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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

O Jesus da História

O Natal de Jesus paganizado, ao apresentar sempre o Jesus menino, ofusca verdades bíblicas fundamentais do Cristianismo, tais como:

1. A pré-existência e a Divindade de Jesus. Ele é Deus.

2. A sua encarnação profetizada, a cerca de 700 a.C, o local e o seu nascimento virginal miraculoso.

3. As duas naturezas de Jesus – A divina e a humana.

4. O Jesus histórico.

5. Os propósitos de sua vinda à terra.

6. A sua morte vicária, a ressurreição e a ascensão ao céu.

7. A promessa de retornar outra vez, para julgar o mundo e reinar eternamente com o Pai.

É oportuno frisar que a ressurreição de Jesus é o fato escriturístico e histórico mais averiguado e mais documentado da História.  incrédulos que se debruçaram em examinar a ressurreição de Jesus, terminaram cristãos confessos e convictos. Exemplos: Frank Morison, um advogado inglês; Lew Wallace, autor do livro Ben-Hur. Começaram céticos e terminaram apologetas da ressurreição e da Deidade de Jesus Cristo.

Assim afirmou John Whale: “Os evangelhos não explicam a ressurreição; todavia, a ressurreição explica os evangelhos”.

O Cristianismo é o único credo religioso e de fé, que se baseia em evidências históricas.  Não se justifica honesta e racionalmente alguém descrer de Jesus por falta de evidências, pois são numerosas para averiguações.  Entretanto, incrédulos raramente são convencidos por argumentos, porque as fontes da descrença estão no homem interior caído, não na cabeça. E a alma depravada produz pensamentos, imaginações, palavras e ações ímpias.

Escreveu o historiador James. G. Lawson (1874-1946): “A evidência da historicidade de Jesus Cristo é tão grande que eu não conheço nenhum historiador do mundo livre que ousaria expor sua reputação, negando que Jesus tenha existido”.

Constam nos anais da História:

Engana-se quem pensa que só evangelhos da Bíblia, são fontes do Jesus histórico: Muitos outros escritores antigos escreveram sobre Jesus, tais como: Tácito, historiador romano; Suetônio; Plínio, o moço; Epicteto, Luciano, Aristides, Galeno, Lamprídio, Diocássio; Hinério; Libânio; Amiano, Marcelino, Eunápio, Zózimo, Flávio Josejo, historiador judeu, Eusébio de Cesareia (263-340 d. C), etc.

Outros escreveram livros inteiros contra o Cristianismo. E na medida que combatiam o difundiam.  Enfim, numerosos escribas escreveram sobre a pessoa histórica de Jesus.

Pôncio Pilatos (12 a.C), governador/procurador da Judéia (26 a 36 d.C), escreveu para Tíbério César, sucessor de César Augusto, um relatório onde faz descrições de milagres de Cristo, e relata: “E Herodes, Arquelau, Filipe, Anás e Caifás, com todo o povo, entregaram-me Jesus, fazendo grande alarme contra mim, e eu deveria julgá-lo. Eu, portanto, dei ordens para ser crucificado, antes mandei açoitá-lo, sem ter achado nenhuma causa para as acusações ou malefícios”. E segue listando o testemunho da natureza protestando a morte do Jesus: Trevas sobre todo mundo, sol escureceu ao meio-dia, estrelas apareceram sem brilhos, a lua como se tivesse convertido em sangue, não deu a sua luz....

Pilatos escreveu também relatório, em detalhes sobre a ressurreição de Jesus, para o Imperador Tibério César, cuja história havia se espalhado por toda a Palestina.

Segundo uma tradição, Pôncio Pilatos e sua mulher Cláudia foram convertidos ao Cristianismo, evangelizados pelo Apóstolo Paulo. Já outra linha, historiadores gregos no relato das Olimpíadas faz menção de que Pilatos foi forçado a se tornar assassino de si próprio e o vingador da sua própria perversão.

Deixou narrado Flávio Josefo (37-100 d.C.), famoso historiador judeu: “Nesse tempo se levantou um grande homem, a quem os líderes do seu povo condenaram à morte pela mão de Pôncio Pilatos, e esse era o Cristo”.

William Shakespeare (1564-1616), escritor, poeta, e dramaturgo inglês, um dos maiores gênios da literatura mundial, deixou em seu testamento: “Eu encomendo minha alma nas mãos de Deus, meu Criador, esperando e crendo sem vacilar, pelos méritos de Jesus Cristo, meu salvador, ser participante da vida eterna”.

Jean Jacques Rousseau (1712-1778, aos 66 anos), teísta, um dos grandes intelectuais francês, em sua obra Emile: “Não pode haver comparação entre Sócrates e Jesus Cristo; como não há comparação entre um sábio e Deus”.

Goethe (1749-1832), o sofisticado gênio alemão reconheceu em Jesus “o Homem Divino, o Santo”.

Ainda disse Goethe: “Eu vejo os quatro evangelhos como algo totalmente genuíno, pois deles procedem um brilho refletido da sublimidade que vem de Jesus Cristo”.

Ernest Renan (1823-1892), o crítico, linguista, filósofo, teólogo, historiador, e grande erudito francês, opositor de Jesus e da Bíblia se rendeu e afirmou: “Jesus é um homem de dimensões colossais, o homem incomparável, a quem a consciência universal decretou o título de Filho de Deus, e isso com justiça...”

Ernest Renan termina a sua obra a Vida de Jesus, com a frase: “Quaisquer que sejam as surpresas do futuro, Jesus jamais será ultrapassado”.

Napoleão Bonaparte (1769-1821), líder político e militar, imperador francês de 1804 a 1814, preso na ilha Santa Helena, examinando as escrituras, declarou: “Eu conheço homens e lhes digo que Jesus Cristo não é um homem...Mentes superficiais veem uma semelhança entre Jesus Cristo e fundadores de impérios, e os deuses de outras religiões. Essa semelhança não existe. Entre o Cristianismo e outras religiões existe a distância do infinito”.

O Lord Byron (1788-1824), poeta britânico, escreveu: “Se alguma vez o homem foi Deus ou Deus foi homem, Jesus foi ambos”.

