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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Como amar os inimigos?

Este nível de amor não espera retorno. Enquanto que o amor fraternal tem caráter de reciprocidade, conforme ensina Jesus em João 13.34-35 – “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

O irmão na fé, na qualidade de discípulo de Jesus, considera-se que tenha discernimento, um patamar de conhecimento e certa maturidade espiritual. Daí, se requer do cristão corresponder no amor. O inimigo ímpio, na sua ignorância, não. Mas, é o nosso semelhante. Então, vejamos:

Mt 5.44-46 – É dever cristão amar até os inimigos – Parte-se do ponto de que o desamor não deve ser realimentado. É o amar sendo odiado e perseguido. Porém, não significa amar incondicionalmente. Está em linha com o preceito de pagar o mal com o bem, acendendo brasas vivas sobre cabeça daquele que se porta como adversário (Rm 12.20-21).

O justo viverá da fé em todos os aspectos da sua jornada, uma vez que é justificado pela fé diante de Deus (Rm 5.1). E não se trata de ser ingênuo como faziam alguns cristãos primitivos, literalmente davam a outra face para baterem (Mt 5.39). Quem não preza, não zela, não valoriza o respeito próprio, é indigno dele.

A moral, no preceito cristão de Mateus 5, visa a não resistência, desestimular o mal, a inimizade, de alguma forma, desarmar o inimigo com atitudes de amor, conciliação, sem enfrentamento. Jamais reagir com espírito de ódio contra aos que nos ofendem e agridem.

O ato de amar os inimigos, como Jesus ensina, não elimina o direito de acionar o poder de polícia estatal, ou do judiciário no caso contencioso, quando o cristão sofre uma agressão grave, que enseje levar o caso às autoridades competentes. Amar não é sinônimo de 100% em passividade.

Em I Co 6.1-9 – Paulo instrui a Igreja de Corinto sobre litígios entre irmãos. E conclui que é preferível sofrer o dano, seja moral ou material, até onde for suportável, a levar demandas, querelas, entre irmãos, para um juízo secular. 

O que Jesus ministra no texto em reflexão, não acoberta, nem defende o pacifismo (filosofia social e religiosa de não usar armas, optando pela não violência, buscando solução pela arbitragem, diálogo em qualquer que seja o conflito). Aliás, Deus não é pacifista. Ao cristão cabe ser pacífico e pacificador.

Em tempos bélicos, ou sofrida a violência com risco de vida, é justo o cidadão, cristão ou não, exercer o legítimo direito de defesa na proporcionalidade da agressão, do contrário vai estimular o mal, matanças, o desrespeito à vida, via de regra, inaceitável, injusto, reprovável diante de Deus e dos homens, no meio social. O amor não folga (não se alegra, não aprova) a injustiça, alegra-se com o que é justo e verdadeiro (I Co 13.6).

Em última análise, amar os inimigos é reflexo de se viver os valores do Reino de Deus e revela o grau de maturidade do cristão. E como disse Jesus, a nossa justiça, ou seja, o nosso senso de justiça, a ética cristã deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20).

Mt 5.48 - A proposta de Cristo, no arremate do seu ensino, de sermos perfeitos como é vosso Pai Celestial, a exegese mais difundida é no sentido de que Deus não rebaixa o seu padrão moral em função da fragilidade e imperfeição da natureza humana, antes chama o homem à perfeição, de modo a alcançar a estatura do varão perfeito que é Cristo (Ef 4.11-13), e para isto contamos com a graça de Deus. 

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN, 24/11/2024.

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