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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A pregação do Evangelho e o Fim dos Tempos.

 

Análise contextual, exegética e escatológica de Mateus 24.14.

Na semana da crucificação (contexto).

Jesus havia realizado a entrada triunfal em Jerusalém (Mt 21.1-11 no domingo), purificado o templo (Mt 21.12-17 na segunda-feira), amaldiçoa uma figueira, ensinou por parábolas (Lc 20.19) no Templo (Lc 21.37-38), os principais dos sacerdotes duvidam da sua autoridade, conspiram contra Ele na questão do tributo, responde a pegadinha dos saduceus sobre a ressurreição, censura os escribas e fariseus e faz uma pergunta para cala-los (Mt 22.41-46). E esses fatos ocorrem entre terça e quinta-feira. Institui a Ceia na última Páscoa, na quinta à noite (Lc 22.7-23) e segue para o Monte das Oliveiras, ao Getsêmani onde foi preso. Era chegada a hora.

Então, em Mt 24.1-3, na saída do Templo, os discípulos mostram para Jesus a grandeza da sua estrutura, é quando Jesus começa a proferir o sermão profético, a partir da destruição do Templo (ocorreu ano 70 d.C.) E estando no Monte das Oliveiras, em particular indagam a Jesus com três perguntas: Quando ocorrerão esses eventos? que sinal haverá da sua vinda e do fim do mundo? (Mt 24.3-4). Jesus prossegue com o sermão profético, que no evangelho de Mateus se estende até o capítulo 25. E em Mt 24.14, Ele faz a seguinte afirmação:

“E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunhas de todas as gentes, e então virá o fim”.

Marcos 13.10 - “Mas importa que o evangelho seja primeiramente pregado entre todas as nações”.

Contextos em paralelo nos evangelhos: Mt 24.1-14; Mc 13.1-13; e Lc 21.5-19.

O fim de que estava Jesus se referindo? Do tempo da Igreja na Terra? Do fim da Grande Tribulação? Do Tempo dos Gentios? Ou da consumação dos séculos?

É muito ingênuo pensarmos que o mundo vai se acabar como um balãozinho de aniversário, espetado por uma agulha.

Destacando alguns pontos:

a) Na exegese de Mateus 24.14, Jesus afirma sobre o alcance do evangelho aos povos, nações, etnias, não a pessoas individualmente. Trata-se de uma cobertura global, por regiões no mapa-múndi.

b) A Bíblia faz menção a três evangelhos: Do Reino, da graça (Mc 16.15-16) e o eterno. Porém, com uma só origem e essência: Divina.

c) Na visão evangelística transmite-se uma ideia de que Jesus só virá arrebatar a Igreja quando todo o mundo tiver ouvido o evangelho, enquanto na Escatologia o evangelho terá alcance em toda a Terra pelo evangelho eterno de Ap 14.6, anunciado do céu por anjos, no contexto da Grande Tribulação, a besta, o falso profeta manifestos, presentes, portanto, depois da Igreja levada da Terra. 

d) Não é o homem que encontra Deus, foi Deus quem veio se revelando gradativamente, na consecução do Plano da Redenção. Deus pesa, observa cada geração, cada indivíduo no grau de sede, no interesse e anseio de o achar (Dt 4.29; Jr 29.13; Jo 1.19;7.37; At 10.1-2,29-35;17.30-31; Ap 22.17). E Deus tem vários modos de se revelar aos homens:

Pela sua Criação (Sl 19.1; Rm 1.19-21).

Pela consciência humana (Rm 2.14-15).

Pelos profetas (Nm 12.6-8; Dt 4.31-40;18.19-22).

Pelo seu Filho, Jesus (Jo 1.14;Ef 1.9-13; Gl 4.4-5;Hb 1.1-3).

Pela revelação especial – As Escrituras (Jo 5.39-40; II Tm 3.16-17; Hb 4.12).

e) Civilizações surgiram e foram extintas. Em meio as raças indígenas, por exemplo, houve pouco alcance do evangelho no passado e ainda hoje. Mas, em todo esse desenrolar da História humana, Deus tem critérios, deixou vestígios da sua revelação e pela sua justiça e equidade, é apto para julgar cada povo, raça em sua época. Não deve ser preocupação nossa neste aspecto. E sim, labutar a evangelização, missão precípua da Igreja.