Leon Tolstoi (1828-1910), o grande gênio da literatura russa, foi ateu e por 35 anos um niilista, um homem que em nada acreditava, mas tarde testemunhou: “Faz 5 anos que a fé aconteceu em minha vida. Passei a crer na doutrina de Jesus, e toda a minha vida sofreu uma transformação repentina...A vida e a morte deixara de se reunir; em vez de desespero experimentei júbilo e felicidade que a morte não pode tirar-me”.

Nenhum escritor da História Humana, pode falar de um Jesus mito, a não ser que feche os olhos para as inúmeras evidências históricas.

Por isso, Pilatos o chamou de “o Insuperável”. Napoleão de “o Imperador do Amor”. David Strass, o grande crítico alemão, de “o Maior Modelo da Religião e da Fé”. John Stuart Mill, cujos escritos levou a muitos do seu tempo considerá-lo o mais inteligente, chamou Jesus de “o Guia da Humanidade”. Lecky o chamou de “o Santo diante de Deus”. Martineau o chamou de “a Flor Divina da Humanidade”. Renan, “o maior entre os filhos dos homens”. Theodore Parker disse que ele era “o jovem com Deus no coração”. Francis Cobb o chamou de “o Regenerador da Humanidade”. Robert Owen o chamou de “o irrepreensível”.

Jean Paul Friedrich Richter (1763-1825), escritor alemão declarou: “Jesus é o mais puro entre os poderosos e o mais poderoso entre os puros”.

“Sócrates ensinou durante quarenta anos, Platão durante cinquenta, Aristóteles por quarenta, e Jesus somente durante três anos. Todavia, esses três anos transcenderam infinitamente em importância os 130 anos somados, atribuídos respectivamente aos ensinamentos de Sócrates, Platão e Aristóteles, os quais foram considerados os três maiores filósofos da Antiguidade”.

Com efeito declarou Charles H. Spurgeon (1834-1892), escritor e pregador inglês: "Cristo é o grande fato central da História. A partir dele, olha-se para frente ou para trás".

E tudo que já foi tido não é suficiente, são apenas reflexos do testemunho das Escrituras a respeito da pessoa maravilhosa e surpreendente de Jesus Cristo.

Colossenses 1.14-20:   

“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse. E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus”.

É como dele está escrito em Hebreus 13.8 – Jesus em nada mudou, nem mudará.

“Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”.

Fontes:

Livro Porque Creio – D. James Kennedy – 3ª Edição Juerp – 1988.

Bíblia Sagrada.

Livro Eusébio de Cesareia - 12ª impressão 2011 - CPAD.

Internet.

Anotações pessoais.


Pb Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN – 24/12/2020.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A chamada e a dinâmica da salvação em Romanos 8.28-29.

Rm 8.28 - Paulo faz menção direta aos que amam a Deus – Então, estava falando dos filhos da obediência (Jo 14.15,21), de salvos em Cristo, daqueles que já compunham a Igreja Cristã, pessoas arrependidas, e portanto, que haviam crido na pregação do evangelho (Mc 16.15-16; Rm 1.16). O Apóstolo Paulo não dissecava, na inspiração do Espírito Santo, sobre uma realidade passada ou futura, pelo contrário, estava presente no exercício do seu apostolado.

Pela hermenêutica contextual, consideramos a pregação do evangelho (Mc 16.15-16; Atos 3.19), a mensagem da grande comissão dada à Igreja (Mt 28.18-20), começando por Jerusalém até os confins da terra (Atos 1.8), o decreto divino da chamada à salvação, no Plano Divino Através dos Séculos, projetado por Ele, soberanamente, extensivo a todos os homens.

Note-se que o Espírito Santo foi enviado para convencer o mundo (a humanidade, a todo homem) e serão salvos os que atentarem à mensagem da cruz, arrependidos e mediante a fé (Jo 16.8-11;Rm 10.8-10;16-17; Ef 2.8).

Rm 8.29; I Pd 1.2 - Os salvos foram conhecidos por Deus de antemão e dessa forma, prossegue o seu plano salvífico, uma vez que para Deus tudo está no presente. E assim sendo, todo crente é um eleito, em Cristo (Ef 1.3-5,13).  

Rm 8.30 – A predestinação envolve a chamada, a justificação e a glorificação na dinâmica da redenção.

Tanto a eleição (quem?) como a predestinação (para que?), referem-se ao corpo coletivo de Cristo, a Igreja, composta de judeus e gentios. Israel tem em Abraão, tem uma chamada específica que visava a salvação para todos os povos, tribos e línguas.

Deus não ama a pecadores incrédulos no pecado (Jo 3.36), e segundo João 3.16 Deus amou a humanidade caída, enquanto projeto de redenção, quando decidiu na eternidade, livre e espontaneamente em absoluto (Ef 1.5,9,11) propor o meio de resgatar o homem. E por essa razão Jesus é o Cordeiro de Deus (Jo 1.29; Ef 1.4; Hb 2.9) que foi morto desde a fundação do mundo (I Pd 1.18-20; Ap 13.8). Veja artigo http://samuca-borges.blogspot.com/2020/07/quem-sao-os-escolhidos-ou-eleitos-de.html

De acordo com Efésios 1.5-6;11-12 – Todos os salvos em Cristo, são predestinados a: Adoção de filhos, para louvor e glória da sua graça.

Paulo menciona três aspectos dessa escolha:

(1) Em quem fomos escolhidos? Em Jesus, por isso ela é Cristocêntrica;

(2) Em que tempo se deu essa escolha? O tempo é dito como “antes da fundação do mundo”;

(3) E qual a finalidade? Para que fôssemos “santos e irrepreensíveis”.

A Eleição – Coletiva é ou Particular?

Quando a Bíblia faz menção a Eleição, trata do tema referindo-se à Igreja, corpo de Cristo, edifício, lavoura de Deus, e portanto, coletiva.

É particular no que tange a decisão de cada indivíduo, frente à pregação do evangelho de dá ou não crédito a sua mensagem de salvação (Jo 3.16; Rm 1.16).

