O Império Bizantino (395-1453 d.C.)
Igreja Santa Sofia - Istambul/Turquia
Surgiu a partir da divisão do Império Romano feita pelo imperador Teodósio, em 395, correspondendo à parte oriental. Sua capital era Constantinopla, antiga cidade grega Bizâncio, que, por conta da sua posição geográfica, possibilitou o desenvolvimento do comércio e o Império oriental se expandiu.
Voltando no tempo, nos dois
primeiros séculos da Era Cristã, a Igreja Primitiva esteve sob perseguição
serrada do Império Romano. Os apóstolos tinham respeito às autoridades
constituídas, mas não comungavam do culto aos césares. *O Cânon Sagrado do Novo
Testamento estava em formação. Muitos cristãos pagaram com suas vidas a fé que
professavam. E só quando foi promulgado, por volta de 313, o Édito de Milão é que
foi proibida à perseguição dos cristãos. E por volta de 380 d.C. o imperador
Teodósio oficializou o Cristianismo religião do Império Romano.
A Igreja Cristã recebeu o nome de Católica somente no ano 381, no concílio de Constantinopla com o decreto “CUNCTOS POPULOS” dirigido pelo imperador romano Teodósio (documentário o Estado do Vaticano – Pr. Lauro de Barros Campos).
*Em 397 d.C. no III
Concílio de Cartago, ocorreu o reconhecimento definitivo e fixação do cânon do
Novo Testamento. Foram quase 400 anos exames e amadurecimento pelos pais da
Igreja, fazendo distinção entre o que era de inspiração divina e o que era
apócrifo.
Com a queda do Império Romano Ocidental, em 476 d.C. saqueado pelos bárbaros, o Império Bizantino passou a ser o herdeiro das tradições romanas e sobreviveu mais mil anos.
O auge do Império Bizantino
aconteceu no reinado de Justiniano (527-565 d.C.), que aumentou o seu
território, além de ter compilado as leis romanas, criando o Código de Direito
Civil.
Em 1.054 d.C. ocorreu o Cisma
do Oriente e a Igreja Bizantina recebeu o nome de Igreja Católica Ortodoxa. O
Império Bizantino sucumbiu em 1453, quando os turco-otomanos conquistaram a capital
Constantinopla, último reduto do Império.
A
Iconolatria Bizantina
A partir do século VI, quando
o cristianismo já era a religião oficial do Império Bizantino, havia
um grave surto de iconolatria (adoração de imagens) nos domínios
do império. Existia uma mistura popular de resquícios dos antigos ritos
dedicados aos ídolos pagãos, greco-romanos, com a veneração das imagens que
representavam as personagens principais do Cristianismo.
A ortodoxia cristã dos
primeiros séculos admitia a veneração de imagens sacras pelo fato de elas
representarem o Cristo, a Virgem etc., e não propriamente encarnarem a pessoa
deles. Desse modo, a veneração era autorizada, a idolatria (esta,
sim, considerada um pecado), ou iconolatria, é que era proibida”.
O vocábulo ortodoxia define a
corrente doutrinária, teológica firmada de acordo com as revelações divinas, conforme
ao texto das Escrituras Sagradas. Então, a bem da verdade, a ortodoxia
bizantina era uma pseudo ortodoxia. E estava pautada no Magistério da Igreja Romana
e Bizantina, não na doutrina dos apóstolos primitivos. E até hoje continua a veneração de imagens, de
ícones religiosos, tanto pela Igreja Católica quanto pela Ortodoxa.
O
que foi a Iconoclastia Bizantina? Consequência da Iconolatria
Foi um fenômeno
político-religioso ocorrido no Império Bizantino nos os séculos VIII e IX,
entre 726-843 d.C.
Mas que tipo de imagem era
destruída no período em questão do Império Bizantino? Imagens que
representavam as principais personalidades do cristianismo, a começar pelo
próprio Cristo, seguido pela Virgem Maria, apóstolos, santos, mártires e
anjos. E por que tais imagens religiosas passaram a ser destruídas?
