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quinta-feira, 6 de novembro de 2025

A Consciência – o Tribunal Interior.

Texto: At 24.16 – “E, por isso, procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens”.

Introdução

1.A consciência é como um selo invisível de Deus dentro do homem. É o DNA espiritual do Criador. Um código da moralidade divina gravado no espírito humano.

2.Estudaremos a consciência, a voz do tribunal interior dado por Deus que acusa, defende, julga nossos atos e faz um autoexame constante.

3.Vivemos num tempo em que os padrões do mundo tentam silenciar a voz da consciência. Como manter a consciência fortalecida, pura diante de Deus e dos homens?

4.Veremos como é relevante uma consciência pautada, guiada pela Palavra de Deus em meio a um mundo moralmente corrompido.

I. A Consciência – Antes e Depois da Queda

1.Do grego syneidesis – ‘saber com’ - Quer dizer um conhecimento acompanhador ou co-percepção. Não é uma faculdade separada, mas um modo pelo qual as faculdades gerais (intelecto, sensibilidade e vontade) agem.

2.Consciência, do latim conscientia - Senso íntimo. Voz secreta que temos na alma que aprova ou reprova nossos atos. É alimentada pelo direito natural que o Todo-Poderoso incutiu em cada ser humano. Quando a consciência não é devidamente educada, fatalmente será induzida a se esquecer dos reclamos (ditames) divinos.

Há uma linha teológica na qual a Consciência e a Fé são faculdades do espírito (Jo 4.23; Rm 5.1;10.10; Ef 2.8; Gl 5.22; Hb 11.6). Certamente a consciência no seu desempenho interage com o espírito e a alma. Daí, a sua definição no grego ‘saber com’. Paulo cita as duas faculdades em conjunto.

I Tm 1.5 – “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro e de uma boa consciência e de uma fé não fingida”.

I Tm 1.19 – “Conservando a fé e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando fizeram naufrágio na fé”.

Afirma-se que o intelecto, sentimentos/sensibilidade e a vontade, quando estão em operação referente à atividade moral, recebem o nome de consciência.

Enfim, nesta discussão faz-se necessário considerarmos as definições, distinções de funções, bem como as faculdades do espírito e da alma humana, até onde as Escrituras nos permitem entender.

3.A primeira manifestação da consciência na experiência humana (Gn 2.16,17; 3.6-10) - Deus estabeleceu uma lei específica — a proibição de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal — com o anúncio da penalidade: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). O homem transgrediu e pela consciência experimentou, sentiu culpa, vergonha e medo.

4.Desde o princípio, todo o ser humano nasce uma lei moral, também chamada de lei da natureza ou direito natural. Caim - feriu o direito natural tirando a vida do próprio irmão (Gn 4.8) e experimentou uma trágica consequência. Sua consciência o afligiu com pesada culpa.

5.Antes da codificação do direito natural pela lei mosaica, outras sociedades antigas tinham seus regramentos. Os principais eram os códigos mesopotâmicos de Ur-Nammu (2070 a.C.), Lipit-Ishtar (1850 a.C.) e Hamurabi (1792-1750 a.C.).

Tempos pós-modernos - na Ciência Jurídica – as fontes do direito são: As leis, costumes, jurisprudência, doutrina, analogia, princípio geral do direito e equidade.

6.Boa ou má, a consciência no homem não pode ser apagada. A consciência é uma faculdade inata e é ativada, aflorada na idade da responsabilidade do indivíduo. Quando a consciência acusa, não adianta tentar se esconder (Sl 139.7,8; Jn 1.3-12).

7.Em Romanos 2.12-16 Paulo faz referência à Lei mosaica, dada a Israel, e à lei moral, o direito natural, comum a todos os homens, inclusive aos gentios, “os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração” (Rm 2.15).

“As pessoas não serão condenadas por aquilo que desconhecem, mas pela atitude que demonstraram em relação ao que sabem. Aqueles que conhecem a Palavra de Deus e sua Lei, serão julgados de acordo. Os que jamais viram uma Bíblia, mas sabem discernir entre o certo e o errado, serão julgados pelas transgressões que cometeram contra a própria consciência”.

“Deus não salvará automaticamente os que não ouvirem a sua mensagem, nem lhes dará uma segunda chance depois da morte”.

8.Portanto, a consciência foi dada por Deus como senso moral inato, mas sofreu distorções após a Queda, a transgressão do homem no Éden.

