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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Café Filho (1899-1970).

João Fernandes Campos Café Filho (1899-1970), nascido em Natal RN e falecido no Rio de Janeiro. Foi advogado, jornalista e político brasileiro. 


           Café Filho - Retrato Oficial 1954

Pais: João Fernandes Campos Café e Florência Amélia Café.  

Era casado com *Jandira Fernandes de Oliveira Café.

              Imagem tcm.noticias.com.br

*Nascida em 17 de setembro de 1903, Jandira era a filha de Ovídio Fernandes de Oliveira e Joana Hercília Teixeira de Carvalho. Em 1919, ela jogava futebol feminino como volante do time do Centro Sportivo Natalense quando conheceu seu futuro marido João Fernandes Campos Café Filho.

João era treinador do time em que Jandira jogava. Atleta e apaixonado por futebol, foi ele quem procurou o Centro Sportivo em 1919 para sugerir a criação de um time de futebol feminino.

Em 1920, João abandonou o esporte para começar a trabalhar com jornalismo e Jandira o acompanhou. Os dois ex-atletas se casaram em 1931. De 1951 até 1954, ela foi a "segunda-dama" do Brasil enquanto o marido assumia o cargo de vice-presidente de Getúlio Vargas.

Filho único: Eduardo Antônio de Oliveira Café, militar (19-09-1943 // 20-08-1974), falecido na Bahia, em acidente aeronáutico a serviço.

Primeiros anos

Entre 1918 e 1919 atuou como o primeiro goleiro do Alecrim Futebol Clube.

Formação: Colégio Estadual do Atheneu Norte Riograndense, Grupo Escolar Augusto Severo.

Em 1917, mudou-se para Recife, passando a trabalhar como comerciário para custear os estudos na Academia de Ciências Jurídicas e Comerciais. Retornou a Natal sem concluir seus estudos superiores, mas, mesmo assim, baseado na sua experiência prática junto aos tribunais, prestou concurso para advogado do Tribunal de Justiça, obtendo êxito.

Em 1921, Café Filho, começou a atividade regular no campo do jornalismo, quando fundou o Jornal do Norte.

Em 1925, voltou a morar em Recife, tornando-se diretor do Jornal A Noite.

Em 1929, mudou-se para o Rio de Janeiro, tornando-se redator do jornal A Manhã. Durante a Revolução de 1930, Café Filho transferiu-se para o Rio Grande do Norte, onde foi nomeado chefe de polícia.

Afastado da chefia de polícia, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como inspetor no Ministério do Trabalho até julho de 1934.

Carreira política

Em 1923 candidatou-se a vereador, sua primeira experiência política e foi derrotado.

Em 1928 candidatou-se novamente quando mais uma vez perdeu a disputa, em meio a denúncias de fraude.

Café Filho participou da Aliança Liberal na campanha de 1930.

Em 1933, fundou o Partido Social Nacionalista (PSN) do Rio Grande do Norte, e alguns anos mais tarde, o Partido Social Progressista com outros políticos, entre eles, Ademar Pereira de Barros.

De retorno ao Rio Grande do Norte, em 1934 e 1945 foi eleito Deputado Federal.

Anteriormente, em 14 de outubro de 1937, sua residência foi invadida pela polícia e seu cunhado Raimundo Fernandes foi preso. Café ficou escondido até 16 de outubro, quando o deputado José Matoso de Sampaio Correia conseguiu asilo político na embaixada da Argentina.

De novembro de 1937 a maio de 1938 esteve exilado na Argentina, visando evitar prisão no Brasil, por denunciar com frequência, na Câmara, a iminência do golpe.

Resumo da Era Vargas:

Governo Provisório: 1930-1934;

Governo Constitucional: 1934-1937;

Estado Novo (golpe e período ditatorial): 1937-1945. E foi deposto.

Eleições de 1950

Naqueles dias, o governador de São Paulo e líder do Partido Social Progressista – Ademar de Barros, impôs o nome de Café Filho à vice-presidência como condição de apoiar a candidatura de Getúlio Vargas. A escolha do vice era desvinculada do presidente.

Getúlio resistiu pois o nome de Café Filho desagradava militares e a Igreja Católica, que o consideravam um político de tendências esquerdistas.

Café Filho foi contra a aplicação da Lei de Segurança Nacional em 1935.

