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segunda-feira, 10 de julho de 2023

Cronologia - Abertamente gays e deficitariamente cristãos.

 Com amor, respeito e compaixão!



Cinquenta anos de história: Do relatório Kinsey (1948) à ordenação dos primeiros homossexuais brasileiros (1998)


A História caminha ora a passos pequenos ora a passos largos. No desenvolvimento da causa gay parece que ela andou muito depressa. Joe Dallas, um estudioso do chamado Movimento Gay Cristão, acredita que foi tudo muito rápido: nas décadas de 50 e de 60 os homossexuais diziam que eram seres humanos; na década de 70 eles se declararam normais; e nas duas décadas seguintes eles se levantaram o suficiente para afirmar: “Não toleramos nenhuma oposição pública ao nosso ponto de vista”. 

O mesmo Joe Dallas mostra a mesma evolução do movimento de outra maneira: de 1950 a 1976, os homossexuais diziam apenas isto: “Deus também nos ama”; de 1976 a 1979, eles deram um pulo muito alto: “Deus não só nos ama, mas também concorda que sejamos homossexuais”; e de 1980 até o presente, eles ameaçam: “Qualquer pessoa que diga que não podemos ser homossexuais e cristãos precisa ser silenciada”. 

A principal fonte da presente cronologia é o livro A operação do erro, de Joe Dallas, publicado em maio deste ano pela Editora Cultura Cristã: Caixa Postal 15136, Cambuci, 01599-970 São Paulo, SP. Telefone (011) 270-7099 e fax (011) 270-1255. 

1948 

Alfred Charles Kinsey, biólogo e estatístico norte-americano, publica Sexual behavior in human male (Comportamento sexual do macho humano). Kinsey é responsável pelo chamado “mito dos 10%”. Ele surpreendeu o mundo inteiro ao concluir que um em cada dez homens é homossexual, propagando a ideia de que o homossexualismo é muito mais comum do que se pensava. 

1950 

A Sociedade Mattachine (para homossexuais de ambos os sexos) e as Filhas de Bilitis (para lésbicas) começam a batalhar pelos direitos dos homossexuais. Os dois grupos têm uma estratégia conservadora: “Evolução, não revolução”. Os alvos são melhorar a imagem pública dos homossexuais (de “pervertidos” para cidadãos respeitáveis), descriminalizar as relações homossexuais e conseguir participação plena na vida americana para os homossexuais. Com o possível apoio de psiquiatras, cientistas e religiosos. 

1955 

O teólogo anglicano Derrick S. Bailey publica o primeiro desafio sério contra a condenação bíblica do homossexualismo, intitulado Homossexuality and western Christian tradition (Homossexualismo e tradição cristã ocidental). É nesse livro que aparece a tese de que Sodoma e Gomorra foram destruídas não por causa das práticas homossexuais, mas por falta de hospitalidade. Tal explicação produziu um grande alívio entre os homossexuais. 

1963 

A Comissão Literária do Serviço do Lar da Sociedade dos Amigos, mais conhecidos como os Quacres (a denominação protestante fundada por Jorge Fox na Inglaterra, no século XVII), publica um panfleto sobre a sexualidade humana, no qual permite relações sexuais antes do casamento, concorda com o adultério em alguns casos e considera aceitável o homossexualismo. Embora não reflita a posição Quacre oficial, o folheto vem a ser um dos primeiros marcos do Movimento Gay Cristão. 

1968 

Ativistas homossexuais fazem demonstrações públicas, uma na convenção da Associação Médica Americana, em São Francisco, e outra na Escola de Médicos e Cirurgiões da Universidade de Colúmbia, onde se realizava um congresso sobre homossexualismo. Usam panfletos, fazem protestos e apelos ao senso público de justiça para colocar suas posições. 

1968 (6 de outubro) 

Troy Perry, ex-pastor pentecostal, funda a primeira denominação evangélica gay, com o pomposo nome de Universal Fellowship of Metropolitan Community Churches (UFMMC). A essa altura, Perry, de 28 anos, divorciado da esposa, já havia sido excluído da Igreja de Deus carismática, por sua conduta homossexual. A Universal Fellowship é tida como a maior organização que congrega homens e mulheres homossexuais, com cerca de 300 igrejas em pelo menos dez países, inclusive, por último, no Brasil. 

