Após consumada a redenção humana na cruz (Jo 19.30), Jesus ressuscitado, com todo o poder no céu e terra, promulgou um decreto por mandamento:
Marcos 16.15-16. - “...Ide por
todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura, quem crer e for batizado será
salvo, porém quem não crer será condenado”.
Crê ou não crê é resposta do
homem à salvação em Cristo Jesus (Ef 1.13.2.8).
Pelo ide imperativo de Jesus,
todos os homens são chamados à salvação (Rm 8.28). Os que passaram a amá-lo,
por conseguinte, tornam-se obedientes aos pés da cruz (Jo 14.15,23-24). E agora com Deus na vida, tudo contribui para
o bem. E essa fórmula só Deus sabe como fazer acontecer. Glórias, pois, ao seu
Santo Nome!
Mateus 28.19-20 - Explicita a relevante
missão da Igreja no ide (pregar) e ensinar (fazer discípulos), batizar em nome
do Pai, do Filho e do Espírito Santo, compondo o corpo de Cristo neste mundo,
com a promessa de estar com a Igreja, até a consumação dos séculos.
Não encontramos nas Escrituras
predestinação, eleição para condenação e sim somente para salvação (Rm 8.29; Ef
1.4-5; II Tm 2.19; I Pd 1.2). A salvação é dádiva do alto, de Deus (Lc 3.6; Ef
2.8).
A fé
dada aos santos no texto supra não se refere à fé para salvação individual, em
si mesma. Considerando o contexto
neotestamentário, trata-se de todo o arcabouço doutrinário da Igreja Cristã em
formação debaixo de severas lutas e perseguições (Fp 1.27; I Tm 1.5,18-19; 6.12).
Diferente hermenêutica, estaria
Deus fazendo acepção de pessoas, dando fé para salvação a uns indivíduos e a outros
não?
Deus não faz acepção de
pessoas para nenhuma finalidade (Atos 10.34-35; I Pd 1.17; Cl 3.25). Fez e faz
chamadas específicas para salvação e serviço, visando alcançar mais vidas para
redenção em Cristo Jesus.
Deus não tem prazer na morte
do homem em pecados, na desobediência (Ez 18.23-28). O pai não levará sobre si
a maldade do filho, nem o filho a do pai. A alma que pecar, essa morrerá (Ez
18.20). Sendo assim, a vontade plena de Deus é (era) que todos os homens sejam
salvos e venham ao completo conhecimento da verdade (I Tm 2.4). E só existe um
só Deus, não deuses, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, o
verbo encarnado (Jo 1.1,14; I Tm 2.5).
Um
pouco da Doutrina da Salvação - Três aspectos da atuação da Graça de Deus
O teólogo holandês Jacó
Armínio (1560-1609) conceituou a graça de Deus como “assistência permanente e a
ajuda contínua do Espírito Santo”, que inclina o ser humano a fazer o que é bom
e a cumprir a vontade de Deus. E afirmo, na medida em que dá lugar a Deus em
sua vida. A graça divina tem operações distintas, é uma só em essência, porém
varia no modo de atuar e em progressão.
A graça de Deus capacita o
homem a responder positivamente ao chamado para salvação. É importante
conceituar didaticamente três aspectos da graça.
A
Graça Preveniente – “É o meio pelo qual Deus, antes de qualquer
ação humana, atrai graciosamente o pecador e o capacita espiritualmente para
que se arrependa e converta a Cristo”. Ou seja, arrependa-se e creia em Cristo,
o redentor, a fim de se voltar para Deus, nascido de novo, uma vez
morto em delitos e pecados (Rm 3.9-25; Ef 2.1;2.8).
A graça preveniente é ação de
convencimento do Espírito Santo que vence a incapacidade humana decaída de crer
em Jesus ou desejar qualquer bem espiritual (Jo 16.8-11).
O arbítrio moral humano
escravizado pelo pecado só pode levar a vontade humana a crer, despertar,
discernir espiritualmente quando liberto pela graça preveniente (Jo 8.32,36; Rm
7.19-25).
A salvação é efetivada pela fé
em Jesus, o salvador. O homem é salvo porque creu e será condenado se ficar na condição
de incrédulo (Mc 16.15-16). Então, a fé salvífica (para salvação), é resposta
humana à graça redentora de Deus. A fé não tem natureza meritória humana, é
causa instrumental. Somos salvos pela graça mediante a fé (Ef 2.8). A salvação
é dádiva divina e não vem de boas ações humanas para que ninguém se glorie (Ef
2.9).
