Sl 139.14-16 — “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia”.
Introdução
1.Vivemos dias de tantas distorções sobre identidade de quem
somos e os propósitos da vida humana. É muito oportuno para afirmar verdades
bíblicas sobre a dignidade do corpo, seu valor espiritual, seja no culto ao
Deus eterno e na comunhão cristã.
2.A ciência busca desvendar e está fascinada com os mistérios
do corpo humano, enquanto isso o cristão sabe e crê que é criação poderosa e
perfeita da mão de Deus.
3.Conforme Hb 11.3 a fé nos dá essa visão e entendimento a
respeito de tudo que Deus fez.
4.Fomos criados um ser tricotômico – corpo, espírito e alma.
E diferente dos anjos, são espíritos, não tem corpos, temos um corpo para
habitarmos e vivermos uma e única existência na dimensão material.
5.Quando vejo pessoas sofrendo com deformidades, deficiências
a partir do corpo, não creio ser esta a vontade de Deus, houve sem dúvidas
acidentes de percurso na concepção, formação e gestação. Mas, onde houver fé,
essas realidades podem ser alteradas para glória de Deus.
I. O Corpo – Uma Maravilhosa Criação de Deus
1.Fomos feitos do pó da terra - Em sua sabedoria e infinito poder,
Deus fez o corpo do homem (adam) do pó da terra (adamah) (Gn 2.7); uma
estrutura magnífica composta, segundo estimativas, por cerca de 37 trilhões de
células, tecidos, órgãos e sistemas, cujo funcionamento desafia a mais moderna
ciência. Deus, o Criador, valendo-se da matéria-prima tão comum, do pó, soprou-lhe
o sopro da vida, fazendo-o um ser vivente. Ou seja, feito do mais ordinário e
do mais sublime, do seu Espírito (Hb 11.3; At 17.22-28; Rm 11.33-36).
2. Deus, Criador e Procriador - De uma das costelas de Adão, formou
Deus a mãe de todos os viventes, Eva, um corpo da mesma natureza (“...ossos dos
meus ossos e carne da minha...porquanto do varão foi tomada – Gn 2.23),
igualmente maravilhoso, porém, tão distinto em anatomia, fisiologia e genética
(Gn 1.27; 3.20).
Como os descendentes dos primeiros pais são formados no
ventre materno? As Escrituras
mostram que assim como na formação do primeiro homem e da primeira mulher, Deus
é o Autor das vidas de todas as pessoas (Sl 139.13-15; Jr 1.5).
O ato de procriação Ele mesmo estabeleceu, pela união
íntima de homem e mulher (macho e fêmea) (Gn 4.1; Sl 33.15; Zc 12.1; Is 57.16).
3.A Formação Integral do Indivíduo – Na Bíblia fala claramente da
existência de vida humana completa (corpo, espírito e alma) ainda no ventre (Gn
25.22; Lc 1.15,39-44; Gl 1.15).
Ressalto a grande perversidade da prática abortiva hodierna,
contrária ao sublime valor da maternidade, que deve ser cercada de cuidado e
proteção — e conduzida em temor, amor e devoção (Sl 127.3-5; Sl 128.3).
Uma boa nutrição física, afetiva e espiritual deve começar
desde o início da gestação. Isto é ciência, é o pré-natal. Quantos adultos subnutridos,
nas drogas, no alcoolismo, escravos e indisciplinados nos mais diversos vícios,
automedicados, geram filhos, apesar disso tudo, há milagres do alto, todavia
gerações sequeladas.
II. O
Corpo e a Glória de Deus
1. A arte do Criador - Em poesia Davi descreve a ação divina na formação do corpo
humano no ventre materno apresentando Deus como o tecelão (Sl 139.13-15). Na
versão Tradução Brasileira (TB) usa a expressão “primorosamente tecido”,
adjetivando a criação divina descrita nos versículos 13 e 15.
A Bíblia não depende de confirmação, entretanto é oportuno
dizer que a ciência reconhece a formação dos órgãos e sistemas do corpo humano
exatamente dos tecidos formados pelas células presentes no embrião.
Eis a razão porque o salmista externou sentimento de gratidão na criação e formação do corpo humano: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (Sl 139.14).
2.O perigo dos extremos – Com o corpo devemos ter em conta o seu
devido valor. No
passado, no maniqueísmo, o platonismo e o gnosticismo ensinaram ideias
que viam a matéria de forma negativa, considerando o corpo algo essencialmente
mau. Enquanto na Grécia, o culto ao belo era praticado.
O desequilíbrio persiste. Vícios, automutilações e outras
atitudes extravagantes deformam e desonram o corpo (Lv 19.28; I Ts 4.4). O narcisismo
pós moderno, é marcado pela supervalorização do corpo em detrimento do
imaterial, a alma e o espírito. O ego é alisado na indústria da estética, via cuidados
físicos e cosméticos em excesso.
