BIOGRAFIA DE *Jacob Rabbi
RAÍZES DA CEARÁ-MIRIM
ESCONDIDA - CONHEÇA A HISTÓRIA DE Jacob Rabbi
(*Foi um militar neerlandês (holandês), a serviço da Companhia
Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC), participou da segunda das Invasões
holandesas do Brasil, durante todo o conflito (1630-1654).
Existe uma unanimidade entre os historiadores sobre o caráter violento e
desnecessário dos massacres promovidos pelos batavos, e seus aliados janduís,
na Capitania do Rio Grande.
As execuções dessas matanças
foram comandadas, como já foi demonstrado, pelo judeu-alemão Jacob Rabbi, que
veio para o Brasil com o conde João Maurício de Nassau, em 1637, originário de
Waldeck.
Para Câmara Cascudo, ele era
violento e astuto, cruel e sem escrúpulo, saqueador e mandante de assassinatos,
é a figura mais sinistra e repelente do domínio holandês no Nordeste
brasileiro, denegrida e acusada por todos os historiadores do seu tempo".
Olavo de Medeiros Filho completa o
perfil de Jacob Rabbi, afirmando que o judeu-alemão possuía "certa
cultura, poliglota (pelo menos falava os idiomas alemão, holandês, português,
tupi e taraiui). De sua pena deixou uma crônica famosa, ou relação de viagem
contendo preciosas informações sobre a geografia da capitania, bem como sobre a
etnografia dos tapuias".
Câmara Cascudo chama a atenção
para outro aspecto: "todos os assaltos, saques, tropelias, morticínios dos
janduís rendiam gado, roupa, jóias, ao amigo Rabbi". Como resultado, o judeu
conseguiu acumular uma pequena fortuna.
Jacob Rabbi permaneceu durante
quatro anos vivendo entre os selvagens. Com o passar do tempo, crescia a
afinidade entre o europeu e os tapuias, Rabbi foi assimilando os costumes
nativos. Passava por um processo de indianização. De fato, na interpretação de
Câmara Cascudo, "o sórdido e desconfiado europeu inteligente e branco, que
era por dentro um cariri autêntico, desde o temperamento aos costumes
diários".
Rabbi vivia com uma
nativa, de nome Domingas, num sítio de sua propriedade, chamado
"Ceará". Segundo Olavo de Medeiros Filho, "o sítio corresponde
atualmente à localização denominada Araça, ribeira do Ceará-Mirim entre
Massagana e Estivas.
No massacre de Uruaçu, foi
morto João Lostau Navarro, sogro de Gardtzman que, revoltado, decidiu se
vingar, afirmando "que o mundo nada perderia se desembaraçassem de
semelhante canalha". Chegou, inclusive, a entrar em contato com dois
homens para que matassem Jacob Rabbi. Primeiro foi com Wilhelm Jansen, que colocou
uma série de dificuldades. A outra pessoa foi Roeloff Baron, que concordou em
realizar a sinistra missão, caso recebesse ordens do Alto Conselho Secreto.
Nesses contatos, portanto, Gardtzman não conseguiu efetivar seu intento. Mas
não desistiu de eliminar Rabbi.
Mais adiante, convidou o seu
desafeto para uma reunião, com a finalidade de promover um entendimento e
esquecer as mágoas passadas. O judeu-alemão aceitou, finalmente, participar de
uma ceia que aconteceria na casa de Dirk Mulden Van Mel, a qual, segundo Câmara
Cascudo, estava localizada nas proximidades de Refoles. Olavo Medeiros afirma
que a casa de Muller "fica à margem direita do então chamado riacho Guajaí
(água dos caranguejos), entre os distritos de Igapó e Santo Antônio do Potengi.
Dista cerca de 10,5 km da matriz".
Ainda participaram desse
encontro outros militares: Wilhelm Becke, Roulox Baro, Jacob de Bolan, Denys
Baltesen, Johannes Hoeck, Wilhelm Tenberghe etc.
Após a realização da
conferência ente os dois desafetos, Gardtzman saiu primeiro. Pouco depois é que
Rabbi saiu. E não demorou muito tempo para que se ouvissem dois disparos de
fuzil. Caía, mortalmente ferido, Jacob Rabbi. A vítima recebeu, além dos tiros,
golpes de sabre que deformaram partes do cadáver.
Ficou provado, mais, uma vez,
que a violência provoca violência, Jacob Rabbi, que praticou assaltos e
crimes, sendo um dos responsáveis, pelos massacres de Cunhaú e
Uruaçu, morreu como consequência do ódio, tendo seu corpo deformado por
golpes de sabre.
Olavo Medeiros descreve a
situação em que o corpo foi encontrado: "Um dos tiros penetra-lhe do lado
esquerdo do corpo, fazendo-lhe um ferimento muito profundo, em que Muller
pudera introduzir até o fim dos seus dedos. A outra bala varara-lhe o lado
direito das costelas falsas. Seis golpes de armas branca haviam-lhe deformado o
rosto, a cabeça e o braço direito. Um dos olhos do cadáver estava aberto; as
suas algibeiras achavam-se voltadas e esvaziadas. Faltava-lhe um anel de ouro,
que ainda trazia no dedo quando se retirara da casa de Muller". O
crime ocorreu na noite de 4 de abril de 1646.
Jacob Rabbi foi sepultado no
lugar onde morreu. Gardtzman, ao ser informado do crime, cinicamente disse: "Antes ele do que
eu".
Apesar de ter negado se o
mandante do crime, ficou provado que houve um acordo entre Gardtzman e Bolan
para matar e depois roubar os bens de Jacob Rabbi. Domingas foi despojada,
totalmente, dos bens de seu companheiro.
Os janduís, decepcionados,
voltaram para o sertão. Não houve mais morticínio na Capitania do Rio Grande.
FONTE:
tribunadonorte.com.br
Publicado
no: http://franciscoguiacm.blogspot.com/2012/01/voce-conhece-ou-ja-ouviu-falar-de-jacob.html. Pesquisa por Samuel Borges em 03/10/2018.
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