Atos 2.47 - Faz menção ao agir de Deus, na ação do Espírito Santo (Jo 16.8-11), acrescentando, dia a dia, os que iam sendo salvos, ou seja, na medida em que criam na mensagem do evangelho.

Síntese da mecânica da salvação em Cristo, no tocante ao homem é um processo, envolvendo o passado, presente e futuro de todo aquele que crê.

1.Arrependimento, fé, confissão e Novo Nascimento – Passos simultâneos primários para salvação (Mc 1.15; 16.15-16; Rm 10.10; At 3.19).

2.Novo Nascimento – Instantâneo (João 3.3-8; II Co 5.17).

3.Entendo ser a conversão um processo, e tem níveis de pessoas para pessoas. Depende da sede e da entrega de cada indivíduo aos pés do calvário.

4.Filiação por adoção – Imediato status de filho (João 1.11-12; Rm 8.14-16; Ef 1.5).

5.Reconciliação pelo calvário – Deus em Cristo na cruz, deu esta condição a todo o mundo (II Co 5.19), isto é, a toda humanidade (II Co 5.18-20).

6.Justificação – Status de justo, santo em Cristo - fui salvo, pela autoridade da ressurreição de Cristo (Rm 4.25).

7.Santificação – É uma progressão rumo à santidade no curso da fé cristã, sendo salvo (I Ts 5.23; Hb 12.14).

8.Glorificação será no céu, em corpo imortal e ausência plena do pecado - Serei salvo (Rm 8.17,22-25,30; I Co 15.19,51-54; Ap 7.16-17).

É perfeitamente discernível o Plano da Salvação na eternidade, no primeiro momento, foi por decisão soberana e amor incondicional. Já na oferta da salvação, como uma dádiva divina, é condicional ao arrependimento e a fé (Mc 1.15;16.15-16; Rm 1.16), para que o homem receba de Deus salvação, sem nenhum mérito humano.

O ministério da morte e da condenação era a Lei e é passado, pois tinha natureza transitória (II Co 3.7,9,11).

Enfim, o texto sagrado de Rm 8.28-30, não ensina um determinismo divino e inconsequente, separando a humanidade em dois grandes grupos, dos salvos e dos perdidos.

 A Eleição e Predestinação, centradas nos escolhidos, não em Cristo, deforma a doutrina bíblica da redenção. 

Presb. Samuel P M Borges

Natal – Outubro/2020

 

 

sábado, 26 de setembro de 2020

A Salvação no Ministério Terreno de Jesus

Observa-se que alguns textos dos evangelhos têm sido utilizados isoladamente para atestar a predestinação incondicional para condenação, na linha de pensadores puritanos e reformados.  Porém, são sem consistência bíblica e teológica.

Lucas 4.14-22 - Registra que estava sobre Jesus a virtude do Espírito, ungido para evangelizar os pobres (humildes), enviado para curar os quebrantados de coração, apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor...). E o Espírito a Ele, não lhe foi dado por medida, mas de forma plena, ainda que em carne (João 3.34). Há os descuidados no exame da Palavra que aplicam este texto a todos os crentes, erroneamente.

João 20.30-31 – No evangelho de João, a ênfase era demonstrar, revelar que Jesus era o filho de Deus. E no mesmo evangelho, Jesus anuncia a promessa do Espírito Santo, que passaria a atuar diretamente no contexto Igreja, pois seria dado à Igreja Cristã (Jo 14.16-17,26), para o novo momento (Jo 15.26;16.7-15), após a sua ascensão.

João 1.15-37; 5.33,36 - João Batista, o seu precursor.

João 10.41-42 - O testemunho de João Batista se cumpriu cabalmente na vida e ministério de Jesus.

João 10.36-38; 11.27,41-42 - Jesus, o Filho de Deus enviado do Pai.

Mateus 15.21-28 – Primeiro, enviado as ovelhas perdidas da casa de Israel (Vv.24).

João 1.11-12 – Veio para os seus e os seus não o receberam. 

João 4.22 A salvação vem dos judeus – Todavia, não é propriedade dos judeus (Mt 24.14; Lc 3.6; Atos 10.34-36).

João 4.42 - Nas palavras dos samaritanos, Jesus “o salvador do mundo”.

Mateus 16.2; 23.37-39 – Jesus, o Messias que havia de vir, é rejeitado (Jo 5.38-40;7.37,45). Cumprem-se as profecias a este respeito. Ao mesmo tempo, Ele cumpre a sua missão: Forma o embrião da sua Igreja (na chamada específica dos 12 discípulos, e mais tarde, o  colégio apostólico), prega o arrependimento de pecados, revela o Pai (Jo 14.6-9), padece na cruz, ressuscita e ascende aos céus, deixando a promessa de voltar outra vez.

Chamadas específicas e pessoais no Ministério de Jesus

João 1.35-44 - Os primeiros discípulos de Jesus.

(Lc 6.12-17; Jo 6.67,70-71) - A chamada dos doze – E não se pode fazer aplicação individualizada no corpo de Cristo. E atentar, o número doze tem uma simbologia significativa nas Escrituras relativa a Israel e à Igreja, ou seja, no coletivo.

Judas Iscariotes estava entre eles. Teria Judas Iscariotes sido predestinado para ser o traidor do seu mestre por força do que estava escrito (Mt 26.24-25), e guia daqueles que prenderiam a Jesus (At 1.16), no final do seu ministério terreno? E enfim, levado a julgamento e condenado na rude cruz.

A profecia não predestinara quem seria o traidor, e nem o isentaria da sua culpa. A profecia revelava o evento futuro, cujo fato viria acontecer no ministério terreno de Jesus. Realça sim! a Presciência Divina.

Nos evangelhos vemos no comportamento de Judas Iscariotes um mau caráter ao ponto de Jesus, posteriormente, o chamar de o Filho da Perdição (Jo 17.12). Deus não o predestinou para aquele triste fim. 

João 6.70-71 – Judas, sendo um entre os doze discípulos escolhidos, tristemente, se deixou ser usado pelo diabo (Ef 4.27; Tg 4.7).  Estava dentro de uma chamada específica (Lc 6.12-16; Jo 15.16; At 1.17), e comporia adiante o colégio apostólico.