Há grande diferente entre amar o próximo como a si mesmo, ao
invés de ser presunçoso e amante de si mesmo (II Tm 3.2).
A Bíblia enfatiza aos homens que mais importa a beleza
interior do que a exterior (I Pd 3.3-5). O exercício físico tem a sua
importância relativa.
Cuidar do corpo é sentimento salutar básico. Mas, o cristão
deve ser equilibrado em tudo (I Co 6.12).
Reflitamos: O que fazemos com o corpo glorifica a Deus ou visa agradar a nós mesmos? (Rm 14.21; 15.1-6).
III. O Corpo e a Coletividade
1.A prática relacional - Deus nos fez seres relacionais, gregários e sociáveis.
Temos necessidades e deveres que vão além de nossa individualidade. Não fomos
criados para viver isolados social ou afetivamente.
Dois extremos – Procurando sempre agradar aos outros ou vivendo para
agradar a si mesmo. São beiras de precipício com quedas a vista na vivência
humana, sem moderação e bom senso. O ideal é agradarmos a Deus.
Relacionamentos, comunicação, comunhão a distância,
considerando que vivemos no corpo e por ele expressamos ações e sentimentos,
vai espelhar limitações e fragilidades nas relações humanas.
Mesmo na Era
Digital o contato físico continua sendo essencial para a vida humana. Como está
nossa comunhão?
2.A prática congregacional - Como não somos anjos, o corpo é um elemento
fundamental de interação na Casa de Deus.
As Escrituras nos advertem da necessidade da reunião
coletiva, da vida congregacional (Hb 10.24-25). Não há recomendação bíblica
para o cultivo de uma fé individual ou meramente virtual.
Sejamos sábios e prudentes: o movimento dos desigrejados é
antibíblico e altamente prejudicial à verdadeira vida cristã (Ef 4.1-3; I Ts
5.11-15).
O corpo deve ser instrumento de comunhão e adoração coletiva,
valorizando os relacionamentos e o culto presencial.
IV - Cuidados Solenes com o Corpo
Lv 19.28 - Não é conveniente fazer marcas no corpo. Muito
menos, mutilá-lo.
I Ts 4.4 – Na perspectiva cristã devemos lidar com o corpo em
santificação e honra.
II Co 5.10 – Como cristãos tudo que fizermos por meio do corpo,
isto é, nessa existência, daremos conta ao Senhor Jesus no Tribunal de Cristo.
Os não arrependidos, o farão no Juízo Final (Ap 20.11-15).
I Co 6.19-20 – No cristão resgatado pelo sangue de Jesus Deus
habita, uma vez que nos tornamos templo e morada de Deus, pelo Espírito.
Ec 12.7 – Quanto à matéria corpo, viemos do pó e ao pó
tornaremos, não é sábio sermos vaidosos, vivendo essa existência como
interminável. Aqui somos forasteiros (I Pd 2.11; Hb 11.13), preparemo-nos para
eternidade.
I Jo 2.15-17 - Não nos deixemos ser engolidos, dominados pela
ditadura da beleza física. Cuide mais do seu interior, espírito e alma
alinhados aos valores cristãos, não mundanos os quais são passageiros.
I Tm 4.8 – Há quase 2.000 anos o apóstolo Paulo afirmou:
Exercício físico para pouco aproveita, só serve para essa vida. Enquanto a
piedade reverbera no além-túmulo. Invista na eternidade e que seja com Deus.
Muitos viverão uma eternidade sem Deus, ou seja, separados dele. Será a pior
tragédia para o espírito e a alma humana.
Conclusão
1.O nosso corpo é uma criação divina extraordinária, devemos
honrá-lo em santificação diante de Deus e dos homens, tanto individualmente
quanto em comunhão com outros e seja Deus glorificado em tudo (I Ts 5.23).
2.A verdadeira adoração ao Criador abrange a integralidade do
ser, o que inclui todo o nosso corpo em sacrifício vivo no culto racional (Rm
12.1).
3.A morte não é o fim da existência humana. Somos um
espírito, temos uma alma e habitamos temporariamente num corpo (Ec 12.7).
4.A ressurreição cristã é do corpo (Jo 5.28-29; 20.26-29; I
Co 15.51-54). O espírito e a alma são imortais. E quando morremos aguardam a
ressurreição no estado intermediário. Você tem essa esperança em Jesus Cristo?
5.Enfim, a causa-morte é atestada no corpo daquele que daqui
parte. No corpo está o limite desta existência. Enquanto pulsar sinais vitais,
temos vida na matéria. Amém!
Fontes da pesquisa:
Lição EBD/CPAD – 4º trimestre de 2025.
Bíblia Sagrada.
Anotações de estudos pessoais.
Por Samuel Pereira de Macedo Borges
Natal/RN, 12/10/2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
INCLUIR COMENTÁRIO!