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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Lição 4 – O encontro de Rute com Boaz

 

Introdução

1.Na lição 3 tivemos a oportunidade de estudar as qualidades encontradas em Rute e em Noemi sua sogra.

2.Rute se destacou pela firme decisão de permanecer em lado da sua sogra, apesar das circunstâncias, ocasião em que declarou fé no Deus de Israel, diferente de Orfa, a outra nora a qual retornou aos familiares e seus deuses.

3.A presença de Rute foi percebida nos campos por Boaz e ao descobrir quem era toma atitudes para ajudá-la. Rute estava começando a colher o bem pelo seu comportamento altruísta para com Noemi.

4.Então, veremos a mão de Deus agindo em favor de uma mulher que não pensava só em si. E vai também se descortinando o propósito divino mais amplo, para perpetuar gerações, tendo em vista a Redenção da Humanidade pela linhagem Davídica.

I – Boaz, o remidor

1. Quem era Boaz? Um parente do Elimeleque, esposo falecido de Noemi. Tinha posses, um produtor rural bem-sucedido, respeitado por todos, de caráter íntegro e veio a ser o remidor de Rute.

2.Chama a atenção, o relacionamento com os seus empregados: Demonstrava temor a Deus.

3.A sua saudação aos empregados “O Senhor seja convosco” e tinha um retorno positivo dos segadores: “O Senhor te abençoe” (Rt 2.4).

4. Boaz reunia condições de ser o parente remidor de Rute. Tanto de resgatador como de remidor, vejamos:

a) O resgatador na Lei mosaica - Quando um judeu ficava pobre e vendia suas posses, o parente mais próximo tinha o dever de comprá-las de volta e lhe restituir;

b) E se um hebreu fosse comprado como escravo por um estrangeiro, um parente tinha o dever de resgatá-lo (Lv 25.25-28; 47-59).

c) Na lei do levirato (levir – cunhado) - Previa que o irmão do falecido casasse com a viúva e suscitasse a descendência do morto (Dt 25.5-10; Mt 22.24-48).

d) Esses costumes sociais, com um condão de justiça social, no meio hebreu foram ampliados, visando maior alcance.

e) Como Boaz não era irmão do falecido esposo de Rute e havia um remidor mais chegado, ele teve que tratar do caso com ele (Rt 3.12; 4.1-12).

II – O carinho de Boaz para com Rute

1.Rute foi percebida por Boaz quando colhia os respigos na sua plantação.

Rute 2.11 - Informado de quem era e o que fez, passou a tratá-la com carinho, chamando-a de filha.

2.Para sua segurança deu ordem para que não a tocassem (Rt 2.9).

3.Era crítica a situação de uma mulher viúva em tempos primitivos – Se não tivesse a quem recorrer o destino era: Fome, escravidão ou prostituição.

Subsídio - A  escravidão e o mercado de trabalho:

Para nossa vergonha nas américas o Brasil foi o último a abolir a escravidão, com a Lei áurea em 13/05/1888. E no final do século XX, em 1981, a Mauritânia foi o último país do mundo a aboli-la oficialmente.  

Entretanto, clandestinamente, na atualidade, infelizmente ainda tem pessoas escravizadas, subjugadas em trabalhos forçados.

O mercado de trabalho pós-moderno - O assédio moral e o sexual.

Assédio moral visa a eliminação da vítima do mundo do trabalho pelo terror psicológico.

Assédio sexual é caracterizado pela conduta que objetiva o prazer sexual de várias formas, causando constrangimento e afetando a dignidade da vítima. A ação ativa decorre do superior hierárquico para com o empregado subordinado ou pela ascendência inerente ao exercício do cargo, emprego ou função.

4.A postura de Boaz – Um cavalheiro educado com todos - Aprendemos que um viver justo, santo no temor de Deus não exige ser rude nem respirar ar de superioridade.

Há quase dois milênios consta nas Escrituras como devem patrões e empregados devem se comportar nas relações de trabalho (Ef 6.5-9; Cl 3.22; 4.1). E o apóstolo Paulo não precisou fazer uma revolução a respeito. Mas, aos cristãos deixou orientações incontestáveis com um profundo senso de justiça social.

5.Rute e o agir de Deus – Rute sendo uma estrangeira, pobre, vulnerável, tinha tudo para ser desrespeitada e explorada.

Rt 2.3 – “...e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz...”. Significa a oportunidade e Rute sob aproveitar sabiamente (Ec 9.11).

Há um ditado que diz: “Nunca foi sorte, foi Deus”.

Ela tinha educação e discrição (Rt 2.7). Ela possuía compostura e o bom testemunho abre portas (Rt 2.11).

Minha mãe nos ensinou sobre a humildade. Porém, também falava de um provérbio popular: “Quem muito se abaixa mostra o fundo das calças”.

6.A visão de Boaz – Para ele o Deus dos hebreus não estava limitado a barreiras geográficas nem de etnias.

