O pesquisador e pastor
Francisco Leonardo, especialista em história holandesa, teve acesso a textos
originais e oficiais do governo holandês, relativo ao período Brasil Holandês.
Brasil Holandês (Século XVII, 1624–1654) - Concentração no nordeste brasileiro (Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte).
Entre 1630 e 1637 - Os holandeses estenderam o seu domínio pelo
Nordeste brasileiro e conquistaram regiões como a Paraíba e o Rio Grande do
Norte.
A partir de 1637 - Foi enviado pela Companhia das Índias Ocidentais
o alemão Maurício de Nassau para administrar a colônia holandesa. Ele era um
militar e foi indicado para assumir o cargo e aqui permaneceu até 1643.
Desfecho: 06/08/1661 - Tratado da Haia ou Paz de Haia - Firmado entre Portugal a República das Sete
Províncias dos Países Baixos – atuais Países Baixos). Com a assinatura do
tratado, os territórios conquistados pela Holanda no Brasil, renomeados
como Nova Holanda (ou Brasil Holandês) foram formalmente devolvidos a
Portugal em troca de uma indenização de oito milhões de florins (Wikipedia –
Pesquisa em 03/10/2025).
Há alguns que, de má fé, defendem a história de que um pastor reformado calvinista a mando do governo Holandês, esteve à frente dos massacres. Vamos aos fatos da fonte citada.
1.Não foi o governo holandês
que ordenou os massacres. O que ocorreu foi uma vingança por parte dos
indígenas em reação às notícias que corriam sobre as crueldades dos
portugueses, ajudados por uma tribo selvagem da Bahia.
2.Desde o início da revolta
(13/06/1645), cada vez ficava mais claro que, onde quer que os portugueses
restabeleciam seu poder, uma morte terrível esperava seus adversários,
especialmente os Índios.
3.No Rio Grande, a população
indígena consistia em grande parte de índios antropófagos (tapuias), sob a
liderança do seu cacique Nhanduí. Para os holandeses, os tapuias significavam
um bando de aliados um tanto inconstantes, pois eram um povo muito
independente, que não aceitava ordens de ninguém, mas decidia por si o que era
melhor para sua tribo.
4.Nesse contexto histórico
havia um personagem, o alemão Jacob Rabbi, funcionário da Companhia das Índias
Ocidentais. Veio com o Conde Maurício de Nassau em 1637. Posteriormente, casado
com uma índia e muito amigo da tribo, servia como ligação entre eles e o governo
holandês.
5.Entre os indígenas da região
Nordeste, em geral, existia muito ódio contra os portugueses, pela lembrança
dos acontecimentos anteriores à chegada dos holandeses, que eram considerados
como os libertadores da opressão lusa. E por várias vezes esses índios quiseram
aproveitar-se da situação de derrota dos lusos, para vingar-se deles.
6.Em 1637, depois de Maurício
de Nassau conquistar o Ceará, os índios procuraram matar todos os portugueses
da região, os quais foram protegidos pelos holandeses.
7.Em 1645, a mesma situação
ocorreu no Rio Grande do Norte. Os tapuias sentiram que, com o início da
revolta contra os holandeses, havia chegado a hora da verdade: eram eles ou os
portugueses. No dia 15 de julho, começaram por Cunhaú, massacrando as pessoas
que estavam na capela e posteriormente, numa luta armada, os restantes.
8.Quando, no dia 25 de julho,
o governo holandês no Recife soube dos terríveis acontecimentos do Rio Grande
do Norte, despachou o Rev. Jodocus à Stetten, pastor da Igreja Cristã Reformada
e capelão do exército, com o capitão Willem Lamberts e sua tropa armada “para
refrear os tapuias e trazê-los para (o Recife), a fim de poupar o país e os
moradores (portugueses)”.
9.Os índios, porém, ficaram
enfurecidos com os holandeses, não entendendo como estes podiam defender seus
inimigos mortais, e até romperam a frágil aliança com os batavos. Antes de
regressar para o sertão do Rio Grande, fizeram ainda outra incursão vingadora
contra os portugueses, desta vez na Paraíba.
10.Enfim, mencionamos o fim
dos tapuias e de Jacob Rabbi. Alguns meses depois do massacre, esse funcionário
da Companhia das Índias Ocidentais, que havia recebido o mensageiro
governamental, pastor Jodocus, de pistola em punho, foi morto por ordem do
próprio governador da capitania do Rio Grande do Norte, Joris Garstman, em
04/04/1646.
11.O capitão Joris era casado
com uma senhora portuguesa que havia perdido muitos parentes em Cunhaú. Quanto
aos tapuias, após a expulsão dos holandeses e a restauração do domínio
português, aqueles que não quiseram submeter-se à orientação político-religiosa
de Lisboa foram massacrados, como diz o Dr. Tarcísio Medeiros, na “mais
sangrenta guerra de extermínio que existiu neste Brasil”.
12.Portanto, a versão de que as
barbaridades de Cunhaú e Uruaçu foram consumadas a mando do governo holandês, e
ainda por cima orientadas por um pastor evangélico, simplesmente não
corresponde à verdade.
Fonte: Artigo “As Lágrimas de
Cunhaú”
Rev. Francisco Leonardo
Schalkwijk
(Adaptação Rev. Ítalo Reis).
(artigo enviado, via WhatsApp em 02/10/2025,
pelo Irmão e amigo o presbiteriano Francisco Nizardo Silva).
Resumo Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Natal/RN, 03/10/2025.