A
Graça Subsequente – É a segunda operação da graça de Deus que se
segue ao estágio inicial da graça preveniente, complemente da parte de Deus.
Enquanto que a graça subsequente é cooperante, e vai produzir, construir um
relacionamento cooperativo. O indivíduo entra em processo de regeneração quando
crê em Jesus, pela ação da graça subsequente.
Infelizmente muitos resistem
ao Espírito Santo e rejeitam a graça de Deus oferecida. E por consequência não
recebem a oferta da salvação gratuita em Cristo Jesus (Rm 1.16; 6.23).
A
Graça Universal
Sem delongas, constatamos:
João 3.16 – Deus não amou a
alguns para salvar. Amou o mundo (a humanidade), providenciou o meio, quem vier
a crê tem a vida eterna, não perecerá.
João 1.29 – Jesus, Ele é o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (humanidade). É apto para resolver
a pecaminosidade humana e salvar o mais vil pecador, se arrependido e nele crê
(Is 55.7). E que o faça enquanto houver tempo (Is 55.6).
Justifica-se o brado de João
Batista ao ver Jesus vindo em sua direção às margens do rio Jordão: “Eis (no
original é atenção!) o Cordeiro de Deus que tira (porque derramaria o seu
sangue em resgate da humanidade) o pecado do mundo”.
II Coríntios 5.18-19 – Deus
estava em Cristo na cruz reconciliando consigo o mundo (a humanidade), dando
condições a todos os homens se chegarem a Deus, arrependidos e serem salvos.
Jesus morreu por todos os homens (II Co 5.15;17).
Jesus pelo seu sangue propiciou,
deu a oportunidade, acesso a Deus, a todos os homens, sem distinção de raça,
cor, letrados ou iletrados, pobres e ricos, etc. A revelação progressiva de
Deus à sombra das figuras do culto mosaico, onde “quase todos as coisas se
purificam com sangue” (Hb 9.22), nos ensina que sem derramamento de sangue, não
há remissão (perdão) de pecados.
I João 2.2 - “E ele é a
propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos
de todo o mundo”.
A raça humana está enferma
pela pecaminosidade, desde a queda no Éden, separados de Deus por causa da
chaga maldita do pecado e todos pecamos (Rm 3.23), porque herdamos essa
natureza caída, propensa ao pecado, o bem que queremos fazer não fazemos, o mal
que não queríamos praticar, praticamos (Rm 7.19-20).
O homem espiritualmente morto por causa do
pecado, é necessário é nascer de novo, o que Jesus ensinou a Nicodemos (Jo
3.3-8). Só por Jesus Cristo, o homem encontrará o caminho de retorno para o Pai
(Jo 14.6). Resta aos homens, cabe-lhes arrepender-se e crê no evangelho, poder
de Deus e salvação para todo o que crê, seja judeu ou outra raça (Rm 1.16).
Os homens, na religião em si
mesma, são tentativas de se salvar por seus méritos. Entretanto, a salvação não se alcança por obras caridosas (“...não vem das obras para
que ninguém se glorie” Ef 2.9). Já na condição de salvo pela graça vivemos uma nova
vida, novas atitudes para o bem comum (Ef 2.10).
Portanto, não encontramos
segurança, certeza de salvação na religião, porém pelo evangelho de Jesus, através
do qual a graça (favor imerecido) de Deus é revelada, é possível, uma vez que
se trata de salvação de cima para baixo, não de baixo para cima.
O
Espírito Santo na Igreja – A agência do Reino de Deus na Terra.
O Espírito Santo foi dado a
Igreja, está na Igreja, não no mundo (sistema incrédulo e oposto a Deus), para
nos guiar em toda a verdade. Por ele somos revestidos de poder e é ele quem
convence o mundo (a humanidade) do pecado da incredulidade, na medida que se dá
lugar para convencimento. Não é uma ação abusiva ou por imposição divina.
Assim é a condição do salvo
por Jesus Cristo, o redentor (libertador do jugo, da condenação do pecado):
I João 1.7 – “Mas, se andarmos
na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de
Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado”.
Alguém disse: “Evangelizar é
um mendigo, ensinando a outro mendigo onde encontrar pão”. E acrescento, pão
espiritual.
João 6.35 – “E Jesus lhes
disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em
mim nunca terá sede”.
Por Samuel Pereira de Macedo
Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 08/08/2023.
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