Chica da Silva (1732-1796) foi
uma escrava brasileira alforriada que ficou famosa pelo poder que
exerceu no arraial do Tijuco, hoje a cidade mineira de Diamantina. Manteve uma
relação de concubinato com o contratador de diamantes João Fernandes de
Oliveira.
Chica da Silva foi uma negra
que se tornou uma das mulheres mais importantes da sociedade colonial elitista
de Minas Gerais do século XVIII.
Francisca da Silva nasceu no
Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina, Minas Gerais, em
1732, época em que o Brasil se tornou grande produtor de diamantes. Filha
do português, capitão das ordenanças, Antônio Caetano de Sá e da africana Maria
da Costa, foi escrava de um proprietário de lavras, o sargento-mor Manoel Pires
Sardinha, com quem teve um filho chamado Simão Pires Sardinha, que alforriado
pelo pai, recebeu seus bens em testamento.
Alforria e Luxo
Com 22 anos, Chica da Silva
foi comprada pelo rico desembargador João Fernandes de Oliveira, contratador de
diamantes, que chegou ao Arraial do Tijuco em 1753. Depois de alforriada,
passou a viver com o contratador mesmo sem matrimônio oficial. Chica da
Silva passou a ser chamada oficialmente Francisca da Silva de Oliveira. O casal
teve 13 filhos e todos receberam o sobrenome do pai e boa educação.
Chica da Silva, mulata, frívola
e prepotente, impôs-se de tal forma que o rico português atendia a
todos os seus caprichos. O maior deles, como não conhecia o mar, pediu ao
marido para construir um açude, onde lançou um navio com velas e mastros, igual
às grandes embarcações.
Chica da Silva vivia em uma
magnífica casa construída nas encostas da serra de São Francisco, onde
promovia bailes e representações. Era dona de vários escravos que cuidavam das
tarefas domésticas de sua casa. Só ia à Igreja ricamente vestida e coberta de joias,
seguida por doze acompanhantes. Consta que muitas pessoas se curvavam à sua
passagem e lhe beijavam as mãos.
Fim da União
João Fernandes de Oliveira foi
acusado de contrabandear diamantes, chegou a ser preso e perdeu parte de
seus bens. Mesmo assim, possuía uma das maiores fortunas do Império Português.
A união do casal, que durava 15 anos, foi interrompida, em 1770, quando João
Fernandes retornou a Portugal, depois da morte de seu pai, a fim de resolver
questões de herança familiar, levando com ele os quatro filhos homens que teve
com Chica da Silva. Lá, adquiriram educação superior e alcançaram cargos
importantes na administração do reino.
Chica da Silva ficou no Brasil
com as filhas e a posse das propriedades do marido, o que lhe permitiu
continuar vivendo no luxo. Suas filhas estudaram prendas domésticas e música.
Mesmo sem viver com João Fernandes pelo resto de sua vida, Chica da Silva
conseguiu distinção social e respeito na sociedade elitista de Minas
Gerais do século XVIII.
Chica da Silva convivia com a
elite branca local. Em seu testamento, doou parte de seus bens às irmandades
religiosas do Carmo e de São Francisco, que eram exclusivas de brancos, às
das Mercês, exclusivas dos mestiços, e a do Rosário dos Pretos, que eram
reservadas aos negros.
Chica da Silva faleceu em
Serro Frio, Minas Gerais, no dia 15 de fevereiro de 1796. Foi sepultada na
irmandade religiosa de São Francisco de Assis, exclusiva dos brancos.
Por Dilva Frazão - Biblioteconomista
e professora
Fonte: www.ebiografia.com – Pesquisa
em 19/05/2024.
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