Rute 2.12 – foram palavras expressas por Boaz – “O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar”.

Um preconceituoso jamais diria tamanha promessa para com uma gentia.

Enfim, Boaz tinha firmeza moral, sensibilidade, ternura e espiritualidade. Que exemplo a seguir!

III – A colheita de Rute e a sua sobrevivência

1.Rute decidiu servir ao Deus de Israel e fez confissão pessoal perante Noemi. Deixou para trás Quemós, o deus dos moabitas, cuja adoração incluía sacrifício de crianças (Nm 21.29; I Rs 11.7; II Rs 3.26-27).

2.A lei da semeadura funciona integralmente – Seja para juízo, seja para bênçãos (II Co 9.6; Gl 6.7).

3.O Mundo dos Homens versus Governo de Deus:

a) No primeiro impera a incredulidade, a desobediência e a ira divina; no segundo é onde Deus age mediante a fé e se relaciona amorosamente com seus filhos e adoradores. E a Igreja é a sua expressão maior na terra. Deus não governa no mundo incrédulo. É um desvio das verdades bíblicas. Ele pode intervir quando julgar necessário.

b) O Deísmo ensina que Deus fez o homem e o colocou no mundo e entregou a sua própria sorte. É heresia.

c) O Teísmo bíblico ensina acerca de um Deus pessoal e que de várias formas tem se revelado aos homens, visando relacionar-se com eles. Já o Teísmo Aberto, a  Teologia do Processo está contaminado de heresias.

d) Deus sustenta a sua Criação por Leis Universais estabelecidas pelo seu próprio poder. independe de fé. Porém, não governa político e economicamente o mundo (Humanidade). Esse domínio foi dado ao homem, desde o Éden. E o que complicou seriamente o governo humano na terra foi a queda espiritual e o diabo aprontando onde achar lugar (Ef 4.27).

e) Um é o status de criatura de Deus; outro é o status de filhos de Deus. A Bíblia faz clara distinção entre o que serve a Deus e o que não o serve.

f) Os monergistas dividem a Humanidade em dois grandes grupos: Dos eleitos para salvação e os não eleitos para perdição, e exclusivamente por decisão e determinação divina. Torna o Deus de amor e de misericórdia da Bíblia num carrasco descomunal.

g) Rm 8.28 - O decreto divino é o chamamento à salvação, mediante o arrependimento e a fé. Quando a Bíblia diz que tudo contribui para o bem dos que amam a Deus, logo refere-se aos filhos da obediência, conforme Jesus ensinou: Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. Aliás, Paulo estava escrevendo aos salvos em Cristo Jesus, na cidade de Roma. E nada nos separará do amor de Deus em Cristo Jesus (Rm 8.39). A núcleo da exegese soteriológica do texto precisa estar em Cristo, não nos eleitos. Do contrário, cristãos irão professar uma fé egoísta, narcisista.

h) No livro de Rute, era um contexto histórico teocrático, em meio a um povo com chamada divina específica. E ali Deus prosseguia com o seu propósito de trazer a salvação a todas as gentes. Deus soberanamente quando necessário intervém no mundo dos homens, todavia não se relaciona com o mundo pagão cujo deus é o diabo. Jesus rogou pelos seus discípulos, coletivamente representavam a Igreja (Jo 17.9-10). O mundo incrédulo deixou de lado, porque esse sistema de valores jaz no maligno.

i) O chavão genérico “Deus está no controle de tudo” não aumenta a soberania de Deus, depõe contra Deus, tirando a responsabilidade humana de suas ações e omissões. A soberania de Deus não sofre oscilação para mais ou para menos em tempo nenhum. Ela está sempre intacta, independente das circunstâncias e dos acontecimentos no mundo, seja na sua Criação, seja no mundo dos homens.

Quem desejar lê mais a respeito veja no https://samuca-borges.blogspot.com/2022/06/deus-esta-no-controle-de-tudo-e-de-todos.html

Conclusão

1.Não existe acaso e nem desgoverno onde Deus atua e reina. Precisa haver fé e obediência para com Ele num só feixe no que tange a sua vontade moral.

2.Quanto à colheita de nossas ações, há frutos colhidos de imediato. Outros só serão colhidos no seu devido tempo.

3.No aspecto prático, a colheita de Rute garantiu a sua sobrevivência e da sua sogra. E com fé, iniciativa e trabalho árduo.

4.Uma colheita maior e mais expressiva seria no tempo oportuno, o seu casamento com Boaz (Rt 4.1-22).

5.Is 64.4 – O Deus a quem servimos é aquele que trabalha por aqueles que nele espera. Rute passou a esperar em Deus e Ele honrou a sua fé. Louvado seja o seu santo nome. Amém!

 

Fontes da Pesquisa:

Lição EBD/CPAD – 3º trimestre de 2024.

Bíblia Sagrada.

Jusbrasil.com.br.

 

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN, 22/07/2024.

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