1969 (28 de junho) 

Nove detetives à paisana entram no bar Stonewall, no bairro Greenwich Village, em Nova York, expulsam cerca de 200 fregueses que lá estavam e prendem o gerente, um porteiro e três travestis. Ao se retirarem do bar com os detentos, encontram uma multidão irritada, que começa a lhes atirar pedras e garrafas. Os policiais se entrincheiram dentro do bar até a chegada de reforços. O tumulto envolve a polícia e cerca de 400 manifestantes, e só acaba 45 minutos depois. Os distúrbios de Stonewall dão origem ao Gay Power (poder gay) e marcam o início do protesto público contra a discriminação de homossexuais. A data 28 de junho passa a ser “o dia do orgulho gay”. (Veja Gay power & gospel power

1969 (16 de julho) 

Três semanas depois dos distúrbios de Stonewall, uma igreja episcopal de Nova York abre suas portas para o segundo encontro de planejamento do Gay Power. A essa altura o homossexual Robert Williams já foi ordenado pastor episcopal. 

1971 

A Igreja de Cristo Unida ordena o primeiro pastor abertamente homossexual em uma denominação reconhecida. 

1972 

Quatro anos depois de organizada a Universal Fellowship, Troy Perry publica sua autobiografia The Lord is my shepherd and he knows I’m gay (O Senhor é meu Pastor e sabe que sou gay). Relata suas experiências religiosas e sexuais. Diz que era idolatrado pela mãe e que, depois da morte do pai em acidente de carro, cai nas mãos de um padrasto violento, a mando de quem é estuprado aos 13 anos, como castigo por querer proteger a mãe da pancadaria de seu segundo esposo. Cônscio de suas tendências homossexuais, envolve-se com homens antes e depois de seu casamento. Torna-se pregador batista aos 15 anos e evangelista da Igreja de Deus, aos 20. 

1973 (15 de dezembro) 

A diretoria da Associação Americana de Psiquiatria retira o homossexualismo da sua lista de disfunções, que até então era um desvio sexual. Bem antes era considerado um distúrbio sociopático de personalidade (até 1968). A decisão é tomada sob pressão muito forte da parte dos líderes dos movimentos favoráveis ao homossexualismo e em ambiente de intimidação. 

1974 (abril) 

Reúne-se a assembleia da Associação Americana de Psiquiatria para referendar a decisão da diretoria tomada 4 meses antes. Dos cerca de 10 mil votantes, 40% se opõem à decisão da diretoria de normalizar o homossexualismo. Os 60% restantes votam a favor. O resultado, afirma o psiquiatra Ronald Bayer, “não foi uma conclusão baseada na aproximação da verdade científica ditada pela razão, mas, antes, foi uma ação exigida pela emoção ideológica da época”. Esse comentário tem muito valor especialmente porque Bayer era simpático à causa homossexual. 

1976 

Dois anos depois de os luteranos terem organizado os Luteranos Interessados, outras redes de homossexuais foram formadas em várias confissões cristãs: a Afirmação, entre os metodistas unidos; o Integridade, entre os episcopais; o Dignidade, entre os católicos; o Afinidade, entre os adventistas do sétimo dia; a Convenção de Lésbicas Católicas; os Amigos dos Assuntos que Interessam a Lésbicas e Gays, entre os Quacres; e a Associação para Assuntos de Lésbicas e Gays, na Igreja de Cristo Unida. 

1976 

Forma-se nos Estados Unidos uma associação nacional de ministérios conservadores para ajudar aqueles que desejam vencer seu homossexualismo. Recebe o nome de Exodus, para lembrar a saída do povo de Israel do Egito. 

1976 

O pastor episcopal de renome e escritor de sucesso Malcoln Boyd revela sua condição de homossexual por meio do documento Off the mask! (Tire essa máscara!). 

1977 (janeiro) 

A Igreja Episcopal de Nova York ordena a primeira pastora abertamente lésbica. 

1978 

Letha Scanzoni e Virginia Ramey Mollenkott publicam Is the homossexual my neighbor? (Meu próximo é homossexual?), um livro discretamente em favor dos homossexuais cristãos, que conseguiu obter lugar nas prateleiras de livrarias cristãs e elogios da parte de críticos seculares e cristãos em revistas sérias, como Christianity Today, The Christian Century, The Journal of the Evangelical Theological Society e The Christian Ministry. 

1978 (outubro) 

Ex-pastor auxiliar de uma Igreja do Evangelho Quadrangular, já exonerado por má conduta (homossexualismo, prostituição, adultério e bebedeira), Joe Dallas visita a Metropolitan Community Church, a igreja protestante gay fundada dez anos antes por Troy Perry em Nova York. Embora certo de que os textos tanto do Velho como do Novo Testamento são claros e decisivos na condenação ao homossexualismo, Dallas tenta conciliar sua formação cristã com o comportamento homossexual. Ele mesmo confessa uma disposição mental escurecida, preparada para crer naquilo que lhe convém crer e não naquilo em que deve crer. Inicialmente indeciso e confuso com a aparente harmonia entre a conduta homossexual e os louvores entoados a Deus naquele ambiente, Dallas não demorou muito a renunciar suas convicções religiosas conservadoras em benefício de um espaço maior para viver sua homossexualidade. Daqui para frente ele será um homossexual cristão, naturalmente não promíscuo, mais temente a Deus e assíduo aos cultos. 