João 6.37-40 - Jesus e o desenvolvimento do seu ministério.  

João 6.37 – “Todo o que o pai me dá virá a mim. O que vem mim de maneira nenhuma o lançarei fora”.

Tudo o que fazia era na dependência do Pai (Jo 7.28-29;10.29).

A sua doutrina era do Pai (Jo 7.16; 8.28).

João 6.44-45, 65 – A revelação do salvador ocorria no ministério de Jesus, mediante a operação do Pai (Jo 14.10-12).

João 6.47-56 – Sendo Jesus o pão da vida, em sentido espiritual, o seu sacrifício na cruz teria que ser absorvido por fé para salvação de todo que viesse a crê (Jo 6.47).

João 8.45-47 - Quem é de Deus escuta a palavra de Deus. Não significa dizer que foram destinados à salvação incondicionalmente.

João 7.37; Ap 22.17 - Salvação é para quem tem sede. Quem vier a Jesus, espiritualmente, não terá fome e nem terá sede (João 6.35).

João 9.31 – Nas palavras do cego de nascença, curado por Jesus: “Deus não ouve a pecadores, mas se houver temor e faz a sua vontade, a esse ouve”.

João 7.3-5 - Havia incredulidade entre os irmãos de Jesus a seu respeito.

Mateus 5.3 – “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”.

Todos sabemos que o termo “pobres de espírito” na contemporaneidade tem um sentido popular pejorativo, de miserável de valores interiores, pessoas sem qualidades virtuosas, etc. Porém, Na Bíblia, considerando o seu contexto geral, entendemos perfeitamente que a expressão “pobres de espírito” se refere aos humildes. E nesta perspectiva, o evangelho foi pregado primeiro aos pobres (Mt 11.5; Lc 7.22; II Co 9.9; Tg 2.5; 4.6).

Pv 6.17 - Olhos altivos Deus abomina (Pv 21.4; Is 2.11; I Tm 6.17).

Por toda a Bíblia também está em evidência o senso de Justiça Social em torno dos mais necessitados e injustiçados (Pv 31.9; Is 11.4; Am 4.1; Mt 5.6; Mc 10.21; Tg 5.1-6; Lc 19.8). E diz respeito à prática do bem, ao exercício do amor e da misericórdia que pregamos e a combater as injustiças sociais. Entretanto, a pobreza material e social do pobre não lhe dá direito ao reino dos céus.

Mateus 11.25-26 – “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.  Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”.

Mediante a quem Jesus estava dirigindo o seu discurso (as três cidades impenitentes – Corazim, Betsaida e Cafarnaum (Mt 11.20-24), com a revelação divina nas mãos [sábios e entendidos], o que lhes faltaram foi humildade para se arrependerem (Mt 11.20). Em Cafarnaum havia altivez, orgulho (Mt 11.23).

Então, “aos pequeninos” compreendemos pelo contexto, são pessoas humildes, que assumem a sua pecaminosidade e se arrependem, e vem a Cristo. Destes, Deus se agrada e socorre-os (Mt 11.26; Is 61.1; Sl 34.18;51.17; Tg 4.6-7).

Mateus 11.27 – “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.

Jesus, na sua missão terrena, demonstrou a sua dependência do Pai, embora tudo entregue em suas mãos pelo Pai.  De modo que, Jesus tinha a missão áurea de revelar o Pai (Mt 11.27; Jo 1.14;14.6-10), e ao mesmo tempo dependia do Pai para realizar o seu Ministério Terreno e gerar “filhos espirituais” (João 6.44-45,65; 14.10).

Mateus 22.14 – “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”. 

Mt 22.1-14 – O texto e contexto trata da parábola das Bodas, aplicada por Jesus aos judeus de seus dias, antevendo a sua rejeição como o Messias.  Muitos judeus ficaram de fora na festa do filho do rei (Vv. 2), por falta de dignidade dos convidados (Vv 8); outros foram convidados (Vv. 9-10, Mc 16.15-16 - os gentios). Porém, todos deverão estar na festa com vestes espirituais (Vv 11), vestidos da justiça de Cristo, pela graça de Deus. 

O fato de Israel, no coletivo, possuir uma chamada/escolha soberana de Deus, desde Abraão (Gn 12.1-4), não outorga salvação individual e automática a todos os judeus.

Mt 21.32 – Pela falta de arrependimento e fé no Messias, Jesus foi deixando claro, por parábolas, aos judeus, que eles estavam perdendo a bênção do Reino de Deus, por um tempo (Mt 21.42-43; Rm 11.11-12,15,25), mesmo como povo da promessa, por causa de sua incredulidade (Mt 21.32).

Mt 21.33-46 - Príncipes dos sacerdotes e fariseus foram considerados por Jesus lavradores maus.

Mc 16.15-16 - A salvação é ofertada, pela pregação do evangelho a todos. Porém, serão salvos em Cristo, os que aplicarem fé a mensagem da cruz (Rm 1.16;10.16). 

João 14.6 – “Disse-lhes Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”.

Objetivamente Jesus se declara a verdade personificada na sua pessoa. Então, a Verdade é:

Libertadora do domínio do diabo e do pecado (Lc 4.18-19; Jo 8.31-36);

Salvadora da condenação eterna no testemunho de Simeão (Lc 2.10;28-31) e do próprio Cristo em João 3.16.

Redentiva nas palavras da profetisa Ana quando falou do menino Jesus (Lc 2.36-38), e mais tarde, sendo consumado na cruz, veio a ser a causa de eterna salvação para todos que lhe obedecem (Hb 5.9). 

Ele é o caminho exclusivo pelo qual se chega a Deus, o Pai.

E ratificou Pedro em seu discurso de Atos 4.12 – “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.

Parte essencial da missão terrena de Jesus foi para dá testemunho da verdade de Deus aos homens (Jo 18.37), e fazer servos/discípulos (Jo 13.13), amigos (Jo 15.15) e irmãos (Jo 20.17), santificando-os na verdade (Jo 17.17).

