João Fernandes Campos Café
Filho (1899-1970), nascido em Natal RN e falecido no Rio de
Janeiro. Foi advogado, jornalista e político brasileiro.
Café Filho - Retrato Oficial 1954
Pais: João Fernandes Campos
Café e Florência Amélia Café.
Era casado
com *Jandira Fernandes de Oliveira Café.
*Nascida em 17 de setembro de 1903, Jandira era a filha de Ovídio Fernandes de Oliveira e Joana Hercília Teixeira de Carvalho. Em 1919, ela jogava futebol feminino como volante do time do Centro Sportivo Natalense quando conheceu seu futuro marido João Fernandes Campos Café Filho.
João era treinador do time
em que Jandira jogava. Atleta e apaixonado por futebol, foi ele quem procurou o
Centro Sportivo em 1919 para sugerir a criação de um time de futebol feminino.
Em 1920, João abandonou o
esporte para começar a trabalhar com jornalismo e Jandira o acompanhou. Os dois
ex-atletas se casaram em 1931. De 1951 até 1954, ela foi a
"segunda-dama" do Brasil enquanto o marido assumia o cargo de
vice-presidente de Getúlio Vargas.
Filho único: Eduardo Antônio
de Oliveira Café, militar (19-09-1943 // 20-08-1974), falecido na Bahia, em
acidente aeronáutico a serviço.
Primeiros anos
Entre 1918 e 1919 atuou como o
primeiro goleiro do Alecrim Futebol Clube.
Formação: Colégio
Estadual do Atheneu Norte Riograndense, Grupo Escolar Augusto Severo.
Em 1917, mudou-se para Recife,
passando a trabalhar como comerciário para custear os estudos na Academia de
Ciências Jurídicas e Comerciais. Retornou a Natal sem concluir seus estudos
superiores, mas, mesmo assim, baseado na sua experiência prática junto aos
tribunais, prestou concurso para advogado do Tribunal de Justiça, obtendo
êxito.
Em 1921, Café Filho, começou a
atividade regular no campo do jornalismo, quando fundou o Jornal do Norte.
Em 1925, voltou a morar em Recife,
tornando-se diretor do Jornal A Noite.
Em 1929, mudou-se para o Rio de Janeiro, tornando-se redator do
jornal A Manhã. Durante a Revolução de 1930, Café Filho
transferiu-se para o Rio Grande do Norte, onde foi nomeado chefe de polícia.
Afastado da
chefia de polícia, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como
inspetor no Ministério do Trabalho até julho de 1934.
Carreira política
Em 1923 candidatou-se a
vereador, sua primeira experiência política e foi derrotado.
Em 1928 candidatou-se
novamente quando mais uma vez perdeu a disputa, em meio a denúncias de fraude.
Café Filho participou da Aliança Liberal na campanha de 1930.
Em 1933, fundou o Partido
Social Nacionalista (PSN) do Rio Grande do Norte, e alguns anos mais
tarde, o Partido Social Progressista com outros políticos, entre eles,
Ademar Pereira de Barros.
De retorno ao Rio Grande do
Norte, em 1934 e 1945 foi eleito Deputado Federal.
Anteriormente, em 14 de
outubro de 1937, sua residência foi invadida pela polícia e seu cunhado Raimundo
Fernandes foi preso. Café ficou escondido até 16 de outubro, quando o
deputado José Matoso de Sampaio Correia conseguiu asilo político na
embaixada da Argentina.
De novembro de 1937 a maio de
1938 esteve exilado na Argentina, visando evitar prisão no Brasil, por
denunciar com frequência, na Câmara, a iminência do golpe.
Resumo da Era Vargas:
Governo Provisório: 1930-1934;
Governo Constitucional: 1934-1937;
Estado Novo (golpe e período ditatorial): 1937-1945. E foi
deposto.
Eleições de 1950
Naqueles dias, o governador de
São Paulo e líder do Partido Social Progressista – Ademar de Barros, impôs
o nome de Café Filho à vice-presidência como condição de apoiar a candidatura
de Getúlio Vargas. A escolha do vice era desvinculada do presidente.
Getúlio resistiu pois o nome
de Café Filho desagradava militares e a Igreja Católica, que o
consideravam um político de tendências esquerdistas.
Café Filho foi contra a
aplicação da Lei de Segurança Nacional em 1935.