Em outubro de 1937, foi contra o estado de guerra solicitado pelo Governo com base no Plano Cohen, falso documento para legitimar a ditadura do Estado Novo. No parlamento fazia campanha contra o cancelamento do registro do PCB e a extinção do mandato dos parlamentares comunistas, além de ser defensor do divórcio.

Na chapa com Getúlio Vargas, Café Filho foi eleito vice-presidente com uma diferença de 200 mil votos para o segundo colocado, Odilon Duarte Braga da União Democrática nacional (UDN).

Além de ser eleito vice-presidente naquela eleição, Café Filho também foi reeleito deputado federal pelo Rio Grande do Norte (algo possível na legislação eleitoral da época).

Na ocasião, conseguiu ser o deputado federal mais votado de seu estado com mais de 19 mil votos, superando políticos como Aluízio Alves, Djalma Marinho, Valfredo Gurgel, Jerônimo Dix-huit Rosado e José Augusto Bezerra Medeiros. 

Na qualidade de o 13º vice-presidente da República, 1951 a 1954, Café Filho também assumiu a função de presidente do Senado Federal no mesmo período.

Em 20 de setembro de 1951 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, lealdade e Mérito de Portugal.

Após o atentado da rua Tonelero, o país entrou em grave crise política. Café Filho sugeriu, então, a Getúlio Vargas, que ambos renunciassem ao governo simultaneamente, abrindo as chances para um governo interino de coalizão. Vargas disse a Café que consultaria amigos e pensaria a respeito; consultou o ministro da justiça, Tancredo Neves, que recomendou rejeitar o plano, afirmando que era um golpe de Café Filho.

Getúlio avisou a Café Filho que não renunciaria. Café Filho respondeu que, rejeitada sua proposta, não devia mais lealdade a Getúlio: "Caso o senhor deixe desta ou daquela maneira este palácio, a minha obrigação constitucional é vir ocupá-lo".

Em 24 de agosto de 1954, com o suicídio de Vargas, assumiu a presidência, exercendo o cargo até novembro de 1955. Em 26 de abril desse ano foi agraciado com a Grã-Cruz da Banda das Três Ordens.

Assim sendo, foi o 18º presidente do Brasil de 24 de agosto de 1954 a 8 de novembro de 1955.

Foi o único potiguar e o primeiro cristão presbiteriano a ocupar a Presidência da República do Brasil (junto com Ernesto Geisel, até então, os únicos evangélicos que presidiram o Brasil).

Seu governo foi marcante pelas medidas econômicas liberais comandadas pelo economista Eugênio Gudin, defensor de uma política econômica ortodoxa, reduzindo gastos públicos como combate às dificuldades da economia, além de limitar o crédito, criar uma taxa única de energia elétrica (Fundo Federal de Eletrificação) e a retenção automática do imposto de renda sobre os salários, tendo como norte o combate à inflação.

Segundo o site da Presidência:

"Destacaram-se, ainda, em sua administração a criação da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, a inauguração, em janeiro de 1955, da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e o incentivo à entrada de capitais estrangeiros no país, que repercutiria no processo de industrialização que se seguiu".

Para ter apoio parlamentar, Café Filho declarava o caráter provisório do seu governo e que não possuía maiores pretensões políticas. Foi, portanto, um governo conciliador, com a participação de militares, empresários e políticos.

Em 3 de novembro de 1955 foi afastado da presidência em razão de um distúrbio cardiovascular, assumindo em seu lugar o presidente da Câmara, Carlos Luz, que foi deposto logo em seguida por tentar impedir a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek.

Após a presidência, Café Filho trabalhou em uma imobiliária no Rio de Janeiro até ser nomeado em 1961 pelo governador Carlos Lacerda para o cargo de ministro do Tribunal de Contas da Guanabara. Permaneceu como ministro até a sua aposentadoria, em 1969.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de fevereiro de 1970. E foi sepultado no Cemitério São João Batista, daquela cidade.

A antiga Av. Circular, entre a Praia do Meio e a dos Artistas, hoje tem o seu nome, Av. Presidente Café Filho. E um museu dedicado à sua história, no bairro Cidade Alta.

Fontes:

http://pt.wikipedia.org – Pesquisa em 17/11/2024.

Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. Pesquisa em 17/11/2024.

Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 27/12/2024.

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