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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Movimento Puritano - Século XVI e XVII

(+-1560-1662) - Desenvolveu-se na Inglaterra, considerado o mais zeloso movimento da Fé Protestante.

Foi um movimento religioso, com implicações política, educacional e cultural, muito influente na Inglaterra. Veio mais tarde influenciar decisivamente a formação da principal tradição religiosa dos Estados Unidos da América. Pregavam a pureza e integridade do indivíduo, da igreja e sociedade.

Naqueles dias, havia divisões de grupos sociais em razão do crescimento do protestantismo na Europa. Os saboias (católicos), os confederados (protestantes). Calvino, como líder político e protestante tinha oposições aos anabatistas e católicos.

31/10/1517 – Data histórica da Reforma Protestante, quando o Monge dominicano Martinho Lutero fixou as 95 teses na porta da Igreja do castelo em Wittenberg, com críticas à Igreja Católica, principalmente as vendas de indulgências pelo Clero.

1521O rei Henrique VIII (1491-1547) combateu a doutrina luterana na Inglaterra, recebendo o título de “defensor da fé”, do Papa Leão X.

1531O rei Henrique VIII, pede ao Clero a anulação do casamento com Catarina de Aragão ao Papa Clemente VII, é negado. Henrique VIII declara que a Igreja da Inglaterra não reconheceria mais a autoridade de Roma.

1533, divorciado, é excomungado pelo papa. No Ato de Supremacia, em 1534, o parlamento inglês o reconheceu como “Chefe Supremo da Igreja na Inglaterra”, com poderes de indicar os bispos e estabelecer a doutrina. Então, surge a Igreja Anglicana. 

1553 a 1558 -  Maria Tudor, filha de Henrique VIII, queria voltar ao romanismo na Igreja anglicana, em oposição ao movimento puritano. Muito derramamento de sangue que deu à rainha o título de Maria, a sanguinária (Bloody Mary), executora dos líderes protestantes: Hugh Latimer, Nicholas Ridley e Thomas Cranmer (1489-1556). Alguns fugiram para Genebra (John Knox e William Whittingham), Zurique e Frankfurt.

Década de 1560 - O adjetivo puritano foi aplicado de forma pejorativa, por causa da ortopraxia rígida dos puritanos, ou seja, “os santarrões”. Era de maioria calvinista.

1563-1567 – A Controvérsia das vestimentas – Em que propunham trocar as vestes clericais pelas togas genebrinas, abolir o sinal da cruz e muitas cerimônias e dias santos.

Os puritanos, burguesia e absolutismo na Inglaterra: Deus estava acima de todos. O rei, pela teoria do direito divino, declarava-se acima da Lei. Confrontado o Rei James I.

Por volta de 1620 O Rei James I (1566-1625), ameaça de expulsão – Um grupo de puritanos migra para a Nova Inglaterra (13 colônias da Grã-Bretanha), mais tarde, formaria os EUA, independente da Inglaterra em 1776. Nos EUA a semente da fé puritana gerou vários “Heróis da Fé Cristã”.

1638 – Explode a Revolução Puritana (Guerra Civil Inglesa) - Em oposição ao Rei Charles I (1600-1649), filho do Rei James I.

Os Puritanos e a Igreja anglicana – Exigiam reformas, pois estava muita próxima da liturgia e dogmas do Catolicismo Romano. Como também no governo da nação, na família, nas estruturas sociais civis, pela pregação e ensino das Escrituras. Ao enfatizar a soberania de Deus, na visão calvinista, Ele reinava no mundo literalmente. 

Segundo o Pr. Augustus Nicodemus: “Quando o movimento toma corpo, em primeiro lugar, eles queriam purificar a Igreja de Deus, especialmente o culto, através da Palavra de Deus escrita. Mas não pararam aí, estavam interessados em purificar também, em segundo lugar, o governo da Igreja e depois a vida da família, o comércio e os negócios. Daí passavam para o governo civil; queriam purificar a forma do governo dirigir a nação. Eles queriam reformar as escolas e as universidades à luz da Palavra de Deus. Por isso começaram a orar e a pregar para que toda a terra, em todos os aspectos do país, fosse reformada pela Palavra”.

No campo da educação, a contribuição puritana é até hoje reconhecida por pedagogos como J. W. Ashley Smith que disse que foi na época do governo puritano na Inglaterra que os estudos universitários alcançaram o ápice.

1643-1649 – Assembleia de Westminster – A mais notável assembleia protestante de todos os tempos – Pautada na erudição teológica e oração no fervor puritano à época. Resultado: a Confissão de Fé, o Catecismo Maior e o Breve Catecismo. Base de fé da Igreja Reformada, na Inglaterra e Escócia. E ainda hoje são fundamentos de fé do Presbiterianismo e várias outras denominações históricas.  

1649 - Com a morte de Charles I, considerado tirano e traidor foi decapitado, a monarquia foi abolida e foi declarada República na Inglaterra.

1649-1658 - “Protetorado” ou Comunidade Puritana - Sob a liderança do congregacional calvinista Oliver Cromwell. Com divergências sobre formas de governo dos puritanos, houve a restauração da Monarquia inglesa e o rei Carlos II (1660-1685) expulsou dois mil puritanos, ano de 1662, determinando o final do puritanismo anglicano.

1662 - Ato de Uniformidade, Test Act, Corporation Acts, Lei Quaker - A maioria dos não-conformistas foram, excluídos, direitos sociais castrados na Inglaterra - Fim da era puritana. A Igreja Anglicana foi submetida ao Livro de Oração Comum. De certa forma, um retorno a dogmas romanos. Porém, a Inglaterra nunca mais foi a mesma.

Puritanos - Chegada na América do Norte

Nomes notáveis do Avivamento Puritano: William Tyndale (1494-1536 - contemporâneo de Lutero), John Hooper (1495-1555), Thomas Cartwright (1535-1603), Robert Fleming (1630-1694), Jonathan Edwards (1703-1758) e John Gillies (1712-1796), Laurence Chaderton (1546-1640), William Gouge (1575-1653), John Knox (1514-1572), reformador na Escócia, John Owen (1616-1683), um importante teólogo britânico.

O Puritanismo nos EUA foi bastante influente desde o início da “Nova Inglaterra” (1620) até o Grande Despertamento (em 1740).

O Iluminismo na França X Puritanismo - Teve pouca influência sobre o Movimento Puritano, uma vez que só se torna um movimento intelectual popular no século XVIII, conhecido pelo século das luzes. Na verdade, trouxe um apagão na fé cristã por toda a Europa. Na força da razão, exaltação da ciência, os iluministas nominaram a Idade Média a Era das Trevas. Porém, não tinham discernimento para distinguir Cristandade (Igreja romanizada) do Cristianismo bíblico, defendido pelos precursores John Wycliffe (1328-1384), John Huss (1372-1415), séculos XIV e XV, e os reformadores, no século XVI em diante.

 

Fontes de pesquisas:

Os Puritanos e o Cristianismo do Avivamento – Lain Murray. Tradução, adaptação e editado por Sílvio Dutra. Dezembro de 2019.

Puritanismo - Augustus Nicodemus – base principal palestras de Dr. Douglas Kelley - Publicado no Presbiteriano Conservador - Setembro/outubro de 1995.

Puritanismo – Armando Araújo Silvestre - Pós-doutorado em História da Cultura (Unicamp, 2011).


Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN, 28/02/2023.

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