A gratidão
é uma virtude cristã que revela humildade, bem como dependência total de Deus
acerca do que acontece em nossas vidas.
Em I Tessalonicenses 5.18 está escrito: “Em
tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
Em Romanos
12.1-2 – O apóstolo Paulo trata do culto com entendimento, dirigindo-se à
Igreja de Jesus em Roma, apresenta condicionantes (não se conformar o mundo e
transformação pela renovação da mente), para que seja experimentada a vontade
de Deus que é boa, agradável e perfeita. Ou seja, traduz o desejo de Deus para
com o seu povo, aos que o servem e o adoram.
I Ts 5.18,
não significa dá graças a Deus por tudo que nos acontece de bom e de ruim - Mas, em tudo, apesar de circunstâncias negativas, devemos
permanecer gratos, adoradores aos pés do Senhor, confiando, esperando nele (Jó
1.20-22).
A vontade
de Deus para os cristãos é que mantenhamos postura de gratidão, independente
dos infortúnios da vida. Tornar-se ingrato por causa das tribulações e
adversidades, é um retrocesso na fé cristã, é colocar em dúvida a bondade e a
providência de Deus.
Gênesis 50.19-20 – Entendeu José: “É verdade que vocês
planejaram aquela maldade contra mim, mas Deus mudou o mal em bem para fazer o
que hoje estamos vendo, isto é, salvar a vida de muita gente” (NTLH).
Jó 2.9-10 - O que disse Jó para sua esposa, após ela dizer “amaldiçoa a Deus e morre”. Ele replicou, falas como uma doida e concluiu: “receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Foi uma dedução dele, diante de tamanha provação existencial, no primeiro momento.
Adiante, muito se esforçou, questionou para entender o que se passava, embora tenha afirmado: "Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele" (Jó 13.15). E finalmente, se rende perante Deus (Jó 42.5-6).
A
explicação hermenêutica precisa, plena da realidade teológica que o fiel Jó
enfrentou e venceu, estava no mundo espiritual. Tinha o agente do mal
diretamente envolvido (Jó 1.12; 2.4-7) e Deus soberano na sua permissividade,
bem como para o restituir (Jó 42.10-11).
Jesus veio
ao mundo e prometeu, aos que o seguem, vida abundante (Jo 10.10). E no mesmo
evangelho, revelou que aqui enfrentaremos reveses (Jo 16.33). É falso o
evangelho de que a vida com Jesus é só vitória. Porém, a sua vitória sobre o
mundo incrédulo e sobre aquele que detinha o império da morte (Hb 2.14),
garante-nos êxito aqui e na eternidade. Glórias, portanto, ao seu nome!
O mal que
nos sucede ou acontece, geralmente não provém de Deus. E não aponta diretamente
para sua permissividade e sim para violação (desobediência) da sua vontade
moral. É um mal consequente.
O Senhor trouxe o mal sobre e em Israel, várias vezes, como
vara de juízo e correção (I Rs 9.9; 14.10). Todavia, afirmou em Jeremias 29.11:
“Porque eu bem sei os
pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de
paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais”.
Antes de
afirmarmos que algo foi permissão de Deus, perguntemo-nos primeiro, estamos
dentro, atendendo a sua vontade moral? Temos pedido a Deus sabedoria para viver
o existencial nas suas múltiplas áreas de competências?
Tiago
4.13-17 – Trata da falibilidade dos projetos humanos para o amanhã – Nem sabemos se vivos estaremos. A Exegese do texto não dá
base para se afirmar que tudo que acontece no mundo espiritual e no mundo dos
homens é permissão de Deus. Ao invés de defender um determinismo, direto ou
indiretamente transferindo responsabilidade para Deus, Tiago chama os homens à
responsabilidade dos seus atos: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz
comete pecado” (Tg 4.17).
Neste ponto
o filósofo hispânico-romano Sêneca (4 a.C. – 65 d.C.) estava certo.
As
Escrituras atestam que toda boa dádiva e todo dom perfeito vem de Deus (Tg
1.17). O versículo anterior parece-nos logo esquecido no contexto da declaração
do verso 17. “Não erreis, meus amados irmãos” (Tg 1.16).
Willian
Tyndale dizia: “A bondade de Deus é a raiz de toda a bondade; e a nossa
bondade, se é que temos alguma, floresce da bondade dele”.
E diante
dessa breve reflexão, coloco em paralelo dois termos:
Masoquismo
- É uma tendência
ou prática pela qual uma pessoa busca prazer ao sentir dor, sofrimento ou
imaginar que o sente, afundando no
buraco da futilidade.
Sadismo – É a
satisfação, prazer com a dor alheia. E não tem conotação exclusivamente sexual.
Há enorme diferença entre
enfrentar o dia mau, o dia da adversidade com resignação, com fé, com a
armadura de Deus, do que ficar curtido o sofrimento e as tragédias da vida (Ec
7.14; Ef 6.13; Rm 5.13; II Co 12.10). Tudo o que passarmos sob o prisma de
Cristo, à sombra da cruz, não será fútil, sem significado, será útil, somará na
batalha da fé.
De modo que acredito, segundo
a Palavra de Deus, a Fé Cristã não é masoquista
nem sadista.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Bacharel em Direito e Teologia
Natal/RN, 17/12/2024.
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