Prometia tratar e curar várias enfermidades que iam desde a irritabilidade até ansiedade, insônia e algumas doenças infecciosas, muito usada também como poderoso sedativo e para evitar enjôos em mulheres grávidas, na qual nem precisava de prescrição médica. O medicamento “milagroso” ficou muito famoso na época (anos 50 a 60) e sua fama ganhou o mundo, logo foi distribuído para vários países em larga escala! A sua “bula” afirmava não conter nenhum efeito colateral e que poderia ser utilizado tranquilamente por todas as pessoas e para vários tipos de tratamentos, inclusive por gestantes.

Devido a sua fama em mais de 46 países, inclusive o Brasil, o remédio foi sendo utilizado em larga escala para os enjôos durante a gravidez nas primeiras semanas de gestação, por longos anos. Porém, algo começou perturbar a população, pois crianças começaram a nascer com má formação, apresentando uma síndrome chamada de Focomelia, uma anomalia congênita que impede a formação normal de braços e pernas, ou seja, os bebês começaram a nascer sem braços ou pernas, ou ainda, como pequenas estruturas ligadas ao tronco! A indústria farmacêutica da época causou o maior desastre da medicina, pois não testou os efeitos de teratogenicidade, ou seja, possibilidade de má formação do feto em desenvolvimento gerando na época um número estimado de mais de 10 mil crianças nascidas com má formação e com essa síndrome, além de muitos abortos que ocorreu devido essa droga, um erro irreparável e incalculável!

A talidomida é derivada do ácido glutâmico que pode afetar drasticamente os fetos, ela atua destruindo os vasos sanguíneos imaturos e impede a formação dos vasos em tecidos de crescimento acelerado como os membros superiores e inferiores durante a 4º e a 9º semana de gestação, além disso, a taxa de mortalidade de embriões no uso contínuo deste medicamento aumentou vertiginosamente e as crianças que nasceram apresentavam defeitos em seus membros que por sinal repercutem até hoje em vários governos de países que liberaram o seu uso, inclusive no Brasil.

Várias famílias foram afetadas e brigam até hoje por danos morais e pedem justiça as autoridades. Na Espanha, por exemplo, mais de 3 mil crianças foram afetadas e agora pedem 204 milhões ao governo pelos danos causados. Outras famílias aqui no Brasil já recebem auxilio do governo e pensões que variam de 1 até 4 salários mínimos. Todavia, finalmente em 2010 foi criada uma lei aqui no Brasil que concedeu indenização para todas as vítimas que sofreram com essa droga. Mas infelizmente o erro causado por essa indústria jamais vai “curar” o desastre acometido para essas famílias!

Fonte: http://diariodebiologia.com/, pesquisa em 18/09/2016

Histórico:

Fora do Brasil

1954: Alemanha desenvolve droga destinada a controlar a ansiedade, tensão e náuseas.

1957: a droga passa a ser comercializada em 146 países.

1960: descobertos os efeitos teratogênicos provocados pela droga quando consumida por gestantes: durante os 3 primeiros meses de gestação interfere na formação do feto, provocando a Focomelia (aproximação/encurtamento dos membros junto ao tronco, tornando-os semelhantes aos de focas).

1961: a droga é retirada de circulação em todos os países, à exceção do Brasil. Têm início processos indenizatórios em diversos países.

1965: Dr. Jacobo Sheskin, médico israelense, descobre efeitos benéficos da droga no tratamento da hanseníase. Com isso, volta a ser comercializada.

No Brasil

1958: tem início a comercialização da droga.

1965: a droga é retirada de circulação, com pelo menos 4 anos de atraso. Na prática, porém, não deixou de ser consumida indiscriminadamente no tratamento de estados reacionais em Hanseníase, em função da desinformação, descontrole na distribuição, omissão governamental, automedicação e poder econômico dos laboratórios. Com a utilização da droga por gestantes portadoras de hanseníase, surge a segunda geração de vítimas da Talidomida.

1976: tem início os processos judiciais contra os laboratórios e a União.

1982: após várias manifestações que sensibilizaram a mídia, o governo brasileiro é obrigado a sancionar a Lei 7.070, de 20 de dezembro de 1982. Tal lei concede pensão alimentícia vitalícia, que varia de meio a 4 salários mínimos, de acordo com o grau de deformação, levando-se em consideração quatro itens de dificuldade: alimentação, higiene, deambulação e incapacidade para o trabalho. De 1986 a 1991: com a inflação galopante e as mudanças dos indexadores econômicos, defasam-se drasticamente os valores das pensões vitalícias.

1992: surge a ABPST - Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida para defender os direitos das vítimas da Talidomida, muitas das quais simplesmente nem recebiam as pensões a que tinham direito.

1994: é publicada a primeira Portaria 63, de 04 de julho de 1994, que proíbe o uso da Talidomida para mulheres em idade fértil.

1996: é formado o Grupo de trabalho para elaboração da 1º Portaria de Controle da Talidomida.

1997: é publicada a Portaria nº 354, de 15 de agosto de 1997, que regulamenta o registro, produção, fabricação, comercialização, prescrição e a dispensação dos produtos à base de Talidomida.

2003: é sancionada a Lei nº 10.651, de 16 de abril de 2003, dispõe sobre o controle do uso da talidomida.

2005: é publicada a Consulta Pública nº 63 para proposta de novo regulamento técnico da Talidomida.

2005: a publicação da Resolução nº 356, de 10 de outubro de 2005, suspende a realização da Consulta Pública n° 63.

2006: é realizado Painel de Utilização Terapêutica da Talidomida, promovido pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

2007: é realizada nova reunião na ANVISA – Agência Nacional de vigilância Sanitária visando a flexibilização do uso da Talidomida.

2009: participação em reunião promovida pelo Programa de Hanseníase para discussão de documento visando Orientação no uso Controlado da Talidomida, para profissionais em saúde.

2010: promulgação da Lei 12.190 que concede indenização por dano moral às pessoas portadoras da síndrome da talidomida.  

2010: reuniões com ANVISA, MORHAN, UFRGS para aprimoramento da regulamentação legal da talidomida visando a edição de uma nova Resolução para aprovação do Conselho Nacional de Saúde.

Décadas 1990 e 2000: a diversificação e a continuidade do uso da droga no tratamento de Lupus, Câncer, Leucemia, Vitiligo, Aftas, Tuberculose, etc. geraram o nascimento de dezenas de novos casos de crianças vitimadas pela droga (2º e 3º Geração); principalmente em função da desinformação, inclusive de profissionais da área da saúde e pela AUTOMEDICAÇÃO, uma prática constante no Brasil.


Fonte: http://www.talidomida.org.br/oque.asp, pesquisa em 18/09/2016

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