Análise contextual, exegética e escatológica de Mateus 24.14.
Na semana da crucificação (contexto).
Jesus havia realizado a
entrada triunfal em Jerusalém (Mt 21.1-11 no domingo), purificado o templo (Mt
21.12-17 na segunda-feira), amaldiçoa uma figueira, ensinou por parábolas (Lc
20.19) no Templo (Lc 21.37-38), os principais dos sacerdotes duvidam da sua
autoridade, conspiram contra Ele na questão do tributo, responde a pegadinha
dos saduceus sobre a ressurreição, censura os escribas e fariseus e faz uma
pergunta para cala-los (Mt 22.41-46). E esses fatos ocorrem entre terça e
quinta-feira. Institui a Ceia na última Páscoa, na quinta à noite (Lc 22.7-23)
e segue para o Monte das Oliveiras, ao Getsêmani onde foi preso. Era chegada a
hora.
Então, em Mt 24.1-3, na
saída do Templo, os discípulos mostram para Jesus a grandeza da sua estrutura,
é quando Jesus começa a proferir o sermão profético, a partir da destruição do
Templo (ocorreu ano 70 d.C.) E estando no Monte das Oliveiras, em particular
indagam a Jesus com três perguntas: Quando ocorrerão esses eventos? que
sinal haverá da sua vinda e do fim do mundo? (Mt 24.3-4). Jesus prossegue
com o sermão profético, que no evangelho de Mateus se estende até o capítulo
25. E em Mt 24.14, Ele faz a seguinte afirmação:
“E este evangelho do Reino
será pregado em todo o mundo, em testemunhas de todas as gentes, e então virá o
fim”.
Marcos 13.10 - “Mas importa
que o evangelho seja primeiramente pregado entre todas as nações”.
Contextos em paralelo nos
evangelhos: Mt 24.1-14; Mc 13.1-13; e Lc 21.5-19.
O fim de que estava Jesus se
referindo? Do tempo da Igreja na Terra? Do fim da Grande
Tribulação? Do Tempo dos Gentios? Ou da consumação dos séculos?
É muito ingênuo pensarmos
que o mundo vai se acabar como um balãozinho de aniversário, espetado por uma
agulha.
Destacando alguns pontos:
a) Na exegese de Mateus
24.14, Jesus afirma sobre o alcance do evangelho aos povos, nações, etnias, não
a pessoas individualmente. Trata-se de uma cobertura global, por regiões no
mapa-múndi.
b) A Bíblia faz menção a
três evangelhos: Do Reino, da graça (Mc 16.15-16) e o eterno. Porém, com uma só
origem e essência: Divina.
c) Na visão evangelística transmite-se
uma ideia de que Jesus só virá arrebatar a Igreja quando todo o mundo tiver
ouvido o evangelho, enquanto na Escatologia o evangelho terá alcance em toda a
Terra pelo evangelho eterno de Ap 14.6, anunciado do céu por anjos, no contexto
da Grande Tribulação, a besta, o falso profeta manifestos, presentes, portanto,
depois da Igreja levada da Terra.
d) Não é o homem que
encontra Deus, foi Deus quem veio se revelando gradativamente, na consecução do
Plano da Redenção. Deus pesa, observa cada geração, cada indivíduo no grau de
sede, no interesse e anseio de o achar (Dt 4.29; Jr 29.13; Jo 1.19;7.37; At
10.1-2,29-35;17.30-31; Ap 22.17). E Deus tem vários modos de se revelar aos
homens:
Pela sua Criação (Sl 19.1;
Rm 1.19-21).
Pela consciência humana (Rm
2.14-15).
Pelos profetas (Nm 12.6-8;
Dt 4.31-40;18.19-22).
Pelo seu Filho, Jesus (Jo
1.14;Ef 1.9-13; Gl 4.4-5;Hb 1.1-3).
Pela revelação especial – As
Escrituras (Jo 5.39-40; II Tm 3.16-17; Hb 4.12).
e) Civilizações surgiram e
foram extintas. Em meio as raças indígenas, por exemplo, houve pouco alcance do
evangelho no passado e ainda hoje. Mas, em todo esse desenrolar da História
humana, Deus tem critérios, deixou vestígios da sua revelação e pela sua justiça
e equidade, é apto para julgar cada povo, raça em sua época. Não deve ser
preocupação nossa neste aspecto. E sim, labutar a evangelização, missão precípua
da Igreja.
