Lamentações 3.26 - “Bom
é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR”. É importante frisar que o profeta Jeremias escreve logo após a
destruição de Jerusalém pelos babilônicos (586-585 a.C) por causa da
desobediência teimosa do povo, e diante
do cenário incrédulo. Não era o momento maravilhoso na vida da nação de Israel.O que temos a aprender do texto bíblico ora lido?
Introdução: A esperança e a fé são da mesma natureza e substância? A esperança leva-nos a ter fé ou é o contrário? Sabemos que a fé ver o invisível, enquanto a esperança se alimenta de expectativas. Entre a esperança e a fé, quem sustenta quem? Convidamos aos que nos leem, ou nos ouvem para refletirmos em torno destas indagações.
A esperança é a virtude que a encontramos entrelaçada com a fé e o amor nas Escrituras (I Co 13.13). Precisamos ver a esperança é como uma chama de combustão para vida.
Cora Coralina (1889-1985, poetisa, contista e escritora goiana), declarou: “Digo o que penso, com Esperança. Penso no que faço, com Fé. Faço o que devo fazer, com Amor”.
Na poesia a esperança é vista no olhar, no sorriso da criança, no verde das campinas, estampada no azul do céu, na beleza das flores e no nascer de um novo dia, etc... Entretanto, quando olhamos para os lados, vemos rostos desesperados, e são poucos os exemplos de esperança a seguir; voltamo-nos para nossa retaguarda, contemplamos pessoas decepcionadas com poderes corrompidos, instituições falidas, a ética social rastejando. Esta é a dura realidade social, econômica e política, nos quatro canto da terra.
E quando a esperança se vai, com ela vai também o ânimo, a disposição da lide, o fervor da vontade de vencer e a possibilidade de ver a luz no fim do túnel, nas torrentes e caudalosas tempestades da existência humana.
Amados! Como está o nosso nível de esperança? Nós carecemos de manter acessa a luz da esperança, Emil Brunner disse:“O que o oxigênio significa para os pulmões, significa a esperança para o sentido da vida”.
Na perspectiva humana a esperança
é o estado de esperar inerte ou agir para que algo venha acontecer,
considerando expectativas, possibilidades de resultados positivos em torno dos
eventos e circunstâncias da vida.
Dizia o Padre português Antônio Vieira (1608-1697): “A mais doce de todas as companheiras da alma é a esperança”.
Em Rm 5.3-5, aprendemos que a esperança é produto da experiência e quem a conserva firme não entra em confusão, ou seja, tem referencial, não perde o rumo do alvo a alcançar, segue em frente.
Alguém afirmou que há três tipos de esperança:
1.O tipo que se restringe, é limitada a esta vida material.
Este tipo o Apóstolo Paulo reprovou mesmo contando com Jesus, em I Co 15.19 – “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”.
2. A do tipo que só serve para o futuro, na outra vida. Então, viver aqui é sofrer, e se traduz no ideal ilusório de crenças e filosofias humanistas.
3. E o terceiro tipo de esperança é a que abarca esta vida temporal e a outra vida, a dimensão material e a espiritual.
De modo que escreveu o apóstolo Paulo em Rm 8.24, acerca da redenção no porvir: “Porque, em esperança somos salvos”, referindo-se à dimensão futura do salvo em Cristo.
E ratificada com o escrito em Tito 1.2: “Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos”.
Na Bíblia, o Livro dos livros, a esperança do cristão se consagra em vários adjetivos: Ela é proposta, boa, consoladora, gloriosa, alegre, bem-aventurada, viva e racional (I Pd 3.15).
O determinante na ESPERANÇA é onde ela está focada, depositada e alicerçada. Salmistas judaicos assim se expressaram:
Salmos 39.7 – “Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti”.
Salmos 62.5 – “Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem a minha esperança”.
Salmos 146.5 – “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, e cuja esperança está posta no SENHOR seu Deus”.
Quando lemos “o justo viverá da fé” em Rm 1.17; Gl 3.11 e Hb 10.38 está implícita a definição de fé no Antigo Testamento conforme Habacuque 2.4, isto é, a confiança em Deus. E nesta confiança, exercitemo-nos na esperança de que Deus nos mantém de cabeça erguida para vencer os desafios em dias tenebrosos.
E as tempestades servem para testar a robustez das nossas raízes, se fracas ou resistentes.
Sl 40.1 - Testemunhou o salmista: “ESPEREI com paciência no SENHOR, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor”. Atente! Deus é o Senhor! Não é pau mandado e muito menos o gênio da lâmpada de Aladdin.
Meus irmãos e amigos! Quando esperamos em Deus, como o SENHOR! Sem fantasias humanas e religiosas, renasce o vigor, o espírito imbatível, a crença de que Ele é poderoso para nos socorrer nas horas adversas. Façamos como o profeta Jeremias, em meio a destruição da cidade de Jerusalém e do templo, foram levados cativos, porém alimentava e mantinha na alma o que lhe dava esperança, e não perdeu a esperança, e declarou: “Quero trazer à memória o que pode me dar esperança” (Lm 3.21). Tinha foco nas promessas, na bondade e nas misericórdias de Deus (Lm 3.22-25).
Quando pregamos o Evangelho Segundo Jesus Cristo, estamos plantando e regando a semente da maior das esperanças aos homens, alcançando e contagiando aqueles que estão a nossa volta cabisbaixos, precisando recomeçar...
Para os que têm compromisso com o Deus revelado nas Escrituras, persistem as suas promessas, e todo cristão é instruído em Rm 12.12: “Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”.
E qualquer que seja a situação adversa e sombria, façamos nossas as palavras de Pedro (João 6.68) - “...Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da Vida Eterna”. E assim afirmamos, até na morte, com Jesus somos vitoriosos, pois pela sua ressurreição matou a morte para todo aquele que nele crê (João 3.36;17.3).
Quando a esperança é viva, a noite é menos escura, a solidão menos ruidosa, o medo menos agudo. Desejada, cultivada, doce, empreendedora, alentadora seja a ESPERANÇA, pautada na fé, o firme fundamento do que se espera (Hb 11.1).
E, lembremo-nos das palavras do apóstolo Paulo em Rm 15.4:
“Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.
Concluindo, infeliz da mulher e do homem, miserável criatura quando nele e em que acredita se desvanece a esperança. Olhemos para o exemplo de Abraão, o pai da fé, em esperança, creu contra a esperança, porque foi firme na fé e nas promessas de Deus (Rm 4.18-22). Não eram de homens. Portanto, a fé em Deus é o suporte da Esperança nesta e para a outra vida. Amém!
Presb. Samuel Pereira de Macedo Borges
AD Candelária – Natal RN, 14/03/2021. Revisão em 28/06/2021.
Uma reflexão oportuna.
ResponderExcluirLouvado seja Deus!
ResponderExcluir