No
Gênesis o homem é um ser tricotômico na ordem corpo, espírito e alma. E pela ordem
espírito, alma e corpo (I Ts 5.23), Deus trabalha o homem, trazendo-o de volta
à comunhão com Ele, após a queda.
Nenhuma
dessas partes sofrerão extinção, inclusive dos que partem sem um encontro
pessoal com Deus por Jesus Cristo (Jo 5.28-29; Ap 20.11-15, Jo 14.6).
A
natureza humana é composta por uma parte imaterial e outra material. A
imaterial quando em relação com Deus é designada de espírito. Quando em relação
com o mundo físico, de alma.
Alma
(Do latim anima, ânimo, energia, essência; No gr psykhé, princípio vital e sede
da personalidade, afetos, apetites, sentimentos e memória). Nas Escrituras,
este termo é usado para designar espírito, a vida, a pessoa e o sangue.
espírito
(Do hb ruah, do Gr. Pneuma, do lat. Spiritus). Nas três línguas clássicas
mencionadas, comporta o mesmo significado: sopro, hálito, vento, princípio de
vida.
Teologicamente
– espírito é a parte imaterial que o Supremo Criador insuflou no ser humano,
transmitindo-lhe vida, fazendo-o ser vivente, em imagem e semelhança com a
divindade. E com propriedade, Deus é Espírito no sentido mais sublime da
palavra (João 4.24).
“Enquanto
a palavra alma ocorre muitas vezes nas Escrituras (cerca de 380) referindo-se
às pessoas e abrangendo o relacionamento do eu com o mundo exterior, a palavra
espírito ocorre cerca de 550 vezes em referência a pessoas e, algumas vezes,
abrange o relacionamento do eu consigo mesmo e com Deus, de forma mais
estreita”.
Ao
nos tornamos alma vivente (Gn 2.7), o corpo passou a fazer parte da nossa
identidade individual. E por isso, mesmo no mundo espiritual, o corpo
ressurreto servirá também para nos identificar uns com os outros, ainda que
vivendo na dimensão espiritual (Lc 16.19-31 – O rico e Lázaro); Moisés e Elias
(Mt 17.3-4).
Pessoas reconheceram Jesus depois da ressurreição
(João 20.16, 20; 21.12, I Co 15.4-7). Então, Jesus foi reconhecido em seu corpo
glorificado, também seremos reconhecíveis em nossos corpos glorificados.
I Ts
5.23-24 – “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso
espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a
vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o
fará”.
Os três sentidos de morte na Bíblia sempre significam separação, não de extinção.
Ez 18.4 –
“Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma
do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá”. E só em Jesus, há esperança
para mudar essa condição.
Morte espiritual (Gn 3.23-24; Rm 3.23;5.12;6.23; Ef 2.4-6) – A separação do homem de Deus, a partir da queda de Adão no Éden. E herdamos a sua natureza caída (propensão a pecar). E agora respondemos por nossos pecados e desobediências, não pelos de Adão.
Morte Física (Ec 12.7) – A separação da parte imaterial (espírito e alma), do corpo físico. Uma consequência direta do pecado (Rm 5.12).
Ec
12. 7 – “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o
deu”.
Entre
o espírito humano e a alma tem uma linha tênue, finíssima, entretanto nas
Escrituras encontramos distinções pela definição de cada substância imaterial, pelas
suas atribuições e faculdades. Biblicamente, espirito e alma são
indissociáveis. Em linguagem popular, um espírito sem alma é como um “fantasma”,
um zumbi que zoa, sem personalidade, sem identidade.
Hb 4.12-13
– “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada
alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do
coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas
estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar”.
Morte Eterna - Separação Eterna de Deus (Dn 12.2; Jo 5.28-29; Ap 20.11-15). Condenação é sempre trágica, embora se observe nas Escrituras vários níveis de julgamentos (Mt 10.15; 11.22). Sendo Deus justo, acredita-se que haverá também níveis de penalidades nas condenações.
a) Julgamento: O Ato de julgar; Apreciação; Exame dos autos...
b)
Sentença: É o resultado do julgado proferida pelo julgador.
1.Para
escribas e fariseus – hipócritas, sofrerão juízo mais rigoroso (Mt 23.14).
2.Para
as 3 cidades impenitentes (Corazim, Betsaida, Carfanaum), maior rigor no juízo (Mt
11.20-24).
3.Para
os mestres – mais duro juízo (Tg 3.1). Possivelmente, os que ensinavam e não praticavam.
4.O
juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia (Tg 2.13).
Deus
e sua alma
Sendo
Deus o Espírito excelente não é destituído de alma, nem o será, uma vez que a
alma é sede da vontade, do intelecto (pensamentos) e das emoções. E Ele nos
criou seres espirituais, racionais, morais e sociais à sua imagem e semelhança
(Gn 1.26-27).
Juízes
10.16 – “E tiraram os deuses alheios do meio de si, e serviram ao SENHOR; então
se angustiou a sua alma por causa da desgraça de Israel”.
Provérbios 6.16 – “Estas seis coisas o SENHOR odeia, e a sétima a sua alma abomina”.