Mateus 11.28-30 - E sendo o Senhor, não exercia e nem exerce domínio por opressão ou prepotência de nenhuma natureza, seja religiosa, política ou espiritual, prática reprovável na sua doutrina, porque era comum dos líderes religiosos de seus dias.  O seu jugo era suave e leve e exercido com humildade e mansidão.

Lucas 13.22-30 – Jesus é indagado se eram poucos os que se salvam.

Ele  deixou claro que a porta da salvação era estreita e os homens deviam “porfiar” para entrar por ela, no sentido de esforço, ou discuti-la entre os seus ouvintes, em especial os judeus, os quais estavam prestes a rejeitá-lo como o Messias, pois vemos nos versículos de Lc 13.26-30, que Jesus aponta diretamente para o histórico judaico, quando era o povo por meio do qual Deus levava a efeito o Plano da Salvação, tornando os derradeiros (gentios) primeiros e quem eram primeiros (judeus), os derradeiros.  

Independente de raça ou etnia, condição material, a necessidade primária dos homens diante de Deus é de natureza espiritual, e uma só: Arrependimento conjugada com a fé salvífica – Lc 13.1-5; Mt 24.14.

Finalmente, o que vemos nas Escrituras é um Deus de amor e misericórdia, tratando com a humanidade caída em três grupos: Israel, a Igreja e os gentios. E o divisor de águas entre o Antigo e o Novo Testamento é o advento do messias, no curso da revelação divina progressiva a toda humanidade.

E Deus sempre no propósito de levantar, recuperar e salvar e que se havia perdido (Is 55.6-7; Lc 19.10), não para destinar previamente pessoas à condenação por decreto soberano e deliberado.

 

Pb. Samuel P M Borges

Natal/RN – setembro/2020.

 

 

terça-feira, 21 de julho de 2020

Aceitar Jesus ou entregar a vida a Jesus Cristo?



“Aceitar Jesus” é uma expressão corriqueira de tom um tanto religioso nos púlpitos evangélicos e tem se tornado simplória, inadequada e diria até ingênua, uma vez que passa a ideia de “um Jesus coitadinho”, de alguém que precisa de nós, e não os homens, os pecadores dele. O Evangelho de Jesus é sentença de vida ou morte! 

Na verdade, tudo que foi criado, foi feito por Ele e sem Ele, nada do que foi feito se fez. Ele e o Pai são um (Jo 1.1-3;10.30).

O homem sem Jesus, sem um encontro, sem uma experiência pessoal com Ele, pelo vivo e único caminho, não terá acesso a Deus, o Pai (João 14.6). Sem Jesus, o homem não tem esperança de vida eterna, como afirmou Pedro:

João 6.68-69 – “...Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus”.

Em Mt 11.28-29, quem precisa de Jesus é chamado para ir a Ele, tomar o seu jugo (domínio, senhorio) e segui-lo. Quem não optar pelo seu jugo, resta-lhe o jugo do pecado sob a influência maligna do encardido (I Pd 5.8).

Mc 16.15-16 - A mensagem do evangelho deve ser crida para a salvação. Do contrário, a situação do pecador será de condenação.

Em I Tm 1.15 – Paulo escrevendo acerca do Evangelho da Graça, ele diz: “Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: Que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.

Alguns criticam a expressão “eu achei Jesus”. E retrucam, na verdade, Ele me achou, quem estava perdido era eu, não Ele.

Is 65.1 – Acerca de Jesus como o Messias que havia de vir e se manifestar em Israel, diz o texto que Ele foi buscado e achado por aqueles que não o buscavam (os gentios), um povo que não se chamava pelo seu nome e a este disse: “Eis-me aqui”. Sim, Ele foi dado também para luz dos gentios (Is 49.6; Lc 2.29-32;3.6; Jo 1.11-12).

Lc 14.25-27 - Aquele decidir seguir a Cristo, precisa o amar acima de tudo e de todos, negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz (submeter-se a Ele), para andar em suas pisadas, em amor e na verdade, cujo discipulado vai nos custar a vida. E primeiro, Ele deu a sua em prol da redenção do homem no calvário.

Mt 7.21-23 - Para seguir a Cristo, não basta a confissão só de lábios, precisamos dar frutos dignos de arrependimento e permanentes (Mt 3.8; Jo 15.16). Era a tônica do sermão de João Batista como o precursor do Messias.

Apocalipse 3.20 – “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. Analisemos:

Primeiro, o texto é uma mensagem direta à Igreja de Laodiceia, autossuficiente, espiritualmente morna, cega, miserável e nua, quando Jesus lhe fala amorosamente para que se arrependa daquela situação e retornasse à comunhão, ao relacionamento com Ele.

Segundo Ele não impõe, respeita a livre decisão das pessoas de se voltar para Ele ou não. É uma praxe divina, Deus atua, age onde acha lugar para trabalhar o convencimento da pecaminosidade humana. Salvação é para quem sede (Jo 7.37-39; Ap 22.17).

Deus sempre considerou o âmago do ser humano, até quando lhe propõe decisões e escolhas, para bênção ou maldição, para a vida ou para a morte (Dt 30.19; Js 24.15-16; Jo 6.60-68). Agora, uma verdade bíblica é cristalina: Deus não é de meio termo (Ap 3.15,16; 22.11).

Mt 28-18-20 -  Jesus, o nosso Salvador e Senhor, detém todo o poder no céu e na terra. E a missão primordial da Igreja é levar as Boas Novas de salvação a todas as gentes, fazendo discípulos e batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo.

Se a Igreja Cristã se dispor ao chamado “evangelho social”, realizar megas eventos de cunho social, prescindindo de sua missão espiritual que é “gerar filhos de Deus para eternidade”, terá falhado na sua missão essencial, de caráter e repercussão eterna (Jo 3.16; Atos 6.1-7).

O que o homem pecador (todos nós) precisa fazer para vir a Cristo, como o seu único Salvador e Senhor?

Primeiro, requer uma entrega pessoal: Arrependimento de pecados, ao reconhecer o seu o estado espiritual, absorver por fé o sacrifício de Jesus na cruz, em seu favor, confessá-lo publicamente e submeter-se ao seu Senhorio. E de posse da vida eterna (Jo 3.36), segui-lo alegremente, vitorioso em Cristo.