1979

Uma pesquisa realizada pelo periódico Medical Aspects on Homosexuality entre 10 mil psiquiatras revela uma preocupante discrepância entre a posição oficial da Associação Americana de Psiquiatria e a opinião de muitos de seus membros. Dos entrevistados, 60% disseram que os homens homossexuais eram menos capazes de “relacionamentos maduros e amorosos” do que os homens heterossexuais. E 69% disseram “sim” à pergunta: “O homossexualismo geralmente representa uma adaptação patológica?” 

1980 

Pelo menos oito livros em favor da posição homossexual já estão no mercado: Homosexuality and the western Christian tradition (Homos-sexualismo e tradição cristã ocidental), Homosexual behavior among males (Comportamento homossexual entre homens), Jonathan loved David (Jônatas amou a Davi),Homosexuality and counseling (Homossexualismo e aconselhamento), The Church and the homosexuality (A Igreja e o homos-sexualismo), The Lord is my shepherd and he knows I’m gay (O Senhor é meu Pastor e sabe que sou gay), Time for consent (Tempo para consentir) e Another kind of love (Outro modo de amar). A maioria deles foi publicada por editoras importantes (Westminster Press, SCM Press e Thomas Moore Press). 

1981 (setembro) 

John Boswell, por muitos anos professor de História na Universidade de Yale, publica Christianity, social tolerance and homosexuality (Cristianismo, tolerância social e homossexualismo). O livro de Boswell é tão importante para a causa gay quanto A cabana do Pai Tomás foi para a causa abolicionista. O professor apresenta dois argumentos básicos: 1) a Igreja nem sempre desaprovou o homossexualismo; 2) os textos bíblicos que parecem condenar o homossexualismo na verdade não se referem ao homossexualismo, mas a várias outras formas de imoralidade. Boswell, porém, além de homossexual, não é “nem um lingüista, nem um especialista em literatura, mas um historiador”, como observa Elodie Ballantine Emig, sua contestadora. 

1981 (9 de setembro) 

A Universal Fellowship of Metropolitan Community Churches, denominação que abriga gays em seu seio, fundada 13 anos antes por Troy Perry, solicita sua filiação no Conselho Nacional de Igrejas. Embora ecumênico e liberal, o Conselho nega o pedido e explica que qualquer tentativa de filiação seria uma “burrice impertinente”. 

1983 (primeiro semestre) 

O Conselho Nacional de Igrejas e a Metropolitan Community Church realizam um culto ecumênico, depois de dois anos de longas discussões sobre homossexualismo. 

1983 (segundo semestre) 

O Conselho Nacional de Igrejas adia por tempo indeterminado quaisquer planos de aceitar a Metropolitan Community Church como membro. 

1984 

Joe Dallas abandona definitivamente a Metropolitan Community Church (Igreja da Comunidade Metropolitana) e o estilo de vida homossexual. Ele desiste de ser as duas coisas ao mesmo tempo, gay e cristão. Em vez de romper com o cristianismo, rompe com a vida e o movimento gay. Ele havia se filiado a essa igreja gay seis anos antes (1978). 

1989 

A pastora Sylvia Pennington publica uma crítica mordaz ao movimento de ex-homossexuais com o título: Ex-gays? There are none! (Ex-gays? Não há nenhum!) O livro contém histórias de homens e mulheres que tentaram inutilmente mudar da homossexualidade para a heterossexualidade. Esse é o primeiro ataque pesado a qualquer movimento cristão de auxílio aos homossexuais. A partir daí o debate entre os “homossexuais cristãos” e os “ex-homossexuais” torna-se comum em programas de televisão e na imprensa. (Veja Ex-gays? Há muitos!)

1990 

A médica norte-americana Judith Reisman põe por terra todas as conclusões e os métodos do biólogo Alfred Kinsey, com a publicação do livro Kinsey, sex and fraud: the indoctrination of a people (Kinsey, sexo e fraude: a doutrinação de um povo). Uma das descobertas de Reisman é que 25% dos homens que Kinsey pesquisou eram prisioneiros, em especial criminosos sexuais. Isso quer dizer que os dados do livro Comportamento sexual do macho humano, publicado 42 anos antes, não foram tomados de uma população que representava com exatidão os homens americanos. O livro de Reisman e estudos subseqüentes desautorizaram, ainda que tardiamente, o mito de que 10% da população masculina dos EUA seriam homossexuais. 