Jeremias 5.9 – “Deixaria eu de castigar por estas coisas, diz o SENHOR, ou não se vingaria a minha alma de uma nação como esta?”.
Jeremias 6.8 – “Corrige-te, ó Jerusalém, para que a minha alma não se aparte de ti, para que não te torne em assolação e terra não habitada”.
Hebreus 10.38 – “Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele”.
Jesus e sua alma – Sendo Deus e homem ao mesmo tempo.
João 12.27 – “Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora”.
Marcos 14.34 – “E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai”.
Atos 2.31 – “Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno (gr. Hades), nem a sua carne viu a corrupção”.
Passagens bíblicas
sobre a alma como sede dos sentimentos, da vontade e do intelecto/razão.
Alma x amargura
I Samuel
1.10 – “Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou
abundantemente”.
Jó 7.11 – “Por isso não reprimirei a minha boca; falarei na angústia do meu espírito; queixar-me-ei na amargura da minha alma”.
Alma x tristeza
I Samuel 2.33 - O homem, porém, a quem eu não desarraigar do meu altar será para te consumir os olhos e para te entristecer a alma; e toda a multidão da tua casa morrerá quando chegar à idade varonil.
Salmos 119.28 – “A minha alma consome-se de tristeza; fortalece-me segundo a tua palavra”.
Alma x angústia
II Samuel
4.9 – “Porém Davi, respondendo a Recabe e a Baaná, seu irmão, filhos de Rimom,
o beerotita, disse-lhes: Vive o SENHOR, que remiu a minha alma de toda a
angústia”.
I Reis 1.29 – “Então jurou o rei e disse: Vive o SENHOR, o qual remiu a minha alma de toda a angústia”.
Alma x tédio e lamento
Jó 10.1 – “A MINHA alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma”.
Jó 14.22 – “Mas a sua carne nele tem dores; e a sua alma nele lamenta”.
Alma x sentimento de amor
I Samuel 18.1 – “E SUCEDEU que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma”.
Samuel 18.3 – “E Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma”.
Alma x desejo
I Reis 11.37 – “E te tomarei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma; e serás rei sobre Israel”.
Alma x mente e a vontade
Deuteronômio 4.29 – “Então dali buscarás ao SENHOR teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma”.
Deuteronômio 6.5 – “Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças”.
Deuteronômio 11.13 – “E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao SENHOR vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma”.
Provérbios 2.10 – “Pois quando a sabedoria entrar no teu coração, e o conhecimento for agradável à tua alma”.
Provérbios 11.25 – “A alma generosa prosperará e aquele que atende também será atendido”.
Provérbios 15.32 – “O que rejeita a instrução menospreza a própria alma, mas o que escuta a repreensão adquire entendimento”.
O Estado Intermediário - É um modo de existir entre a morte física e a ressurreição final do corpo sepultado, para a vida eterna ou para a perdição eterna. Portanto, uma habitação espiritual fixa, porém temporária. Para o salvo é descrito como um estado de descanso (Ap 14.13), de espera e repouso (Ap 6.10,11), de serviço (Ap 7.15) e de santidade (Ap 7.14). Para o não salvo, já é lugar de tormentos (Lc 16.23-25).
Na ressurreição o salvo em Cristo receberá um corpo glorificado (I Co 15.12-23;51-54). Aliás, a ressurreição é do corpo, o espírito e a alma do salvo aguarda a ressurreição no paraíso, tal como Jesus prometeu ao ladrão da cruz arrependido. E o espírito e a alma dos que não creram no evangelho de Jesus (Mc 16.15-16), sofrerão a condenação, em algum nível, separação eterna de Deus (Ap 20.11-15).
Lc 16.19-31 – A parábola do rico e Lázaro trata do estado intermediário no mundo espiritual. E tanto um, como o outro estão conscientes. Não foram extintas suas as consciências nem as almas deles.
Ap 6.9-11 -
E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram
mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E
clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não
julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a
cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco
de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus
irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram.
Observamos, no mundo espiritual, almas de mortos salvos, clamando em sã consciência por justiça, no contexto da grande tribulação, a qual estará ocorrendo na terra naqueles dias.
Lc 23.42-43 – O ladrão da cruz arrependido e após a sua morte, Jesus lhe prometeu está com Ele no paraíso (estado intermediário de todo salvo por Jesus). E após passar pelo tribunal de Cristo e pelas Bodas, adentrará aos céus, o tabernáculo de Deus com os homens.
Lc 23.42-43 – “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”.
Ap 20.11-15 – “E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.
Muitos foram sepultados no mar da forma como morreram. Hades – mundo invisível, lugar intermediário dos mortos sem Cristo. É uma antessala do Lago de Fogo – a segunda morte, a condenação eterna quando forem julgados.
Eis a advertência de Jesus em Mateus 10.28:
“E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”. É condenação e não extinção da alma.
Para saber mais sobre aniquilacionismo veja: http://samuca-borges.blogspot.com/search?q=aniquilacionismo
Então, sejamos daqueles que crêem para a conservação da alma:
Hebreus 10.39 – “Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma”.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Natal/RN, 21/03/2021 (Revisão em 02/11/2025).

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