Um leitor solicitou à revista Ultimato que publicássemos uma matéria sobre sexo anal e sexo oral. Para atender ao leitor, Ultimato bateu à porta de alguns especialistas cristãos nas áreas médica, ética e teológica. Vejamos o que cada um deles tem a nos dizer.
DA PARTE DO TEÓLOGO RUSSEL SHEDD E DO ESPECIALISTA EM ÉTICA LOURENÇO STELIO REGA
Nem sempre é possível encontrar nas Escrituras orientação explícita a respeito de todos os assuntos que pertencem à agenda das decisões humanas, como é o caso das alternativas sexuais conhecidas como sexo anal e sexo oral, amplamente divulgadas nos meios de comunicação de massa. A verdade é que as Escrituras não foram entregues como uma lista ou guia de pecados. Mais do que isso, ela nos revelam o Cristo ressurreto e os princípios essenciais da vida. Esses princípios é que nos indicam o caminho a seguir quando necessitamos tomar decisões em nosso cotidiano.
Teológica e eticamente não é possível afirmar de forma explícita que essas práticas sexuais sejam anormais entre cônjuges que se sentem livres para se relacionar assim, mas também as Escrituras não as encorajam. É também preciso informar ao leitor que, no aspecto teológico-ético, há um outro lado nesta questão. Aliás, em questões desse tipo sempre há esse outro lado.
O apóstolo Paulo afirma pôr quatro vezes que todas as coisas são lícitas, mas também afirma que nem todas convêm, porque nem todas edificam e não se pode deixar dominar pôr nenhuma delas( I Co 6.12; 10.23).
Além disso, o próprio apóstolo Paulo menciona que a ausência de certeza não agrada a Deus(Rm 14.3). se há dúvida em encontramos uma correta para uma decisão, é melhor” decidir não decidir” enquanto a resposta bíblico-teológica-ética não for clara. Para um exercício de reflexão, gostaríamos de lançar ao leitor algumas questões que precisam ser respondidas na busca dessa certeza sobre a questão.
As Escrituras, mesmo não mencionando claramente essas práticas, condenam a desonra do corpo(Rm 1.24; I Co 6.19-20). Não é possível negar que em Romanos o caso que está sendo tratado se refere ao homossexualismo, que Paulo situa na categoria de práticas contrárias à natureza(Rm 1.26). Será que outra prática diferente ao sexo pênis-vagina seria considerada pôr Deus como contrária à natureza e, portanto, não cabendo dentro da intenção. Original da criação? Analisando-se o sexo oral à luz do princípio que transpira no texto, não poderíamos ser considerados também como práticas contrárias à natureza?
A prática dessas alternativas sexuais poderá ferir a consciência do outro cônjuge. Isso já suficiente para uma decisão contrária a elas, uma vez que a consciência do próximo, na compreensão bíblica, é um forte e incondicional inibidor de uma escolha, conforme I Co 10.23-33 e Rm 14.
Ainda que seja comum o ditado que, fechado em seu quarto , um casal pode fazer o que quiser, convidamos ao leitor desta matéria que busque Ter certeza daquilo que deve decidir, mesmo no mais íntimo de seu quarto, porque mesmo lá devemos praticar somente aquilo que pode ser considerado como um ato que glorifique a Deus( I Co 10.31).
DA PARTE DO MÉDICO EDUARDO LANE
Assim diz a Bíblia: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou”(Gn 1.27). Deus criou cada um com anatomia e fisiologia próprias do sexo de cada um. A relação entre si, através de seus órgãos sexuais, foi criada para o gozo e reprodução da espécie. O casal, uma vez estabelecida a união, “os dois uma só carne”, vai se habituando à relação que lhes convém, nos limites da fidelidade conjugal. O casal cria hábitos e jeitos próprios, estimulando a maior sensação erótica, para completar o ato sexual satisfatoriamente. Entre esses “jeitos”, o sexo oral, isto é, o contato entre órgãos genitais e a boca de ambos é praticado pôr casais que assim se sentem bem. Desde que esta prática seja feita dentro dos cuidados de uma boa higiene, não há nada reprovável do ponto de vista médico. Sob a visão cristã, desde que este casal tenha uma relação sexual estável, comungando igualmente o ato sexual, não vejo erro ou prática condenável.
O Coito anal já é anormal à anatomia e fisiologia do ser criado. O ânus não é para uma relação com o órgão masculino. O trauma na mucosa anal cria condições para infecção e transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.
A relação anal é contra a natureza e, portanto, condenável, tanto sob a visão médica como cristã, pois é prejuízo para o corpo, templo do Espírito Santo.
DA PARTE DA MÉDICA RÚBIA MARA CORREIA CAMPOS SILVA
Considero o sexo anal uma prática, se não sintomática de problemas mais graves da sexualidade, pelo menos geradora de problemas de saúde. O ânus e a ampola retal são estruturas com anatomia e fisiologia destinadas exclusivamente à excreção de fezes. Pôr isso a elasticidade de seus tecidos é própria à passagem das fezes, que são de consistência pastosa e moldável ao seu calibre e forma. Possuem também flora bacteriana típica que, em outra parte do corpo, como pôr exemplo os tratos genitais e urinário, produzirão infecções, podendo assumir caráter de gravidade. A limpeza com lavagens do reto e da ampola não modificarão essa flora a ponto de exterminá-la. A introdução do pênis no ânus certamente causará fissuras anais, sangramento e infecções. Naquelas mulheres portadoras de hemorróidas, ainda que assintomáticas, o risco de traumatismo e conseqüente sangramento ou estrangulamento com dor, aumentará em muito com esta prática. Sendo o homem portador de herpes simples no pênis, transmitirá o herpes ao ânus da mulher, podendo levar à proctite aguda(freqüente entre homossexuais), com sintomas de dor, secreções, constipação, tenesmo e sangramento, e até envolvimento neurológico com disfunção da bexiga. Outras infecções poderão ser transmitidas com essa prática, incluindo todas as doenças sexualmente transmissíveis.
Fonte: Revista Ultimato Julho/1997
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