Leão III e Constantino V - Institucionalização da Iconoclastia
Os patriarcas e bispos do
Oriente tentaram por um bom tempo reverter a iconolatria por meio da pedagogia
litúrgica e das explicações sobre o que, de fato, as imagens representavam.
Porém, no século VIII, ascendeu ao trono bizantino Leão III, o Isáurico,
que governou de 717 a 741.
Convicto do caráter nocivo da
veneração de imagens, Leão III começou a defender a
institucionalização da iconoclastia a partir do ano de 726. O período mais
violento em que vigorou a proibição da veneração de imagens ocorreu durante o
reinado do filho de Leão III, Constantino V.
“A partir do concílio iconoclasta,
reunido em Hiéria em 754, Constantino V lançou-se numa verdadeira perseguição.
As esculturas foram arrancadas à força, os mosaicos cobertos de cal, os
afrescos raspados, e os livros dos partidários das imagens queimados.
Multiplicaram-se as prisões, destituições de cargos e deportações...”.
Fim
da Iconoclastia
A veneração de imagens voltou
a ser permitida no Império Bizantino com a ascensão da imperatriz
regente Teodora (esposa de Teófilo e mãe de Miguel
III, de quem foi regente de 842 a 855, após a morte do marido), no ano de 843.
Então, o que é um Iconoclasta?
O uso deste termo
deriva do vocábulo grego “eikonoklastes” que se refere precisamente a um
destruidor de imagens. Então, está
relacionado à atitude de um iconoclasta que é visava banir qualquer tipo de
adoração a uma imagem religiosa nos dias do Império Bizantino.
Modernamente, o
termo iconoclasta passou a ser utilizado, aplicado ao indivíduo que é contrário ao culto de imagens de esculturas, consideradas sagradas nos vários segmentos religiosos, inclusive no Catolicismo.
Convém esclarecer
que esse entendimento do vocábulo iconoclasta não justifica a idolatria, cuja prática
religiosa é amplamente condenável nas Escrituras Sagradas, tanto no Antigo,
como no Novo Testamento.
Segundo C. S. Lewis, professor
universitário, escritor, romancista, poeta, crítico literário, ensaísta e
teólogo irlandês (1898-1963), falando
de oração, introspecção, dizia: Deus é um iconoclasta quando destrói os ídolos
que criamos em nossas pobres mentes, imaginários inconsistentes na medida que
dele buscamos nos aproximar.
Por outro lado, Deus não é um iconoclasta
porque separa a “escultura arte”, uma memória histórica e estética, da imagem
de escultura de cunho religioso, a qual abomina, porque lhe desvia o culto, a
adoração que só a Ele é devida, em qualquer época e cultura. A verdade bíblica da exclusividade da
adoração a Deus está muito bem definida nas Escrituras.
Santuário do Bom Jesus Matosinhos - um legado da arte de aleijadinho
A Mitologia dos deuses
Povos antigos,
na ignorância espiritual, por não conhecer o verdadeiro Deus, Criador de tudo e
de todos, fragmentaram as origens e o poder de Deus em vários deuses. E ocorre que
um deus da origem a outro com explicações estapafúrdias. Os deuses são
diminutos restritos por áreas: um é do sol, outro da chuva, outro do ar, outro
da lua, outro das colheitas, etc...
Por exemplo, no mito dos
gregos, na Teogonia de Hesíodo, contemporâneo de Homero, poeta que se diz que
viveu no século VIII a.C., narra que o mundo surge com o nascimento dos
numerosos deuses que o constituem. E do conjunto de inumeráveis deuses...se
chega ao governo, poder e sabedoria suprema de Zeus.
Na origem do universo, estão
três deuses primordiais: Caos, Terra e Eros.
Há três grandes linhagens dos
mitos: a descendência do Caos, a do Mar e a do Céu.
