Texto: At 24.16 – “E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens”.
Introdução1.A
consciência é como um selo invisível de Deus dentro do homem. É
o DNA espiritual do Criador. Um código da moralidade divina gravado no espírito
humano.
2.Estudaremos
a consciência, a voz do tribunal interior dado por Deus que acusa, defende, julga
nossos atos e faz um autoexame constante.
3.Vivemos
num tempo em que os padrões do mundo tentam silenciar a voz da consciência. Como
manter a consciência fortalecida, pura diante de Deus e dos homens?
4.Veremos
como é relevante uma consciência pautada, guiada pela Palavra de Deus em meio a
um mundo moralmente corrompido.
I.
A Consciência – Antes e Depois da Queda
2.Consciência, do latim conscientia - Senso íntimo.
Voz secreta que temos na alma que aprova ou reprova
nossos atos. É alimentada pelo direito natural que o Todo-Poderoso incutiu em
cada ser humano. Quando a consciência não é devidamente educada, fatalmente
será induzida a se esquecer dos reclamos (ditames) divinos.
I Tm 1.5 –
“Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro e de uma boa consciência
e de uma fé não fingida”.
I Tm 1.19 –
“Conservando a fé e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando fizeram
naufrágio na fé”.
Afirma-se que
o intelecto, sentimentos/sensibilidade e a vontade, quando estão em operação
referente à atividade moral, recebem o nome de consciência.
Enfim, nesta
discussão faz-se necessário considerarmos as definições, distinções de funções,
bem como as faculdades do espírito e da alma humana, até onde as Escrituras nos
permitem entender.
3.A
primeira manifestação da consciência na experiência humana (Gn 2.16,17; 3.6-10)
- Deus estabeleceu uma lei específica — a proibição
de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal — com o anúncio da
penalidade: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). O
homem transgrediu e pela consciência experimentou, sentiu culpa, vergonha e
medo.
4.Desde
o princípio, todo o ser humano nasce uma lei moral, também chamada de lei da
natureza ou direito natural. Caim
- feriu o direito natural tirando a vida do próprio irmão (Gn 4.8) e
experimentou uma trágica consequência. Sua consciência o afligiu com pesada
culpa.
5.Antes
da codificação do direito natural pela lei mosaica, outras sociedades antigas
tinham seus regramentos. Os principais eram os códigos mesopotâmicos de
Ur-Nammu (2070 a.C.), Lipit-Ishtar (1850 a.C.) e Hamurabi (1792-1750 a.C.).
Tempos
pós-modernos - na Ciência Jurídica – as fontes do direito são: As leis, costumes, jurisprudência, doutrina,
analogia, princípio geral do direito e equidade.
6.Boa
ou má, a consciência no homem não pode ser apagada. A consciência é uma faculdade inata e é ativada,
aflorada na idade da responsabilidade do indivíduo. Quando a consciência acusa,
não adianta tentar se esconder (Sl 139.7,8; Jn 1.3-12).
7.Em
Romanos 2.12-16 Paulo faz referência à Lei mosaica, dada a Israel, e à lei
moral, o direito natural, comum a todos os homens, inclusive aos gentios, “os
quais mostram a obra da lei escrita no seu coração” (Rm 2.15).
“As
pessoas não serão condenadas por aquilo que desconhecem, mas pela atitude que
demonstraram em relação ao que sabem. Aqueles que conhecem a Palavra de Deus e
sua Lei, serão julgados de acordo. Os que jamais viram uma Bíblia, mas sabem
discernir entre o certo e o errado, serão julgados pelas transgressões que
cometeram contra a própria consciência”.
“Deus
não salvará automaticamente os que não ouvirem a sua mensagem, nem lhes dará
uma segunda chance depois da morte”.
8.Portanto,
a consciência foi dada por Deus como senso moral inato, mas sofreu distorções
após a Queda, a transgressão do homem no Éden.
II. O Funcionamento
da Consciência
1.
Acusação, defesa e julgamento
- Gênesis 3.7 diz que tão logo Adão e Eva pecaram “foram abertos os olhos de
ambos, e conheceram que estavam nus”. O verbo “conhecer”, yada, traduz o
apontamento negativo feito pela consciência, reprovando a conduta do primeiro
casal.
A
Consciência é como um sensor instalado no homem interior. A consciência é capaz
de escrutinar e emitir juízo sobre todo o comportamento humano.
