Introdução
1.Na lição 3 tivemos a oportunidade de estudar as qualidades
encontradas em Rute e em Noemi sua sogra.
2.Rute se destacou pela firme decisão de permanecer em lado
da sua sogra, apesar das circunstâncias, ocasião em que declarou fé no Deus de
Israel, diferente de Orfa, a outra nora a qual retornou aos familiares e seus
deuses.
3.A presença de Rute foi percebida nos campos por Boaz e ao
descobrir quem era toma atitudes para ajudá-la. Rute estava começando a colher
o bem pelo seu comportamento altruísta para com Noemi.
4.Então, veremos a mão de Deus agindo em favor de uma mulher
que não pensava só em si. E vai também se descortinando o propósito divino mais
amplo, para perpetuar gerações, tendo em vista a Redenção da Humanidade pela
linhagem Davídica.
I – Boaz, o remidor
1. Quem era Boaz? Um parente do Elimeleque, esposo falecido
de Noemi. Tinha posses, um produtor rural bem-sucedido, respeitado por todos,
de caráter íntegro e veio a ser o remidor de Rute.
2.Chama a atenção, o relacionamento com os seus empregados: Demonstrava
temor a Deus.
3.A sua saudação aos empregados “O Senhor seja convosco” e
tinha um retorno positivo dos segadores: “O Senhor te abençoe” (Rt 2.4).
4. Boaz reunia condições de ser o parente remidor de Rute.
Tanto de resgatador como de remidor, vejamos:
a) O resgatador na Lei mosaica - Quando um judeu ficava pobre e vendia suas
posses, o parente mais próximo tinha o dever de comprá-las de volta e lhe
restituir;
b) E se um hebreu fosse comprado como escravo por um
estrangeiro, um parente tinha o dever de resgatá-lo (Lv 25.25-28; 47-59).
c) Na lei do levirato (levir – cunhado) - Previa que o irmão
do falecido casasse com a viúva e suscitasse a descendência do morto (Dt
25.5-10; Mt 22.24-48).
d) Esses costumes sociais, com um condão de justiça social,
no meio hebreu foram ampliados, visando maior alcance.
e) Como Boaz não era irmão do falecido esposo de Rute e havia
um remidor mais chegado, ele teve que tratar do caso com ele (Rt 3.12; 4.1-12).
II – O carinho de Boaz para com Rute
1.Rute foi percebida por Boaz quando colhia os respigos na
sua plantação.
Rute 2.11 - Informado de quem era e o que fez, passou a
tratá-la com carinho, chamando-a de filha.
2.Para sua segurança deu ordem para que não a tocassem (Rt
2.9).
3.Era crítica a situação de uma mulher viúva em tempos
primitivos – Se não tivesse a quem recorrer o destino era: Fome, escravidão ou
prostituição.
Subsídio - A escravidão e o mercado de trabalho:
Para nossa vergonha nas américas o Brasil foi o último a
abolir a escravidão, com a Lei áurea em 13/05/1888. E no final do século XX, em
1981, a Mauritânia foi o último país do mundo a aboli-la oficialmente.
Entretanto, clandestinamente, na atualidade, infelizmente ainda tem
pessoas escravizadas, subjugadas em trabalhos forçados.
O mercado de trabalho pós-moderno - O assédio moral e o
sexual.
Assédio moral visa a eliminação da vítima do mundo do trabalho pelo
terror psicológico.
Assédio sexual é caracterizado pela conduta que
objetiva o prazer sexual de várias formas, causando constrangimento e
afetando a dignidade da vítima. A ação ativa decorre do superior hierárquico
para com o empregado subordinado ou pela ascendência inerente ao exercício do
cargo, emprego ou função.
4.A postura de Boaz – Um cavalheiro educado com todos - Aprendemos que um viver justo,
santo no temor de Deus não exige ser rude nem respirar ar de superioridade.
Há quase dois milênios consta nas Escrituras como devem patrões e empregados devem se comportar nas relações de trabalho (Ef 6.5-9; Cl 3.22; 4.1). E o apóstolo Paulo não precisou fazer uma revolução a respeito. Mas, aos cristãos deixou orientações incontestáveis com um profundo senso de justiça social.
5.Rute e o agir de Deus – Rute sendo uma estrangeira, pobre, vulnerável, tinha
tudo para ser desrespeitada e explorada.
Rt 2.3 – “...e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de
Boaz...”. Significa a oportunidade e Rute sob aproveitar sabiamente (Ec 9.11).
Há um ditado que diz: “Nunca foi sorte, foi Deus”.
Ela tinha educação e discrição (Rt 2.7). Ela possuía
compostura e o bom testemunho abre portas (Rt 2.11).
Minha mãe nos ensinou sobre a humildade. Porém, também falava
de um provérbio popular: “Quem muito se abaixa mostra o fundo das calças”.
6.A visão de Boaz – Para ele o Deus dos hebreus não estava limitado a
barreiras geográficas nem de etnias.