Observar que estágios da
Criação e das criações de Deus, no relato do Gênesis, se fundem em deuses dos
mitos gregos.
Então, a Teogonia nos conta como o mundo surgiu a partir dos
primeiros deuses, seus amores e suas lutas. Teogonia significa
"o nascimento dos deuses".
É, em verdade, completamente
destoante da fé e da esperança cristã racionais (Rm 12.1).
I Pedro 3.15 – “...e estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir
a razão da esperança que há em vós”.
Escreveu o apóstolo Paulo em Atos
17.29 – “Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a Divindade
seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e
imaginação dos homens”.
Paulo estava em Atenas, no
areópago, pregando o evangelho de Cristo, opondo-se à idolatria e superstição
dos gregos, perdidos em seus mitos e apresenta-lhes o Deus Desconhecido, o
Criador do mundo e tudo que há nele (Atos 17.22-24).
O
nome Deus na Teologia Bíblica
Deus e deuses - Consideremos, nas Escrituras escreve-se Deus
(Hb. El, Elá, Eloim) com “D” maiúsculo. Quando se escreve com “d” minúsculo,
refere-se aos deuses falsos, aos ídolos ou ao diabo (Êx 20.3-5,23; Sl 115.1-13;
II Co 4.4). Na verdade, Deus tem vários nomes, inclusive nomes compostos, que
manifestam o seu caráter, sua pessoa conforme o momento ou estágio da sua
revelação progressiva à Humanidade. Não abordaremos neste artigo.
A adoração de
imagens, ídolos vinculados à religião, aos deuses e criaturas na mitologia tem
sido uma prática constante do homem desde sua presença na Terra. A isto
chamamos de idolatria pagã. Contraria a fé monoteísta revelada no culto mosaico,
onde encontramos suas bases no decálogo dado por Deus aos hebreus (Êxodo 20.1-17).
A Escultura Arte
É muito comum a
exposição pública de esculturas de artes históricas, estéticas, culturais e decorativas,
principalmente nas cidades europeias. É
a arte, não objeto de culto ou adoração.
“Arte é a mistura
única de habilidade, emoção, cultura e imaginação”.
“Um belo corpo perece, mas uma
obra de arte não morre” – Leonardo Da Vinci.
Êxodo 25-17-22 - No tabernáculo, dentro do Santo dos Santos tinha duas esculturas de querubins, compondo o propiciatório que servia para cobrir, tampar a arca do concerto. A arca simbolizava a justiça e presença de Deus no santuário judaico. Porém, não era objeto de adoração. Quando o Sumo-Sacerdote entrava, uma vez por ano, no Santo dos Santos com o sangue da expiação, por ele e pelo povo, a glória de Javé tomava conta do ambiente, de modo que era de menor importância no lugar haver esculturas, uma vez que a manifestação da glória do Deus vivo de Israel, do eterno, ofuscava tudo que era objeto material no Santo dos Santos.
Nenhuma escultura, seja de
arte histórica ou de caráter religioso pode ser objeto de veneração ou adoração.
Só Deus deve ser adorado, em espírito e em verdade. Não foi Moisés quem assim determinou, mas o próprio Deus estabeleceu na Lei (Êxodo 20.1-17) e reafirmado
por Jesus em João 4.24, no seu ministério de ensino, na propagação do Reino de
Deus.
A fé monoteísta foi instruída
rigorosamente para fazer distinção entre o culto ao Deus Verdadeiro em relação
aos deuses do paganismo antigo. Daí a
expressão divina: “Não terás outros deuses diante de mim...” (Êxodo
20.3-5).
O fato de teólogos católicos
condenarem o Monofisismo e o Nestorianismo, não serve de sustentação para o grave erro doutrinário da idolatria católica e ortodoxa.