Se alguém segue a Cristo, “vai de garupa”, não deve pegar nas rédeas de sua vida. Ele é o Senhor, Ele é dono, e amorosamente conduz as suas ovelhas. E, portanto, é a porta da salvação, o Bom Pastor (Jo 10.9-14).

Finalmente, Mateus 16.24-25, é enfático e exige renúncia ao próprio eu de quem queira ser o seu discípulo.

“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”.

Então, eis o convite biblicamente mais adequado:

Quem deseja vir a Cristo, arrependido, entregando todo o seu viver, para alcançar o perdão de pecados, ter o privilégio do nome escrito no Livro da Vida e assim se tornar seu seguidor e discípulo, nascido de novo pela ação poderosa do Espírito Santo. Amém!

Hino 208 (harpa Cristã).

“Hoje queres te entregar a Jesus Cristo, ó cansado e triste pecador?

Para aquele que no gólgota foi visto, padecendo nossa culpa, nossa dor?

Vem a Cristo, vem a Cristo, que te chama com amor celestial..."

 

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Bacharel em Direito e Teologia

Natal/RN – Revisado em setembro/2024. 

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Quem são os escolhidos ou eleitos de Deus na Bíblia?



Escolher, escolhido, tem o sentido de eleger, eleito, respectivamente. Eleição, portanto, é um ato de escolha, preferência.

É muito comum vermos pessoas se achando ou se afirmando “escolhidas de Deus”. Outras, emitem palavras de bênçãos sobre pessoas como se estas fossem “escolhidas por Deus” sem nenhum critério bíblico, sem um exame mínimo do nível de relacionamento com Deus.

O termo escolhido deve estudado no contexto de cada texto onde encontrado.
Vejamos nas Escrituras quem são escolhidos, ou eleitos de e por Deus e quais são os seus propósitos.  

Is 42.1-3,6; Mt 12.18 - Jesus, escolhido, eleito o redentor -  Viria para restaurar as tribos de Israel, para luz dos gentios e salvação de Deus (Lc 2.25-38; 3.6), sobre toda a terra (Is 49.1-3,6-7). No Novo Testamento esta verdade redentiva é completamente revelada (Jo 3.36;14.6; At 4.12; I Tm 2.5). No Antigo Testamento, estava em processo gradativo de revelação.

At 4.11; I Pd 2.4,6-7 – Jesus, a principal pedra de esquina - Reprovada pelos homens e para com Deus eleita e preciosa. O salvador, pedra de fundamento da fé cristã (I Co 3.11;12.2). Quem nela crê não será confundido (Rm 9.33).

Ef 1.4 - Em Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), todo salvo foi eleito nele, antes da fundação do mundo. Na presciência de Deus, o Cordeiro havia sido morto, em sacrifício propiciatório (I Jo 2.2; Hb 2.9) desde a fundação do mundo (I Pd 1.19-20; Ap 13.8).

Hb 12.2 - Enfim, Jesus é autor e consumador da fé, de todo o que nele crê para sua salvação.  Obviamente, envolve o Senhorio de Cristo e relacionamento com o crente.

Israel – Povo Eleito – Todos sabemos pelas Escrituras que é povo escolhido (Is 44.1-2), constituído povo de Deus a partir da chamada de Abraão (Gn 12.1-4; Is 41.8-10). São filhos de Deus por eleição, segundo a Soberania de Deus e irrevogável (Rm 11.29).

Na Monarquia em Israel, a pedido do povo (I Sm 8.1-22), vemos o trabalhar de Deus nas escolhas, especialmente, dos três primeiros reis, período nominado de Reino Unido. E com destaque para relação de Deus com Davi (I Sm 16.1, 12-13; Sl 88.3-4;89.19-20). 

I Cr 16.13 - Israel – Povo eleito, “o meu eleito” (Is 45.4).

Dt 4.32-40 - Israel, povo escolhido por Deus, em meio aos pagãos.  O texto declara que Deus nunca se revelou a nenhum povo, como se revelou aos Israelitas, descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.

Ne 9.7-8 – Povo eleito a partir de Abraão, com quem fez aliança, prometeu e lhes deu a terra de Canaã para habitação.

Is 41.8-10 – Povo eleito, semente de Abraão, amigo de Deus. Israel como um servo escolhido, a quem Deus ajuda e sustenta com a destra da sua justiça.

Sl 33.12 - Davi tinha plena consciência de ser parte de um povo escolhido, herança de Deus. 

Sl 65.4 – Segundo Davi, um escolhido era um Bem-aventurado.

Sl 100 – No Livro dos Cânticos de Israel, inicia convidando a todos os moradores da terra a celebrar com alegria ao Senhor. Todavia, é um salmo que declara a chamada específica da nação de Israel (Sl 100.3), que muitos espiritualizam e aplicam também à Igreja Cristã. 

Rm 9.4 – Israel, Guardião dos Oráculos Divinos – “...dos quais é a adoção de filhos (por eleição), a glória, os concertos, a Lei, o culto (mosaico) e as promessas e pais de Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos...”

Is 10.22-23; Rm 9.27;11.5 – O remanescente de Israel, parece ter um cunho escatológico, e mais precisamente, no final da Grande Tribulação. Zc 13.7-9, faz referência a duas partes extirpadas e a terceira parte restará nela, ou seja, na terra de Israel. Entendemos ser na reta final da GT no contexto do Oriente Médio (Zc 12-1-14).

Mc 13.19-20, Mt 24.22,31 – No seu sermão profético Jesus faz menção aos escolhidos (judeus no contexto da Grande Tribulação), e aqueles dias serão abreviados por causa deles. Pelo escopo geral das Escrituras, entendemos que Deus voltará a tratar diretamente com Israel, logo após o arrebatamento da Igreja.  Vivemos a Dispensação da Igreja desde o Dia de Pentecostes.

Em síntese, propósitos da Eleição (escolha) de Israel:

1.Para receber, transmitir e preservar as revelações divinas (Dt 4.5-8, Rm 3.1-2; Rm 9.4).

2.Dá testemunho da unidade da Divindade em meio a idolatria politeísta (Dt 6.4; Is 43.10-12).

