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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Mártires de Cunhaú (Canguaretama – julho de 1645) e de Uruaçu (São Gonçalo – outubro de 1645), no RN.

O pesquisador e pastor Francisco Leonardo, especialista em história holandesa, teve acesso a textos originais e oficiais do governo holandês, relativo ao período Brasil Holandês.


Brasil Holandês (Século XVII, 1624–1654) - Concentração no nordeste brasileiro (Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte).

Entre 1630 e 1637 - Os holandeses estenderam o seu domínio pelo Nordeste brasileiro e conquistaram regiões como a Paraíba e o Rio Grande do Norte.

A partir de 1637 - Foi enviado pela Companhia das Índias Ocidentais o alemão Maurício de Nassau para administrar a colônia holandesa. Ele era um militar e foi indicado para assumir o cargo e aqui permaneceu até 1643.

Desfecho: 06/08/1661 - Tratado da Haia ou Paz de Haia - Firmado entre Portugal a República das Sete Províncias dos Países Baixos – atuais Países Baixos). Com a assinatura do tratado, os territórios conquistados pela Holanda no Brasil, renomeados como Nova Holanda (ou Brasil Holandês) foram formalmente devolvidos a Portugal em troca de uma indenização de oito milhões de florins (Wikipedia – Pesquisa em 03/10/2025).

Há alguns que, de má fé, defendem a história de que um pastor reformado calvinista a mando do governo Holandês, esteve à frente dos massacres. Vamos aos fatos da fonte citada.

1.Não foi o governo holandês que ordenou os massacres. O que ocorreu foi uma vingança por parte dos indígenas em reação às notícias que corriam sobre as crueldades dos portugueses, ajudados por uma tribo selvagem da Bahia.

2.Desde o início da revolta (13/06/1645), cada vez ficava mais claro que, onde quer que os portugueses restabeleciam seu poder, uma morte terrível esperava seus adversários, especialmente os Índios.

3.No Rio Grande, a população indígena consistia em grande parte de índios antropófagos (tapuias), sob a liderança do seu cacique Nhanduí. Para os holandeses, os tapuias significavam um bando de aliados um tanto inconstantes, pois eram um povo muito independente, que não aceitava ordens de ninguém, mas decidia por si o que era melhor para sua tribo.

4.Nesse contexto histórico havia um personagem, o alemão Jacob Rabbi, funcionário da Companhia das Índias Ocidentais. Veio com o Conde Maurício de Nassau em 1637. Posteriormente, casado com uma índia e muito amigo da tribo, servia como ligação entre eles e o governo holandês.

5.Entre os indígenas da região Nordeste, em geral, existia muito ódio contra os portugueses, pela lembrança dos acontecimentos anteriores à chegada dos holandeses, que eram considerados como os libertadores da opressão lusa. E por várias vezes esses índios quiseram aproveitar-se da situação de derrota dos lusos, para vingar-se deles.

6.Em 1637, depois de Maurício de Nassau conquistar o Ceará, os índios procuraram matar todos os portugueses da região, os quais foram protegidos pelos holandeses.

7.Em 1645, a mesma situação ocorreu no Rio Grande do Norte. Os tapuias sentiram que, com o início da revolta contra os holandeses, havia chegado a hora da verdade: eram eles ou os portugueses. No dia 15 de julho, começaram por Cunhaú, massacrando as pessoas que estavam na capela e posteriormente, numa luta armada, os restantes.

8.Quando, no dia 25 de julho, o governo holandês no Recife soube dos terríveis acontecimentos do Rio Grande do Norte, despachou o Rev. Jodocus à Stetten, pastor da Igreja Cristã Reformada e capelão do exército, com o capitão Willem Lamberts e sua tropa armada “para refrear os tapuias e trazê-los para (o Recife), a fim de poupar o país e os moradores (portugueses)”.

9.Os índios, porém, ficaram enfurecidos com os holandeses, não entendendo como estes podiam defender seus inimigos mortais, e até romperam a frágil aliança com os batavos. Antes de regressar para o sertão do Rio Grande, fizeram ainda outra incursão vingadora contra os portugueses, desta vez na Paraíba.

10.Enfim, mencionamos o fim dos tapuias e de Jacob Rabbi. Alguns meses depois do massacre, esse funcionário da Companhia das Índias Ocidentais, que havia recebido o mensageiro governamental, pastor Jodocus, de pistola em punho, foi morto por ordem do próprio governador da capitania do Rio Grande do Norte, Joris Garstman, em 04/04/1646.

11.O capitão Joris era casado com uma senhora portuguesa que havia perdido muitos parentes em Cunhaú. Quanto aos tapuias, após a expulsão dos holandeses e a restauração do domínio português, aqueles que não quiseram submeter-se à orientação político-religiosa de Lisboa foram massacrados, como diz o Dr. Tarcísio Medeiros, na “mais sangrenta guerra de extermínio que existiu neste Brasil”.

12.Portanto, a versão de que as barbaridades de Cunhaú e Uruaçu foram consumadas a mando do governo holandês, e ainda por cima orientadas por um pastor evangélico, simplesmente não corresponde à verdade.

Fonte: Artigo “As Lágrimas de Cunhaú”

Rev. Francisco Leonardo Schalkwijk

(Adaptação Rev. Ítalo Reis). 

(artigo enviado, via WhatsApp em 02/10/2025, pelo Irmão e amigo o presbiteriano Francisco Nizardo Silva).

Resumo Por Samuel Pereira de Macedo Borges

Natal/RN, 03/10/2025.

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