O Monofisismo (doutrina que defendia
ter Jesus só uma natureza: a divina. E afirmavam que a sua humanidade era
apenas aparente, ideia gnóstica). Enquanto o Nestorianismo (de Nestório,
patriarca de Constantinopla) não admitia a união hipostática das duas naturezas,
uma divina e outra humana, em Jesus Cristo.
Jesus
era e é Deus e se tornou homem na encarnação do verbo.
Jesus como homem tinha Maria
sua mãe e José o seu pai adotivo. Em sua natureza divina tem o Pai, mas não tem
mãe. Como homem estava despido da glória da Divindade, não da sua Divindade (Filipenses
2.6-11). Ele era e é Deus (João 1.1-3,14). E como Deus é a imagem do Deus
invisível, o primogênito de toda criação. E tudo criado por ele e para ele
(Colossenses 1.14-19). E tudo está entregue em suas mãos (João 3.35).
O mistério da unidade da
Trindade em três pessoas distintas, em essência, caráter e forma está presente
nas Escrituras desde o Gênesis 1.1-2,26.
Jesus disse: “Eu e o Pai somos
um” (João 10.30). E o Pai é maior do que eu (João 14.28). Considerando essa
hierarquia entre o Pai e o Filho, podemos afirmar: Jesus Cristo é Deus.
Entretanto, Deus, o Pai, não é Jesus. São pessoas distintas na unidade da
Divindade.
E chegará o momento, na
plenitude dos tempos, quando o Filho de Deus entregará tudo ao Pai (I Coríntios
15.24-28).
Não fazer distinção entre as
duas naturezas, uma divina e outra humana, na pessoa de Jesus Cristo, é negar a
sua encarnação. E quem assim o faz é o espírito do anticristo (I João 4.2-3).
A Idolatria à luz da Bíblia – Para saber da sua natureza
abominável e condenável basta crê no que está escrito.
Êxodo 20.3-6 – “Não terás
outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma
semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor,
teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à
terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em
milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos”.
Isaías 42.8 – “Eu sou o Senhor: este é o meu nome; a minha glória, pois,
a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura”.
A Idolatria é uma prática carnal tal qual a prostituição e outros pecados listados aos gálatas. Não é expressão de fé aceita, aprovada por Deus.
Gálatas
5.19-21 – “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição,
impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras,
pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e
coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos
disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus”.
Romanos 8.8 - "Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus".
Romanos 8.5-9 – O termo carne
diz respeito a natureza humana caída, escrava do pecado, o homem natural que
não tem visão e nem discernimento espiritual, morto em delitos e pecados, em se
tratando de fé não distinguem a luz das trevas. Não precisa de uma religião,
necessita nascer de novo (João 3.5-8) e seguir a Cristo, pois quem o segue terá
a luz da vida (João 8.12).
Apocalipse 22.14-15 – “...Ficarão
de fora (do direito a árvore da vida e do acesso a nova Jerusalém) os cães e os
feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer
que ama e comete a mentira”.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 22/10/2022
Fontes da Pesquisa:
HIGA, Carlos César.
"Império Bizantino"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/imperio-bizantino.htm.
Acesso em 11 de outubro de 2022.
Juliana Bezerra - Bacharelada
e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais,
pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela
Universidade de Alcalá, Espanha.
FERNANDES, Cláudio. "O
que foi a iconoclastia bizantina?"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-iconoclastia-bizantina.htm.
Acesso em 18 de setembro de 2022.
https://www.infoescola.com/mitologia-grega/teogonia-de-hesiodo/
- Ana Paula de Araújo.
Cisma do Oriente - Fonte: https://www.todamateria.com.br/ -
Pesquisa em 11/10/2022.
Referência autoral
(APA): Editora Conceitos.com (abril 2015). Conceito de Iconoclasta. Pesquisa em
11/10/2022.
Bíblia Sagrada
Edição Revista e corrigida no Brasil.
Claudionor C.
Andrade - Dicionário Teológico – CPAD – 4ª edição 1997.