2.Tendências
à defesa ou apontar culpados
- Deus dirigiu uma pergunta retórica a Adão: “Quem te mostrou que estavas
nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3.11).
Adão não tinha como negar a sua
transgressão, mas logo diz para Deus, buscando aplacar a consciência e se defender:
“A mulher que me deste por companheira, ela me
deu da árvore, e comi” (Gn 3.12). Eva seguiu o mesmo caminho, culpando a
serpente (Gn 3.13).
Quando
acusações externas prevalecem sem provas, como ocorria com Paulo em Cesareia, perdura
a paz interior em função da consciência limpa, sem culpa (At 24.1-16).
Uma
consciência pesada produz males ao espírito, à alma e ao corpo (Sl 31.9,10;
32.1-5; 38.1-8).
A
confissão e o afastamento do pecado são o remédio para o espírito e a alma (Sl
41.4; Pv 28.13; Tg 5.16).
III. A Consciência
é Falível
Há
falhas e deformações que a consciência pode sofrer quando não é orientada pela
verdade bíblica.
“É
falível na medida em que as bases de sua formulação forem frágeis ou que padeça
de uma fundamentação moral sólida”.
1. A
Bíblia menciona consciências defeituosas:
a)
Cauterizada - insensível ao pecado (Ef 4.19; I Tm 4.2);
b)
Fraca – legalista (I Co 8.7-12) e;
c)
Contaminada ou corrompida (Tt 1.15).
d)
Má (Hb 10.22).
A
educação, a formação intelectual, moral e espiritual pelas Escrituras é a base
para a consciência funcionar adequada e eficazmente.
Falsos
fundamentos da verdade são tropeços para consciência, tais como: Sucesso,
sinceridade, o belo, erudição, agradabilidade, maioria, etc.
Rm
9.1 – “Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha
consciência no Espírito Santo”.
Jó
27.6 – “Minha retidão está indelevelmente ligada a mim, e a ela não
renunciarei. Meu coração não me repreenderá enquanto viver” (Bíblia judaica –
Tanah).
Jó
tinha uma consciência limpa diante de Deus e dos homens. Jó se rendeu ao eterno
quando a ele se revelou e ele ver a sua pequenez, não por haver uma
transgressão direta a tratar com Deus.
Vigiemos!
A insensibilidade pode levar a ceder ao pecado, enquanto a hipersensibilidade
produz extremismo, onde tudo é pecado.
3.Deus,
o Supremo Juiz – É da consciência
o exercício de juízo moral, todavia o pronunciamento da consciência não tem
valor absoluto ou definitivo.
Disse
o apóstolo Paulo: “Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me
considero justificado, pois quem me julga é o Senhor” (I Co 4.4). E ainda que
nossa consciência não nos acuse, façamos como salmista, humildemente:
Sl
139.23-24 – “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os
meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho
eterno”.
Sl
19.12-14 – “Quem pode entender os seus erros? Purifica-me tu dos que me são
ocultos. Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie de
mim. Então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão. Sejam
agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua
face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!”.
Pode
haver situações onde precisaremos ser confrontados para reconhecer nossos
pecados.
Davi
permaneceu insensível e rigoroso até ser repreendido através do profeta Natã (II
Sm 12.1-13).
Pedro
precisou ouvir o canto do galo (Lc 22.54-62).
Pecados
de soberba e orgulho, são os que mais se escondem (Pv 16.18).
Conclusão
1.A consciência, o juiz secreto, é confiável quando iluminada pela Palavra de Deus e guiada pelo Espírito Santo.
2.Diante
de qualquer acusação interior, deve o cristão autoexaminar-se, buscar perdão e purificação
no sangue de Cristo.
3.A
Consciência humana requer, clama por um ser moral superior, o justo juiz a quem
teremos que prestar contas (Rm 14.11-12).
4.Devemos
manter a consciência em pureza, renovada pelo contínuo estudo das Escrituras (Sl
119.18,34,130; II Tm 3.16-17).
Fontes
da Pesquisa:
Lição
EBD/CPAD – 4º trimestre de 2025.
Bíblia
Sagrada.
Instagram
– Pr Isaac Silva – ADPE.
Anotações
de estudos pessoais.
Por
Samuel Pereira de Macedo Borges
Natal/RN, 06/11/2025.