II. O Funcionamento da Consciência

1. Acusação, defesa e julgamento - Gênesis 3.7 diz que tão logo Adão e Eva pecaram “foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus”. O verbo “conhecer”, yada, traduz o apontamento negativo feito pela consciência, reprovando a conduta do primeiro casal.

A Consciência é como um sensor instalado no homem interior. A consciência é capaz de escrutinar e emitir juízo sobre todo o comportamento humano.

2.Tendências à defesa ou apontar culpados - Deus dirigiu uma pergunta retórica a Adão: “Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3.11).

Adão não tinha como negar a sua transgressão, mas logo diz para Deus, buscando aplacar a consciência e se defender:

 “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3.12). Eva seguiu o mesmo caminho, culpando a serpente (Gn 3.13).

Quando acusações externas prevalecem sem provas, como ocorria com Paulo em Cesareia, perdura a paz interior em função da consciência limpa, sem culpa (At 24.1-16).

Uma consciência pesada produz males ao espírito, à alma e ao corpo (Sl 31.9,10; 32.1-5; 38.1-8).

A confissão e o afastamento do pecado são o remédio para o espírito e a alma (Sl 41.4; Pv 28.13; Tg 5.16).

III. A Consciência é Falível

Há falhas e deformações que a consciência pode sofrer quando não é orientada pela verdade bíblica.

“É falível na medida em que as bases de sua formulação forem frágeis ou que padeça de uma fundamentação moral sólida”.

1. A Bíblia menciona consciências defeituosas:

a) Cauterizada - insensível ao pecado (Ef 4.19; I Tm 4.2);

b) Fraca – legalista (I Co 8.7-12) e;

c) Contaminada ou corrompida (Tt 1.15).

d) Má (Hb 10.22).

A educação, a formação intelectual, moral e espiritual pelas Escrituras é a base para a consciência funcionar adequada e eficazmente.

Falsos fundamentos da verdade são tropeços para consciência, tais como: Sucesso, sinceridade, o belo, erudição, agradabilidade, maioria, etc.

Rm 9.1 – “Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo”.

Jó 27.6 – “Minha retidão está indelevelmente ligada a mim, e a ela não renunciarei. Meu coração não me repreenderá enquanto viver” (Bíblia judaica – Tanah).

Jó tinha uma consciência limpa diante de Deus e dos homens. Jó se rendeu ao eterno quando a ele se revelou e ele ver a sua pequenez, não por haver uma transgressão direta a tratar com Deus.

Vigiemos! A insensibilidade pode levar a ceder ao pecado, enquanto a hipersensibilidade produz extremismo, onde tudo é pecado.

3.Deus, o Supremo Juiz – É da consciência o exercício de juízo moral, todavia o pronunciamento da consciência não tem valor absoluto ou definitivo.

Disse o apóstolo Paulo: “Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor” (I Co 4.4). E ainda que nossa consciência não nos acuse, façamos como salmista, humildemente:

Sl 139.23-24 – “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno”.

Sl 19.12-14 – “Quem pode entender os seus erros? Purifica-me tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda o teu servo, para que se não assenhoreie de mim. Então serei sincero, e ficarei limpo de grande transgressão. Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!”.

Pode haver situações onde precisaremos ser confrontados para reconhecer nossos pecados.

Davi permaneceu insensível e rigoroso até ser repreendido através do profeta Natã (II Sm 12.1-13).

Pedro precisou ouvir o canto do galo (Lc 22.54-62).

Pecados de soberba e orgulho, são os que mais se escondem (Pv 16.18).

Conclusão

1.A consciência, o juiz secreto, é confiável quando iluminada pela Palavra de Deus e guiada pelo Espírito Santo.

2.Diante de qualquer acusação interior, deve o cristão autoexaminar-se, buscar perdão e purificação no sangue de Cristo.

3.A Consciência humana requer, clama por um ser moral superior, o justo juiz a quem teremos que prestar contas (Rm 14.11-12).

4.Devemos manter a consciência em pureza, renovada pelo contínuo estudo das Escrituras (Sl 119.18,34,130; II Tm 3.16-17).

 

Fontes da Pesquisa:

Lição EBD/CPAD – 4º trimestre de 2025.

Bíblia Sagrada.

Instagram – Pr Isaac Silva – ADPE.

Anotações de estudos pessoais.

 

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 06/11/2025. 

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