I Samuel 13.14 - “…já tem buscado o SENHOR para si um homem segundo o seu coração…”.
Para compreendermos essa afirmação bíblica, faz-se necessário nos perguntarmos em que aspecto? Para que foi Davi classificado um homem conforme o coração de Deus? Certamente Davi não foi exitoso, virtuoso, temente a Deus em todas as áreas de sua vida.
No texto citado o Senhor
Jeová, através do profeta Samuel, não está dizendo que buscou para si um homem
sem falhas e sem pecados. Porém, um homem que atenderia toda a sua vontade na
direção de um propósito (At 13.22).
Davi foi “segundo o coração de
Deus”, veio a ser o maior Rei da História de Israel (1.010 a 970 a.C.). Ele
fortaleceu a monarquia recém surgida no contexto político da nação judaica,
após o conturbado período dos juízes (1.375 a 1.050 a.C.), sucede o Rei Saul, sendo
o segundo monarca em Israel aos trinta anos de idade (II Sm 5.4-5).
Como guerreiro, chefe de
tropas, líder público foi um vencedor consciente da dependência de Deus. O
Senhor lhe deu descanso de todos os inimigos em redor e fez grande o nome de
Davi em Israel (II Sm 7.1;8-9).
A expressão “um homem segundo
o coração de Deus”, requer ser vista e interpretada no bojo do propósito divino
para com a nação, visando solidificar Israel como povo eleito, escolhido, em
meio as nações pagãs (I Cr 16.13-18). E de tamanha envergadura foi essa escolha
que o Senhor Jeová fez com Davi uma Aliança profética/escatológica, firmando o
seu trono para sempre, pela sua posteridade e veio a ser contado na linhagem
messiânica.
II Sm 7.16 – “...a tua casa e o teu reino serão firmados
para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre”.
E ao ouvir essa promessa de
Deus, Davi se recolhe e foi orar ao Senhor, não como rei e sim como servo a
quem o Senhor conhecia e estava cheio de gratidão (I Cr 17.16-27). Não era
digno.
Davi –
Qualidades para ser rei em Israel
Davi desde a mais tenra idade aprendeu a confiar em Deus
diante de qualquer circunstância enfrentada (I Sm 17.32-51).
O Deus que escolheu Saul,
primeiro Rei em Israel, o rejeita por fazer o que não era de sua competência (I
Sm 13.8-14) e por desobediência (I Sm 15.1-29). E Davi foi ungido para reinar
em Israel, a partir daí apoderou-se dele o Espírito Senhor (I Sm 16.13), ao
tempo em que se retirou de Saul (I Sm 16.14). Ou seja, perdeu a capacitação do
alto para ser Rei em Israel.
Em I Sm 16.18 está escrito
sobre Davi -“Eis que tenho visto a um filho de Jessé, o belemita, que sabe
tocar e é valente e vigoroso, e homem de guerra, e prudente em palavras, e de
gentil presença; o Senhor é com ele”.
Tinha grande respeito a
autoridades delegadas por Deus. Este fato ficou evidente lidando com o Rei
Saul, já rejeitado por Deus (I Sm 13.13-14), por diversas vezes, tentando o
matar (I Sm 24.4-5).
Como líder, para tomar decisões, buscava diligentemente a
direção de Deus (I Sm 23.2,4;30.8; II Sm 2.1;5.19,23).
Davi tinha grande prazer em
adorar a Deus e assim instruía a nação (I Crônicas capítulos 15 e 16), com essa
finalidade. É oportuno lembrar, a ideia do Templo Judaico foi de Davi, e coube
a Salomão, seu filho, executar (I Cr 17.1-15).
Davi era temente, porém falho,
e mesmo assim apregoava o temor a Deus (Sl 34.7).
Sl 34.17-19; Sl 51.1-19 - Davi
descobriu a graça de Deus antes de ser revelada em pormenores na pessoa bendita
de Jesus Cristo no NT (Jo 1.17).
Davi tinha plena consciência de que a monarquia em Israel estava sob o dedo de Deus, podia intervir no governo das nações gentias, julgar e exercer benignidade pela sua Soberania (I Cr 16.31-34).
Davi tinha três qualidades de
caráter destacadas: Humildade (I Sm 17.37; Sl 34.4-7), sinceridade (II Sm
12.13; 24.10; Sl 51) e exímio adorador (II Sm 7.1-29; II Sm 22.1-51 e muitos
salmos escritos de exaltação e louvores a Deus).
Davi - Suas falhas e pecados
Em II Sm 11 e 12 – narra o
mais grotesco, o mais viu pecado de Davi contra Urias o heteu – Adultério e
homicídio. E foi repreendido por Deus na cara, pelo profeta Natã.
Davi, incitado por satanás
mandou numerar o povo (I Cr 21.1), o que dar-nos a entender, por vaidade
humana. Não agradou a Deus (I Cr 1.7). E vem juízo sobre o povo. Davi, na sua
sinceridade assume o erro e pede a mão de Deus contra ele e sua casa, não sobre
o povo (I Cr 21.17). Ao interceder, Deus lhe dá orientação para levantar um
altar na eira de Ornã, o Jebuseu. Ele ofereceu holocaustos e sacrifícios
pacíficos. Deus recebe e manda o anjo meter a espada na bainha (I Cr 21.26-27).
Quando estudamos a família do
Rei Davi e sua conduta de genitor e pai, vemos que não foi diligente e
disciplinador para com a família. Dedicou-se muito a vida pública e
negligenciou a família.
Davi foi um homem sensível ao
sagrado, na adoração a Deus, porém de moralidade frágil. Foi um polígamo,
adúltero e assassino (II Sm 11.1-27). E acredito que teve acesso ao Pentateuco
para consultar e por ele se instruir.
II Sm 3.2-6; 5.13 – Davi teve
muitas mulheres. Não soube lidar com a barra da saia. Foi permissivo na
poligamia e amargou frutos indesejados. Foi pai de mais de vinte filhos.
A monarquia em Israel foi revelada a Moisés e passadas instruções,
preceitos divinos a seu respeito antes de ser estabelecida (Dt 17.14-20).
Deuteronômio 17.17 (deveres do rei) – “Tampouco para si multiplicará
mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata nem ouro multiplicará
muito para si”.
Em determinados momentos, a
poligamia no Antigo Testamento não foi taxativamente condenada, embora claro o
padrão divino para o matrimônio monogâmico exposto desde o Gênesis 2.24.
“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e
apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.
Na História, no decurso do progresso civilizatório da raça humana se permitiu a poligamia. Mulher sem marido na antiguidade tinha basicamente três destinos: Passar fome, ser escrava ou prostituta.
Conclusão:
Na família Davi experimentou as
consequências de sua fraca moralidade, um pai não exemplar, amou demais (II Sm
18.33) e faltou com a disciplina sobre os filhos. Colheu adultério,
assassinato, incesto, morte, perseguições e lágrimas na família.
Davi reconheceu que Deus o
confirmou rei sobre Israel e que exaltara o seu reinado por amor do seu povo
(II Sm 5.12).
Então, a expressão “um homem
segundo o coração de Deus” não tem caráter personalíssimo em torno de um Davi
impecável, e sim quanto ao propósito que Deus alcançaria através dele, como Rei
de Israel.
Fonte de pesquisa:
Bíblia de Estudo Pentecostal
Lição EBD/CPAD – 2º trimestre de 2023.
Anotações Pessoais
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 04/06/2023.
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