Rute 2.12 – foram palavras expressas por Boaz – “O Senhor
galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel,
sob cujas asas te vieste abrigar”.
Um preconceituoso jamais diria tamanha promessa para com uma
gentia.
Enfim, Boaz tinha firmeza moral, sensibilidade, ternura e
espiritualidade. Que exemplo a seguir!
III – A colheita de Rute e a sua sobrevivência
1.Rute decidiu servir ao Deus de Israel e fez confissão pessoal
perante Noemi. Deixou para trás Quemós, o deus dos moabitas, cuja adoração
incluía sacrifício de crianças (Nm 21.29; I Rs 11.7; II Rs 3.26-27).
2.A lei da semeadura funciona integralmente – Seja para
juízo, seja para bênçãos (II Co 9.6; Gl 6.7).
3.O Mundo dos Homens versus Governo de Deus:
a) No primeiro impera a incredulidade, a desobediência e a
ira divina; no segundo é onde Deus age mediante a fé e se relaciona amorosamente
com seus filhos e adoradores. E a Igreja é a sua expressão maior na terra. Deus
não governa no mundo incrédulo. É um desvio das verdades bíblicas. Ele pode
intervir quando julgar necessário.
b) O Deísmo ensina que Deus fez o homem e o colocou no mundo
e entregou a sua própria sorte. É heresia.
c) O Teísmo bíblico ensina acerca de um Deus pessoal e que de
várias formas tem se revelado aos homens, visando relacionar-se com eles. Já o Teísmo
Aberto, a Teologia do Processo está contaminado de heresias.
d) Deus sustenta a sua Criação por Leis Universais
estabelecidas pelo seu próprio poder. independe de fé. Porém, não governa político e
economicamente o mundo (Humanidade). Esse domínio foi dado ao homem, desde o
Éden. E o que complicou seriamente o governo humano na terra foi a queda espiritual
e o diabo aprontando onde achar lugar (Ef 4.27).
e) Um é o status de criatura de Deus; outro é o status de
filhos de Deus. A Bíblia faz clara distinção entre o que serve a Deus e o que
não o serve.
f) Os monergistas dividem a Humanidade em dois grandes grupos:
Dos eleitos para salvação e os não eleitos para perdição, e exclusivamente por
decisão e determinação divina. Torna o Deus de amor e de misericórdia da Bíblia
num carrasco descomunal.
g) Rm 8.28 - O decreto divino é o chamamento à salvação,
mediante o arrependimento e a fé. Quando a Bíblia diz que tudo contribui para o
bem dos que amam a Deus, logo refere-se aos filhos da obediência, conforme
Jesus ensinou: Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. Aliás, Paulo
estava escrevendo aos salvos em Cristo Jesus, na cidade de Roma. E nada nos
separará do amor de Deus em Cristo Jesus (Rm 8.39). A núcleo da exegese
soteriológica do texto precisa estar em Cristo, não nos eleitos. Do contrário,
cristãos irão professar uma fé egoísta, narcisista.
h) No livro de Rute, era um contexto histórico teocrático, em
meio a um povo com chamada divina específica. E ali Deus prosseguia com o seu
propósito de trazer a salvação a todas as gentes. Deus soberanamente quando
necessário intervém no mundo dos homens, todavia não se relaciona com o mundo
pagão cujo deus é o diabo. Jesus rogou pelos seus discípulos, coletivamente
representavam a Igreja (Jo 17.9-10). O mundo incrédulo deixou de lado, porque esse
sistema de valores jaz no maligno.
i) O chavão genérico “Deus está no controle de tudo” não
aumenta a soberania de Deus, depõe contra Deus, tirando a responsabilidade
humana de suas ações e omissões. A soberania de Deus não sofre oscilação para
mais ou para menos em tempo nenhum. Ela está sempre intacta, independente das
circunstâncias e dos acontecimentos no mundo, seja na sua Criação, seja no
mundo dos homens.
Quem desejar lê mais a respeito veja no https://samuca-borges.blogspot.com/2022/06/deus-esta-no-controle-de-tudo-e-de-todos.html
Conclusão
1.Não existe acaso e nem desgoverno onde Deus atua e reina. Precisa
haver fé e obediência para com Ele num só feixe no que tange a sua vontade
moral.
2.Quanto à colheita de nossas ações, há frutos colhidos de
imediato. Outros só serão colhidos no seu devido tempo.
3.No aspecto prático, a colheita de Rute garantiu a sua
sobrevivência e da sua sogra. E com fé, iniciativa e trabalho árduo.
4.Uma colheita maior e mais expressiva seria no tempo
oportuno, o seu casamento com Boaz (Rt 4.1-22).
5.Is 64.4 – O Deus a quem servimos é aquele que trabalha por
aqueles que nele espera. Rute passou a esperar em Deus e Ele honrou a sua fé.
Louvado seja o seu santo nome. Amém!
Fontes da Pesquisa:
Lição EBD/CPAD – 3º trimestre de 2024.
Bíblia Sagrada.
Jusbrasil.com.br.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 22/07/2024.
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