3.Serviria para ilustração da bênção daqueles que servem ao verdadeiro Deus. (Dt 33.26-29; Ml 3.16-18).

4.E ser o canal humano para a vinda do Messias (Gn 21.12; 28.10,14; 49.10; II Sm 7.16-17; Is 7.13-14; Rm 9.4-5; Atos 13.22-23).

A Igreja – Eleita em Cristo Jesus (Ef 1.3-4; II Co 5.17), segundo a presciência de Deus (I Pd 1.2).

Deus, no coletivo, elegeu a Igreja desde a eternidade, antes da fundação do mundo, segundo a sua presciência (Ef 1.4; I Pd 1.2).

A eleição para a salvação em Cristo é oferecida a todos (Jo 3.16; I Tm 2.4-6; Rm 1.16). Portanto, a Eleição é Cristocêntrica. 

E torna-se uma realidade para cada pessoa de acordo com seu prévio arrependimento e fé (Mc 1.14-15; Ef 1.13;2.8; 3.17).

I Ts 1.4 – Paulo afirma à Igreja de Tessalônica – a vossa eleição é de Deus.

II Pd 1.10 – Pedro admoesta, aos irmãos, a fazer cada vez mais firme a vocação e eleição.  

Cl 3.12 – Paulo nomina a Igreja em Colossos, como eleitos de Deus, santos e amados... 

I Pd  2.9 – a Igreja é chamada de geração eleita, sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido....

Tito 1.1 – Paulo afirma que era servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus...

Textos diversos relacionados ao tema – Breves comentários:

Mt 22.14 – “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”. 

Mt 22.1-14 – O texto e contexto trata da Parábola das Bodas, aplicada por Jesus aos judeus de seus dias, antevendo a rejeição de sua mensagem.  Muitos judeus ficaram de fora na festa do filho do rei (Vv. 2), por falta de dignidade dos convidados (Vv 8); outros foram convidados (Vv. 9-10, Mc 16.15-16 - os gentios). Porém, todos deverão estar na festa com vestes espirituais (Vv 11), vestidos da justiça de Cristo, pela graça. 

O fato de Israel, no coletivo, possuir uma chamada/escolha soberana de Deus, desde Abraão (Gn 12.1-4), não outorga salvação individual e automática a todos os judeus.

Mt 21.32 – Pela falta de arrependimento e fé, Jesus foi deixando claro, por parábolas, aos judeus, que eles estavam perdendo a bênção do Reino de Deus, por um tempo (Mt 21.31;Rm 11.11-12,15,25), mesmo sendo o povo da promessa, por causa de sua incredulidade (Mt 21.32).

Mt 21.33-46 - Príncipes dos sacerdotes e fariseus foram considerados por Jesus lavradores maus. 

Mc 16.15-16 - A salvação é ofertada, pela pregação do evangelho a todos. Porém, serão salvos em Cristo, os que aplicarem fé na mensagem da cruz (Rm 1.16;10.16). 

Rm 10.16 – O braço do Senhor se manifesta sobre os que creem no Evangelho, uma vez que a fé vem pelo ouvir (Rm 10.17). Ou melhor, a pregação tem efeito, pelo convencimento para arrependimento e leva o pecador à salvação em Cristo, quando existe fé, o ato de crer (Ef 1.13). Em Ef 2.8 o dom, a dádiva é a salvação, não a fé. Esta cabe ao homem confessá-la, exercitá-la em Cristo, o salvador. E se desse fé a uns, a outros não, estaria incorrendo em acepção de pessoas. 

A Eleição, a Fé e a Expiação em poucas linhas

É relevante compreender à luz das Escrituras:  Como frisei acima, a eleição é coletiva para o corpo de Cristo, a Igreja. A responsabilidade de responder positivamente ao chamado de Deus pela graça é individual. A graça capacita a crê todos os homens que ouvem atentamente a pregação do evangelho. Jesus disse: “Se alguém tem sede, que venha a mim e beba” (Jo 7.37-38). Como a vontade perfeita, plena de Deus era salvar a todos os homens, vindo ao conhecimento da verdade (I Tm 2.4), a graça de Deus precisa ter estudada e crida em três aspectos: Preveniente, subsequente e universal.  Sem a graça de Deus, o homem caído só poderia externar a pobre fé natural, genérica, não a salvífica.  

Por outro lado, este mesmo homem caído é instruído a buscar a Deus, o Senhor, enquanto se pode achar (Is 55.6-7). O homem precisa assumir o seu estado, confessá-lo e deixá-lo para alcançar misericórdia (Pv 28.13). Nestes termos, diz respeito à responsabilidade individual que no seu bojo, o pai não responde pelo filho, nem o filho pelo pai (Ez 18.20). "A alma que pecar, essa morrerá".

Sem sombra de dúvidas, a graça divina tem efeito eficaz quando a pregação do evangelho é recepcionada nos corações dos que a ouvem para segui-la e obedecê-la (Mc 16.15-16; Hb 4.2).

Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do Mundo (da humanidade). O Espírito veio para convencer o mundo (humanidade), do pecado da justiça e do juízo. Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo (II Co 5.19). Em I João 2.2 – “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”. Isto é, o sacrifício de amor por todo o mundo (da humanidade) de João 3.16 é suficiente para salvar a todos os homens. As Escrituras não comportam o ato da expiação limitada. Voltemo-nos às Escrituras. 

*Expiação – O ato de purificar, expiar, pagar pelas culpas e pecados. Por meio da Expiação de Jesus Cristo, na cruz, todo crente é purificado da mancha e da culpa dos seus pecados e reconciliados com o Pai Celestial (Jo 1.29; II Co 5.19; Ef 2.1;I Jo 1.7; 2.2; I Pd 1.18-19; Ap 5.8-9).

Mt 7.13-14 - A porta é estreita e apertado o caminho.....para salvação. De fato, a salvação é pela graça de Deus, porém não é barata. Tem inestimável valor espiritual.

Lc 18.7 – No texto os escolhidos de Deus, a quem Ele fará justiça, atenderá as suas orações, são todos os salvos em Cristo Jesus. E que perseveram na oração. Ao pecador temente, obediente, a este Deus ouve (João 9.31).