Contexto Escatológico
Mt 24.4-8 – Jesus faz
referência aos agravantes geopolíticos no mundo e sintetiza como princípio de
dores, ou seja, o pior irá ocorrer na Grande Tribulação, Israel “no olho do
furacão” e a Igreja terá sido arrebatada deste mundo. Todavia ainda não é o fim
(Mt 24.8; Lc 21.9).
Princípio de dores - É
o parafuso divino começando apertar, e entende-se que o Fim dos Tempos se
conta a partir do sermão profético de Jesus até a consumação dos séculos.
A Grande Tribulação
(cumprimento da 70ª semana profética de Daniel) - É
Deus voltando a tratar diretamente com Israel, logo após o arrebatamento. E
estes dias serão abreviados por causa dos escolhidos, os judeus (Mt 24.21-22).
E escolhidos no sentido de filhos por eleição, a partir da chamada de Abraão
(Gn 12.1-3; Is 41.8-10;45.4; I Cr 16.13). A Igreja, filhos por adoção (Rm 8.15;
Gl 4.4-5; Ef 1.4-5), embora a adoção, em primeiro plano, pertença a Israel (Rm
9.4-5).
Na visão pré-tribulacionista
milenista o sermão profético de Jesus diz mais respeito a Israel do que a
Igreja, pois esta já terá sido arrebatada ao céu. Vejamos:
Mt 24.20 – “Orai para que a
vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado”. O inverno em Israel é frio e intenso. Um judeu, segundo a tradição, não pode caminhar mais de 1.300m
no sábado. Do contrário, não estará guardando o sábado.
Mt 24.29-31 – Ajuntamento
dos escolhidos dos quatro cantos da terra, de uma à outra extremidade dos céus.
Há vários argumentos bíblicos de que os “escolhidos” refere-se à nação de
Israel. E tudo ocorre na vinda de Jesus em glória. Vejo como uma preparação
para adentrarem no Milênio.
Mt 24.32 – A figueira é uma
figura da nação de Israel, e aqui mostrando a proximidade dos acontecimentos
escatológicos em torno do povo judeu (Lc 21.12;16-17,20-21,23-24).
Lc 21.25-31 – É um texto
descrevendo a vinda de Jesus em glória, para socorrer Israel...no final da GT (Mt
24.30; Ap 1.7). Os sinais relatados não dizem respeito ao arrebatamento (não
constam em I Ts 4.13-18). Porém, hoje serve para nos manter alerta, vigilantes para
o arrebatamento.
I Ts 4.16 - O arrebatamento da
Igreja descortinará uma série de eventos escatológicos -
Em curta exegese deste texto, a trombeta de Deus é para a Igreja (I Co
15.51-52), o alarido (gritaria, berreiro, lamentação, muitas vozes no mesmo
momento ocorrerá entre as nações), e a voz do arcanjo para Israel (um sinal
dirigido a Israel).
Portanto, entendemos que Jesus
respondeu Mt 24.14, listando eventos que apontam, principalmente, para sua
vinda em glória, cujos objetivos serão para socorrer Israel no final da GT,
julgar as nações (Mt 25.31-46), estabelecer o Milênio, marcando o fim do *Tempo
dos Gentios (Lc 21.24).
*Período político-econômico no
qual nações gentílicas dominam sobre Israel desde o Cativeiro Babilônico (586
a.C.) e perdura em parte, até os dias atuais.
Adiante com o estabelecimento
do Estado Eterno, não haverá mais governo humano na nova Terra e sim uma Teocracia,
sediada na Nova Jerusalém (Ap 5.13-14;21.24,26;22.2). “...e reinarão para todo
o sempre” (Ap 22.5).
Fontes da pesquisa:
As Escrituras
Sagradas.
Tempo do Fim - A resposta - Pr Juliano Fraga - 2ª Edição 2024.
Anotações de Estudo Bíblico.
Por Samuel Pereira de Macedo
Borges
Natal/RN, 01/09/2025.
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