Contexto Escatológico

Mt 24.4-8 – Jesus faz referência aos agravantes geopolíticos no mundo e sintetiza como princípio de dores, ou seja, o pior irá ocorrer na Grande Tribulação, Israel “no olho do furacão” e a Igreja terá sido arrebatada deste mundo. Todavia ainda não é o fim (Mt 24.8; Lc 21.9).

Princípio de dores - É o parafuso divino começando apertar, e entende-se que o Fim dos Tempos se conta a partir do sermão profético de Jesus até a consumação dos séculos.

A Grande Tribulação (cumprimento da 70ª semana profética de Daniel) - É Deus voltando a tratar diretamente com Israel, logo após o arrebatamento. E estes dias serão abreviados por causa dos escolhidos, os judeus (Mt 24.21-22). E escolhidos no sentido de filhos por eleição, a partir da chamada de Abraão (Gn 12.1-3; Is 41.8-10;45.4; I Cr 16.13). A Igreja, filhos por adoção (Rm 8.15; Gl 4.4-5; Ef 1.4-5), embora a adoção, em primeiro plano, pertença a Israel (Rm 9.4-5).

Na visão pré-tribulacionista milenista o sermão profético de Jesus diz mais respeito a Israel do que a Igreja, pois esta já terá sido arrebatada ao céu. Vejamos:

Mt 24.20 – “Orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado”. O inverno em Israel é frio e intenso. Um judeu, segundo a tradição, não pode caminhar mais de 1.300m no sábado. Do contrário, não estará guardando o sábado.

Mt 24.29-31 – Ajuntamento dos escolhidos dos quatro cantos da terra, de uma à outra extremidade dos céus. Há vários argumentos bíblicos de que os “escolhidos” refere-se à nação de Israel. E tudo ocorre na vinda de Jesus em glória. Vejo como uma preparação para adentrarem no Milênio.

Mt 24.32 – A figueira é uma figura da nação de Israel, e aqui mostrando a proximidade dos acontecimentos escatológicos em torno do povo judeu (Lc 21.12;16-17,20-21,23-24).

Lc 21.25-31 – É um texto descrevendo a vinda de Jesus em glória, para socorrer Israel...no final da GT (Mt 24.30; Ap 1.7). Os sinais relatados não dizem respeito ao arrebatamento (não constam em I Ts 4.13-18). Porém, hoje serve para nos manter alerta, vigilantes para o arrebatamento.

I Ts 4.16 - O arrebatamento da Igreja descortinará uma série de eventos escatológicos - Em curta exegese deste texto, a trombeta de Deus é para a Igreja (I Co 15.51-52), o alarido (gritaria, berreiro, lamentação, muitas vozes no mesmo momento ocorrerá entre as nações), e a voz do arcanjo para Israel (um sinal dirigido a Israel).

Portanto, entendemos que Jesus respondeu Mt 24.14, listando eventos que apontam, principalmente, para sua vinda em glória, cujos objetivos serão para socorrer Israel no final da GT, julgar as nações (Mt 25.31-46), estabelecer o Milênio, marcando o fim do *Tempo dos Gentios (Lc 21.24).

*Período político-econômico no qual nações gentílicas dominam sobre Israel desde o Cativeiro Babilônico (586 a.C.) e perdura em parte, até os dias atuais.

Adiante com o estabelecimento do Estado Eterno, não haverá mais governo humano na nova Terra e sim uma Teocracia, sediada na Nova Jerusalém (Ap 5.13-14;21.24,26;22.2). “...e reinarão para todo o sempre” (Ap 22.5).

 

Fontes da pesquisa:

As Escrituras Sagradas.

Tempo do Fim - A resposta - Pr Juliano Fraga - 2ª Edição 2024.

Anotações de Estudo Bíblico.


Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 01/09/2025.

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