Rm 8.33 – Quem pode ser contra os escolhidos de Deus? Estes escolhidos são todos os salvos, justificados por Jesus, pelos seus méritos no calvário, mediante o que preceitua Rm 8.1 – “...nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus...”. E o determinante é está em Cristo.

Chamada geral para salvação (Mc 16.15-16; Jo 3.16; Rm 1.16) versus Chamadas Específicas – Dentro ou no curso do Plano Divino Redentivo, vemos nas Escrituras que Deus age, trabalha por  soberania com chamadas e escolhas específicas, segundo os seus propósitos eternos. No coletivo com a nação de Israel e individualmente com algumas pessoas. A Igreja, em Cristo e por Cristo, somos escolhidos (Ef 1.4). A Eleição envolve a fé salvífica (Ef 1.13.2,8; 3.17). Não basta uma fé genérica em Deus sem andar com Ele (Gn 5.24).

Exemplos de chamadas específicas:

De Abraão – Gn 12.1-4 – Com propósitos soberanos e eternos para constituir a nação de Israel. Com Isaque e Jacó foram ratificações do que Deus prometera a Abraão.

De José, filho de Jacó – Gn 37-50 – Até José só entendeu o trabalhar soberano de Deus, no fim dos seus dias, pois visava salvar, perpetuar a nação de Israel. Ou seja, tudo o que se passara com ele, estava muito além de seus interesses e temor pessoal a Deus. 

Do profeta Jeremias –  Jr 1.4-5 – Jeremias no meio de um povo escolhido, recebe um chamado específico para profeta em Israel e para com as outras nações. Uma chamada dessa natureza dá certamente muito mais segurança a quem é vocacionado para servir ao Senhor. Porém, não é com todos que Deus agia e age e assim.

A chamada dos doze discípulos (aprendizes, depois apóstolos) – Lc 6.12-16; Jo 6.67-71;15.16 – Jesus para compor o grupo dos doze, nem mais, nem menos, declara em João 15.16 que foi uma escolha dele, embora não tire a responsabilidade de nenhum deles pelos seus atos, ações e omissões. Daí, entre eles tinha até um traidor. Pedro negou a Jesus. Essa chamada muitos aplicam à igreja em geral, mas se trata de uma chamada específica.
No início do ministério de Jesus, Ele os escolheu. Hoje, somos escolhidos, eleitos em Cristo ao ouvir a palavra da verdade, o evangelho da salvação, e nele crê (Ef 1.4,13). Em atos 1.15-26, vemos os apóstolos, fazendo a escolha de Matias, para recompor o ministério e apostolado. De modo que, simbolicamente, na Bíblia o número 12 é uma representação tanto da totalidade de Israel, como da Igreja Cristã. Creio piamente que os 24 anciãos de Ap 4.10-11, representa Israel e a Igreja, no mundo espiritual, diante do Trono de Deus.

O Apóstolo Paulo – At 9.3-6;15-16 – Recebeu também uma chamada especifica. Podemos afirmar que Deus o escolheu a dedo (At 9.15-16) para pregador, apóstolo e doutor dos gentios (Rm 11.13; I Tm 2.7; II Tm 1.11). E foi o canal humano que Deus capacitou para fazer a transição do Judaísmo para o Cristianismo, debaixo de muita perseguições e sofrimentos por causa do Evangelho de Jesus (II Tm 1.12; 2.10).  Ele falando como judeu, em meio a rejeição do messias pelas autoridades religiosas de Israel, narrava o seu encontro pessoal com Jesus como o abortivo (nascido antes do tempo) e afirmava não ser digno de ser chamado apóstolo, pois havia sido um perseguidor da Igreja (I Co 15.8-9).

É importante frisar: Uma chamada específica da parte de Deus é muito honrosa, entretanto envolve maior responsabilidade de quem a recebe (Rm 1.1,14,16; I Co 9.16).

Diante do que dissecamos, cabe-nos, humildemente, tirar algumas conclusões acerca do termo escolhidos, eleitos de Deus e por Deus:

Deus tem a prerrogativa soberana de fazer escolhas específicas com propósitos salvíficos, sem em nenhum momento ferir o seu caráter justo e santo, nem atropelando o livre arbítrio dado aos homens (Gn 4.7; Jó 1.1; Dt 30.15-19; Ec 12.13-14; Mc 16.15-16).

Sl 139.1-24 – Davi, no Livro dos Cânticos de Israel, em linguagem poética disserta sobre a Onipresença e a Onipotência de Deus e faz destaque nos versículos 13-16 acerca do milagre e da geração da vida. O texto não trata de seletividade por Deus para destino A ou B do ser que Ele o criou à sua imagem e semelhança. O que se pode frisar é que Davi foi um escolhido por Deus para ser rei em Israel, com chamada específica no contexto de um povo eleito. Porém, não aplicável a outras pessoas genericamente.

Deus não faz acepção de pessoas, seja no âmbito material ou espiritual (Dt 10.17; II Cr 19.7; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; I Pd 1.17). Jamais precisará fazer algo como média com os humanos.

É tolice falhos humanos se sentirem diante de Deus, “queridinhos dele”, e em pecado continuadamente, sem arrependimento, e sem um sério relacionamento com Ele.

Existem, pelo menos, três erros críticos a serem evitados a respeito do vocábulo escolhidos ou eleitos:

1.Não respeitar a especificidade da chamada coletiva e a individual;

2.Aplicar chamadas divinas, diretivas, de forma genérica a outras pessoas;

3.E terceiro, aplicá-las a si mesmo, principalmente quando é de bênção, em especial, para salvação. Pode até ser pecado de autopiedade, quando somos ensinados andar na piedade.

Fontes:
Bíblia Sagrada.
Anotações pessoais do blogueiro.
As Parábolas de Jesus e a Resposta Humana – Uma análise a partir da soteriologia arminiana – Carlos Kleber Maia – Editora Santorini 2022. 1ª Edição.


Por Samuel Pereira de Macêdo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal RN – 16/07/2020.  Revisão em 03/01/2023.
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