Em outubro de 1937, foi contra
o estado de guerra solicitado pelo Governo com base no Plano Cohen, falso
documento para legitimar a ditadura do Estado Novo. No parlamento
fazia campanha contra o cancelamento do registro do PCB e a extinção do mandato
dos parlamentares comunistas, além de ser defensor do divórcio.
Na chapa com Getúlio Vargas, Café
Filho foi eleito vice-presidente com uma diferença de 200 mil votos para o
segundo colocado, Odilon Duarte Braga da União Democrática
nacional (UDN).
Além de ser eleito
vice-presidente naquela eleição, Café Filho também foi reeleito deputado
federal pelo Rio Grande do Norte (algo possível na legislação eleitoral da
época).
Na ocasião, conseguiu ser o
deputado federal mais votado de seu estado com mais de 19 mil votos, superando
políticos como Aluízio Alves, Djalma Marinho, Valfredo Gurgel, Jerônimo
Dix-huit Rosado e José Augusto Bezerra Medeiros.
Na qualidade de o 13º vice-presidente
da República, 1951 a 1954, Café Filho também assumiu a função de presidente do
Senado Federal no mesmo período.
Em 20 de setembro de 1951 foi
agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
lealdade e Mérito de Portugal.
Após o atentado da rua
Tonelero, o país entrou em grave crise política. Café Filho sugeriu, então, a
Getúlio Vargas, que ambos renunciassem ao governo simultaneamente, abrindo as
chances para um governo interino de coalizão. Vargas disse a Café que
consultaria amigos e pensaria a respeito; consultou o ministro da justiça,
Tancredo Neves, que recomendou rejeitar o plano, afirmando que era um golpe de
Café Filho.
Getúlio avisou a Café Filho
que não renunciaria. Café Filho respondeu que, rejeitada sua proposta, não
devia mais lealdade a Getúlio: "Caso o senhor deixe desta ou daquela
maneira este palácio, a minha obrigação constitucional é vir ocupá-lo".
Em 24 de agosto de 1954, com
o suicídio de Vargas, assumiu a presidência, exercendo o cargo até
novembro de 1955. Em 26 de abril desse ano foi agraciado com a Grã-Cruz da
Banda das Três Ordens.
Assim sendo, foi o 18º
presidente do Brasil de 24 de agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955.
Foi o único potiguar e o
primeiro cristão presbiteriano a ocupar a Presidência da
República do Brasil (junto com Ernesto Geisel, até então, os únicos
evangélicos que presidiram o Brasil).
Seu governo foi marcante pelas
medidas econômicas liberais comandadas pelo economista Eugênio Gudin, defensor
de uma política econômica ortodoxa, reduzindo gastos públicos como combate às
dificuldades da economia, além de limitar o crédito, criar uma taxa única
de energia elétrica (Fundo Federal de Eletrificação) e a retenção automática do
imposto de renda sobre os salários, tendo como norte o combate à inflação.
Segundo o site da Presidência:
"Destacaram-se, ainda, em
sua administração a criação da Comissão de Localização da Nova Capital Federal,
a inauguração, em janeiro de 1955, da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e
o incentivo à entrada de capitais estrangeiros no país, que repercutiria no
processo de industrialização que se seguiu".
Para ter apoio parlamentar, Café
Filho declarava o caráter provisório do seu governo e que não possuía maiores
pretensões políticas. Foi, portanto, um governo conciliador, com a participação
de militares, empresários e políticos.
Em 3 de novembro de 1955 foi
afastado da presidência em razão de um distúrbio cardiovascular, assumindo em
seu lugar o presidente da Câmara, Carlos Luz, que foi deposto logo em
seguida por tentar impedir a posse do presidente eleito Juscelino
Kubitschek.
Após a presidência, Café Filho
trabalhou em uma imobiliária no Rio de Janeiro até ser nomeado em 1961 pelo
governador Carlos Lacerda para o cargo de ministro do Tribunal de
Contas da Guanabara. Permaneceu como ministro até a sua aposentadoria, em
1969.
Faleceu no Rio de Janeiro, em
20 de fevereiro de 1970. E foi sepultado no Cemitério São João Batista, daquela
cidade.
A antiga Av. Circular, entre a Praia do Meio e a dos Artistas, hoje tem o seu nome, Av. Presidente Café Filho. E um museu dedicado à sua história, no bairro Cidade Alta.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org – Pesquisa em
17/11/2024.
Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. Pesquisa em 17/11/2024.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Natal/RN, 27/12/2024.