1990 

Troy Perry, fundador da primeira denominação cristã homossexual (outubro de 1968) publica seu segundo livro: Don’t be afraid anymore (Nunca mais tenha medo). O primeiro (The Lord is my shepherd and he knows I’m gay) saiu 18 anos antes. 

1993 

O pastor Mel White, escritor e produtor de filmes cristãos, revela no livro Stranger at the gate (Estranho à porta) que é homossexual. A declaração choca tanto a comunidade cristã como a secular, por se tratar de um líder evangélico famoso, que até então cooperava com Billy Graham e Jerry Falwell. Mel White passa a ser o representante mais visível e influente do Movimento Gay Cristão. O autor confessa que não conseguiu vencer suas tendências homossexuais e acabou por se entregar a elas e encontrar um amante, a conselho de um psicólogo: “Aprendi a aceitar e até a celebrar minha orientação sexual como um dos dons de Deus”. 

1993 

Os produtores Teodoro Maniaci e Francine Rzenik filmam um documentário de 90 minutos sobre o Exodus International (entidade de apoio ao homossexual que deseja abandonar seu estilo de vida), sob o título One nation under God (Uma nação sob Deus). O filme reproduz entrevistas com homossexuais que tentaram inutilmente assumir o estilo heterossexual com o auxílio de ministérios como o do Exodus. O propósito do documentário é provar, só com o peso dos testemunhos e da emoção, que nenhum homossexual jamais poderá viver de outro modo.

1994 

John Boswell, autor do mais importante livro em defesa do homossexualismo, morre de Aids. 

1994 

O canal PBS projeta o documentário de Teodoro Maniaci e Francine Rzenik em sua série “Pontos de Vista”. Pela primeira vez, todos os Estados Unidos são expostos aos argumentos dos homossexuais cristãos que zombam da ideia de que alguém pode mudar sua orientação sexual, mesmo por Cristo. 

1995 

Com 14 anos de atraso, saem as duas primeiras refutações ao livro Christianity, social tolerance and homosexuality (Cristianismo, tolerância social e homossexualismo), do professor homossexual John Boswell. Thomas E. Schmidt publica Straight & narrow? Compassion and clarity in the homosexual debate (Compaixão e clareza no debate homossexual). E Marion Soards publica Scripture and homosexuality: Biblical authority and the Church today (Escritura e homossexualidade: Autoridade bíblica e igreja hoje). O primeiro foi publicado pela Intervarsity Press. Porque morreu no ano anterior, Boswell não teve oportunidade de ler esses dois livros. 

1996 

Doze anos depois de abandonar a Metropolitan Community Church e o estilo gay, Joe Dallas, aos 42 anos, publica A strong delusion (Um grande engano — mais tarde traduzido para o português com o título A operação do erro). Escrito por alguém que foi abertamente homossexual e que tentou harmonizar a fé cristã com o homossexualismo, o livro de Joe Dallas é de valor inestimável, sobretudo porque trata os homossexuais com respeito e as Escrituras Sagradas com mais respeito ainda. Dallas conhece e cita uma quantidade enorme de autores comprometidos com o movimento cristão gay. A strong delusion é dedicado à liderança de Exodus Internacional, com o seguinte recado: “Fiquem firmes”. 

1998 (31 de janeiro) 

Já instalada na América Latina e em várias partes do mundo, o ministério Exodus é organizado no Brasil. O presidente é o engenheiro agrônomo Affonso Henrique Lima Zuin, professor da Universidade Federal de Viçosa e presbítero da Igreja Presbiteriana da mesma cidade. 

1998 (11-14 de junho) 

Realiza-se em Viçosa, MG, o III Encontro Cristão sobre Homossexualismo, promovido por Exodus Brasil. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Simpatizantes reage violentamente, denuncia na mídia o Encontro como fraudulento e pede à Organização de Direitos Humanos e à Ordem de Advogados do Brasil que impeçam a realização do Encontro. Solicita também ao Conselho Federal de Psicologia e Medicina que casse o registro de todos os psicólogos e psiquiatras que participaram do evento. 

1998 (23 de junho) 

Os homossexuais brasileiros Luiz Fernando, de 27 anos, e Victor, de 26, são ordenados pastores na Comunidade Cristã Gay, em São Paulo. A cerimônia é presidida por Neemias Marien, ex-pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. 

Judith A. Reisman: “A pesquisa de Kinsey é o mais flagrante exemplo de fraude científica do presente século”.

Fonte: Revista Ultimato setembro-outubro de 1998. Edição 254.

Nota do Blog: Esta postagem se restringe a cronologia do movimento, de 1948-1998. De lá para cá, a causa homossexual tomou outras proporções sob o guarda-chuva do respeito às diferenças e da diversidade cultural, o que não é objeto da presente postagem.

Samuel P M Borges

Natal/RN, 10/07/2023.

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